Você está na página 1de 43

O TRABALHO COMO FERRAMENTA DE

HUMANIZAÇÃO

PROF. WERMERSON

Quem Trabalha:
O Homem ou O Animal?
O trabalho é uma ação transformadora da realidade,
dirigida por finalidades conscientes, portanto, o Animal
não trabalha apenas age por instinto, por isso suas ações
são tão perfeitas e repetitivas.
O TRABALHO
O Trabalho transforma a natureza, adaptando-se às necessidades
humanas, o trabalho altera o próprio indivíduo, desenvolvendo
suas faculdades. Enquanto o animal permanece sempre o mesmo
na sua essência , já que repete os gestos comuns à espécie.
A VISÃO DE TRABALHO EM KARL
MARX
 Karl Marx argumentava que o ser humano modifica a natureza para prover sua
subsistência e também se humaniza por meio do trabalho. As construções, as
comidas, as roupas, os objetos artísticos são exemplos do que as pessoas
produzem por meio do trabalho. Para sua fabricação, elas transformam a
natureza, mas esses objetos também transformam a si mesmo – o telescópio, os
instrumentos musicais, o computador são objetos que transformaram o
entendimento que temos sobre o mundo e sobre nós mesmos.
A IMPORTÂNCIA
DO TRABALHO
Por ser atividade relacional, além de desenvolver habilidades, o
trabalho favorece a convivência que, facilita a aprendizagem e
o aperfeiçoamento dos instrumentos e enriquece a afetividade.
O TRABALHO NAS DIFERENTES
SOCIEDADES

A noção de trabalho sofreu variações ao


longo da história. Em algumas sociedades, a
concepção de trabalho é associada às ideias
de condenação, humilhação e rebaixamento.
A concepção de trabalho sempre esteve
ligado a uma perspectiva negativa. Na
Bíblia Adão e Eva vivem felizes até que
o pecado provoca sua expulsão do
Paraíso e a condenação ao trabalho com
o “suor do seu rosto”. A Eva coube o
trabalho do parto.
 Na Mitologia Grega , o trabalho era uma das
distinções entre os deuses e os seres humanos;

 Na Sociedade Grega Antiga, os trabalhadores, em


grande maioria eram escravos, faziam parte de
uma categoria inferiorizada. Vale destacar que,
para os gregos, a palavra trabalho estava associada
à prática manual, pois a atividade intelectual era
vista como um lazer proporcionado pelo ócio – a
que só os homens livres tinham direito.
 Durante a Idade Média, perdurou uma concepção negativa de
trabalho. As atividades dos nobres e dos representantes da Igreja
não eram consideradas trabalho: cabia aos servos desempenhar as
atividades laborativas. Foi nesse contexto que surgiram a classe
burguesa e a percepção do trabalho como possibilidade de
ascensão.

 Com o desenvolvimento do capitalismo e o aumento do poder


político conquistado pela burguesia, o trabalho passou ser
valorizado socialmente. Para desenvolvermos a noção sociológica
das atividades laborativas, mas pensarmos também o modo como
as relações de trabalho foram exercidas ao longo do tempo, para
compreender a evolução histórica da sociedade e suas formas de
produzir estruturas sociais, políticas, culturais e econômicas.
O TRABALHO NAS DIFERENTES
SOCIEDADE

Numa perspectiva sequencial, é possível


estruturar os modos de produção da seguinte
maneira:
 Comunismo primitivo;

 Escravista;

 Asiático;

 Feudal;

 Capitalista.
TRABALHO E SOCIEDADE
ANTES DO CAPITALISMO

1. COMUNISMO PRIMITIVO
 No modelo de trabalho tribal do modo de
produção do Comunismo primitivo,
Todos os membros que fazem parte da
comunidade são trabalhadores e não existe
uma definição social do trabalho. O que
ocorre é uma divisão de tarefas entre os
mesmos, o que não implica em diferenças
do ponto de vista social (superior/inferior)
– pois todos são iguais, mesmo que
tenham funções diferentes.
TRABALHO E SOCIEDADE
ANTES DO CAPITALISMO
O “trabalho” nas sociedades tribais.

Nessas sociedades, não existe


a ideia de trabalho como uma
coisa separada das outras
atividades. As atividades
vinculadas à produção estão
associadas aos ritos e mitos, ao
sistema de parentesco, ás
festas, às artes, enfim a toda
vida social, econômica, política
e religiosa. O trabalho não tem
um valor em si, separado de
todas as outras coisas.
ANTES DO CAPITALISMO

O trabalho na sociedade greco-romana

Os gregos utilizavam vários termos


para designar o que hoje entendemos
por trabalho. Além disso, a organização
da sociedade greco-romana era
também diversa da nossa e, portanto, a
divisão do trabalho e as relações
sociais de produção também o eram.

Segundo Hanna Arendt,


pensadora alemã, os gregos
possuíam três concepções para
a ideia de trabalho: labor,
poiesis e práxis.
ANTES DO CAPITALISMO

O trabalho na sociedade greco-romana

esforço físico voltado para a sobrevivência do corpo. É


Labor uma atividade passiva e submissa ao ritmo da
natureza(ex. o trabalho do agricultor, o trabalho de parto).

a ênfase recai sobre o fazer, o ato de fabricar, de criar


Poiesis alguma coisa ou produto através do uso de algum
instrumento ou mesmo das próprias mãos. ( ex. o trabalho
do artesão, do escultor).

atividade que tem a palavra como seu principal


Práxis instrumento, isto é, que utiliza o discurso como um meio
para encontrar soluções voltadas para o bem-estar dos
cidadãos. É o espaço da política, da vida publica.
ANTES DO CAPITALISMO

2. Modo de Produção Escravista


 O modo de produção escravista se constitui na apropriação do trabalho
alheio por meio da coerção e da violência e promove uma atividade em
que os contratos não são estabelecidos – no sentido de assegurar às partes
envolvidas uma relação de direitos e deveres. Os escravos se configuram
como propriedade privada dos seus donos e não como indivíduos que
trabalham.
ANTES DO CAPITALISMO

3. Modo de Produção Asiático


 O modo de produção asiático é caracterizado pelas comunidades
milenares do oriente . A importância desse modo vem da ausência total
da propriedade privada. Na Ásia, o excedente da produção não era uma
apropriação privada por parte dos indivíduos, mas por parte do Estado,
que era dominado pelo imperador e pelos que participavam da
administração do governo.
MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO
 Esteve presente durante a antiguidade (a partir de 10 000 anos atrás
aproximadamente) nas civilizações hidrográficas do crescente fértil (Egito e
Mesopotâmia) Índia e China.
 Características:
 O Estado (Imperador, Rei ou Faraó) detinha das posses das terras e a economia
era baseada na agricultura.
 Servidão Coletiva – comunidade de camponeses eram “presos a terra”
cultivavam os solos (cereais luminosos) provendo todas as outras classes sociais
como: Sacerdotes, Guerreiros e Nobres.
 Objetos eram produzidos (manufaturados) com ferramentas técnicas simples e o
comércio./ Escambos tem papel secundário na economia.
ANTES DO CAPITALISMO

4. O trabalho na Sociedade Feudal

Com a decadência da
escravidão(alforria e rebeliões) e a
invasão dos “bárbaros”, há uma
transformação nas relações de trabalho
que resultou na estruturação da
sociedade feudal.
A terra é o principal meio de produção
e as relações sociais se desenvolvem
em torno dela. Mas ela não pertence
aos produtores diretos, os camponeses,
mas sim aos senhores feudais,
hierarquizados. Os camponeses têm
direito ao usufruto, mas nunca à
propriedade dela
ANTES DO CAPITALISMO

Feudalismo

 No feudalismo, o processo de
produção é assegurado pela
relação entre o senhor feudal e
camponês. O camponês, que é
livre, trabalha nas terras do
senhor feudal e é obrigado a
destinar a ele uma grande
parte do que produz .
ANTES DO CAPITALISMO

O trabalho na sociedade feudal

O trabalho era considerado


uma verdadeira maldição e
deveria existir somente na
quantidade necessária à
sobrevivência ,não tendo
nem um valor em si.

A Igreja considerava o
trabalho como resultado
do pecado original, o
trabalho era visto como
uma tortura (tripalium:
instrumento de tortura).

Trabalho= tripalium=instrumento de tortura


O TRABALHO NA SOCIEDADE CAPITALISTA
Mudança na concepção de trabalho

A Reforma Protestante alterou o pensamento


cristão sobre o trabalho, considerando-o como
um meio de salvação..

Esta concepção vai servir muito bem à burguesia


comercial e depois à industrial
Idade
Moderna
A riqueza em si não é condenável, mas sim o
não-trabalho e a preguiça que ele pode causar.

A burguesia precisava de trabalhadores


dedicados, sóbrios e dóceis em relação às
condições de trabalho e baixos salários.
CAPITALISMO ATUAL
A organização da relação de trabalho atual é o modo de
produção capitalista, em que os trabalhadores não possuem
os meios de produção (máquinas, matéria-prima, espaço
físico, etc.) e vendem sua força de trabalho para os que
possuem o capital ( meios de produção). Estes utilizam a
mão de obra dos proletários para transformarem matéria-
prima em mercadorias, que serão vendidas no mercado.
O trabalhador recebe um salário em troca de sua força de
trabalho, porém o que ele ganha é uma soma muito menor
que a riqueza que, de fato, produziu. Essa diferença
denomina-se mais valia por Marx – fica para aquele que
detém os meios de produção . Além disso, o dinheiro
recebido pelo trabalhador servirá para o consumo de
mercadorias que geram lucro para os capitalistas. Essa
lógica tende a concentrar a renda e perpetuar as
desigualdades econômicas.
O PENSAMENTO DE KARL MARX (1818 -1883)

Diferença entre o valor produzido pelo


MAIS-VALIA trabalho e o salário pago ao trabalhador,
excluindo todos os custos de produção.

Estender a duração da jornada de trabalho


MAIS-VALIA
mantendo o salário constante.
ABSOLUTA

MAIS-VALIA Ampliar a produtividade física do trabalho


RELATIVA pela via da mecanização.
SOCIOLOGIA, 1º Ano do Ensino Médio
PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO

Questiona o Busca Baseado na


idealismo provas dialética do
de Hegel históricas senhor e escravo
A DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO
De acordo com Marx, desde que o ser humano começou, por meio dos
avanços culturais, a produzir mais que precisava para sua subsistência,
passou a existir a apropriação do trabalho alheio. O excedente de
produção é o fato determinante para a existência das classes sociais, que
podem ser distinguidas pelo seguinte critério: uma classe que produz
mais do que precisa para sobreviver (dominados) e outra que fica com o
excedente de produção sem precisar trabalhar (dominante).
Foi assim entre escravos e senhores, entre servos e nobres e assim é entre
proletário (o que vende sua força de trabalho) e burguesia (que detém os
meios de produção). Reconhecida a característica em comum dessas
relações de trabalho, é importante distinguir algumas peculiaridades: o
senhor é dono do que o escravo produz e do próprio escravo, e o nobre
toma para si o excedente do que produzem todos os seus servos, mesmo
não sendo o servo sua propriedade. Em ambos os casos, os
trabalhadores sabem produzir integralmente os objetos utilizando sua
habilidade (conhecimento), as ferramentas e a matéria-prima.
Se, do seio da sociedade feudal, emergiu a burguesia como sua negação e
o capitalismo se tornou sua superação, e se o mundo, em diferentes
épocas, apresentou lutas de classe, a lógica dialética é que os proletários,
como força antagônica aos burgueses , em algum momento da história os
superem na formação de uma sociedade comunista (fim das
desigualdades sociais).

Para Marx, “o fim da história” seria a sociedade comunista.

No contexto do Manifesto do Partido Comunist, socialismo significa


especificamente uma passagem do capitalismo ao comunismo. Essa fase
transitória se caracterizaria pelo fim da propriedade privada, realizada
por meio do poder do Estado pelos trabalhadores, organizados agora em
uma ditadura do proletáriado. (luta de classe)
KARL MARX E A LUTA DE CLASSES

Sociedade Propriedade Luta de Classes


capitalista privada Sociais

Burguesia Exploração da
Classes Sociais força de trabalho

Proletariado Vende sua


força de trabalho

Luta ideológica Luta política Socialismo


AS RELAÇÕES DE PRODUÇÃO

Base material ou econômica.


Conjunto das relações de
produção
INFRAESTRUTURA
FORÇAS PRODUTIVAS, formadas pelos
trabalhadores e os MEIOS DE
PRODUÇÃO. (patrões e empregados;
burgueses e empregados).
O Influência direta na superestrutura
Instituições jurídicas,
políticas (as LEIS, o
ESTADO) e
IDEOLÓGICAS (as artes, SUPERESTRUTURA
a religião, a moral).
Ideologias
O PENSAMENTO DE KARL MARX

As relações sociais de
produção

Entendidas como a organização e interação das


pessoas e das classes na sociedade, tendo em
vista a produção material e a reprodução social, a
manutenção e a ampliação das relações sócio-
político-econômicas.

As forças produtivas

São a terra, trabalho, capital e tecnologia:


elementos essenciais à produção capitalista.
SOCIOLOGIA, 1º Ano do Ensino Médio
PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

O CAPITAL Grande obra escrita por Marx


"

análise crítica do processo global de produção


capitalista.

As Relações Sociais de Produção


A Base econômica

+ = das sociedades
hierarquicamente
construídas
As Forças Produtivas
ALIENAÇÃO NO TRABALHO
Para Marx, a alienação estava relacionada com a ideia de trabalho. Segundo
ele os trabalhadores estão expostos a um esgotamento físico e psíquico diários
por meios de atividades repetitivas e exaustivas que os levam a alienação no
modo de produção. Assim, eles sofrem um processo de desumanização que o
escraviza, pois no capitalismo é o trabalhador que serve a máquina.
Antes o trabalhador sabia como produzir integralmente um objeto; com o
capitalismo não mais. Essa dinâmica o leva a entender como natural a
exploração que recai sobre ele: se o trabalhador não compreende a lógica do
capital, aliena-se, na medida em que ele se torna uma mercadoria.
Quase sempre há um excedente de mão de obra, o que leva os trabalhadores a
competir para vender sua força de trabalho. Além de baixar o valor das
remunerações, isso faz com que o proletário fique satisfeito em ser explorado.
FETICHISMO DA MERCADORIA
 Para Marx, a alienação manifesta-se na vida real, a partir da
divisão do trabalho, quando o produto do trabalho deixa de
pertencer a quem produziu. Não escolhe o salário – embora isso
lhe apareça ficticiamente como resultado de um contrato livre -,
não escolhe o horário nem o ritmo de trabalho e passa a ser
comandado de fora, por forças que lhes são estranhas. Ocorre
então o que Marx chama de fetichismo da mercadoria e
retificação do trabalhador.
 O fetichismo é o processo pelo qual a mercadoria, um ser
inanimado, passa a ser considerada como se tivesse vida. A
mercadoria adquire valor superior ao indivíduo ao serem
privilegiadas as relações entre coisas que, por sua vez, vão
definir relações materiais entre pessoas.
IDEOLOGIA
 Para Marx, a ideologia é uma inversão da realidade,
distorcendo as relações.
Exemplo: O trabalho dignifica o homem (A religião seria parte da
superestrutura, uma ideologia a serviço da classe dominante).

As ideologias sociais estariam no plano da superestrutura.

A ideologia surge como falsa consciência, que impede que os


trabalhadores possam reconhecer as proposições da sociedade burguesa e
tem por finalidade fazer com que os interesses da classe dominante seja
confundidos com o interesse coletivo, construindo assim uma hegemonia
burguesa.
Crítico do Capitalismo e da sociedade burguesa, por ser um sistema
e uma sociedade que exploram o proletariado de forma desumana
em busca de lucro e tomada de poder.

Juntamente com
Engels redigi o Trabalhadores
famoso do mundo,
MANIFESTO uni-vos!
COMUNISTA

Pela luta de classes o proletariado iria


implantar uma sociedade socialista de
transição para a sociedade comunista.

Marx Engels Imagem: Σ / Public Domain


 Os que criticam Marx apontam esses casos como provas de que o
capitalismo atual é muito diferente daquele que o pensador alemão
presenciou. No século XIX, os trabalhadores não tinham quase nenhum
direito garantido, o trabalho infantil era permitido legalmente, não havia
férias, as jornadas de trabalho eram de 14 horas em média e a educação
pública praticamente não existia. Isso inviabilizava essa ascensão social
de quem nascia proletário. Esses sociólogos argumentam que,
atualmente, os filhos de trabalhadores possuem condições satisfatória
para alterar seu patamar social.
 Já os sociólogos que se apoiam em Marx defendem a ideia de que os
casos extraordinários de pessoas que saíram da classe proletária e
passaram para a classe burguesa foram um grupo tão pequeno em
comparação ao número total da população que se configura como
exceções – reforçando, assim, a percepção do quão excludente é a
sociedade capitalista.
 A ideia de mobilidade é um apelo burguês para estimular o trabalho, com
a ilusória de ascensão social. Pela lógica marxista, falar de mobilidade
num contexto social cujo princípio é a própria desigualdade – que se
efetiva na divisão de classes – é uma estratégia promovida pelos donos
do capital para manutenção do sistema.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durkheim
O social prevalece sobre o sujeito. A sociedade é
independente do indivíduo e confere a ele suas
percepções individuais.

Marx
Propõe transformar a ordem. O social prevalece sobre o
sujeito. As relações materiais da sociedade (que não é
independente do indivíduo) vão determinar as consciências
individuais

Weber
O sujeito prevalece sobre o social. O conjunto de percepções
individuais é que confere à sociedade sua materialidade.
A SOCIOLOGIA E O SEU OBJETO DE
ESTUDO
Filósofos Durkheim Weber Marx

CORRENTE Funcionalismo Compreensivo Materialismo

Relações
Sociais Fato Social Ação Social Luta de Classe

Analisa a
sociedade Descritiva Interpretativa Realidade Social

Você também pode gostar