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FRENTE U | CAPÍTULO 03
TRABALHO E PRODUÇÃO
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SOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 03 TRABALHO E PRODUÇÃO
Características do Taylorismo:
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O
O modo de produção toyotista surgiu nas unidades fabris da O trabalhador O trabalhador trabalhador
Toyota, a partir da década de 1950. Esse modelo é considerado Tarefas realiza uma realiza uma realiza
um exemplo de produção flexível, no qual o trabalhador é única tarefa. única tarefa. múltiplas
constantemente qualificado, podendo, caso necessário, atuar em tarefas.
diversas funções relacionadas ao processo de produção. Alta Subordinação Exercida
Outro elemento fundamental na inovação toyotista é a Autonomia
subordinação levemente de forma
de trabalho
maneira de gerenciar a unidade produtiva, denominada just-in- aos gerentes. atenuada. estrutural.
time (“na hora”), em que o ritmo produtivo se adapta às demandas
Espaço de Divisão Divisão Integração
do mercado. Com isso, os estoques de matérias-primas são trabalho espacial. espacial. espacial.
reduzidos e é menor o capital de giro estagnado na unidade
produtiva, o que pode gerar ganhos à empresa, pois esse capital Estado de Estado de
Estado
pode ser investido no sistema financeiro. Ideias bem-estar bem-estar
Neoliberal.
social. social.
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A competitividade do mercado acarretou exigências, que Nesse caso, a única defesa consiste em trabalhar o menos possível,
acabaram por levar a melhorias. O que fez a diferença no caso da pelo menor número de anos possível. Mas se, em vez disso, for
Volvo foram claramente características inerentes à socie¬dade uma atividade intelectual e criativa – que corresponde à nossa
sueca. Além dos sindicatos atuantes e influentes, o alto grau de vocação e ao nosso profissionalismo -, então ocupa toda nossa
automação das fábricas no país faz, há tempos, os jo¬vens não inteligência e satisfaz nossas necessidades de autorrealização.
aceitarem ser colocados como “apêndices das má¬quinas”, como Nesse caso, confunde-se o trabalho com o estudo e com o
em outros modelos produtivos, por exemplo, o taylorismo e o lazer, transformando o trabalho em ócio criativo. Na vida pós-
fordismo. industrial, organizada para produzir principalmente ideias, não
Tal fato causou mudanças estruturais. Nessa linha, o operário existe trabalho e não existe horário. Existe apenas ócio criativo,
tem um papel completamente diferente daquele do fordismo e que dura 24 horas, mesmo quando se dorme e se produz ideias
mais importante que no toyotismo. No volvismo, o trabalhador sonhando.
é quem dita o ritmo das máquinas, conhece todas as etapas da As empresas ainda não se deram conta deste novo momento
produção, é constantemente reciclado e participa, por meio dos global. A oferta de trabalho diminui e a procura por trabalho
sindicatos, de decisões no processo de montagem da planta da cresce, mas as empresas não reduzem a carga horária. Poderíamos
fábrica (o que o compromete ainda mais com o sucesso de novos trabalhar todos e pouco, mas alguns trabalham dez horas por dia
projetos), levando-o a se sentir plenamente engajado na empresa. enquanto seus filhos estão desempregados. As tecnologias da
informação possibilitam o teletrabalho, mas todos continuam
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• Para Refletir...
Texto I
Logo que mudei para a França, tive de levar meu carro para
consertar. Ao buscá-lo, perguntei se havia ficado bom. O mecânico
não entendeu. Na cabeça dele, se entregou a chave e a conta,
Trabalho remoto é o trabalho do futuro, diz Domenico De Masi. nada mais a esclarecer sobre o conserto. Mais à frente, decidi
atapetar um quartinho. O tapeceiro propôs uma solução que me
Domenico De Masi, sociólogo italiano e autor do famoso livro pareceu complicada. Perguntei se não poderia, simplesmente,
O Ócio Criativo, sempre defendeu a flexibilização do trabalho colar o tapete. O homem se empertigou: ”O senhor pode colar,
e a redução de jornadas como formas de se trabalhar melhor, mas, como sou profissional, eu não posso fazer isso”. Pronunciou a
com mais qualidade. Em passagem pelo Brasil, o professor da palavra “profissional” com solenidade e demarcou um fosso entre
universidade romana de La Sapienza afirma que “o Brasil não o que permite a prática consagrada e o que lambões e pobres
é o melhor dos mundos possíveis, mas é o melhor dos mundos mortais como eu podem perpetrar.
existentes”. De Masi ainda comenta que, depois de copiarmos Acostumamo-nos com a ideia de que, se pagamos mais ou
o modelo de trabalho europeu e americano, ambos em pleno menos, conseguimos algo mais ou menos. Para a excelência,
declínio, chegou a hora de o Brasil mostrar uma formatação pagamos generosamente. Mas lembremo-nos das milenares
inovadora. Acompanhe os trechos onde ele comenta sobre o corporações de ofício, com suas tradições e rituais. Na Europa,
futuro do trabalho (via Folha de S. Paulo). e alhures, aprender um ofício era como uma conversão religiosa.
O trabalho ocupará apenas um décimo de toda a vida dos O aprendiz passava a acreditar naquela profissão e nos seus
trabalhadores. As mulheres estarão no centro do sistema social. cânones. Padrões de qualidade eram cobrados durante todo o
O mundo será mais rico, mas continuará desigual. A estética dos aprendizado. Ao fim do ciclo de sete anos, o aprendiz produzia a
objetos e a cortesia nos serviços interessarão mais do que sua sua “obra prima” (obra primeira), a fim de evidenciar que atingira
evidente perfeição técnica. A homologação global prevalecerá os níveis de perfeição exigidos. Em Troyes, na França, há um
sobre a identidade local. Teoria Hoje, a força de trabalho é museu com as melhores peças elaboradas para demonstrar
composta apenas por um terço de operários, outro terço de maestria na profissão. Carpinteiros alardeavam o seu virtuosismo
trabalhadores intelectuais em funções executivas (bancário, pela construção meticulosa das suas caixas de ferramentas.
recepcionista etc.) e um último terço de funcionários com Na Alemanha, sobrevivem em algumas corporações de ofício
atividades criativas (jornalista, profissional liberal, cientista etc.). as vestimentas tradicionais. Para carpinteiros, terno de veludo
Se o trabalho for repetitivo, cansativo, chato, de subordinação, preto, calça boca de sino e chapéu de aba larga. É com orgulho
reduz-se a uma escravidão, a uma tortura, a um castigo bíblico. que exibem nas ruas esses trajes.
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Essa incursão na história das corporações serve para realçar Segundo Braverman: O mais antigo princípio inovador do
que nem só de mercado vive o mundo atual. Aqueles países modo capitalista de produção foi a divisão manufatureira do
com forte tradição de profissionalismo disso se beneficiam trabalho [...] A divisão do trabalho na indústria capitalista não é
vastamente. Nada de fiscalizar para ver se ficou benfeito. O fiscal de modo algum idêntica ao fenômeno da distribuição de tarefas,
severo e intransigente está de prontidão dentro do profissional. ofícios ou especialidades da produção [...].
É pena que os sindicatos, herdeiros das corporações, pouco BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista.
se ocupem hoje de qualidade e virtuosismo. Se pagarmos com Tradução Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. p. 70.
magnanimidade, o verdadeiro profissional executará a obra com
perfeição. Se pagarmos miseravelmente, ele a executará com O que difere a divisão do trabalho na indústria capitalista das
igual perfeição. É assim, ele só sabe fazer bem, pois incorporou formas de distribuição anteriores do trabalho?
a ideologia da perfeição. Não apenas não sabe fazer de qualquer
jeito, mas sua felicidade se constrói na busca da excelência. A formação de associações de ofício que criaram o trabalho
Sociedades sem tradição de profissionalismo precisam de assalariado e a padronização de processos industriais.
exércitos de tomadores de conta (que terminam por subtrair A realização de atividades produtivas sob a forma de unidades
do que poderia ser pago a um profissional com sua própria de famílias e mestres, o que aumenta a produtividade do
fiscalização interior). Nelas, capricho é uma religião com poucos trabalho e a independência individual de cada trabalhador.
seguidores. Sai benfeito quando alguém espreita. Sai matado O exercício de atividades produtivas por meio da divisão
quando ninguém está olhando. do trabalho por idade e gênero, o que leva à exclusão das
Existe relação entre o que pagamos e a qualidade obtida. Mas mulheres do mercado de trabalho.
não é só isso. O profissionalismo define padrões de conduta e O controle do ritmo e da distribuição da produção pelo
excelência que não estão à venda. Verniz sem rugas traz felicidade trabalhador, o que resulta em mais riqueza para essa parcela
a quem o aplicou. Juntas não têm gretas, mesmo em locais que da sociedade.
não estão à vista. Ou seja, foram feitas para a paz interior do A subdivisão do trabalho de cada especialidade produtiva
marceneiro e não para o cliente, incapaz de perceber diferenças. em operações limitadas, o que conduz ao aumento da
A lâmina do formão pode fazer a barba do seu dono. O lanterneiro produtividade e à alienação do trabalhador.
fica feliz se ninguém reconhece que o carro foi batido. Onde entra
uma chave de estria, não se usa chave aberta na porca. Alicate QUESTÃO 02
nela? Nem pensar! Essa tradição de qualidade nas profissões
manuais é caudatária das corporações medievais. Mas sobrevive (UERN) Assim como no Egito, na Mesopotâmia, a agricultura
hoje, em maior ou menor grau, em todo mundo do trabalho. O foi a principal atividade econômica praticada pela população. O
cirurgião quer fazer uma sutura perfeita. Para o advogado, há uma Estado era responsável pelas obras hidráulicas necessárias para
beleza indescritível em uma petição bem lavrada, que o cliente a sobrevivência da população, bem como pela administração de
jamais notará. Quantas dezenas de vezes tive de retrabalhar os estoques de alimentação e pela cobrança de impostos (...).
parágrafos deste ensaio? Vicentino, Claudio. História Geral e do Brasil /
Tudo funciona melhor em uma sociedade em que domina o Claudio Vicentino, Gianpaolo Dorigo.
profissionalismo de sua força de trabalho. Mas isso só acontecerá
como resultado de muito esforço em lapidar os profissionais. Isso ... a base da economia Inca estava nos Ayllu, espécie de
leva tempo e custa dinheiro. É preciso uma combinação harmônica comunidade agrária. Todas as terras do império pertenciam ao
entre aprender o gesto profissional, desenvolver a inteligência Inca, logo, ao Estado. Através da vasta rede de funcionários, essas
que o orienta e o processo quase litúrgico de transmissão dos terras eram doadas aos camponeses para sua sobrevivência. Os
valores do ofício. membros de cada Ayllu deveriam, em troca, trabalhar nas terras
do Estado e dos funcionários, nas obras públicas e pagar impostos.
Em tempo: amadores não formam profissionais. Moraes, Jose Geraldo Vinci de. 1960. Caminhos das Civilizações
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no final do século XX, comemorar a erradicação do trabalho tem-se o novo perfil de trabalhador ou da classe social que vive
infantil. do trabalho e uma reconfiguração no mercado de trabalho.
Em decorrência do desenvolvimento da maquinaria, Assim, podemos afirmar corretamente que um dos impactos da
foi possível diminuir a quantidade de trabalho humano, atual globalização e da reestruturação produtiva no mundo do
dificultando o emprego do trabalho infantil nas indústrias trabalho, na virada do século XX para o século XXI, é o (a)
desde o século XIX, na Inglaterra, e nos dias atuais, no Brasil.
A legislação proibindo o trabalho infantil na Inglaterra do aumento do contingente de trabalhadores fabris.
século XIX e a legislação atual brasileira são instrumentos redução significativa dos índices de trabalho feminino e
suficientes para proteger as crianças contra a ambição de infantil.
lucro do capitalista. aumento da inclusão de jovens no mercado de trabalho.
O trabalho infantil foi erradicado na Inglaterra, no século XIX, aumento do número de trabalhadores no setor de serviços.
através das ações de fiscalização dos inspetores nas fábricas, redução do número de trabalhadores no setor informal da
exemplo que foi seguido no Brasil do século XX. economia.
O desenvolvimento da maquinaria na produção capitalista
potencializou, no século XIX, o emprego do trabalho infantil. QUESTÃO 13
Naquele contexto, a legislação de proteção à criança pôde ser
burlada, o que ainda se verifica, de certa maneira, no Brasil do (UNICENTRO) A taxa de desemprego brasileira é uma das
final do século XX. menores entre as grandes economias mundiais, segundo o
gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto
QUESTÃO 11 Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo.
“Em janeiro, a taxa de desocupação ficou em 6,1% — o menor
(UEMA) A etimologia do termo trabalho deriva do vocábulo resultado para o mês desde o início da pesquisa do IBGE. Antes da
tripallium que significa “instrumento de tortura”. O trabalho foi crise, o Brasil tinha a segunda maior taxa de desocupação entre
associado à ideia de castigo, tortura, atividade penosa. Ao longo as 20 maiores economias do mundo. Hoje, conseguimos melhorar
do tempo, houve várias interpretações do sentido de trabalho. este índice e estamos em 15º ou 16º lugar no ranking (das maiores
No feudalismo, o trabalhador tinha uma visão total do produto. taxas de desemprego)”, afirmou Azeredo. “As principais potências
Com a consolidação da sociedade industrial, o modelo fordista ainda sentem os efeitos da crise de 2008, enquanto os avanços
e taylorista fragmentaram o processo de produção, conforme em educação, a inserção digital e a formalização do mercado
imagem abaixo. levaram o Brasil a aumentar os postos de trabalho”, acrescentou.
TABAK, Bernardo. G1- Economia. Rio de Janeiro, 2011.
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substituição das máquinas pelo o trabalho maciço dos Apud MACEDO, J. R. A mulher na Idade Média.
operários, sem divisões e parcelamentos das tarefas, a
produção e o consumo em baixa escala e o suprimento de O tema do trabalho feminino vem sendo abordado pelos estudos
todas as necessidades básicas dos operários. históricos mais recentes. Algumas fontes são importantes para
essa abordagem, tal como o poema apresentado, que alude à
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inserção das mulheres em atividades tradicionalmente
(UFU) No tocante aos princípios centrais do taylorismo, como masculinas.
propostos por Frederick Winslow Taylor na obra Princípios de ambição das mulheres em ocupar lugar preponderante na
Administração Científica, marque a alternativa correta. sociedade.
possibilidade de mobilidade social das mulheres na indústria
O chamado sistema taylor de produção proporcionou aos têxtil medieval.
trabalhadores maior tempo livre nos processos de execução exploração das mulheres nas manufaturas têxteis no mundo
das tarefas produtivas. urbano medieval.
O taylorismo implicou maior autonomia decisória aos servidão feminina como tipo de mão de obra vigente nas
trabalhadores responsáveis pela execução das tarefas tecelagens europeias.
produtivas.
O taylorismo consistiu em um conjunto de princípios críticos QUESTÃO 03
e contrários ao estudo científico do processo de produção
econômica. (ENEM) O fenômeno da escravidão, ou seja, da imposição do
Os princípios tayloristas estabelecem uma separação clara trabalho compulsório a um indivíduo ou a uma coletividade, por
entre, de um lado, as fases de planejamento, concepção e parte de outro indivíduo ou coletividade, é algo muito antigo e,
direção do processo produtivo e, de outro, as tarefas de nesses termos, acompanhou a história da Antiguidade até o séc.
execução. XIX. Todavia, percebe-se que tanto o status quanto o tratamento
dos escravos variou muito da Antiguidade greco-romana até o
século XIX em questões ligadas à divisão do trabalho.
SEÇÃO ENEM
As variações mencionadas dizem respeito
Sempre teceremos panos de seda THOMPSON, E. P. The making of the english working class. Harmondsworth:
E nem por isso vestiremos melhor Penguin Books, 1979 (adaptado).
Seremos sempre pobres e nuas
E teremos sempre fome e sede Com a mudança tecnológica ocorrida durante a Revolução
Nunca seremos capazes de ganhar tanto Industrial, a forma de trabalhar alterou-se porque
Que possamos ter melhor comida.
os trabalhadores não especializados se apropriaram dos
CHRÉTIEN DE TROYES. Yvain ou le Chevalier au lion (1177-1181). lugares dos antigos artesãos nas fábricas.
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QUESTÃO 05
(ENEM) Parece-me bastante significativo que a questão muito
discutida sobre se o homem deve ser “ajustado” à máquina ou se
a máquina deve ser ajustada à natureza do homem nunca tenha
sido levantada a respeito dos meros instrumentos e ferramentas.
E a razão disto é que todas as ferramentas da manufatura
permanecem a serviço da mão, ao passo que as máquinas
realmente exigem que o trabalhador as sirva, ajuste o ritmo
natural do seu corpo ao movimento mecânico delas.
GABARITO
VESTIBULARES ENEM
1 E 11 E 1 A
2 B 12 D 2 D
3 B 13 E 3 A
4 A 14 D 4 D
5 B 15 D 5 B
6 A 16 • 6 •
7 D 17 • 7 •
8 E 18 • 8 •
9 C 19 • 9 •
10 E 20 • 10 •
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