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O MAÇOM E O TRABALHO

Companheiro
Lindonêz Alberto Parisotto
Grande Oriente de Santa Catarina – GOSC
Loja: III MILÊNIO
04/2021

O MAÇOM E O TRABALHO

INTRODUÇÃO

Na etimologia da palavra Trabalho é associado à dor e sofrimento. A origem vem


do latim tripalium, nome dado a um instrumento formado por três estacas de
madeira, usado na antiguidade pelos romanos para torturar escravos e homens
livres que não podiam pagar impostos. Com o tempo, o sentido da palavra passou a
ser “realizar uma atividade dura” , logo a palavra sugeri o esforço , a fadiga, o
cansaço, ou seja manifestações de desconfortos físicos e de lutas, que não deixam
de fazer parte de nossa existência. Contudo o trabalho não deve ser visto somente
como sendo uma carga, um castigo, uma pena uma maldição em si mesmo, haja
visto, que a estrutura física do homem se ressente com atividades que excedem
seu potencial de trabalho.

Logo o objetivo deste trabalho é procurar demonstrar que o homem não foi criado
originalmente para o trabalho e nem para o ócio, mas para a motivação humana
fundamental que é sentir a alegria e satisfação, seja em nossa vida profana ou com
trabalhos reais ou simbólicos dentro de nossas Sessões em ensinamentos que nos
são passados , Nestes termos , qualquer atividade puramente mecânica, e que não
produza sentimentos de satisfação, acha-se em contradição com a natureza humana
original.
DESENVOLVIMENTO

Podemos dizer que o trabalho Maçom passou por algumas etapas, no passado nos
utilizamos do Trabalho para desenvolver construções físicas com ferramentas
como o martelo o cinzel a régua o prumo para nos abrigar e nos dar segurança e
conforto ( Maçons operativos), após esta etapa o trabalho maçônico adquire uma
dimensão intelectual, mística e filosófica, isto é a Maçonaria Especulativa. Para
chegarmos ao patamar da Maçonaria Autentica, o desenvolvimento humanos via
força de trabalho, passou por algumas etapas nas quais a civilização como Egípcia
e Sumérios continham em sua hierarquia o escravismo e o servilismo , neste
processo, havia injustiça e exploração. Com o tempo a organização da sociedade,
atuando e trabalhando em prol de si mesma com fábricas , bairros , escolas, clubes
etc, propiciou na sociedade contemporânea relações sociais por um visível
humanismo e respeito aos direitos e deveres.

Para chegarmos no atual nível de desenvolvimento passamos por vários estágios


distintos, a criatividade humana possibilitada pelo exercício do trabalho e pela
necessidade moldou os equipamentos de construção: passamos por equipamentos
manuias, (máquinas de madeira movidas pela força humana ou animal, pela forças
dos ventos, das águas e do vapor ), equipamentos semiautomáticos (máquinas
metálicas movidas a combustível sólido- carvão madeira ou líquidos derivados de
petróleo) e finalmente equipamentos automáticos (movidos a eletricidade ou
ondas eletromagnéticas). A cibernética – ciência dos aparelhos automotovidos –
representa o mais alto estágio de aperfeiçoamento, juntamente com a tecnologia da
informação. Não se trata de mera evolução casual, mas de um processo criativo
motivado por um propósito especifico. A Revolução Industrial, por exemplo, criou
novas condições de vida e transformações, como a mudança nas relações entre os
trabalhadores e os proprietários dos meios de produção, propiciando um intenso
processo de urbanização, consumo e produção em massa, tais acontecimentos
diminuiu muito o sofrimento e o peso que o trabalho significava.

O Trabalho do Grande Arquiteto do Universo para se chegar da não matéria


para a matéria até a obra prima de sua criação, (Gênesis 1:27) – “E criou Deus o
homem à sua imagem, criou homem e mulher” , explicitado no livro da Lei “ em
seis dias simbólicos, pela ciência com as seis eras geológicas e inúmeras teorias
evolucionista ou criacionistas, também demandou muito Trabalho, tempo,
processos de tudo que envolve a natureza física, da mesmo forma, com a
evolução do conhecimento da racionalidade e do aprimoramento de ferramentas e
de métodos de construção, conseguimos levar nossas “cavernas” para onde
queríamos, demos a ela o nome de casas e continuamente começamos a construir
comunidades, bairros, cidades, estados e nações.

Todo o trabalho é testemunho da dignidade do homem e do seu domínio sobre a


criação, é uma forma de desenvolver a personalidade, é um vínculo com os outros
seres, fontes de recursos para sustentar a família, formas de contribuir para o
aperfeiçoamento da sociedade e trazer o progresso da humanidade, mas nem
sempre foi assim o trabalho foi considerado uma atividade depreciável, pois por
muito tempo foi associado à atividade de escravo ou de pessoas consideradas
inferiores na sociedade. Os gregos, no período clássico, por exemplo, pensavam
que só o ócio criativo era digno do homem livre e o trabalho manual era
desprezado. O filósofo Aristóteles afirmava que ninguém poderia ser livre e ao
mesmo tempo obrigado a ganhar o próprio pão. O tempo deveria ser dedicado a
aperfeiçoar o intelecto e virtudes como a política, a escrita e as artes. Já uma
máxima popular diz que “ o trabalho dignifica o homem”. O grande filósofo
iluminista, François –Marie Aroute já dizia que “ o trabalho é , na maioria das
vezes, o pai do prazer” Também o economista Adam Smith já nos ensinava que
“aqueles que mais cedo estão em condição de desfrutar de compensações são os
que mais cedo terão gosto pelo trabalho”. Na Biblia Sagrada temos o que diz em
Eclesiastes 3:3 “Que todos comam e bebam, e desfrutem dos resultados do seu
trabalho árduo. É dádiva de Deus” em suma – O lugar do ser humano da sociedade
é devido ao seu trabalho, esforço que exerce na sua atividade.

Para o sociólogo italiano Domenico De Masi, a nossa sociedade precisa “se


libertar” do trabalho. Ele acredita que o futuro em uma sociedade “pós-industrial”
pertence a quem souber libertar-se da ideia tradicional do trabalho como obrigação
ou dever e for capaz de apostar num sistema de atividades, onde o trabalho se
confundirá com o tempo livre, com o estudo e com o jogo, enfim, com o “ócio
criativo”. O sociólogo acredita que num futuro próximo, o trabalho manual será
substituído por máquinas e computadores, e que o trabalho valorizado será o
criativo, mas essa é uma realidade limitada a certos indivíduos em função de suas
qualificações, experiência e formação.

O Trabalho é, sem duvida, um dos atos mais nobres e importantes que o homem
pode realizar durante sua efêmera existência física. Seja em benefício próprio ou
em benefício comum aos seus pares, o trabalho foi, é e sempre será a mola
impulsionadora e dignificadora do homem e, principalmente, uma forma de
glorificar o Criador.
O Trabalho maçônico , apesar de ser simbólico, quando feito em loja, transmite
ensinamentos profundos aos que deles usufruem, Um dos principais ensinamentos
é que para realizar qualquer trabalho devem-se equilibrar três conceitos básicos,
mas que são multiplicadores potenciais em cada um de nós: Com a Sabedoria
trazemos o intelecto com a Força dominamos nossas emoções controlamos
nossas habilidades e com a Beleza, trazemos a correta expressão da vontade da
GADU, assim Somos ensinados e continuamente lembrados que estes são pré-
requisitos para qualquer grande e importante empreitada.

Dentro de nossas lojas existe um longo trabalho a ser realizado junto ao aprendiz
(pedra bruta), que através do crescimento espiritual e cultural vai, aos poucos,
alterando a sua forma de interagir com a sociedade na qual se está inserido,
Crescendo e aperfeiçoando-se, o Maçom se transforma em pedra polida. Do
somatório do aperfeiçoamento do Maçons podemos observar uma transformação
na sociedade, que se iniciou com trabalhos de vários indivíduos.

CONCLUSÃO

Não podemos na atualidade, de forma alguma, como explicitado anteriormente


conceber o Trabalho na sua etimologia, ou seja, como um fardo, como um
sofrimento ou como uma escravidão moderna, pois assim como o GADU teve
um trabalho árduo e um processo que passou por um longo período de tempo
para transformar o Verbo em Carne e posteriormente dar-lhe o espírito,
capacidade de pensar e raciocinar, mas foi por meio do trabalho é que pudemos
exercer a nossa criatividade, nossa responsabilidade e a partir das características do
criador sensibilidade, compreensão e razão que os Maçons com suas ferramentais
simbólicas ( régua, prumo, maço, cinzel esquadros dentre outras), e com seu
conhecimento foi possível compreender que o trabalho é o Elo que nos une, que
através dele desenvolvemos nossas habilidades, fazemos o exercício da
convivência e o fortalecimento de nossas responsabilidades, mas de nada vai
adiantar se não tivermos um propósito para que no final de nossa jornada possamos
concluir e dizer nessa obra final do trabalho de cada um. Que possamos responder
que não estamos apenas assentando tijolos, que não estamos apenas fazendo a
massa, mas responder que pelo nosso TRABALHO estamos construindo grandes
e belos templos.

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