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Trabalho de Cultura Religiosa: Pessoa e Sociedade

Texto: HÉRITIER, Françoise “O eu, o outro e a intolerância” Assunto: Intolerância


Aluno: Victor Hugo Gualberto de Souza Matrícula: 530114

Intolerar

Existe uma lógica da intolerância, a mesma não é por acaso. Ela atende aos interesses que se
julgam ameaçados. Já no século XIII a sociedade, em pleno desenvolvimento, estabeleceu
noções de pureza justificando a exclusão de determinados grupos. Para tal exclusão é
necessário negar o Outro como verdadeiro humano.

Compreende-se que restringindo a definição de humano aos membros do grupo os outros


sendo não humanos podem ser tratados como tais. Tomando pelo ponto que esses não
homens podem ser excluídos, tratados com desprezo e caçados como animais.

Na ideologia nazista os judeus não era apenas considerados como sub homens, mas como
animais, assim como são tratados os heréticos em guerras de religião. Tratando o Outro assim
é negado a ele simplesmente a sobrevivência.

Tolerar é, então, aceitar que todos os humanos sem exceção são definidos como homens.
Desta forma garantindo uma consciência individual e coletiva de não odiar o Outro e aceita-lo
como homem.

É como dito na frase de Michel Zaidan Filho que “Velha é a guerra. A paz é muito nova na
história da humanidade”. Analisando a História da humanidade numa perspectiva de longa
duração, podemos perceber como a cultura de paz é algo muito novo. As práticas de violência
estão intimamente ligadas aos avanços da humanidade, povos submetiam outros povos a
escravidão, guerras aconteciam por interesses políticos, econômicos e ideológicos, pessoas
eram presas, torturadas, queimadas e fuziladas por não seguirem um padrão social
estabelecido pelo opressor.

Falando em tempos mais atuais, ate mesmo nas democracias liberais, as práticas de
intolerâncias existem de forma tão violenta quando os estados autoritários. No Brasil, por
exemplo, vivemos uma série de atos de intolerância que são divulgados diariamente nos
veículos de comunicação, desde pedradas em crianças de terreiros a travestis e transexuais
esfaqueados na beira de estradas, a violência e a intolerância impera sob olhos e
consentimento da sociedade.

É como dito no texto, que “nenhuma sociedade dá inteira permissão para matar os outros,
assim como nenhuma sociedade o impede inteiramente”. O posicionamento da filosofa
Françoise Héritier também aponta corretamente que práticas de intolerância são aceitas
socialmente: de “bandido bom é bandido morto” à “mulher safada merece apanhar”.

Vemos que atualmente é sentido uma falta de representatividade na política, uma falta de
confiança nos líderes de forma geral convergindo com crises, e com isso vemos que a
sociedade atual pode ter evoluído desde a época dos campos de concentração, mas ainda
apoia políticos que possuem o discurso de intolerância.
Alguns não só são apoiados, mas são eleitos e aplicam suas praticas intolerantes fazendo com
que amparados de leis possam praticar atos intolerantes. No próprio continente americano
vemos a intolerância prevalecer na politica em busca de servir aos interesses que se julgam
ameaçados, como por exemplo nos EUA.

É possível dizer que o conceito de tolerância caminha sempre aliado aos conceitos de
pluralismo e de diversidade. O mesmo pluralismo que é definido na constituição, porém como
outras coisas nela definidas tendem mais ao idealismo do que ao realismo. Então concluísse
que ainda vivemos num mundo extremamente intolerante que apenas irá progredir na
aceitação do Outro realmente quando entender que o Outro somos todos nós, todos somos
homens independente do grupo, cultura, etnia, religião e gênero.

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