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INSTITUTO MARANHENSE DE DIVERSIDADE CIENTÍFICA – IMDIC

FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO FRANCISCO- FAESF


TEMA: TRABALHO E CONSUMO
CORREA, N.J.

RESUMO
A análise sobre o tema Trabalho e Consumo como tema transversal é possível discutir como
as diferentes tecnologias modificam a vida das pessoas, criando novas e múltiplas relações
entre os lugares, alterando hábitos e padrões culturais.
Esta análise num primeiro momento abordará um pouco do histórico, características e
problemas que configuram a sociedade de consumo.
Outro ponto interessante é constituído pelo impacto da programação televisiva na formação
de novos hábitos e valores ao público infantil. Sempre é interessante verificar como as
concepções ou pontos de vista infantis, sobre tudo se são espontâneos, diferem de nossos
saberes já elaborados de adultos.
A partir do consumo, serão abordados também os elementos que definem o currículo. Esta
tentativa será feita mediante a leitura e interpretação de experiências anteriores.
Terminarei essa exposição com propostas que tem a intenção de ser linhas de trabalho, e com
um exemplo que tenta ser uma ponte entre a teoria e a própria prática pedagógica.
PALAVRAS CHAVE: Trabalho. Consumo. Televisão.

ABSTRACT
The analysis on the theme Work and Consumption as traverse theme is possible to discuss as
the different technologies they modify the people's life, creating new and multiple
relationships among the places, altering habits and cultural patterns.
This analysis in a first moment will approach a little of the report, characteristics and
problems that configure the consumption society.
Another interesting point is constituted by the impact of the programming by television in the
formation of new habits and values to the infantile public. It is always interesting to verify as
the conceptions or infantile point of view, on everything if they are spontaneous, they differ of
ours you already know elaborated of adults.
Starting from the consumption, they will also be approached the elements that define the
curriculum. This attempt will be made by the reading and interpretation of previous
experiences.
I will finish that exhibition with proposed that has the intention of being work lines, and with
an example that tries to be a bridge between the theory and the own pedagogic practice.
WORDS KEY: Work. Consumption. Television.
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INTRODUÇÃO
A sociedade atual caracteriza-se pelo consumo. Assim como em outros países
industrial e economicamente desenvolvidos, a vida em nosso ambiente tem experimentado
nos últimos anos, mudanças substanciais na estrutura de produção e distribuição de bens e
serviços. Consequentemente, o consumo tornou-se um fenômeno chave da sociedade em que
vivemos ao qual temos que acudir para explicar a nossa realidade atual.
O consumo pode ser considerado o modo como uma sociedade se organiza e procura a
satisfação das necessidades de seus membros, e também é a expressão de significados e
estratificações (condutas, modelos, estruturas). Desta perspectiva ampla antiga como a própria
humanidade, e, por outro, uma problemática social de especial relevância em nosso ambiente
e momento atual.
Todos precisam consumir para viver: comer, vestir, morar, passear, viajar fazem parte
do ritual de compra, venda e troca que persegue o homem há séculos. Mas para grande padre
da humanidade, o ato de comprar atingiu um sentido quase transcendente. Ter virou sinônimo
de ser. A capacidade de adquirir e possuir, passou a ser termômetro que mede valores como
competência, felicidade e sucesso. Quem pode consumir está no topo, quem não pode é
ignorado pelo outro lado. A saída para essa equação poderia ser simples, embora de difícil
execução, bastaria estender a capacidade de comprar a todos os seres humanos, assim o
sucesso chegaria a todos sem exceção. Uma bandeira que soa legítima, sem dúvida, mas esse
deve ser o objetivo dos que buscam um mundo diferente.
Para Ortiz, a situação ultrapassa o simples ato de comprar um objeto, seja supérfluo ou
não. “É o consumo que diferencia e valoriza os indivíduos na sociedade globalizada e
massificada, é o consumo que cria a ilusão da liberdade de escolha, de exercício da
cidadania.”

MUDANÇAS NA CONCEPÇÃO DE TRABALHO


Historicamente, o capitalismo se constituiu na Europa ocidental. A Inglaterra, quase
sempre é tomada como exemplo, por ser um dos primeiros países onde as relações capitalistas
se desenvolveram plenamente e onde se podem encontrar os elementos essenciais que
permitem estudar a transição do feudalismo para o capitalismo, enfocando fundamentalmente
a questão do trabalho.
Essa forma de analisar a questão do trabalho na sociedade capitalista foi desenvolvida
por Karl Max, no século XIX, que procurou demonstrar a existência de um conflito de classe
entre trabalhadores e capitalistas, elemento este que é inerente à sociedade burguesa.
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Os conflitos entre os capitalistas e os operários aparecem a partir do momento em que


os trabalhadores percebem que estão trabalhando mais e que, no estão cada dia mais
miseráveis. Assim, vários tipos de enfrentamento vêm ocorrendo no decorrer do
desenvolvimento do capitalismo, desde o movimento dos destruidores de máquinas, no século
passado, até as greves e as revoluções armadas, como as que aconteceram durante o ano de
1848, em quase toda a Europa. Por outro lado, há todo um movimento lento e constante que
vai constituindo uma organização do movimento operário no mundo.
Existe, entretanto, outro pensador, Emile Durkeim, que analisa as relações de trabalho
na sociedade capitalista de forma diferente. Em seu livro Divisão do trabalho social, escrito
no final do século XIX, procurou demonstrar que a crescente segmentação do trabalho,
resultante da produção industrial moderna, traria consigo uma forma superior de
solidariedade, e não de consumo.
Para Durkeim, há dois tipos de solidariedade: a mecânica, que deriva da aceitação de
um conjunto de crenças e tradições comuns. Nesse caso, o que une as pessoas não é o fato de
um depender do trabalho do outro, mas toda uma gama de sentimentos comuns. Quando a
solidariedade mecânica está na base da coesão social, a consciência coletiva envolve
completamente a consciência individual, tornando os indivíduos muito próximos pela
identificação. Esse tipo de solidariedade era próprio de sociedades nas quais a divisão do
trabalho era pouco desenvolvida, como as sociedades tribais, a grega ou a feudal. A orgânica
pelo contrário, pressupõe não a identidade, mas antes, a diferença entre os indivíduos nas suas
crenças e ações. O que os une é a interdependência das funções sociais, ou seja, a necessidade
que uma pessoa tem da outra, em função da divisão do trabalho existente na sociedade.
Assim para Durkeim, toda ebulição no final do século XIX não passava de uma
questão moral. Os conflitos que não tinham nada de normal, para ele, faltavam instituições e
normas integradoras que permitissem que a solidariedade advinda da divisão do trabalho
pudesse se expressar e, assim pôr fim aos conflitos.
Max Weber, sociólogo alemão, ao analisar a relação entre a ética protestante e o
espírito do capitalismo, procurou demonstrar claramente essa mudança de atitude e de
concepção em relação ao trabalho.
O trabalho passa a ser encarado como uma virtude, e, ao se trabalhar arduamente,
pode-se chegar a ter êxito na vida material, o que é expressão de bênçãos divinas sobre os
homens. Mas a riqueza gerada pelo trabalho, e depositada nas mãos de alguns homens, não
deve ser utilizada para ostentação ou mesmo para os gastos sem necessidade. O cristão
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protestante deve levar uma vida ascética, de costumes simples, e o que pode se poupar deve
ser reinvestido no trabalho, dessa forma gerando mais oportunidade para outros trabalharem.
A concepção protestante e puritana em relação ao trabalho vai servir muito bem à
burguesia comercial e depois à industrial, que precisava de trabalhadores dedicados, sóbrios e
dóceis em relação às condições de trabalho e aos baixos salários.

A QUESTÃO DO TRABALHO NO BRASIL


Quando se menciona o trabalho escravo no Brasil, a primeira lembrança é a
escravidão negra. Realmente foi ela a mais marcante, a mais longa e terrível; mas o trabalho
escravo se inicia no Brasil com a escravidão indígena, que ocorreu nos primeiros anos da
presença portuguesa e perdurou mesmo depois da presença do escravo africano.
A alternativa que restou, diante da resistência dos índios, foi procurar mão-de-obra
para o trabalho em outro local. E esse local foi o continente africano. Muitos afirmam que ela
aconteceu porque havia escassez de mão-de-obra, o que em parte é real, pelo menos no início
da colonização portuguesa. Outros dizem que era muito difícil escravizar os indígenas, o que
também só em parte é verdadeiro, uma vez que milhares e milhares de índios foram
escravizados.
Apesar de o escravo africano trabalhar basicamente nas atividades agrícolas, ele era
utilizado também em todas as tarefas possíveis, no campo e na cidade. As condições de vida
dos escravos eram terríveis, sendo que a média de vida útil deles era de, no máximo, quinze
anos. O trabalho intensivo e muitos castigos faziam parte do cotidiano dos escravos.
Mas o escravo negro nunca foi o personagem passivo que normalmente aparece nos
livros. Ele lutou sempre contra sua situação.
Se o movimento de resistência dos escravos foi um elemento considerável no processo
de desagregação da escravidão, há também outro, muito importante, que foi a pressão externa,
principalmente dos ingleses, que estavam muito interessados em ampliar a vida de seus
produtos industrializados; mas com a escravidão em plena forma, ficava difícil a expansão do
mercado para os produtos ingleses. Essa pressão se concretiza, inicialmente com a lei que
determina o fim do tráfico dos escravos, em 1850.
Após o fim do tráfico de escravos, ou melhor, com o surgimento da lei que o proibia
em 1850.
A primeira experiência de utilização da força de trabalho livre e estrangeira foi
utilizada pelo senador Vergueiro, grande fazendeiro da região oeste de São Paulo, que, em
1846, trouxe 364 famílias da Alemanha e da Suíça.
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A experiência não foi de toda bem-sucedida, pois os colonos não aceitavam tamanha
exploração e muitas vezes fugiam da fazenda, ou mesmo se revoltavam contra esse sistema,
como foi o caso da revolta, em 1857, na fazenda Ibicaba, de propriedade do próprio senador
Vergueiro.

A SITUAÇÃO DOS TRABALHADORES NO BRASIL APÓS 1930

Só a partir da revolução de 30, que foi mais um golpe do estado visando a tomada do
poder por um novo setor das classes dominantes, como também a uma nova reorganização
destas no cenário nacional, é que os governos passam a se preocupar com o salário mínimo.
Assim o salário mínimo inicia sua trajetória no Brasil, nivelando por baixo todas as
remunerações, trazendo muitos benefícios aos empresários e rebaixando o salário de quem
ganhava mais do que o mínimo.
Na primeira fase, o que se pode afirmar é que o salário mínimo faz parte da
intervenção do governo brasileiro na economia como um todo e, mais especialmente, nas
relações entre trabalho e o capital.
A luta dos trabalhadores será sempre no sentido de fazer valer a legislação do salário
mínimo e procurar elevar os salários, além de melhorar as condições de trabalho e vida.
As políticas econômicas ao longo de todo esse período no sentido de se desenvolver
uma industrialização voltada para os consumidores de poder aquisitivo mais alto, havendo em
consequência uma concentração de renda jamais vista anteriormente.
O CONSUMO E A EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE
Ao longo de sua história as nações e seus diversos grupos sociais conheciam tensões
entre o externo e o interno, resultantes do comercio e das relações internacionais, das lutas de
classe e as divisões do trabalho.
“Com a industrialização (século XVIII), a produção de bens separou-se de
sua comercialização ou mercado. Passou-se a consumir ou comprar o que os outros
produziam fora do ambiente mais imediato
No século XX encontramos as primeiras manifestações concretas de uma
sociedade de consumo massificada. Nos países desenvolvidos, do ponto de visa
industrial e econômico a produção em série institucionaliza-se socialmente e
especializa-se setorialmente, convertendo-se em produção para um mercado ou
comercio impessoal ou anônimo.
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Assim, em nosso ambiente e momento atual, o consumo torna-se uma


problemática social de especial relevância, que adquire conotações vinculadas à
aparição de um novo modelo de sociedade.” (BUSQUET, 2001, p.109)
Em meados do século XX a impressa, o rádio e a televisão convertem-se em
elementos primordiais de geração de consumo, pois por meio de uma invasão maciça,
contínua e fluida de informações, um consumo de massas forma-se e torna-se possível.

A PROBLEMÁTICA DA SOCIEDADE DE CONSUMO


Diante dessa realidade de consumo, o indivíduo enfrenta uma dupla problemática: por
um lado é um indivíduo potencialmente consumidor e, por outro, um indivíduo imerso em um
meio social de consumo, à margem do fato de atuar ou não como consumidor.
Muitas vezes o indivíduo como consumidor sente-se perdido e indefeso para assimilar
a invasão massificada de bens de uso e consumo.
Em uma sociedade desenvolvida e técnica, o número de necessidades varia e amplia-
se continuamente. No entanto, há necessidades primárias ou básicas que devemos satisfazer
para substituir e outras necessidades geradas por esta sociedade, relacionadas à melhora da
qualidade de vida ou ao conforto. É problemático quando estas necessidades induzidas nos
levam a desejar muitos produtos que as indisponibilidades econômicas não permitem
comprar.
Nesse contexto é preocupante a sistemática frustação de amplos grupos sociais, aos
quais é oferecido como espetáculo fascinante e atraente um mundo de consumo ao qual não
tem acesso. As expectativas crescem mais rapidamente que as possibilidades de satisfazê-las.
A discussão sobre o trabalho e consumo na escola busca explicitar as relações sociais
nas quais se produzem as necessidades e os desejos, os produtos e serviços que irão satisfazê-
los.
Conhecer e discutir as normas de realização do trabalho e do consumo,
compreendendo suas relações, dependências, interações, os direitos vinculados, as
contradições e os valores a eles associados, subsidiará a compreensão da própria realidade, a
construção de uma autoimagem positiva e uma atitude cética, para a valorização de forma de
ação que favoreçam uma melhor distribuição da riqueza produzida socialmente.
O conhecimento das relações de trabalho e consumo que predominam nas diferentes
épocas é oportuno para compreender sua dimensão histórica e para situar as particularidades
da localidade, podendo ser relacionadas e comparadas diferentes modalidades construídas
pela sociedade: o trabalho comunitário, a servidão, a escravidão, o trabalho livre, o trabalho
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assalariado. Da mesma forma, a divisão do trabalho no espaço doméstico, no espaço rural, no


espaço urbano, respondendo as diferentes formas de regime da propriedade existente em cada
época, refletindo as tensões entre os grupos sociais pela distribuição da riqueza comum e
poder.
Que educação e comunicação são processos inseparáveis, inerentes a
humanização; como instrumentos, não tem fim em si mesmas e podem ser
explorados tanto a liberdade para a manipulação. (GODOTTI, 1994)

Toda essa problemática infantil atual e futura e futura está exigindo uma educação em
matéria de consumo. Neste âmbito, os campos de intervenção educativa referem-se
diretamente à família, aos meios de comunicação de massa e à escola. Essa análise centra-se
na escola, mas é bom esclarecer que a família é o sistema primário de vida e o mais influente,
e que a mídia possibilita em grande parte a aprendizagem dos repertórios e usos de consumo.
A escola deve proporcionar ao menino e à menina elementos de conhecimento,
procedimentos e atitudes que lhe permitam situar-se na sociedade de consumo de uma
maneira consciente, crítica, responsável e solidária.

AS CONCEPÇÕES INFANTIS SOBRE O CONSUMO


Ao abordar o trabalho e consumo, devemos analisar primeiro as concepções infantis
sobre o consumo. No processo de aprendizagem a criança constrói seu próprio conhecimento.
Consequentemente o professor ou professora deve interessar-se desde o início por conhecer as
concepções infantis, se quiser ajustar a ajuda pedagógica a uma forma personalizada e
construtiva de intervenção.
Estas concepções sobre os fatos e fenômenos sociais e naturais ligados à própria
experiência, ocorrem espontaneamente nas crianças durantes os diferentes momentos de seu
desenvolvimento. São concepções pessoais e peculiares, com um caráter dinâmico, operativo
e instrumental: são verdadeiras estratégias cognitivas que as crianças põem em andamento
para selecionar as informações relevantes, para estruturar e organizar a realidade que é objeto
de explicação.

COMEÇO DAS TECNOLOGIAS


A introdução de diferentes tecnologias no mercado de trabalho influenciou e
modificou os ritmos da cidade e do campo, a organização do trabalho e do consumo, estando
desigualmente e diferentemente distribuídos nas paisagens e nas diferentes atividades. É
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possível desenvolver um determinado desenvolvimento tecnológico relevante na localidade,


verificando como afeta a vida quotidiana, sua acessibilidade, conforto, desconforto que
trazem prejuízos, impacto ambiental e impacto no emprego/desemprego.
É necessário construir noções sobre o papel da informação e da comunicação na
construção e nas múltiplas relações que existem entre o local, o regional e o mundial, as
alterações que o fluxo de informações provocou e provoca na vida em sociedade, o impacto
da indústria, na valorização de determinados modelos e padrões culturais em detrimento de
outros.
Um ponto que merece especial atenção é a dedicação das mensagens publicitárias ao
público infantil e juvenil. Para as crianças, criam-se novos produtos de alimentação e
brinquedo. Para os jovens divulgam-se novos produtos e serviços prioritariamente voltados
para o vestuário e consumo de bens da indústria cultural.
O tempo e o espaço dedicado à publicidade nos diferentes meios de comunicação
variam de acordo com o perfil do veículo, o público que pretende atingir e sus objetivos
expressos.

A MELHOR PARCERIA

Afirma-se que, nos últimos 50 anos, tivemos mais desenvolvimento da tecnologia do


que em toda a história da humanidade. Em outras palavras, obtivemos no meio século mais
recente, uma exuberância tecnológica superior à soma de todos os outros 39.950 anos
anteriores, quando passamos a nos firmar de fato como homo sapiens. Muito veio melhorar e
seria tolo rejeitar a imensa capacidade de proteção e cuidado com a vida que conseguimos.
No entanto, algumas das nossas ferramentas de comunicação podem se tornar, por
descuido ou comodidade, uma perigosa tecnologia de incomunicação.

OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A VERDADE

Na sociedade atual, os meios de comunicação vêm se tornando cada vez mais


importantes. Todos estamos “ligados” ao que dizem emissoras de televisão, rádio e a internet,
que nos permite acesso ao mundo via computador.
No entanto nem sempre o compromisso desses veículos é com a verdade, com a
promoção cultural e formação dos indivíduos. Jornais, revistas, programas de televisão e rádio
não parecem muito preocupados em respeitar as leis morais e muito menos aos cidadãos.
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Alguns meios de comunicação ignoram os direitos e a dignidade das pessoas e deturpam


muitas notícias transformando-as. Sua preocupação fundamental parece ser aumentar a
própria audiência a qualquer preço.
Porém se conhecemos a linguagem utilizada nos meios de comunicação, teremos mais
facilidade em perceber até que ponto eles dizem a verdade ou usam artifícios para nos
convencer, para nos manipular.
Os sistemas de comunicação evoluem com extrema rapidez e essa dinâmica é parte da
vertiginosa modernidade em que estamos imersos. Não podemos nos vislumbrar com essas
novidades ou ficar apreensivos pelo perigo de que substituam nossa função de educar. Porém
não devemos ignorar as possibilidades que eles abrem para aperfeiçoar nosso trabalho.

O IMPACTO DA TELEVISÃO NA FORMAÇÃO DE NOVOS HABITOS

Em meio a tudo isso, a televisão como instrumento de comunicação está organizada


como empresa pública e privada, constituindo em alguns casos conglomerados internacionais
com grade poder econômico e, influencia na determinação do que será considerado notícia ou
que será desprezada como tal, na formação do “gosto” e de novos hábitos e valores. Mesmo
quando considerada em sua dimensão nacional, regional ou local, é núcleo de poder
econômico e político com grande influencia. Cumprem assim, um papel importante na
progressiva homogeneização de comportamento em torno de determinados modelos e padrões
dominantes. Porém é também fundamental para o reconhecimento da diversidade existente e
das novas possibilidades de atuação. Por vezes dificultando o exercício da crítica, a televisão
tem importante papel na ação cidadã, como um meio eficaz para o controle da execução de
políticas públicas, para veiculação de reivindicações e publicidade de ações coletivas e de
movimentos sociais.
Até algumas décadas atrás, a ideologia e o sistema de valores eram
impostos de forma quase exclusiva pela escola, pela família e igreja. Podia-se
concordar ou não com os mecanismos utilizados por essas instituições, mas tinha-se
consciência das ideias e dos valores que eram transmitidos e de que forma isso era
realizado. Hoje não se sabe até que ponto devemos a televisão aquilo que pensamos,
aquilo em que acreditamos e inclusive, aquilo que somos. (FERRES, 1996 p. 75)
A influência da imprensa sobre as pessoas é marcante, principalmente a da televisão.
De um lado cumpre o papel de informação, formação e lazer do povo, de outro lado pode ser
veículo perverso à família, principalmente às crianças com programações inadequadas
exercem grande influência na atualidade tornando o mundo uma pequena bola que gira ao seu
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prazer, mesclando-se às fantásticas reações do intelecto humano, com cenas envolventes e


espetaculares, ganhando o tempo e atenção das famílias. Com a televisão o mundo ficou
pequeno e a tendência é a nivelação; não se pode esquecer que as crianças e a juventude
podem participar do mesmo comportamento.
A televisão dita modismo, divulga e estimula o consumo, instiga o uso do cigarro,
álcool e torna pacífica a convivência com as drogas pesadas.
As famílias tem que ser fortes para suportar tantos embates como: a exigência dos
gostos, a influencia da imprensa, o excesso de envolvimento, a degeneração dos sentimentos e
a queda da religiosidade. Será preciso que seus componentes saibam discernir o bom do ruim
e que entendam que o álcool e as drogas nunca forma ou serão soluções.
A programação televisiva aparece como única alternativa de lazer para muitos. Nos
grandes centros urbanos, esta situação deve ser relacionada com a falta de equipamentos
públicos de lazer e de atividades culturais locais, assim como as dificuldades de acesso aos
locais de lazer, pela distância e falta de transporte público adequado, pelo temos da violência
social, pelo custo implicado. É importante se discutir quais são as atitudes de lazer que podem
se organizar e reivindicar a criação de centro de lazer comunitário, assim como, incentivar a
produção cultural própria em música, teatro, clubes esportivos, centros recreativos entre
outros.

ESCOLA E TELEVISÃO

Frequentemente se discute a respeito do desinteresse de um volume considerável de


alunos com relação às atividades escolares, sejam elas ligadas aos aspectos cognitivos ou
outras áreas que fazem parte da formação da criança ou jovem. Na verdade, as razões são
muitas e variadas. Há as que decorrem de razões pessoais, de fatos ocasionais, de relações
familiares, assim como há as que advêm de fatores sociais, que atingem mais ampla e
continuamente os sujeitos. Entre elas, sempre se menciona a influencia do computador e da
televisão. E essas são exaustivamente exploradas.
As características de determinadas atrações, o desequilíbrio no controle do tempo de
permanência diante da televisão, a falta de discussão com adultos a respeito de certos tipos de
programa, o fato de a televisão ser o centro da rotina familiar, entre outros pontos afetam o
dia-a-dia das crianças. Diante da omissão de muitas famílias em dialogar a partir do que a
televisão apresenta, a responsabilidade da exploração de temas dessa natureza precisa ser
ampliada. A escola é, pois, um dos espaços para essa ampliação. Como parceira das famílias
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na responsabilidade de educar, deve se empenhar em buscar sempre caminhos que atenuem as


influencias negativas que os alunos recebem, e também reforçar os estímulos positivos
provenientes da vida social e familiar.
“A criança que vê muita televisão tende a ser menos pronta a seguir
instruções ou escutar conselhos... é mais agressiva e tende a achar que essa
agressividade é natural, tende a ter um sistema de valores desordenado e é
prejudicada por uma noção distorcida do que é correto ou errado. A criança média,
mesmo no quarto ano, já é, em perspectiva permissiva, em vez de adorar a
orientação da família, igreja, ou da escola, imita as personagens da televisão e do
cinema, até na linguagem, nos modos e no comportamento. A criança média não
gosta de ler seja o que for e opõe resistência a qualquer oportunidade de melhorar a
capacidade de escrever. Tem falta de criatividade, é apática e tem pouca imaginação,
tem uma noção distorcida e aberrante da realidade e do mundo, tendente a faze-la
viver num estado de permanente receio.
Quanto as crianças vivem em casas onde é fortemente controlado o acesso a
televisão, essas, em geral, são ávidas por aprender, nas visitas de estudo fazem
muito mais perguntas que a criança média, gostam de ler, gostam de escrever, são

criativas e sentem entusiasmo pela vida em geral.” (WHEELER, 1997, p.99)


No âmbito escolar, há uma competitividade. A escola representa uma tradição ética
que é divergente aos meios de comunicação. O professor se vê na condição de contrapor o que
foi dito na televisão.
A TV estimula o egoísmo, o consumismo e a escola forma, complementa
características cidadãs. Há, portanto, a dimensão de consumo (TV) e a dimensão da cidadania
(Escola).
É urgente! Faz-se necessário que o professor e todos os encarregados da educação
escolar enxerguem as duas dimensões e trabalhem com elas, criando programas públicos
educativos, revendo a política da pré-escola, etc...
Cabe ao professor apresentar, constantemente aos educandos, textos publicitários e
jornalísticos, discutindo, interpretando, analisando e até mesmo reformulando-os para que eles
percebam que também são vítimas da mídia. Deve-se abrir, também, na sala de aula um
espaço para se discutir programas, novelas e outros tantos.
A frase “O povo brasileiro lê televisão” é preocupante e traz em si uma grande
verdade. É um retrato de um provo que deixou a literatura de lado para abraçar a leitura
barata, agressiva e consumista da televisão.
Porém é preciso mensurar a importância da televisão e do vídeo como instrumento de
auxílio didático, assim como: livros, revistas, jornais, CD’s e internet. Materiais de apoio que
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devem ser conduzidos por professores animados, bem pagos e bem formados, em atualização
constante, trabalhando em ambientes seguros e culturalmente estimulantes. É por isso que é
fundamental quando a escola reúne pais e professores. Isso faz com que a gente sinta um
pouco a nossa responsabilidade educativa, que não é coisa só da escola, nem só da família, é
uma parceria.

CONCLUSÃO
As diversas mídias que estão à disposição da sociedade diariamente, agem diretamente
sobre os cidadãos como formadores de opinião, influenciando no comportamento,
principalmente das crianças e adolescentes, incitando ao consumo e ditando moda.
A responsabilidade de educar cabe principalmente à família, que em seu seio apresenta
exemplos e modelos comportamentais que a criança tende a seguir como exemplo, esta
responsabilidade é partilhada com a escola e todo o corpo docente e discente que através de
ações direcionadas pode ampliar e direcionar o pensamento da criança através de atividades
de integração.
Concluo este trabalho na certeza de que a educação é papel importante e que devem
ser utilizados os mais diversos meios para se atingir o objetivo de educar, entretanto com a
responsabilidade de dosar tanto o tempo quanto a qualidade do que é exposto às crianças não
deixando de lado a responsabilidade de cada um família, escola e comunidade no papel de
formar cidadãos responsáveis e cônscios de seu papel na sociedade contemporânea.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

BUSQUETS, Maria Dolores, et all. Temas transversais em educação- Bases para uma
formação integral. 6ª Ed. São Paulo, SP: Ática, 2001.
FERRÉS, Joan. Televisão e Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
WHEELER, Joe. Comando a distância: como a TV o afeta a si e à sua família. Portugal:
Atlântico, 1997.
GADOTTI, Moacir. A escola e a pluralidade de meios. Escola & Vídeo, jan. 1994. n.º 6.

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