INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO
NORTE – IFRN
SEMINÁRIOS ACADÊMICOS DE FILOSOFIA
Trabalho, alienação e consumo: perspectiva filosófica
1. Trabalho como tortura?
Garfield: “Odeio segunda-feira!”. A própria palavra trabalho deriva de um instrumento de tortura: tripalium. 2. A humanização pelo trabalho É pelo trabalho que a natureza e transformada pelo esforço coletivo para arar a terra, colher os frutos, domesticar animais, modificar paisagens e construir cidades. Pelo trabalho surgem instituições como a família, o Estado, a escola; obras do pensamento (mito, ciência, arte e filosofia). 3. Ócio e negócio As sociedades tribais: sistema de cooperação e complementação. O que mudou? Rousseau: “Isto é meu!”. A partir daí: A divisão social do trabalho; a dicotomia entre os que mandam e os que executam. Trabalho manual X Trabalho intelectual. Do ócio ao negócio: a mudança de paradigma. Para os gregos: Scholé = Ócio digno. Escola = lugar do ócio. Romanos: Otium = Ócio. Nec-otium = não-ócio, ou negação do ócio. 4. Uma nova concepção de trabalho Idade Média: Riqueza = posse de terras. Renascimento e Modernidade: as atividades mercantis e manufatureiras cresceram – expansão das fábricas – Revolução Industrial. Ascenção da burguesia: valorizavam a técnica e o trabalho. A máquina exerceu grande fascínio: máquina de calcular, tear mecânico, barômetro, etc. Galileu e o método das Ciências Naturais: técnica e experimentação. As teorias da modernidade: Bacon – conhecimento é poder; Descartes – Física e Matemática como substituto da Filosofia especulativa. 2
Ideal prometeico da Ciência: construção de um saber técnico
e experimental para controlar a natureza. Liberalismo de John Locke: contrato de trabalho. Hegel: Dialética “do senhor e do escravo”. O trabalho se torna expressão da liberdade. 5. O trabalho como mercadoria: a alienação As péssimas condições de trabalho no século XIX. Marx retoma a ideia de Hegel do trabalho como condição de liberdade e humanização: o trabalho transforma a natureza e o homem. Porém, no capitalismo, ocorre a alienação pelo trabalho. Alienação na produção: Fetichismo X Reificação. 6. A era do olhar: a disciplina Focault: concebeu a modernidade como a era da disciplina. Panóptico/ O silêncio religioso/ A disciplina militar; todos eles modelos disciplinares. Nos séculos XVII e XVIII – Sociedade disciplinar: difusão das prisões, orfanatos, reformatórios, asilos, hospícios e escolas. 7. De olho no cronômetro: o tempo como mercadoria O trabalho em “migalhas”. Frederick Taylor: os trabalhadores são “indolentes”, por isso a necessidade de um controle científico. Criou o setor de planejamento, separando a concepção da execução do trabalho. Pensar X Fazer. Henry Ford: a linha de montagem e o processo de padronização da produção em série. Problemas da produção em série: monotonia; reduz a ação a operações simples; fragmentação do conhecimento. O trabalho como técnica de dominação: a racionalização do processo de trabalho desvaloriza o ritmo do corpo, o sentimento, a imaginação, a inventividade humana. Tudo o que vem do setor de planejamento tem um apelo “impessoal”. O nascimento da sociedade de consumo. 8. Novos tempos na fábrica: o Toyotismo Anos 70 e 80. Com o surgimento de técnicas de automação, robótica e microeletrônica, surgiram novos padrões de produtividade. Houve uma quebra da rigidez do fordismo e do taylorismo. 3
Características: trabalho em equipe; descentralização da
iniciativa; maior participação nas decisões, polivalência da mão-de-obra. Enfraquecimento dos sindicatos. Notícia: Morte de um engenheiro chefe da Toyota (01/2006), de 45 anos, que morreu de isquemia. Trabalhou ao menos 80h extras mensais em 11e12/2005; incluindo jornadas noturnas e finais de semana, mais viagens ao exterior. 9. Da fábrica para o escritório Crescimento do setor de serviços: segunda metade do século XX. Aumento da demanda por atividades ligadas a publicidade, pesquisa, comércio, finanças, saúde, educação, lazer, turismo, etc. As atividades agrícolas e industriais passam a depender das técnicas de informação e comunicação. 10.Consumo ou Consumismo? Consumo consciente: ato humano por excelência, pois além de satisfazer as necessidades básicas, estimula o desenvolvimento humano. Seria um consumo movido pela sensibilidade, imaginação, inteligência e liberdade. É o consumo como meio e nunca como fim (consumismo). Caráter simbólico: satisfação física, intelectual ou espiritual, que não deve depender apenas da subjetividade, mas da relação com outras pessoas. Ex: desperdício X sustentabilidade do planeta. Atenção para o impacto de propagandas e para as fontes de informação. Buscar fontes diferentes de informação. Consumo alienado: a organização dicotômica do trabalho, que separa a concepção e execução do produto, reduz as possibilidades de o trabalho encontrar satisfação na vida. Trabalho alienado = insatisfação = compensação pelo consumo. Consumo alienado leva ao consumismo. 11.Crítica à sociedade administrada: produção e consumo Escola de Frankfurt: da técnica como libertadora a técnica opressora; alienação do trabalho e esgotamento dos recursos naturais, contra o desenvolvimento sustentável. Adorno e Horkheimer: é racional dominar a natureza subjugando o homem? 4
A razão instrumental: o critério da eficácia, da técnica, como
um fim em si mesmo. Lembrando Kant: “Só o homem é um fim em si mesmo”. A unidimensionalidade de Marcuse: a perda da dimensão crítica. Da necessidade em fazermos a distinção entre necessidades vitais e falsas necessidades. A falsa necessidade é heterônima. 12.Uma “civilização do lazer?” Lazer: criação da civilização industrial, que apareceu como fenômeno de massa somente no século XX. Surgiu como contraponto ao trabalho. A diminuição da jornada de trabalho criou o tempo liberado, que é diferente do tempo livre (o que sobra das obrigações). As funções solidárias no Lazer: descanso, diversão e desenvolvimento pessoal. Obstáculos ao lazer: Há alternativas de escolha? De infraestrutura? As empresas cobram muito dos trabalhadores. 13.A sociedade pós-moderna: o hiperconsumo Giles Lipovetsky: Não demoniza o consumo, mas o vê como fenômeno do nosso tempo. A personalização através do consumo: muita oferta, democratização do conforto e lazer. Mas reconhece os malefícios do hiperconsumo e do poder massificante da publicidade. Consumo = sentido! Zigmund Bauman: irracionalidade dos consumidores, e não um consumo baseado em estimativas sóbrias e bem informado. A sociedade de consumo se alimenta da insatisfação. 14.Para onde vamos?
15.REFERÊNCIA:
Baseado em ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; PIRES, Maria
Helena. Filosofando: introdução à Filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009. p. 66-78.