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Quaderns de Psicologia | 2012, Vol.

14, No 2, 67-76 ISNN: 0211-3481

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“Tempo livre” e “tempo do trabalho”: a dissolução das fronteiras


temporais
“Leisure” and “working time”: the disappearance of temporal frontiers

Maria de Fátima Vieira Severiano


Universidade Federal do Ceará (Brasil)

José Luis Álvaro Estramiana


Universidad Complutense de Madrid (Espanha)

Resumo
A passagem de uma sociedade do trabalho, centrada em uma ética produtivista, dá lugar a
uma sociedade do consumo, hedonista, na qual o tempo livre é consumido como mais uma
mercadoria, instrumentalizada pela Indústria Cultural (Adorno). Neste artigo, se defende a
tese de que a atual proeminência do tempo livre sobre o tempo do trabalho, somente ocor-
re porque este se tornou um tempo de produção, viabilizado pelas novas tecnologias, pela
indústria cultural e pelo consumo. As categorias analíticas de ambas temporalidades se tor-
nam cada vez mais indistinguíveis, num sistema social e econômico em que predominam a
uniformização de um tempo enquanto subproduto da mercantilização. A partir da crítica da
cultura frankfurteana e dos conceitos sociológicos de Bauman (sociedade líquida) e Sennett
(flexitempo) este artigo analisa as estratégias de invasão do tempo livre pelo trabalho, in-
terpretados não mais como dois polos antitéticos, mas submetidos à mesma lógica produti-
vista do capitalismo tardio.
Palavras-Chave: Tempo de trabalho; Tempo livre; Sociedade de consumo; Industria cul-
tural

Abstract
The passage from a working society, centred in an productive ethic, gives way to a consum-
ing and hedonist society in which leisure time is consumed like a merchandise instrumen-
talized by the Culture Industry (Adorno). In this article we defend the thesis that the
prominence of leisure over working time is possible because the former became a produc-
tive time by means of the new technologies, the Culture Industry and the consumerism.
The analytical categories of both temporalities become even more undistinguishable in a
economic and social system dominated by the uniformities of a time which is a sub-product
of the merchandising. Making usage of the Frankfurt critic of the culture, the sociological
concepts of liquid society (Bauman) and flexi-time (Sennet), this article analyses the inva-
sion of leisure by working time which makes impossible the distinction between them as
opposite categories and makes us considering both as part of the same productive logic of
late capitalism.
Keywords: Working time, Leisure time, Consuming society, Culture industry
68 Vieira Severiano, Maria de Fátima e José Luis Álvaro Estramiana

Introdução proclama: “Tempo é dinheiro!”, atinge seu


ápice nas sociedades atuais tornando-se a
“Aproveite o tempo!”: eis o imperativo de mercadoria mais rara e fugidia, na medida em
nossa época. que nem a automatização das máquinas, nem
Nada causa tanto espanto, indignação e re- as telecomunicações, tampouco o advento das
criminação, quanto o tempo vazio, vago, de- novas tecnologias - as infovias, a robótica e as
socupado. É preciso “ganhar tempo!”. Somos redes sociais informatizadas - parecem ter si-
constantemente interpelados por todos os do capazes de torná-lo abundante! Paradoxo
meios de comunicação, por nossos pares e por fundamental da vida hipermoderna, em que o
nós mesmos a sermos “pró-ativos”: é imperio- homem, agora praticamente um “Deus de
so mostrar aptidões, comprovações e resulta- prótese”, como vaticinou Sigmund Freud
dos. (1980) em “O Mal-Estar na Civilização”, é ain-
da incapaz de domá-lo ao seu favor, princi-
Tal demanda não se restringe apenas ao tem- palmente no que concerne ao gozo de um
po dedicado ao trabalho. Nesta era do culto à verdadeiro tempo livre, emancipado das
velocidade prepondera uma “euforia perpé- amarras da lógica produtivista.
tua” (Brukner, 2002), sob a égide de uma So-
ciedade de Consumo (Baudrillard, 1970/2008) O tempo e suas formas de organização e me-
em que somos convocados cada vez mais a dição marcam a história da humanidade, ex-
sermos eficientes no domínio, uso, ou mesmo pressando tanto os modos, hábitos e estilos
“gasto” do “tempo livre”. de vida dos grupos sociais, como a própria ex-
periência subjetiva do sujeito no uso, contro-
Na contemporaneidade é corrente a concep- le e domínio do seu próprio tempo. Neste es-
ção, principalmente advinda de teóricos que tudo, interessa-nos principalmente refletir
tematizam o ócio, a exemplo de Domenico De sobre o significado da atual proeminência do
Masi (2000), segundo a qual o tempo livre chamado “tempo livre” nas sociedades ditas
predomina de forma marcante sobre o tempo “pós-modernas” como categoria central no
de trabalho, se tornando a categoria central atual ordenamento social, em possível “subs-
no atual ordenamento subjetivo e social dos tituição” à importância da categoria de
indivíduos. “tempo do trabalho”, vigente na Modernida-
O argumento da suposta centralidade do tem- de.
po livre - eco das inúmeras predições acerca Tais reflexões têm por referencial teórico de
do “fim do trabalho” herdadas do século XX base os teóricos da Escola de Frankfurt, em
(Antunes, 1998) - aponta principalmente, pa- especial Adorno, Horkheimer e Marcuse, cuja
ra as “facilidades” auferidas pelo desenvolvi- proposta se ancora fundamentalmente na exi-
mento exponencial das novas tecnologias in- gência de uma individualidade antônoma, ca-
formatizadas, para as benesses propiciadas paz de refletir sobre as próprias vicissitudes
pelo incremento vertiginoso do consumo e pa- da razão no mundo moderno, com atenção
ra as “múltiplas” ofertas de lazer e entrete- especial a certas formas de condução de sa-
nimento veiculadas pela indústria cultural. tisfação espontâneas do desejo, aparente-
Sob os auspícios dessas três instâncias – as no- mente progressistas e liberais, experimenta-
vas tecnologias, o consumo e a indústria cul- das no decorrer do “tempo livre”, mas que ao
tural - a sociedade teria se tornado mais li- elidirem o componente reflexivo da razão, em
bertária, plural e democrática. O tempo livre prol de soluções imediatas e regressivas pro-
estaria ao alcance de todos! postas pela publicidade e indústria cultural,
Ressaltamos de início que, tematizar o tempo nada mais fazem que remeter o indivíduo a si-
no contexto da atual Cultura do Consumo sig- tuações de menoridade. Para os frankfurtea-
nifica primeiramente considerá-lo submetido nos, tal como em Immanuel Kant (1985), a
às leis do valor de troca à semelhança de emancipação do indivíduo passa, necessaria-
qualquer objeto de consumo: carros, celula- mente, pelo seu “esclarecimento” (Auf-
res, computadores, cartões de créditos e cor- klärung), que significa:
pos idealizados. Isto porque, o tempo, já con- A saída do homem de sua menoridade, da qual
siderado um valioso bem monetário desde o ele próprio é culpado. A menoridade é a incapa-
final do Séc. XVIII, quando Benjamin Franklin cidade de fazer uso de seu entendimento sem a
direção de outro indivíduo... Sapere aude! Tem

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coragem de fazer uso de teu próprio entendimen- repouso e a contemplação estariam relacio-
to, tal é o lema do esclarecimento (p. 100).
nados a um tempo de ócio. Isto pressupõe
Ora, vivemos, justamente, na era da tutela uma possibilidade de escolha, por parte do
dos “personals”: personal training, personal indivíduo, entre entregar-se ao ócio ou exer-
friend, personal trip, personal stylist, perso- cer atividades de lazer, ambas dissociadas do
nal love e muitos outros “especialistas pesso- tempo de produção.
ais” na programação do tempo livre; a exem- Entretanto, tal esquematismo formal não nos
plo dos gurus da “administração do tempo” parece corresponder à realidade vigente no
David Cottrell e Mark Layton (2004) que pu- capitalismo tardio. Theodor Adorno (1995, p.
blicaram um livro intitulado: 175 Ways to get 70) em seu artigo intitulado “Tempo livre” é
more done in less time. (175 Maneiras de fa- veemente ao afirmar que o termo “tempo li-
zer mais coisas em menos tempo – tradução vre” não pode ser formulado como uma “ge-
nossa) neralidade abstrata”, estando “determinado
Diante do exposto, pretendemos defender desde fora” por um “tempo não livre”, aquele
neste estudo a tese, segundo a qual, a atual preenchido pelo trabalho. “O tempo livre é
proeminência do chamado tempo livre sobre o acorrentado ao seu oposto”, diz Adorno, tor-
tempo do trabalho, enquanto um tempo social nando-se tão abstrato e alheio ao homem,
forte, somente ocorre porque ele se tornou quanto o tempo de trabalho.
um tempo de produção, viabilizado pelas no- Portanto, quer denominemos “ócio” ou “la-
vas tecnologias, pela indústria cultural e pelo zer”, segundo Adorno (1995), o tempo libera-
consumo. Não visa à emancipação humana, do do trabalho encontra-se atualmente sob o
mas à expansão do mercado. “fascínio” do poder do capital, em relação ao
Ordinariamente, a categoria de “tempo livre” qual não teríamos escolhas. Para o autor, as
aponta para aquele tempo disponível ao ho- pessoas, “nem em seu trabalho, nem em sua
mem após as suas atividades laborais. Ou se- consciência dispõem de si mesmas com real
ja, trata-se de um tempo de não trabalho no liberdade” (Adorno, 1995, p. 24) Isto porque
qual o homem estaria liberto dos constrangi- no decorrer do século XX ocorreu uma migra-
mentos do tempo de trabalho, seja para dedi- ção da lógica mercantil, próprio da esfera do
car-se a outras atividades não laborais, seja trabalho, também para a esfera da cultural e
para o descanso. De acordo com o dicionário da vida cotidiana.
sociológico Wörterbuch der Soziologie, há vá- A compreensão desse deslocamento de poder
rias definições de “tempo livre”, dentre elas: do âmbito do trabalho para o mundo da vida
“mero tempo de não-trabalho; tempo para foi pioneiramente tematizada pelos frankfur-
restauração da força de trabalho; espaço para teanos, em especial Theodor Adorno & Max
formas de descontração e de divertimento e Horkheimer (1947/1985) e Herbert Marcuse
espaço relacional destinado a fins não „obje- (1964/1982), em cujas análises acerca do
tivos‟” (Adorno, 1995, p. 244). O importante, conceito de “dominação” permitiram àquela
no momento, a ressaltar é que segundo as época prognosticar os fenômenos contempo-
conceituações acima, neste tempo o homem râneos implicados nas novas formas de con-
não estaria sob o domínio da lógica produti- trole social. A análise frankfurteana, em es-
vista e do lucro. pecial a de Marcuse (1964/1982) evidenciou
No interior deste “tempo livre”, dentre outras já anos da década de 50 a ocorrência de um
categorias, merece destaque o chamado duplo deslocamento nas formas de controle:
“tempo de ócio” e o “tempo do lazer”. A do econômico para o cultural, assim como das
etimologia da palavra “ócio” é derivada do la- formas explícitas e concretas para as imper-
tim otium, que remete à ideia de repouso, ceptíveis e simbólicas. Isto quer dizer que,
contemplação, “nada a fazer”; enquanto que para além da exploração visível das classes
o termo “lazer” também derivado do latim li- operárias da época do capitalismo industrial,
cere significa “ser permitido”, “poder”, li- esses teóricos denunciaram que a dominação
gando-se à ideia de “liberdade de fazer” (Pa- extrapolou os muros das fábricas, passando a
dilha, 2000, p. 58). Assim, para autores como abranger a esfera privada, desta feita de for-
Nelson C. Marcellino (1990), em um tempo li- ma sutil, através da manipulação da própria
berado do trabalho, teríamos a atividade vin- subjetividade humana e da gratificação dos
culada a um tempo de lazer, enquanto que o desejos, via indústria cultural e do entrete-

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nimento. Para Adorno & Horkheimer ais... A tecnologia serve para instituir formas no-
vas, mais eficazes e mais agradáveis de controle
(1947/1985, p. 128):
social e coesão social (1964/1982, pp. 14-19).
A diversão é o prolongamento do trabalho sob o
capitalismo tardio. Ela é procurada por quem No que concerne ao consumo, este se apre-
quer escapar do processo de trabalho mecaniza- senta como principal atividade do tempo li-
do, para se por novamente em condições de en- vre, transformado em lazer programado. Tra-
frentá-lo. Mas, ao mesmo tempo, a mecanização
atingiu um tal poderio sobre a pessoa em seu la-
ta-se da ordenação do consumo do tempo
zer e sobre sua felicidade, ela determina tão pro- “improdutivo”, aquele liberado do trabalho,
fundamente a fabricação das mercadorias desti- para torná-lo um “tempo de produção” exa-
nadas à diversão, que esta pessoa não pode mais tamente no coração do tempo livre, a partir
receber outra coisa senão as cópias que reprodu-
zem o próprio processo do trabalho.
do que Baudrillard (1970/2008) denominou: 1.
Do consumo de mercadorias – da esfera do va-
Portanto, a invasão do tempo livre pela lógica lor de câmbio, das trocas econômicas e 2. Do
produtivista e instrumental da indústria cultu- consumo de signos – da esfera do valor de dis-
ral, do consumo e das novas tecnologias ocor- tinção, de status e de reconhecimento social.
re mediante um dado ordenamento do tempo Este último significa que o consumo não se
advindo, principalmente, dessas três instân- expressa apenas como valor de uso ou troca
cias. mercantil, mas como um “valor-signo”, orien-
tado por um sistema distintivo de imagens de
Indústria Cultural, Consumo e Novas
marca, ditado pela moda, que tem por função
Tecnologias atribuir significados ao indivíduo, de acordo
A tecnologia teria por função economizar com os atributos subjetivos e de prestígio so-
tempo aos que dela se utilizam e se fazem cial, agregados ao produto. É desta forma que
pagar em função disso. Os objetos técnicos atributos tais como liberdade, potência, re-
fariam render mais tempo livre. Portanto, o conhecimento social e afetivo, sensualidade,
exponencial avanço tecnológico contemporâ- singularidade, felicidade, dentre outros, são
neo teria alargado o tempo livre, propiciando imputados aos produtos, como se emanassem
múltiplas opções de ocupação, predominan- naturalmente do próprio objeto - uma expres-
temente vinculadas ao consumo. são contemporânea do fetichismo da merca-
doria.
Para Adorno, Horkheimer e Marcuse a técnica
não pode ser pensada como um conceito ab- O fetichismo da mercadoria em Karl Marx
soluto, independente de sua condição históri- (1984) consistia precisamente numa espécie
ca e dos fins a que ela serve. Marcuse é vee- de inversão das relações reais entre os ho-
mente em sua assertiva de que a tecnologia mens, que ficam ocultas, sob a forma da mer-
é, antes de tudo, concebida como um Pro- cadoria. Esta, em sua aparência, passa a
jekt, ou seja, nela são projetados os interes- apresentar apenas uma relação entre coisas,
ses dominantes da sociedade e suas intenções quando na realidade, nela estão representa-
com relação aos homens e às coisas. Portan- das as relações entre os trabalhadores e o
to, no modo de produção capitalista, a racio- dispêndio da força humana de trabalho; ou
nalidade da técnica é identificada com a pró- seja, características sociais são apresentadas
pria racionalidade da dominação, na medida como características materiais, reduzidas a
em que o enorme poder dela derivada sempre um único denominador comum que é o dinhei-
representou o poder dos grupos economica- ro - o valor de troca da mercadoria. Entretan-
mente mais fortes sobre a sociedade. Veja- to, nas sociedades contemporâneas, não é
mos o que nos diz Marcuse a este respeito: apenas na esfera do trabalho que incide o fe-
tichismo da mercadoria. Ou melhor, o feti-
A racionalidade tecnológica ter-se-á tornado ra-
cionalidade política... O aparato técnico de pro- chismo da mercadoria não oculta mais unica-
dução e distribuição não funciona como a soma mente as relações de produção, mas expande-
total de meros instrumentos que possam ser iso- se para a esfera da cultura e da vida cotidiana
lados de seus efeitos sociais e políticos, mas co- passando também a alienar os próprios ideais
mo um sistema que determina, a priori, tanto o
produto do aparato como as operações de sua e desejos dos indivíduos. A isto denominamos
manutenção e ampliação. Nessa sociedade, o de o duplo fetichismo (Severiano, 2001) em
aparato produtivo tende a tornar-se totalitário no que estão alienadas na mercadoria não ape-
quanto determina não apenas as oscilações, habi- nas as relações sociais de produção, mas a
lidades e atitudes socialmente necessárias, mas
também as necessidades e aspirações individu- própria subjetividade humana, na medida em

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que atualmente são os próprios objetos e ser- Neste sentido, se nos dois últimos séculos era
viços de consumo que fornecem significados o domínio do tempo de trabalho dos outros
ao homem. “Diz-me com o que andas e te di- que propiciava aos capitalistas o poder inicial
rei quem és”; proclama um out door numa de se apropriar dos lucros para si, acresce-se
metrópole brasileira. hoje uma nova fonte privilegiada de poder: o
domínio do tempo liberado do trabalho dos
Os estudos acerca da Cultura do Consumo
outros, via indústria do consumo e do lazer
(Severiano, 2001) buscam, justamente, ques-
programado, transformado em potente força
tionar esse atual fascínio exercido pelos obje-
produtiva.
tos de consumo por sobre os indivíduos, assim
como as implicações psicossociais decorrentes Trata-se da atual versão da “modernidade lí-
de um modo de subjetivação fundado predo- quida” descrita por Zygmunt Bauman (2008),
minantemente sob a égide do mercado, o segundo a qual se assistiria a uma espécie de
qual subordina o desejo aos seus fins; com a rompimento entre capital e trabalho, na me-
ressalva de que o termo “Sociedade de Con- dida em que a reprodução do capital não se
sumo” não significa o estabelecimento de um daria mais unicamente na esfera do trabalho.
mundo de abundância (em que todos conso-
mem), mas um mundo em que o consumo se O Capitalismo flexível e suas estraté-
estabelece como fonte de referência identitá- gias de cooptação do tempo livre
ria, mesmo naqueles que não podem comprar, A partir da década de 80, no chamado capita-
uma vez que também consumimos imagens, lismo flexível, a antiga cadeia de montagem
lugares, tempos, pessoas e estilos de vida que fordista é paulatinamente substituída pela to-
por sua vez, significam e prescrevem deter- yotização. Desenvolvida a partir dos recursos
minados ideais, modos de ser, estar, amar e da informática, da microeletrônica e da robó-
sentir. tica, esta nova reestruturação na divisão do
Por fim, o termo indústria cultural foi cunha- trabalho passa a adequar a oferta de bens de
do por Adorno & Horkheimer (1947/1985) a consumo a nichos muito específicos, produ-
fim de substituir a expressão “cultura de mas- zindo mercadorias personalizadas em curtos
sa” e denunciar o caráter compulsório da espaços de tempo e sem perder o nível de
mesma. Constitui-se em um mecanismo dos produtividade fordista (Ortiz, 1994). Esta
mais eficazes no controle do tempo livre na adaptação muito rápida no atendimento das
medida em que transforma bens culturais e variações da demanda da clientela tornou o
simbólicos em mercadorias. É organizada de consumo uma força ainda mais imperiosa na
forma racional e instrumental a partir do al- cadeia de produção, inaugurado uma “nova
to, segundo interesses do capital, entretanto ética” do trabalho: não mais aquela fundada
se apresenta enquanto emanação dos desejos na ética puritana: racional, prudente e assép-
dos consumidores. Também organiza formas tica do capitalismo industrial, mas uma outra,
de ser, pensar e sentir no interior do tempo hedonista e hierárquica, voltada para o dito
livre, produzindo subjetividades homogenei- consumo individualizado, diferenciado e seg-
zadas nos múltiplos segmentos e estilos de vi- mentado, em que o prazer de consumir pas-
da, sob a égide do mercado. sou a constituir-se em um fim em si mesmo,
tornando-se uma prática imperativa do tempo
Em vista do exposto, postulamos que o deslo- do lazer.
camento de foco da produção para o consumo
– do tempo de trabalho para o tempo livre – Isto se tornou um dispositivo fundamental na
se constitui em mais uma estratégia do capi- conquista do tempo livre pela lógica do capi-
tal para expandir os lucros e minar resistên- tal, dissipando as fronteiras entre “tempo do
cias. Isto não implica em ausência de contro- trabalho” e “tempo livre”, entretanto, noto-
le, mas apenas expressa a expansão da lógica riamente a favor do primeiro. Se no tempo do
instrumental e produtivista para todas as es- trabalho a racionalidade é instrumental, com
feras do mundo de vida, viabilizada justamen- fins de eficácia e realização do capital, no
te pelas novas tecnologias informatizadas, pe- atual “tempo livre”, o apelo ao desejo e aos
lo consumo enquanto produtor de identidades ideais se faz constante, sendo disseminado
e pela Indústria Cultural, desdobrada em in- em larga escala pela publicidade.
dústria da beleza, do lazer e do turismo. Essa atmosfera de fascínio que permeia o
consumo, e mais nitidamente o consumo do

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lazer, oblitera o fato de que produção e con- tência de um trabalho criativo e reflexivo que
sumo fazem parte de uma mesma totalidade não estaria em estrita oposição ao tempo li-
indissociável, de um mesmo sistema – o capi- vre, mas que se distinguiria notoriamente do
talista. O fato de o capital inserir-se no tem- que à época se denominava por “hobby”. A
po livre, não significa que ele libertou-se; sig- este respeito Adorno afirma:
nifica sim, que ele subordinou o tempo livre à Aquilo com o que me ocupo fora da minha profis-
lógica do lucro e da produtividade. O capital são oficial é, para mim, sem exceção, tão sério
“viaja leve” para mais sutilmente inserir-se que me sentiria chocado com a ideia de que se
definitivamente no tempo livre, diluindo as tratasse de „hobbies‟, portanto ocupações nas
quais me jogaria absurdamente só para matar o
antigas formas de divisão do trabalho e inse- tempo.... Compor música, escutar música, ler
rindo o capital agora também na esfera priva- concentradamente, são momentos integrais da
da - no âmago do desejo, da fantasia e dos minha existência, a palavra „hobby‟ seria escár-
ideais. nio em relação a elas. Inversamente, meu traba-
lho, a produção filosófica e sociológica e o ensino
A noção de flexitempo descrita por Richard na universidade, têm-me sido tão gratos até o
momento que não conseguiria considera-los como
Sennet (2010) é bastante esclarecedora a este
opostos ao tempo livre, como a habitualmente
respeito, visto que explicita as novas estraté- cortante divisão requer das pessoas (1995, p. 72).
gias de dominação vigentes. Trata-se de uma
nova forma de organização do tempo no cha- Aqui ambas as temporalidades estariam mes-
mado capitalismo flexível em que os turnos cladas: a gratificação de realizações pessoais
fixos são substituídos de várias maneiras por no próprio interior do trabalho confundir-se-ia
turnos flexíveis: desde a escolha de horários com o exercício de atividades fora dele, cons-
de trabalho ao longo da semana, a compres- tituindo-se momentos integrais da vida.
são do tempo de trabalho em mais horas diá- (Adorno, 1995).
rias e em menos dias, até o trabalhar em ca- Adorno (1995, p. 70), ao comparar o tempo li-
sa. Apesar de tal organização ter uma apa- vre com o tempo do ócio, afirma que este úl-
rência de liberação do tempo de trabalho, timo, tradicionalmente sempre foi concebido
subvertendo rotinas e propiciando opções de como: “um privilégio de uma vida folgada e,
escolhas, o referido autor, denuncia esta for- portanto, qualitativamente distinto e muito
ma de organização como um engodo: mais grato, mesmo desde o ponto de vista do
Um trabalhador em flexitempo controla o local do conteúdo”. Neste caso, a contemplação, a
trabalho, mas não adquire maior controle sobre o fantasia, o descanso e a reflexão criativa so-
processo de trabalho em si... A supervisão do tra- bre a própria vida e a realidade teriam proe-
balho muitas vezes é na verdade maior para os
ausentes do escritório que para os presentes... Os minência, estando este tempo desacorrentado
trabalhadores assim, trocam uma forma de sub- das amarras do capital.
missão ao poder – cara a cara – por outra, eletrô-
nica... A “lógica métrica” do tempo de Daniel É neste sentido que podemos entender a
Bell passou do relógio de ponto para a tela do afirmação de Adorno (1995, p. 73), segundo a
computador. O trabalho é fisicamente descentra- qual: “Toda mescla, aliás, toda falta de dis-
lizado, o poder sobre o trabalhador mais direto
(Sennet, 2010, pp. 68-67).
tinção nítida, inequívoca, torna-se suspeita ao
espírito dominante. Essa rígida divisão da vida
Portanto, a atual dominância do tempo livre e em duas metades enaltece a coisificação que
a redução da jornada de trabalho somente entrementes subjugou quase completamente
são possíveis porque se tornaram inócuas para o tempo livre”. Entretanto, como já exposto,
o desenvolvimento do capital. A flexibilização contemporaneamente observamos uma ten-
libertou os controles da medição do tempo de dência à diluição desta divisão da vida em du-
trabalho, produzindo tanto um incremento do as metades. Tempo de trabalho e tempo livre
consumo no lazer, quanto a elevação do con- se mesclam e se fluidificam no capitalismo di-
sumo do lazer, transformando toda a esfera to flexível.
do chamado tempo livre em força produtiva e
desejo por posses. Esta mescla hoje, porém, longe de realizar o
ideal adorniano reafirma sua suspeita: “a sus-
Adorno aponta para uma outra possibilidade peita de que o tempo livre tende em direção
de interseção entre tempo de trabalho e contrária à de seu próprio conceito, tornando-
tempo livre, quando admite, inclusive exem- se paródia deste. Nele se prolonga a não-
plificando com a sua própria atividade inte- liberdade” (Adorno, 1995, p. 71).
lectual de professor, a possibilidade de exis-

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“Tempo livre” e “tempo do trabalho”: a dissolução das fronteiras temporais 73

As formas de prolongamento da não-liberdade produtivista no interior do trabalho intelectu-


e as estratégias de invasão da lógica produti- al - um campo tradicionalmente privilegiado
vista em todas as esferas do mundo da vida pela capacidade de impor um pensamento li-
podem ser observados em vários níveis do bertário e por uma tensão crítica à coloniza-
nosso cotidiano. ção da racionalidade mercantil. É o que ob-
servamos de perto com a invasão vertiginosa
A primeira estratégia de invasão, em sua
que hoje presenciamos da ideologia de mer-
forma mais direta, ocorre quando as ativida-
cado na academia, no âmago da atividade in-
des laborais se estendem sorrateiramente, via
telectual de docentes e discentes, em especi-
novas tecnologias, seja através das redes in-
al nas Pós-graduações, com sempre mais tra-
formatizadas, seja através dos celulares sem-
balho, apesar de todo o aparato tecnológico
pre antenados, para o âmbito, não apenas dos
hoje disponível ou, justamente, por causa de-
lares, mas em aeroportos, consultórios e
le; implicando na redução de prazos em todos
áreas de lazer; “disponibilizando” o trabalha-
os níveis: da entrega de relatórios ao encur-
dor praticamente 24 horas por dia. Trata-se
tamento do tempo na formação de mestres e
de “servidão voluntária” (La Boétie, 1986) do
doutores. Trata-se da lógica produtivista no
homem no dispêndio de seu tempo livre com
âmago das universidades.
ocupações de trabalhos extenuantes, via as
novas coleiras eletrônicas: celulares e compu- Vejamos um trecho de “Reféns da produtivi-
tadores. dade” sobre produção do conhecimento, saú-
de dos pesquisadores e intensificação do tra-
A segunda estratégia relaciona-se com as ati-
balho na pós-graduação de Lucídio Bianchetti
vidades de consumo de bens e serviços que
e Ana Maria Netto Machado (2010):
ocupam a quase totalidade do “tempo livre”
dos contemporâneos, orquestrada pela indús- Na PG, a redução de prazos implicou justamente
um prolongamento e intensificação da jornada de
tria cultural, pela indústria da beleza e da sa- trabalho dos orientadores/pesquisadores. Com
úde, do turismo, do lazer, dentre outras. exigências draconianas e o suporte de uma nova
base tecnológica, consegue-se hoje dedicar me-
Aqui, as estratégias cada vez mais se sofisti- nos tempo a uma série de tarefas, sobrando mais
cam, na medida em que até mesmo o ato de tempo para... mais trabalho ou trabalho exce-
„ir às compras‟ não requer mais qualquer des- dente. Por outro lado, pensava-se uma década
locamento; as compras vêm até você, queira atrás que os artefatos tecnológicos seriam res-
ponsáveis por um tempo maior de ócio ou lazer e
ou não queira através da invasão computado- propiciariam a redução da jornada de trabalho
rizada dos mais recentes sites de “compras (De Masi, 1999). Porém, tal previsão mostrou-se
coletivas” que insistentemente nos oferece equivocada. O ócio esperado tornou-se desem-
centenas de promoções as mais diversas a prego e o trabalho informal, precarizado gerou
uma jornada que não precisa ser controlada por
baixos custos, gerando compulsões às compras relógios-ponto ou chefias, nem precisa de local
e produzindo sentimentos de ter ficado para de trabalho presencial. A vida privada foi invadi-
trás, caso não se aproveite tamanha dádiva! da; diluiram-se os limites entre o local de traba-
lho e o lar. Com o suporte das chamadas novas
Observa-se também uma terceira modalidade tecnologias o trabalho acontece em qualquer
distinta de consumo, que não é de objetos ou tempo e lugar, não raro invadindo o tempo do
necessário sono (parr. 10).
serviços, mas de pessoas que se consomem
aos moldes das mercadorias. Referimo-nos a Em todos os casos é notória a invasão e inten-
uma certa mercantilização dos afetos vigen- sificação da lógica produtivista no interior ou
tes nas relações interpessoais, as quais se- para além da esfera do trabalho, mesclando
guem o “princípio de equivalência” (Adorno, as fronteiras entre “tempo de trabalho” e
1995) entre valores de troca, que rege as “tempo livre”, agora sob a forma de controle.
mercadorias, na qual coisas e pessoas estão
igualadas sob a égide de um “equivalente ge- Talvez o atendimento irrefletido dessas de-
ral” (o dinheiro), que transcende qualquer mandas se deva, em grande medida, à inten-
particularidade ou afeto e onde amigos e siva veiculação midiática de ideais identitá-
amores são coisificados, descartados e liquidi- rios próprios à lógica produtivista no interior
ficados no turbilhão veloz dos efêmeros en- da esfera privada, incitando ao empreendedo-
contros presenciais ou conexões virtuais. rismo, à pró-atividade, ao investimento pes-
soal, dentre outros ideais. Aqui a ideologia
Por fim, há também uma quarta estratégia, neo-liberal ao mesmo tempo em que enfra-
que se diz respeito à intensificação da lógica quece a esfera pública a partir de um Estado

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mínimo, dessolidariezante e moralista, engol- diversão era vista como um perigo e o repou-
fa o homem em uma multiplicidade de man- so e a ociosidade uma “oficina do diabo”; ho-
datos e obrigações cotidianas inatingíveis, fa- je a lógica se inverte: devemos comprar, de-
zendo-o sentir-se sempre atrasado e insufici- vemos nos divertir e devemos descansar! Des-
ente. de que seja... comprar no shopping X, diver-
tir-se ao som do hit parade Y, descansar no
Evidencia-se, nesse contexto, o que Marcuse
Resort Z, com passagens da companhia X,
prognosticou em sua concepção de tecnologia
usando marcas da griffe Y. Ou seja, compra-
enquanto um Projekt, apontando para os ris-
mos constantemente o tempo do lazer; nele,
cos de uma consciência domesticada:
mesmo em repouso, não há prejuízos. Conti-
Toda libertação depende da consciência da servi- nuamos trabalhando para a produtividade do
dão... A eleição livre dos senhores não abole os sistema através do consumo do/no tempo li-
senhores ou os escravos. A livre escolha entre
ampla variedade de mercadorias e serviços não vre.
significa liberdade se esses serviços e mercadori-
as sustêm os controles sociais sobre uma vida de
Neste caso, a atualidade da afirmação de
labuta e temor... apenas testemunha a eficácia Galbraith é evidente:
dos controles sociais (1964/1982, p. 28).
O indivíduo serve o sistema industrial, não pela
oferta das suas economias e pelo fornecimento de
Reflexões finais – O tempo livre consu- capitais, mas pelo consumo dos seus produtos.
mido Por outro lado, não existe qualquer outra ativida-
de religiosa, política ou moral para a qual seja
A atual escalada vertiginosa das novas tecno- preparado de maneira tão completa, tão científi-
logias – outrora uma utopia liberadora do ca e tão dispendiosa (citado por Baudrillard,
“tempo livre”, a partir da automação do tra- 1970/2008, p. 99).
balho – diluiu sutilmente as fronteiras entre Referências
tempo de trabalho e “tempo livre” não como
realização dos ideais emancipatórios, tam- Adorno, Theodor & Horkheimer, Max (1947/1985).
pouco em prol da liberdade de usufruto do Dialética do Esclarecimento: Fragmentos Filosó-
ficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
“tempo livre”. Trabalho e “tempo livre” hoje
se fundem em prol do capital. Adorno, Theodor (1995). Tempo Livre. Em Palavras
e Sinais: modelos críticos 2 (pp. 70-82). Rio de
Aqui não está em pauta a ampliação de um Janeiro: Vozes.
“tempo do ócio”, aquele do descanso, da re-
flexão, da contemplação, enquanto tempora- Antunes, Ricardo (1998). Adeus ao trabalho? Ensaio
sobre as metamorfoses e a centralidade do mun-
lidade libertária e criativa, própria de homens
do do trabalho. Campinas: UNICAMP.
não tutelados; o que está em vigor é um tem-
po não livre, em que, como já nos alertara Baudrillard, Jean (1970/2008). A Sociedade de
Adorno (1995, p. 73): “por baixo do pano, po- Consumo. Lisboa: Edições 70.
rém, são introduzidas, de contrabando, for- Bauman, Zygmunt (2008). A Sociedade Individuali-
mas de comportamento próprias do trabalho, zada: vidas contadas e histórias vividas. Rio de
o qual não dá folga às pessoas”. Janeiro: Jorge Zahar.
Hoje, vivemos ainda mais acorrentado à lógi- Bianchetti, Lucídio & Netto Machado, Ana María
ca produtivista, com mecanismos mais contro- (2010). Trabalho e Educação / n.09, Consultado
ladores, posto que os agentes de dominação em 9/10/2010, em:
se tornaram não apenas impessoais, mas a to- http://www.anped.org.br/reunioes/30a/trabalh
os/GT09
talidade do sistema parece se ofertar em soli-
citudes. Ainda mais do que na época de Ador- Brukner, Pascal (2002). A Euforia Perpétua: ensai-
no, todas as “atividades” requerem progra- os sobre o dever da felicidade. Rio de Janeiro:
mação: prescrita pela mídia, pelas celebrida- DIFEL.
des, pelos esteticistas, pelos nutricionistas, Cottrele, David & Layton, Mark (2004). 175 Ways to
pelos personal trainings, pelas agências de get more done in Less time. Dallas: CornerStone
turismo, pelos promoters de festas... Não há Leadership Institute.
“desperdício” de tempo! De Masi, Domenico (2000). O Ócio Criativo – entre-
Se nos sécs. XVII e XVIII a ética protestante vista a Maria Serena Palieri. Rio de Janeiro: Sex-
prescrevia que o trabalhador não deveria des- tante.
perdiçar tempo no mercado, comprando; se a

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“Tempo livre” e “tempo do trabalho”: a dissolução das fronteiras temporais 75

Freud, Sigmund (1980). O mal-estar na civilização. Marcuse, Herbert (1964/1982). A Ideologia da Soci-
(Edição Standard Brasileira das Obras Completas edade Industrial: O Homem Unidimensional. Rio
de Sigmund Freud. Vol. 21): Rio de Janeiro: Ima- de Janeiro: Zahar.
go.
Marx, Karl (1984). Fetichismo e Reificação. Em Oc-
La Boétie, Etienne (1986). Discurso da servidão vo- tavio Ianni (Org.), Sociologia. (PP. 295-319). São
luntaria. São Paulo: Brasiliense. Paulo: Atica.
Padilha, Valquíria (2000). Tempo Livre e Capita- Ortiz, Renato (1994). Mundialização e Cultura. São
lismo: um par imperfeito. Campinas, SP: Editora Paulo: Brasiliense.
Alínea.
Sennett, Richard (2010). A Corrosão do Caráter:
Kant, Immanuel (1974). Resposta à pergunta: Que consequências pessoais do trabalho no novo ca-
é o esclarecimento? Em Carneiro, L (Org). Textos pitalismo. Rio de Janeiro: Record.
seletos. Rio de Janeiro: Vozes.
Severiano, Maria de Fatima Vieira (2001). Narci-
Marcellino, Nelson C. (1990). Lazer e Educação. sismo e Publicidade: uma análise psicossocial dos
Campinas, SP:Papirus. ideais do consumo na contemporaneidade. São
Paulo: Annablume.

MARIA DE FÁTIMA VIEIRA SEVERIANO


Psicóloga, graduada pela Universidade Federal do Ceará (1982), com doutorado em Ciências Sociais
Aplicadas à Educação pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP (1999) e com doutorado san-
duíche no Depto. De Psicologia Social da Facultad de Ciencias Políticas y Sociología da Universidad
Complutense de Madrid; possui também especialização em Sociología del Consumo e Investigación de
Mercados realizado nesta última universidade. É Professora Associada III da Universidade Federal do
Ceará no Departamento de Psicologia e Programa de Pós-Graduação desta Instituição. Ex-
coordenadora do Mestrado em Psicologia, ministra disciplinas na área de Psicologia Social, Sociedade
de Consumo e Comunicação Social. Coordenadora do Laboratório em Psicologia, Subjetividade e Soci-
edade (LAPSUS) e líder de Diretório de Pesquisa CNPq: “Psicologia, Subjetividade e Sociedade”. Reali-
za pesquisas na linha de Cultura e Subjetividades Contemporâneas, investigando principalmente temas
relacionados ao contexto urbano: Cultura do consumo, Mídia, Publicidade, Industria cultural, Novas
tecnologias, Culto ao corpo e Temporalidades contemporâneas. É autora do livro “Narcisismo e Publi-
cidade: uma análise dos ideais do consumo na contemporaneidade”, editado por AnnaBlumme (SP) e
Siglo XXI (Espanha/Argentina) e do livro “Consumo, Narcisismo e Identidades Contemporáneas” EdU-
ERJ (RJ).

JOSÉ LUIS ÁLVARO ESTRAMIANA


Catedrático de Psicología Social. Departamento de Psicología Social. Facultad de Ciencias Políticas y
Sociología

ENDEREÇO DE CONTATO
jlalvaro@cps.ucm.es

FORMATO DA CITAÇÃO
Vieira Severiano, Maria de Fátima e José Luis Álvaro Estramiana (2012). “Tempo livre” e “tempo do
trabalho”: a dissolução das fronteiras temporais. Quaderns de Psicologia, 14(2), 67-76. Acesso em
[dia] do [mês] do [ano], de http://www.quadernsdepsicologia.cat/article/view/1138

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HISTÓRIA EDITORIAL
Recebido: 29/09/12
1ª Revisão 22/11/12
Aceitado: 22/11/12

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