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Fordismo, modelo produtivo do século XX, gerou mudanças perceptíveis que extrapolaram o
âmbito econômico. O modo de produção, que utiliza a lógica racional do Taylorismo,
sistematiza e padroniza a fabricação dos bens de consumo. Sistematização que, em grande
parte, é responsável pela grande produtividade e eficiência do modelo, tais quais foram
observadas no século passado. Segundo Ferreira (1993) existem duas possíveis definições
de fordismo - uma mais global, que enquadra todo um modo de vida, se definindo como uma
etapa do desenvolvimento do capitalismo, e uma mais concentrada, que busca apenas
definir um modelo produtivo, suas características técnicas, tecnológicas e organizacionais.
A linha de produção sistematizada, portanto, seguindo a primeira definição, extrapola o
contexto da fábrica. Ferreira (1993) aponta como características do fordismo a já citada
racionalização Taylorista, a divisão lateral e vertical do trabalho (separação entre
planejamento e execução) e a especialização e padronização das tarefas e dos bens
produzidos. As consequências dessa estruturação, para o trabalhador, é a extrema e
monótona repetição e a inevitável especialização das funções na linha de produção.
No modelo de produção fordista, mais especificamente, tal especialização e padronização
não era somente desejada, mas necessária. Entretanto, evidentemente, um cenário onde
trabalhadores são encarados como “não dotadas de capacidade de pensar; como soldados
de infantaria,” (Ferreira, 1993, p. 10), realizando tarefas únicas e de baixa complexidade,
contribui negativamente para a situação socioeconômica deles. No caso brasileiro, por
exemplo, em que a desigualdade gerada pelas transformações industriais e pelo modelo
fordista atingiu seu máximo, o trabalho semiespecializado, aliado à mão de obra abundante,
contribuiu para condições de trabalho indesejáveis, já que o indivíduo era, pelo menos em
relação aos cargos com tarefas mais básicas, sempre substituível e forçado a trocar
constantemente de empregador (Idem).
Já no século XXI, ainda sem uma resposta adequada, a área de construção civil tenta se
adequar à industrialização. Segundo Wilhelm Rosa (2006), o setor de construção, apesar de
um pilar de grande importância para a economia, é ainda ineficiente e não incorpora os
avanços já consolidados nas outras áreas produtivas. Aumentando a eficiência do setor e,
possivelmente, criando condições para a geração, em grande escala, de moradias de baixo
custo, a arquitetura poderia ajudar a corrigir, em parte, a desigualdade gerada pela
sociedade industrial.
Há, entretanto, uma preocupação com o resultado estético de uma arquitetura
industrializada, já que a padronização e sistematização são uma característica muito
presente nos modelos produtivos. Apesar das preocupações, visões otimistas sobre o
assunto são e foram adequadamente defendidas, como fez Walter Gropius:
“É totalmente errada a afirmativa de que a industrialização habitacional redundará em
degenerescência das formas artísticas. [...] só as partes da construção serão
tipificadas, [...] um espaço bem plasmado na obra arquitetônica dependerá então do
talento criador do arquiteto construtor. “(Gropius, W., 1972, apud ROSA, 2006, p.39).
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Candido Guerra. O fordismo, sua crise e o caso brasileiro. Texto para discussão nº
65, 1993.