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Responsável pelo Conteúdo:

Profa. Ms. Carla Caprara Parizi


 Introdução

 Qualidade na Construção Civil

Compreender a importância da utilização de ferramentas e princípios da


qualidade em todas as etapas da Construção Civil, pois de maneira mais
ampla ela adquire a forma de um sistema de gestão da qualidade tendo
como função ajudar as empresas não só no seu desempenho global,
como em satisfazer as necessidades dos clientes.

Leitura:

1 - Esquema Gráfico
Representação Visual da Organização da disciplina contemplando os conteúdos e suas
relações
2 - Contextualização e Problematização
Texto Introdutório lembrando os conteúdos que serão abordados
3 - Texto teórico contemplando Qualidade na Construção Civil;
Texto base da disciplina desenvolvido pelo tutor

4 - Apresentação narrada no formato “adobe presenter”, que sintetiza o conteúdo teórico;

5 - Material complementar sobre o tema;

6 - Referências bibliográficas.
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Atividades:

1- Atividade de sistematização,
Atividades tipo teste de múltipla escolha, baseadas nos conteúdos estudados no “Texto
teórico”, no livro sugerido, e leituras complementares, com autocorreção pelo Blackboard

2- Atividade de Fórum de discussão / Atividade Reflexiva

Atividade interativa cujo objetivo é fazer com que você reflita sobre os conceitos que dizem
respeito à Qualidade na Construção Civil.

Como método de estudo, você deverá realizar as atividades de leitura, na sequência as


atividades de fixação dos conteúdos, e as atividades de interação.

Utilize os fóruns de discussão e a lista de e-mails para sanar as dúvidas.

As últimas décadas do século passado foram marcadas por um grande e dinâmico


avanço tecnológico, gerando competitividade, marcada, principalmente, pela abertura ao
mercado estrangeiro.

O crescimento infraestrutural e industrial iniciou-se com correspondente demanda por


engenheiros e outros profissionais da linha tecnológica.

A dinâmica do avanço tecnológico tem gerado problemas complexos, como é o caso


das variáveis que envolvem uma obra de Construção Civil. Uma característica ímpar da
Construção é o caráter semi-artesanal das construções, pois envolve a utilização da mão-de-
obra operacional, na maioria das vezes, desqualificada de forma intensa e em quase cem por
cento das vezes insubstituível em seus processos construtivos.

A preocupação com a mão-de-obra na construção civil tem gerado uma importância


muito grande no que diz respeito à tentativa de qualificar o recurso humano disponível no
setor.

Associado à mão-de-obra, estão os processos construtivos, que também têm sido


repensados de forma sistematizada, ou seja, estão realmente sendo revistos como um
processo, igualmente as indústrias seriadas, claro que dentro das singularidades da construção.

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Outra variável importante é a Logística dos materiais de construção, que tem que estar
no lugar certo, no momento certo e na quantidade certa, com as especificações certas quando
forem solicitados, por isso a relação com os fornecedores deve ser forte e, portanto, requer
atenção especial.

Os equipamentos e sua boa utilização são fatores imprescindíveis para o fluxo da


concretização da obra.

Portanto o Engenheiro é o responsável, dentro de muitas outras atribuições, por fazer


com que tudo o que foi descrito acima funcione de forma harmoniosa, economicamente
viável e, principalmente, fazendo com que todas essas variáveis possam ser controladas de
forma sustentável.

O Engenheiro deve ser o líder de todo esse fluxo complexo que é


chamado de obra da Construção civil. Para tanto, é fundamental que
ele desenvolva habilidades que o façam, de fato, um Líder.

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Vamos Começar a Estudar Qualidade Estudando um
Pouco da História da Construção Civil.

A Construção Civil começou estruturada no Brasil com a instituição das Tendas de


Ofício no século XIX. Somente após um longo período de conhecimento na área a pessoa
chegava a mestre de ofício. Mão de obra qualificada também teve outras origens, em São
Paulo, por exemplo, os italianos que não só inseriram-se no campo para substituir a mão-de-
obra escrava, mas também além de outras atividades, dedicavam-se ao setor de construção,
dominavam a arte de construir, além de serem altamente politizados. É importante frisar que
o café enriqueceu grande parte da população Paulista, a qual tinha o desejo de construir a
cidade de São Paulo espelhada nas cidades Européias.

No início do século XX a construção civil brasileira possuía a melhor organização


sindical do país com grande poder de mobilização

O subsetor da Construção Pesada no Brasil iniciou-se a partir das décadas de 30 e 40,


com a construção das Usinas Siderúrgicas e abertura de estradas.

Apesar dos problemas enfrentados, a partir da década de 60 e 70, a engenharia civil


brasileira tornou-se um padrão de excelência mundial. Entretanto, a capacitação técnica dos
operários não acompanhou o desenvolvimento do setor, desaparecendo as Tendas de Ofício.
A mão-de-obra então ficou por conta do aprendizado prático (ESCOLA DE ENGENHARIA
DE SÃO CARLOS, 1998).

Sem ter de enfrentar a competição externa, já que o setor era protegido pela lei de reserva de
mercado para a Engenharia nacional, por que haveriam de investir em capacitação tecnológica
qualidade e produtividade, se estes eram fatores tão pouco valorizados?

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Isso explica, em parte o conservadorismo e a persistência de um modo de produção
arcaico do setor, fundamentados em características como:

a) O Empirismo
b) A Improvisação
c) O desperdício de materiais e tempo
d) Descaso em relação a mão-de-obra

Outro fator que favorecia a impermeabilidade do setor a mudanças, era que grande
parte das construtoras nascia como um prolongamento da atividade de um profissional, o
engenheiro civil, que, até por força de sua própria formação eminentemente técnica, não
estava habituado a pensar em questões relativas à administração, à organização, ao
planejamento do “Como Fazer”.

O Panorama da Construção Civil antes da década de 90, indicava que os Engenheiros


com atuação restrita ao foco de especialização, não tinham maiores preocupações com o
planejamento e organização de produção, ou se tinham, não era o foco principal. E quanto a
mão-de-obra operacional era tratada como insumo descartável. Desconexão entre o ciclo de
elaboração de projetos e o ciclo de execução da obra.

A troca das Tendas de Ofício pelo aprendizado prático foi um grande retrocesso para o
setor da Construção, a partir daí pode-se “assistir” uma desestruturação Profissional ao longo
do tempo.

Bem, além dos problemas com a mão-de-


obra operacional desqualificada, é importante
ressaltar que a falta de planejamento, a falta de
cultura em evitar o desperdício, falta de
integração entre quem projetava e quem
executava, falta de investimentos em novas
tecnologias ou seja falta de tecnologias culturais e
administrativas, não eram preocupações da época
e portanto favoreciam a obsolescência de práticas
gerenciais e de tecnologias, causando a
degradação do poder de competitividade.

A partir da década de 80, a construção civil em todo mundo começou a sofrer pressões
dos vários setores empresariais e econômicos com a inserção de potencial competitivo, devido
a contínua demanda por rapidez na construção, custo, controle de qualidade, segurança e alta
concorrência, aliados ao desenvolvimento de novas tecnologias e crescente preocupação com
o meio ambiente. Mas foi só a partir da década de 90 com o processo de abertura do mercado
que o Brasil efetivamente começa a refletir sobre os problemas envolvendo a construção civil.

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No setor da construção civil brasileira dos últimos anos é notória a busca de melhores
desempenhos em termos de qualidade e produtividade, mas é importante destacar que a
Construção Civil apresenta características que prejudicam sua evolução, ela não pode ser
estudada como uma atividade sequencial e simples funcionando como um processo linear, ela
é altamente fragmentada dificultando a tomada de decisões, criando desta forma uma
estrutura altamente complexa.

Calvano e John (2004, apud Rodrigues, 2006) afirmam que o mundo tem se tornado
cada vez mais complexo devido a grande rede de processos e interações e por um rápido
desenvolvimento de tecnologias de informações e comunicações, que estamos envolvidos. A
humanidade tem a capacidade de criar mais informações do que pode absorver, de gerar
mais interdependência do que pode administrar e de acelerar as mudanças com muito mais
rapidez do que pode acompanhar. (SENGE,1990, APUD RODRIGUES, 2006)

Bem é neste cenário complexo que iremos dividir o setor da construção, por questões
pedagógicas, em blocos de estudo e estudar a melhor forma de gerir todos eles, que na prática
não devem ser aplicados isoladamente.

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas, qualidade é a totalidade de


características de uma entidade que lhe confere a capacidade de satisfazer as necessidades
explícitas e implícitas. Qualidade deve significar a busca obstinada pela satisfação das partes.

De forma mais ampla a Qualidade adquire a forma de sistema de gestão da qualidade


tem a função de ajudar as empresas não só no seu desempenho global, como em satisfazer as
necessidades dos clientes.

É importante deixar claro que uma empresa pode implantar e manter um sistema de
gestão da qualidade, sem ter que obrigatoriamente certificá-lo. As certificações existem para
que as empresas comprovem que cumprem requisitos e padrões de uma norma ou modelo
que são aceitos oficialmente.

Para estas certificações utilizam-se as normas da família ISO (International Standard


Organization) série 9000, onde modelos genéricos de sistemas de gerenciamento e garantia de
qualidade são propostos.

Outros modelos de sistemas de gestão da qualidade, específicos para a construção civil


são QUALIHAB (Programa da Qualidade na Habitação Popular) e PBQP-H (Programa
Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat).
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2.1 – Sistema da Qualidade para Empresas Construtoras

A construção Civil, segundo Vieira Neto (1993, apud Escola de Engenharia de São
Carlos, 1998)

...é um tipo de bem que, normalmente, é vendido antes de existir e portanto,


não pode prescindir da implantação de um sistema de qualidade para oferecer
boa performance.

Segundo a Escola de Engenharia de São Carlos (1998) um Sistema da Qualidade


compreende a estrutura organizacional, os procedimentos, os processos e os recursos
necessários para implementar a Gestão da Qualidade.

A Garantia da Qualidade é um conjunto de atividades planejadas e sistematizadas que


serão implementadas no Sistema da Qualidade para prover a confiança adequada de que o
processo atenderá aos quesitos da qualidade.

Portanto Planejar e sistematizar, os processos são a base de um Sistema de Qualidade.

Um sistema da Qualidade tem por objetivo abranger todas as etapas que afetam a
qualidade do produto, como mostra a figura 1.

Figura 1: Ciclo da Qualidade em empresas construtoras

Fonte: Picchi (1993)

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2.1.1 – Elementos de um Sistema da Qualidade

Elementos do Sistema de qualidade proposto por Souza (1994)

a) Política e Organização: Nesta etapa são definidas a Política da Qualidade,


Responsabilidades e organização da empresa para a Qualidade, documentação do
sistema e controle de documentos, registros da qualidade e arquivo técnico,
indicadores e custos da qualidade, tratamento de não-conformidades e ações
corretivas, auditorias externas e plano da qualidade em obras.

b) Qualidade em Recursos Humanos: Ações de seleção e contratação de Pessoal,


Integração dos recursos humanos, treinamento e atendimento ao cliente.

c) Qualidade em Marketing: Pesquisa de Mercado, análise crítica de contratos e


atendimento ao cliente.

d) Qualidade no Projeto: Etapa de definição de diretrizes para a elaboração do projeto,


seleção e avaliação de projetistas, coordenação e integração entre projetos, controle da
qualidade no recebimento de projetos, controle de revisões e a concretização do
projeto as built

e) Qualidade na aquisição: Refere-se as especificações técnicas para a compra de


produtos, ao controle de recebimento de materiais em obra, às orientações para o
armazenamento e transporte dos materiais e à seleção e avaliação de fornecedores de
materiais e equipamentos.

f) Qualidade no Gerenciamento e execução de obras: Procedimentos para o


gerenciamento de obras, procedimentos para o gerenciamento de obras, para a
execução dos serviços, controle da qualidade dos serviços, controle tecnológico da
produção de materiais em obra, aferição e calibração dos equipamentos de medição e
ensaios, seleção e avaliação de fornecedores e serviços e manutenção dos
equipamentos de produção.

g) Qualidade na operação e manutenção: Elemento final do sistema, compreendendo as


fases de entrega da obra, do manual do usuário, da assistência técnica pós-entrega e
avaliação pós-ocupação.

Informação
São muitos os elementos e variáveis que temos que ter sob controle para gerenciar uma
Construção, logo abaixo vamos enfatizar alguns dos elementos citados acima, porém existem
alguns deles que iremos estudar em unidades à parte.
Segue nos próximos subitens alguns elementos que serão enfatizados devido a grande importância.

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2.1.1.1 – Projeto

A fase de projeto, quando bem executado, já se pressupõe que as fases que virão terão
uma boa evolução, com características de qualidade.

A qualificação de produtos e processos, comprovando-se de antemão o desempenho e


durabilidade de todas as soluções incorporadas aos projetos e especificações, é um ponto de
partida para se obter qualidade nesta fase.

Não menos importante é fazer com que os projetos que são desenvolvidos em paralelo
(arquitetura, estruturas, Fôrmas, Instalações, Alvenaria, etc) sejam discutidos em conjunto e
não no momento da execução dos mesmos.

Esta prática bastante comum na construção causa grandes perdas de materiais e tempo
de quem as executa ou re-executa.

Vários foram os pesquisadores principalmente na década de 80 e 90 que constataram


que o maior percentual de falhas está na Etapa de Projeto, como mostra Novaes e Franco
(1997).

Tabela 1: Causas e Falhas em Edifícios

Percentual de Falhas Origem das Causas

35% a 50% Etapa de Projeto

20% a 30% Etapa de Execução

10 a 20% Materiais

10% Devido ao uso


Fonte: Novaes e Franco (1997)

Atenção
Percebam que vale a pena investir intensamente na Etapa de Projeto para eliminação de falhas,
pois o percentual de falhas nesta etapa é alto. Nesta fase é que são estabelecidas todas diretrizes
para o desenvolvimento do empreendimento. As modificações nesta fase são menos dispendiosas,
pois ainda estão no papel.

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A figura 2 ilustra com clareza as melhores fases para interferência, levando-se em conta
o impacto em termos de custo acumulado de produção, ou seja evidencia as chances de
intervenção.

Figura 2: Chance de reduzir o custo de falhas em relação ao avanço do Empreendimento

Os gráficos e/ou figuras


em grande parte das
vezes faz com que o
nosso entendimento
sobre “as coisas” sejam
mais rápidos, desta
forma procurei explorar
um pouco figuras e
gráficos neste material.

Fonte: Santana (2009)

A figura 3 corrobora com a ideia apresentada na figura 2, ou seja, as decisões tomadas


na fase de projeto detêm grande influência sobre os custos totais de produção, intervenções
nesta fase, além de serem mais fáceis são menos dispendiosas.

Figura 3: Nível de Influência das fases do processo de produção sobre os custos totais

Fonte: Santana (2009)

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2.1.1.1.1 Ações para Qualidade do Projeto

Na Etapa de Projetos os aspectos a serem considerados segundo Souza são:

a) Qualidade na solução do Projeto – facilidade de construir, custos


b) Qualidade na descrição do Projeto – Projeto executivo, memoriais e especificações
técnicas.
c) Qualidade no processo de elaboração do projeto – diretrizes, integração, crítica e
controle

Dentre as informações devem também ser incluídas as especificações de recursos,


estratégias para execução, o processo de construção e a programação das etapas.

A divisão do projeto em etapas ou partes, podem trazer benefícios, para o


gerenciamento, pois define responsabilidades, cronograma integração entre as partes, etc,
assim como é mostrada nas figuras 4, 5 e 6.

Para o Controle da Qualidade é importante criar mecanismos de Controle por meio da


padronização das atividades ou procedimentos que devem ser formalizados e sistematizados
no Sistema de Qualidade da Empresa.

Figura 4: Fluxograma do processo de produção, com ênfase no processo de projeto

Fonte: Novaes e Franco (1997)

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Figura 5: Processo de Projeto de Edificações

Fonte: Romano (2003, apud Santana, 2009)

Figura 6: Fases do Projeto de Edificações

Fonte: Romano (2003, apud Santana, 2009)

2.1.1.2 – Recursos Humanos

Uma das bases, sem dúvida para implantação


de um sistema da qualidade é o treinamento da
mão-de-obra.

Os elevados índices de acidentes de trabalho


ocorrem na construção civil, ações para melhoria da
qualidade no setor, beneficiam não só a Qualidade
de vida dos operários, mas a segurança dos mesmos.

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2.1.1.2.1 – Ações para o desenvolvimento dos Recursos Humanos

Em uma outra unidade este tema será explorado, ou seja, como podemos treinar a
mão-de-obra operacional e no caso dos engenheiros desenvolver habilidades gerenciais.

2.1.1.3 Planejamento

Pode-se dizer que planejamento é um projeto de ações.

O planejamento é uma ferramenta de grande importância para o sucesso de um


empreendimento, nos canteiros de obra devem ser de fácil entendimento.

2.1.1.3.1 – Ações para o Planejamento

Capacitar a mão-de-obra gerencial e estratégica para conceber um projeto de ações


utilizando – se mecanismos ou ferramentas de programação e controle. E capacitar a mão-de-
obra operacional para que ela possa fazer a leitura da programação e atender aos requisitos
de tolerância fixados no projeto, para que a execução não seja reprovada na hora do controle
das tarefas.

2.1.1.4 – Tecnologia da Informação

Devido a grande complexidade das variáveis envolvidas no processo de produção da


construção a utilização novas ferramentas gerenciais, sistemas computacionais, como
AutoCAD, tecnologia da informação e outros aplicativos, podem contribuir para melhor
produtividade e determinar a qualidade dos processos construtivos.

2.1.1.4.1 – Ações para Tecnologia da Informação

Aplicação de novas ferramentas gerenciais, sistemas computacionais, como AutoCAD,


tecnologia da informação e outros aplicativos, e a qualificação e treinamento da mão-de-obra
para utilização dessas ferramentas.

2.1.1.5 – Racionalização e Inovação em processos construtivos

A melhoria da qualidade; na construção civil está fortemente ligada a modernização


tecnológica, via racionalização de processos e o desenvolvimento de inovações tecnológicas,
segundo Souza (1990). Esforços devem ser dirigidos para a evolução tecnológica e
organizacional dos processos construtivos tradicionais, utilizando-se da racionalização de
produtos e processos, que devem envolver o trabalhador, em uma estratégia de aumento de
produtividade, redução de desperdícios e melhoria da qualidade.

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Hoje, pode-se dizer que as empresas construtoras brasileiras são pressionadas por
questão de sobrevivência a investir continuamente na melhoria da qualidade de seus produtos
e na evolução de seus processos.

Outro problema que envolve a necessidade de racionalização dos processos é a cadeia


produtiva da construção civil que apresenta importantes impactos ambientais em todas as
etapas de seu processo: extração de matérias-primas, produção de materiais, construção, uso
e demolição.

Produção de materiais como cimento e concreto e a execução de atividades em


canteiro; a produção de cimento e cal – materiais intensamente utilizados em nossas obras –
envolve a calcinação do calcário, lançando grandes quantidades de CO 2 na atmosfera. A
indústria da construção civil é certamente a maior geradora de resíduos de toda a sociedade,
nas atividades de construção, manutenção e demolição (NOVAES e FRANCO,1997)

Parte significativa desses resíduos, são depositados ilegalmente, acumula-se nas


cidades, gerando custos e agravando problemas urbanos, como enchentes e tráfego
(PINTO,1999 APUD NOVAES e FRANCO, 1997).

A manifestação de problemas patológicos nas edificações contemporâneas tem


determinado seu envelhecimento precoce, forçando novos desembolsos e, às vezes, à
demolição e substituição total do edifício antes que tenham sido resgatados todos os custos
envolvidos em sua concretização, incluindo os ambientais.

2.1.1.5.1 – Ações para a Racionalização e Inovação em processos construtivos

a) Desenvolvimento técnico de processos e materiais.


b) Incorporação de conceitos de racionalização do projeto a procedimentos em obra.
c) Capacitação de mão de obra.

2.1.1.6 – Materiais

Devem existir critérios para especificação de materiais, definindo as exigências técnicas


para sua compra. Por meio de processos de qualificação de fornecedores e produtos
empregados na obra.

O nível do controle deve ser coerente com a complexidade do material ou serviço e seu
reflexo no processo de produção. A figura 7 mostra a falta de qualidade no armazenamento
de cimento.

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Figura 7: Falta de Qualidade no armazenamento de Cimento

Fonte: Lima (2008)

2.1.1.7 – Ações para Qualidade dos Materiais

As ações devem assegurar um fluxo


O estudo da Gestão de Materiais será
contínuo de materiais e sem interferências
na quantidade requerida, com a qualidade explorado em uma Unidade à parte, nesta
especificada, no tempo e lugar certo, ao mesma disciplina, onde nos aprofundaremos
menor custo total. no tema e na sua importância.

2.1.1.8 – Qualidade na Execução e no Gerenciamento

A etapa de execução é onde ocorre a materialização do empreendimento. Desta forma


a execução dos serviços, interfere diretamente nos custos, na produtividade e na qualidade do
produto final da construção civil (ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS, 1998)

A qualidade de execução depende entre outros fatores da qualidade dos fornecedores


de materiais e dos equipamentos e controle no recebimento, mas principalmente da mão-de-
obra bem preparada e da qualidade do gerenciamento.

Com o controle e planejamento das atividades construtivas, os desperdícios na


execução tendem a reduzir, indicador forte da qualidade.

As figuras 8 e 9 ilustram a falta de qualidade em um canteiro.

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Figura 8: Falta de Metodologia Construtiva

Fonte: Lima (2008)

Figura 9: Falta de Qualidade na execução

Fonte: Lima (2008)

2.1.1.9 – Ações para Qualidade na Execução e no Gerenciamento.

A Escola de engenharia de São Carlos (1998) destaca que os elementos que compõem
o gerenciamento da obra, para que possam ser tomadas as devidas ações são:

a) Conhecimento do Empreendimento f) Gerenciamento de materiais


b) Análise do projeto e das especificações g) Gerenciamento da produção
c) Projeto e implantação do canteiro de obras h) Gerenciamento da Segurança do trabalho
d) Planejamento e Programação da obra i) Finalização e entrega da obra
e) Gerenciamento de equipamentos e
ferramentas

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Para cada um desses elementos devem existir parâmetros, permitindo desta forma fixar
diretrizes, para padronização e sistematização dos procedimentos na execução da obra,
definindo-se desta forma um padrão de gerenciamento que garanta a qualidade da empresa
construtora, e também a implementação de correções futuras se necessário.

A qualidade deve ser vista como algo dinâmico em constante melhoria, que pode
melhorar a cada dia. Resgatando a ferramenta estudada na Unidade anterior, o PDCA (Plan-
Do-Check-Act), seria importante aplicá-la para sistematizar as ações de planejamento,
verificação de resultados e ações de melhoria, se o resultado não for o esperado.

Figura 10: Concreto sem Controle Tecnológico

Fonte: Lima (2008)

Figura 11: Homens sem equipamentos de segurança obrigatórios

Fonte: Lima (2008)

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2.1.1.10 - Qualidade na Entrega

Esta é a última oportunidade em que se pode intervir para correção dos problemas,
antes de chegar ao cliente final.

Espera-se que o cliente não só se sinta satisfeito, mas também que supere suas
expectativas, pois este é o conceito mais amplo da Qualidade Total. (ESCOLA DE
ENGENHARIA DE SÃO CARLOS, 1998).

2.1.1.10.1 – Ações para a qualidade na Entrega

Vistoriar detalhadamente unidade por unidade por um ou mais técnicos já com uma
lista de itens previamente padronizados.

Vistoriar com o cliente no ato da entrega, de forma mais simples, mas atento as
observações dos clientes.

No ato da entrega deve ser entregue também um manual do Proprietário, para


orientação e correta utilização.

Deve existir também por parte da empresa um serviço de assistência técnica para que
possíveis reclamações sejam devidamente atendidas e utilizadas como forma de realimentar as
ações voltadas para a qualidade dos processos da empresa.

O setor da construção Civil envolve muitas variáveis que devem funcionar em


harmonia e ao mesmo tempo, neste trabalho por questões didáticas dividiu-se em subitens os
principais elementos que envolvem a qualidade, além disto, cada um dos elementos
estudados acima podem e devem ser profundos e abrangentes e em constante
aprimoramento.

Atenção
É importante ressaltar que os principais problemas são a própria falta de cultura organizacional que
é uma característica, em geral, das empresas construtoras, a resistência à mudanças, a falta de
conscientização e de qualificação da mão-de-obra do setor.

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Como texto complementar desta Unidade, indico a leitura do livro Gestão da
Qualidade Teoria e Casos. Coordenadores: Marly Monteiro de Carvalho e Edson Pacheco
Paladini. Editora Campus.

 Consultar: NR – 18 – Norma Regulamentadora das Condições e Meio Ambiente de


Trabalho da Indústria da Construção.
Disponível em: http://portal.mte.gov.br/legislacao/norma-regulamentadora-n-18-1.htm

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ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS. Gerenciamento na Construção Civil.
São Carlos: EESC, USP, 1998

LIMA, R.O. Verificação da Qualidade na Construção Civil em um pequeno canteiro


de obra de Foz do Iguaçu, uma mudança de paradigma. Foz do Iguaçu: Faculdades
Cataratas, 2008

NOVAES, C.C.; FRANCO, S.F. Diretrizes para Garantia da Qualidade do Projeto na


Produção de Edifícios habitacionais. São Paulo: EPUSP – Boletim Técnico, 1997

PICCHI, F.A. Sistemas da qualidade:uso em empresas da construção de edifícios


.São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, USP, 1993.

RODRIGUES, A.A. O Projeto do Sistema de Produção no Contexto de Obras


Complexas. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, 2006

SANTANA, K.A. O Processo de Projeto em Construtoras e Incorporadoras no


Distrito Federal – Um Exercício de Avaliação com foco na Concepção e Definição
do Produto. Brasília: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2009

SOUZA, R., et al. Sistema de Gestão da Qualidade para empresas construtoras. São
Paulo: Centro de Tecnologia de Edificações, SINDUSCON, SEBRAE, 1994.

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