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Turma: 3º Ano Matutino

FILOSOFIA Profa. Albenise Coaxi

As Tecnologias e a
Modernidade Líquida
TRILHA 4
2. BOTANDO O PÉ
NA ESTRADA
O ponto de partida de nossa trilha
hoje será diferente. Para iniciar o
contato com o tema e conceitos a
serem investigados, a proposta é
consultar no dicionário físico ou
online o sentido etimológico de
algumas palavras para
compreendermos melhor o sentido
filosófico delas no avanço de
nossa trilha.
TECNO- SÓLIDO LÍQUIDO
LOGIA
Gostou do sentido etimológico
dessas palavras? Então,
tecnologia, sólido e líquido são
palavras que fazem parte do
vocabulário filosófico de
Zygmunt Bauman (1925-2017),
sociólogo e filósofo polonês, na
contemporaneidade.
No seu pensamento, a metáfora da
liquidez é mais um modo, dentre
outros pensadores
contemporâneos, afirmar que a
modernização do mundo foi um
projeto a ser questionado.
Os frankfurtianos chamaram o
projeto científico, iluminista e
evolucionista da idade moderna de
razão instrumental, pensa-dores
franceses confirmaram a condição
pós-moderna da sociedade ao
criticar as mazelas da modernidade
tecnológica e a necessidade de
ultrapassar a centralidade no
sujeito e da alienação do consumo.
Fazendo coro a esse discurso
crítico da modernidade
consumista e tecnológica,
Bauman chamou o atual estágio
social que nos encontramos de
modernidade líquida.
1 O que vem a ser a modernidade
líquida?
Nossa proposta
agora é orientá-lo
a expressar o seu
enten-dimento 2 Que relação pode-se fazer entre
sobre algumas modernidade líquida e a sociedade
questões. de consumidores de tecnologia?
3. LENDO AS
PAISAGENS DA
TRILHA
De posse de algumas informa-
ções sobre a tecnologia,
convido-lhe a passear pelo
mundo fantástico dos cartu-
nistas, quadrinhos e char-gistas
e filosofarmos com as charges,
pelos quais sempre aguçam
nossa imaginação e
interpretação.
Figura 1
Figura 2
1 Você gostou das charges? Por quê?

2 Quais são os temas centrais das


charges?
3 Os temas presentes nas charges
são atuais?
4 Pode-se considerar os temas
problemas filosóficos?
4. EXPLORANDO A
TRILHA
Tecnologia e Sociedade
Texto 1
De fato, muito se tem a descobrir e
compreender desse fenômeno que é
a tecnologia moderna. Pode-se
dizer que a tecnologia possui uma
espécie de “onipresença” na
modernidade, sem que esta
afirmação seja um absurdo ou
heresia epistemológica.
Mais do que nunca a sociedade
contemporânea vive
mergulhada nesse ambiente
tecnológico. Fala-se em
tecnologia, pensa-se em
tecnologia, faz-se, vive-se,
respira-se tecnologia, como
afirma Bazzo:
“a sociedade vive mais do que nunca,
sob os auspícios e domínios da
ciência e da tecno-logia, e isso
ocorre de modo tão intenso e
marcante que é comum muitos
confiarem nelas como se confia
numa divindade” (1998, p. 113), ou
ainda, “a lógica primor-dial do
comportamento humano é a lógica da
eficácia tecnológica; suas razões são
as razões da ciência” (idem). [...]
A expressão tecnologia é
polissêmica e carrega em si
inúmeros significados e
interpretações que, de certa
forma, explicam esta
admiração, essa adoração que
o homem moderno a ela
dedica. [...]
Que luz enfatiza a necessidade
de se compre-ender as relações
da tecnologia com a cultura, a
política, a religião, que,
segundo este autor, são esferas
decisivas em seu
desenvolvimento (2000, p.13).
Ainda Miranda, indica que a
“tecnologia é, antes de tudo,
uma categoria existencial, ou
seja, um fenômeno que diz
respeito à condição existencial
do homem estar-no-mundo”
(MIRANDA, 2002, p.21).
Então, se a tecnologia revela um
modo do homem estar-no-mundo,
se ela está presente nos interstícios
da cultura de cada povo, se ela está
umbilicalmente ligada ao contexto
histórico de cada grupo humano e
suas especi-ficidades, pode-se
afirmar que nenhum conceito ou
entendimen-to de tecnologia pode
dar conta da multiplicidade que é
este fenômeno.
Isto é, a significação da
tecnologia corresponderá ao
desvelar de represen-tações
que cada época e cultura
estabelecem como válidas para
si e seus membros/atores
sociais [...]
De qualquer modo, existe uma
concepção comum de
tecnologia, ou pelo menos uma
concepção ideológica e
historicamente cons-truída na
modernidade.
Essa concepção efetivou-se na
concretude do agir humano como
condição sine qua non para o
desenvolvimento dos países e
sociedades e como chave de
inserção num mundo globalizado
e solapado conti-nuamente pela
velocidade do fazer e do ser.
Modernidade Líquida
Texto 2
O ser humano vive em um novo
período da história, sendo
diversos os termos e conceitos
utilizados para descrever esse
contexto. Um dos conceitos
mais usados para definir esta
fase histórica é “modernidade”.
Semelhante termo soa
redundante, por incluir toda a
realidade que circunda. Zygmunt
Bauman define a modernidade
como “líquida”, fluida, a
impermanência e a constante
mudança de forma nela
verificadas nunca têm um
término.
O conceito de sociedade líqui-da
caracteriza-se pela incapa-cidade de
manter a forma. Nossas instituições,
quadros de referência, estilos de
vida, crenças e convicções mudam
antes que tenham tempo de se
solidificar em costumes, hábi-tos e
verdades “autoevidentes”.
Sem dúvida a vida moderna foi
desde o início “desenraizado-ra”,
“derretia os sólidos e profa-nava
os sagrados”, como os jovens
Marx e Engels notaram. […] A
nossa é uma era, portanto, que se
caracteriza não tanto por quebrar
as rotinas e subverter as tradições,
mas por evitar que padrões de
conduta se congelem em rotinas e
tradições (PALLARES-BURKE, 2004, p. 304-305).
Bauman conceitua a
modernidade como líquida
devido à sua fluidez e
mobilidade, conforme os
recipientes apresentados para
serem preenchidos. Isso não
ocorre com os sólidos, pois
estes têm forma definida e não
se flexibilizam com as pressões
impostas.
Apropriando-se de uma
afirmativa de Marx, Marshall
Berman define esse fenômeno
com a máxima: “Tudo o que é
sólido desmancha no ar”.
A liberdade adquirida surgiu
com o derretimento dos sólidos,
tirando o indivíduo da terra
firme e levando-o ao oceano das
incertezas.
A passagem para o estágio final
da modernidade não produziu
maior liberdade individual: “Não
no sentido de maior influência
na composição da agenda de
opções ou de maior capacidade
de negociar o código de escolha.
Apenas transformou o indivíduo
de cidadão polí-tico em
consumidor de mercado”
(BAUMAN, 2000, p. 84). A
liberdade obtida nos tempos
atuais é ilusória. A pessoa vive
sempre na incerteza, pois sempre
há a possibilidade de uma esco-
lha melhor.
O pensamento não é mais denso
e ordenado, mas leve e
desordenado, para poder abarcar
tudo o que a vida pode oferecer.
Para caracterizar a moder-nidade
líquida, Bauman faz uma
diferenciação no modo pelo qual
as vidas humanas convivem.
As comunidades existentes na
modernidade sólida eram éticas.
Bauman tam-bém as chama de
com-preensivas e duradouras, ou
seja, genuínas. Elas se base-
avam em normas e objetivos, nos
quais os destinos eram
partilhados visando à sua
permanência.
Na modernidade líquida, ocorre o
inverso; Bauman designa suas
comunidades como estéticas. Elas
se reúnem em torno do
entretenimento, de celebridades e
de ídolos. Essas comunidades
estéticas, comunidades-cabide,
difícil-mente oferecem laços dura-
douros a seus membros.
Surge um indivíduo diferente de
tudo o que se viu na história
humana. O ser humano líquido é
um dos reflexos do novo jeito de
pensar, no qual “virtual-mente
todos os aspectos da vida humana
são afetados quando se vive a cada
momen-to sem que a perspectiva de
longo prazo tenha mais sentido”
(PALLARES-BURKE, 2004, p. 322) .
A certeza está na constante
mudança, devendo cada
indivíduo buscar por si
próprio uma maneira de
melhor sobrevivência.
Estabeleça relações entre o
Reflexão papel da tecnologia na
sociedade, definida no texto 2,
oriunda da modernidade e a
condição na qual o humano
deixa de ser um agente e passa
a ser objeto na relação de
consumo. Associe essa ideia aos
conceitos de obso-lescência na
fase atual do capitalismo.
a)Obsolescência técnica: mesmo
produto lançado com tecnologia mais
funcional.
b)Obsolescência perceptiva: vida útil
do produto é eficaz, mas induz pela
moda o descarte do modelo antigo.
c) Obsolescência planejada ou
programada: indução de consumo
por redução da vida útil de um
produto deste a fábrica.
2. Identifique 04 a 05 palavras ou
expressões, no texto 2, que
definem o significado de
modernidade líquida para
Bauman. Liste-as.
3. Com a lista de palavras ou
expressões, pesquise uma manchete
de reportagem de jornal impresso ou
online correspondente ao sentido
cada palavra/expressão. O conteúdo
da reportagem deve corresponder a
um exemplo prático do conceito de
modernidade líquida na sociedade.
Em seguida, explique o motivo da
associação que você fez entre a
palavra/expressão e o conceito de
modernidade líquida.
Vídeo
complementar:
Zygmunt Bauman –
sobre os laços
humanos, redes
sociais, liberdade e
segurança.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?
time_continue=4&v=LcHTeDNIarU&
feature=emb_logo. Acesso 05 ago.
2020.
ATÉ A
PRÓXIMA
AULA!

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