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Simulado 9 questões

Texto base 1 humanidade em mônadas na qual cada uma tem um princípio de


vida e um fim particular, esta atomização do mundo é, aqui, levada
Leia o TEXTO para responder à questão. ao extremo”.
(6) Assim, com as promessas da ciência e da técnica que jamais
TEXTO se realizam (sempre uma espera), o progresso entra em eterno
DISSONÂNCIAS DO PROGRESSO processo, linear e infinito, mas também mecânico e circular,
criando as próprias condições de perpetuação. É desse movimento
(1) O que é progresso? Para alguns teóricos, apenas uma infinito que ele se alimenta: diante de problemas criados pelo
palavra que não passa de um slogan, um clichê ou, no máximo, progresso, inventa-se uma nova forma de progresso que permite
um mito; pode ser também uma crença, jamais um conceito. Para “superar” os problemas criados.
ganhar estatuto de “conceito” universal, o termo apoia-se em NOVAES, Adauto. Dissonâncias do progresso. Disponível em:<
outras palavras em busca de legitimidade e, assim, passa de https://diplomatique.org.br/dissonancias-doprogresso/>. Acesso
relativo a absoluto: progresso e democracia, progresso e em: 10 out. 2018 (adaptado).
liberdade, progresso e desenvolvimento. Pior: até mesmo ações
de caráter belicista recorrem à ideia de guerra como movimento Questão 1 IFPE
indispensável a um futuro de progresso radioso.
(2) Afinal, o que legitima o progresso hoje? A impressionante PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 1
herança deixada pelas inúmeras formas do progresso da ciência e O TEXTO é jornalístico e foi veiculado no Jornal Le Monde
da técnica é incontestável: o mundo ganhou, mas também perdeu. diplomatique Brasil. Assinale a alternativa que traz características
Transformação radical das ideias de espaço e tempo, avanços na
correspondentes ao seu gênero e à tipologia textual predominante
medicina e na biologia que nos preservam de muitos males – nele.
progresso com inegáveis e perenes benefícios para a humanidade
–, mas, em contrapartida, um progresso que cria rigor, velocidade, a O TEXTO constitui um artigo de opinião e possui,
precisão da relação do homem com o meio físico, predominantemente, sequências tipológicas dissertativo-
desaparecimento do vago e do lento, hábitos dominados por argumentativas, pois o autor mostra seu ponto de vista e utiliza
métodos positivos governados pelas máquinas, modo científico de argumentos para fundamentá-lo.
existência ao qual “os espíritos se acostumam rapidamente, ainda b Por ser uma notícia de jornal, o TEXTO possui cunho
que insensivelmente”, enquanto as relações do homem com o informativo e é composto, principalmente, por sequências
homem permanecem, como observa o poeta e filósofo Paul Valéry, narrativas e descritivas.
“dominadas por um empirismo detestável que evidencia até c Por se tratar de uma reportagem e desenvolver explicações
mesmo, em diversos pontos, uma sensível regressão”. baseadas em citações de filósofos, o TEXTO apresenta
(3) Se a ciência do Iluminismo permitiu o alargamento da sequências tipológicas predominantemente explicativas, com
percepção do mundo e da vida ao destruir uma quantidade enorme trechos descritivos.
de certezas, em contrapartida, as ideias de progresso, aliadas à
d Por se tratar de um artigo de divulgação científica e fazer um
racionalidade técnica, destroem uma das grandes invenções da levantamento bibliográfico a partir de diversos textos teóricos, o
humanidade – a dúvida – ao recriarem e reporem o mito da TEXTO é composto, em sua grande parte, por sequências
certeza. O mito do progresso é uma dessas novas certezas. Basta explicativas e narrativas.
ouvir os discursos de políticos, financistas, tecnocratas e até
e Na intenção de persuadir os leitores a refletirem sobre as
mesmo de intelectuais ilustrados. No ensaio “O mito moderno do
progresso”, Jacques Bouveresse leva-nos a pensar que a ideia de vantagens e as desvantagens do progresso, percebe-se a
predominância do tipo textual injuntivo no TEXTO, que constitui
progresso resume dois dos mais terríveis problemas da atualidade,
uma espécie de tutorial sobre o assunto.
sintetizados por Georg von Wright como o mito da autoridade e o
império da fala: “um discurso”, escreve Bouveresse, “que se pode Questão 2 IFPE
considerar como mais ou menos dispensado da argumentação,
que se autolegitima e cujo protótipo é a fala que emana do PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 1
fundamentalismo religioso ou da ditadura política”.
(4) Em seu pouco conhecido Cahier B, de 1910, Valéry alia a Ao utilizar as aspas para fazer alusão às palavras de Paul Valéry,
revolução tecnológica à dissolução das tradições comuns e da Jacques Bouveresse, Musil e Engels, em diversos trechos do
crença nos mesmos valores com o nascimento das grandes TEXTO, o autor
cidades no século XIX: “o civilizado das grandes cidades volta ao a utiliza paráfrase linguística para dizer o que os pensadores
estado selvagem, isto é, isolado, porque o mecanismo social lhe disseram, mas com outras palavras.
permite esquecer a necessidade da comunidade e leva à perda do b escreve um resumo das obras dos pensadores mencionados
sentimento de laço entre os indivíduos, antes despertados no texto.
incessantemente pela necessidade. Todo o aperfeiçoamento da c faz uso do recurso linguístico de citação textual.
mecânica social torna inúteis atos, maneiras de sentir, aptidões à
vida comum”. Esse indivíduo isolado tende a perder as memórias d utiliza o recurso da elipse para fazer menção aos autores dos
coletivas e os imaginários sociais, abrindo espaço para o que Musil trechos sem explicitá-los no texto.
definiu como “egoísmo organizado”. As pulsões egoístas, segundo e promove o hibridismo entre gêneros.
ele, resultam do progresso material e da desordem social.
(5) Podemos complementar essa ideia de pulsões egoístas com a
análise de Engels sobre o homem das grandes cidades em “A
situação da classe operária na Inglaterra”, em que se lê que, para
realizar os progressos da civilização, os homens sacrificam o
melhor de si: “As cem forças que dormem neles permanecem
inativas e abafadas para que apenas algumas possam se
desenvolver […]. E mesmo sabendo que esse isolamento do
indivíduo e seu egoísmo são em todo lugar o princípio fundamental
da sociedade atual, em nenhum lugar eles se manifestam com
uma impudência, uma segurança tão total quanto aqui,
precisamente na multidão da grande cidade. A desagregação da
Questão 3 IFPE Texto base 2
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 1 Leia o TEXTO para responder à questão.

A coerência e a coesão textuais são essenciais para que o texto TEXTO


constitua-se como um todo significativo. A esse respeito, releia o MUDANÇA TECNOLÓGICA E EMPREGO
seguinte trecho, extraído do 4º parágrafo do TEXTO, reflita sobre
questões de coerência e coesão textuais e assinale a alternativa (1) A relação entre progresso tecnológico e emprego é
CORRETA. fundamentalmente dinâmica no capitalismo. O apogeu e o declínio
de setores sob o impacto de novos produtos e técnicas influenciam
“‘o civilizado das grandes cidades volta ao estado selvagem, isto diretamente a criação e a destruição de postos de trabalho.
é, isolado, porque o mecanismo social lhe permite esquecer a (2) As mudanças que se processam, nas últimas décadas, no
necessidade da comunidade e leva à perda do sentimento de laço mercado de trabalho brasileiro, refletem, até certo ponto, as
entre os indivíduos, antes despertados incessantemente pela mudanças que ocorrem no mundo do trabalho nos países
necessidade. Todo o aperfeiçoamento da mecânica social torna industrializados mais adiantados. O padrão "crescimento sem
inúteis atos, maneiras de sentir, aptidões à vida comum’” empregos", que foi característico da agricultura por tanto tempo,
a Os termos “civilizado” e “social”, por serem características pode, nos tempos atuais, se tornar o padrão normal de
atribuídas às pessoas e fazerem referência a elas, caracterizam desenvolvimento da indústria de transformação das economias
um processo de coesão referencial. industriais maduras. Claramente, este fato significa uma
transformação estrutural da maior relevância nestas economias,
b As formas verbais destacadas concordam com seus que, por si só, justifica, certamente, o estudo da influência da
respectivos sujeitos, os quais se encontram elípticos, e preservam tecnologia sobre o emprego.
a coerência textual.
(3) A partir dos anos 1980, nas economias industrializadas
c Os verbos destacados caracterizam a coesão lexical pelo fato avançadas, a perda de participação do emprego industrial foi
de estarem conjugados no mesmo modo, no mesmo tempo e na acompanhada pelos níveis de desemprego mais altos e longos do
mesma pessoa. pós-guerra, pela destruição virtual de várias ocupações e pelo
d A omissão do sujeito da forma verbal “leva” caracteriza um aumento do emprego precário, que não entra nas estatísticas de
processo coesivo por elipse, devido à omissão de elemento que desemprego convencionais. Houve também uma progressiva
pode ser facilmente identificado anteriormente no trecho. erosão dos direitos dos trabalhadores, da previdência social e de
e Em: “o aperfeiçoamento da mecânica social torna inúteis atos”, outros benefícios que eram elementos importantes dos direitos de
a não pluralização do verbo prejudica a coerência textual, visto que cidadania social estabelecidos como parte do consenso do pós-
seus referentes constituem um núcleo composto, que também está guerra. São tempos de mudança. Não apenas em
pluralizado. termos econômicos e tecnológicos, mas também na forma da
identidade social num contexto de crescente desemprego.
(4) O impacto da mudança tecnológica e da tecnologia de
informática afetou a natureza do trabalho em vários setores, tornou
obsoletas algumas ocupações e criou novas, exigiu outro tipo de
formação e qualificação para o trabalhador e reduziu o número de
postos de trabalho em grande número de setores. Outra mudança
no mundo do trabalho foi o decréscimo relativo da ocupação nos
setores produtores de bens e o crescimento do emprego nos
serviços. As mudanças na organização da produção e na atividade
produtiva estão relacionadas, até certo ponto, às mudanças
tecnológicas em curso.
MILLER, L. M. Mudança tecnológica e o emprego. Revista da
ABET, v. II, n. 2. 2002. Disponível em:
<http://periodicos.ufpb.br/index.php/abet/article/viewFile/15473/884
4>. Acesso em: 20 out. 2018 (adaptado).

Questão 4 IFPE

PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 2


O TEXTO é a introdução de um artigo científico. Nele, a autora faz,
prioritariamente,
a um levantamento de vantagens e desvantagens que
demonstram o impacto da mudança tecnológica e da tecnologia de
informática nos postos de trabalho.
b uma crítica às economias industrializadas, por terem
provocado os níveis de desemprego mais altos e longos do pós-
guerra.
c apoio aos países industrializados mais adiantados, os quais
refletem uma transformação estrutural da maior relevância na
economia mundial.
d uma contraposição entre o que ocorreu nos anos 1980 e o que
ocorre atualmente no que diz respeito à influência da tecnologia no
mercado de trabalho.
e a defesa de que mudanças na organização do trabalho e na
atividade produtiva estão relacionadas às mudanças acarretadas
pelo progresso tecnológico.
Questão 5 IFPE Questão 7 IFPE
Leia o TEXTO 3 para responder à questão. Leia os TEXTOS 4 e 5 para responder à questão.

TEXTO 4
NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha uma pedra


tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento


Analisando o diálogo entre as personagens e o contexto da tira na vida de minhas retinas tão fatigadas.
que constitui o TEXTO 3, pode-se afirmar que Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
a o termo “altruísmo”, utilizado no último quadrinho, é o oposto
de filantropia. tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
b ao falar, a personagem do terceiro quadrinho expressa ANDRADE, Carlos Drummond de. No meio do caminho.
admiração pela atitude de sua interlocutora. Disponível
c o primeiro e o segundo quadrinhos criam uma expectativa que em: http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond04
é atendida pela fala presente no terceiro. .htm. Acesso: 12 out. 2017.
d o termo “altruísmo”, utilizado no último quadrinho, poderia ser
substituído por misantropia. TEXTO 5
e a personagem que fala no último quadrinho não acredita que a POEMA DE SETE FACES
atitude de sua interlocutora seja sincera e espontânea.
Quando nasci, um anjo torto
Questão 6 IFPE desses que vivem na sombra
Leia o TEXTO 3 para responder à questão. disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens


que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:


pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu
coração.
Releia o trecho abaixo, que corresponde à parte do diálogo Porém meus olhos
presente no TEXTO 3, analise as proposições seguintes e assinale não perguntam nada.
a alternativa CORRETA.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
“-Quando o frio chegar, vou renovar meu guarda-roupa de
Quase não conversa.
inverno.”
I. À medida que o frio chegar, vou renovar meu guarda-roupa de Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
inverno.
II. Quanto mais o frio chegar, vou renovar meu guarda-roupa de
Meu Deus, por que me
inverno.
III. Logo que o frio chegar, vou renovar meu guarda-roupa de abandonaste
inverno. se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
IV.Sempre que o frio chegar, vou renovar meu guarda-roupa de
inverno.
Mundo mundo vasto mundo,
V. Assim que o frio chegar, vou renovar meu guarda-roupa de
inverno. se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma
solução.
O sentido do trecho está preservado, apenas, em
Mundo mundo vasto mundo,
a IV e V. mais vasto é meu coração.
b II e IV.
c III e V. Eu não devia te dizer
d II e III. mas essa lua
mas esse conhaque
e I e V. botam a gente comovido como
o diabo.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poema de sete faces.
Disponível em: http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/poema-
das-s ete-faces-carlos-drummond-de-andrade/. Acesso: 12 out.
2017.
O TEXTO 5 é literário e, portanto, possui uma linguagem
carregada de significados, possibilitada pelo uso de figuras de
linguagem e outras estratégias. Considerando isso, analise as
proposições a seguir e, em seguida, assinale a alternativa
CORRETA.
Questão 8 IFPE
I. No terceiro verso da primeira estrofe do TEXTO 5, percebemos a
inserção do poeta quando ele dá seu próprio nome ao eu-lírico. Leia o TEXTO 2 para responder à questão.
II. A terceira estrofe do TEXTO 5 revela a massificação das
pessoas, refletida no transporte que “passa cheio de pernas”. TEXTO 2
Neste mesmo verso, o poeta faz uso de metonímia ao trocar “O BONZINHO SE DÁ MAL”: GENEROSIDADE E
“pessoas” por “pernas”. MANIPULAÇÃO
III. A inexistência de pontuação no interior de alguns versos do
TEXTO 5 está ligada à liberdade de expressão e à licença poética [1] Você tenta levar sua vida direitinho. Busca ser cordial e ter
do Modernismo brasileiro. empatia com o semelhante. Trata o outro bem, pois acha que é
IV.As “pernas brancas pretas amarelas”, mencionadas na terceira assim que qualquer criatura merece ser tratada. Com quem gosta
estrofe do TEXTO 5, ilustram a diversidade de raças que compõem mais, vai além. Se lhe sobra, compartilha. Quando vê o erro, o
o povo brasileiro. instinto de proteção passa na frente e você tenta alertar. Se cabem
V. Na penúltima estrofe do TEXTO 5, através de uma dois, por que ir sozinho? Isso te alegra, então eu fico contente.
metalinguagem, Drummond reflete sobre a composição das rimas [2] A você, tudo isso parece ser natural, orgânico. E daí você se
do poema. engana. De forma egoísta, acha que tem o direito de retirar do
Estão CORRETAS as proposições outro o direito de ser quem ele é. Quer recíproca, similaridade,
espelhamento de atitudes. Vê injustiça na troca, acha que faz mais
a I, II e III, apenas. e recebe menos. “Trouxa, agora está aí cultivando mágoas. Da
b I, II, III, IV e V. próxima vez, farei diferente”. E não reflete sobre tudo o que se
c III, IV e V, apenas. passou.
d I, II e IV, apenas. [3] Ser verdadeiramente generoso é uma virtude que contempla
um pequeno punhado de pessoas. Em geral, emprestamos em vez
e II e V, apenas.
de doar. E não fazemos isso por uma debilidade de caráter: a vida
se mantém a partir de trocas, tudo só existe em relação.
[4] Quando tentamos oferecer algo gratuitamente,
inconscientemente esperamos alguma contrapartida:
reconhecimento, carinho, atenção, prestígio, escuta, aprovação.
Às vezes, buscamos apenas sermos percebidos e validados
naquilo que somos, mas não cremos ser. É bem comum. Nisso,
tornam-se admiráveis os que ajudam desconhecidos, sem se
importarem com os problemas dos que estão próximos – a quem
poderão cobrar pela generosidade?
[5] O mesmo vale para os mercenários: aqueles que sabem dar
preço às coisas mais impalpáveis, que encontram equivalência
entre dois valores tão díspares, mas deixam as intenções às
claras. Só nos sentimos enganados quando não deixamos às
claras o preço das nossas atitudes.
[6] A generosidade é uma das formas mais primitivas de
manipulação desenvolvidas pelo ser humano. Vem do berço. Mais
precisamente, do colo. A nossa primeira referência de doação vem
da mãe, ou de quem exerceu esse papel. O bebê, indefeso e
incapaz, estará submetido à oferta que provém dessa fonte. E aí
aprendemos o que é chantagem emocional, que mais tarde se
traduzirá no duelo entre o “só eu sei o que fiz por você” versus
“você poderia ser melhor para mim”. Quem sai vencedor? A culpa.
Justo ela, uma das emoções mais tóxicas que povoam nossa
alma.
[7] O comportamento de abuso é fruto desse eixo desestrutural,
seja para o abusador ou para o abusado. Há, inclusive, uma
espécie de alternância entre esses papéis. Quando o dito
generoso se vê menosprezado pelo outro, diz: isso é um absurdo,
depois de tudo que eu fiz. Mas não percebe o quanto esse fazer é,
em si, uma atitude abusiva.
[8] Isso não é uma ode ao egoísmo ou à ganância. Mas a partilha
saudável é aquela que se dá em acordo, de forma pura. Se não
consegue, melhor não ser generoso, para também não ser
hipócrita. Ou, pior: emitir faturas para guardá-las na gaveta, à
espera da melhor oportunidade de apresentá-la àquele que julgar
devedor. Não esqueçamos: são as boas intenções que lotam o
inferno.
TORRES, João Rafael. “O bonzinho se dá mal”: generosidade e
manipulação. Disponível em: https://www.metropoles.com/colunas-
blogs/psique/o- bonzinho-se-da-mal-generosidade-e-
manipulacao. Acesso: 08 out. 2017(adaptado).
Diversas regras definem o emprego do acento grave indicativo da
crase. A esse respeito, analise as expressões destacadas nas
proposições a seguir e assinale a alternativa CORRETA.

I. Em: “sabem dar preço às coisas mais impalpáveis” e “deixam as


intenções às claras” (5º parágrafo), o acento grave foi aplicado
pela mesma razão.
II. Em: “Às vezes, buscamos apenas sermos percebidos” (4º
parágrafo), houve o emprego do acento grave por se tratar de uma
locução adverbal feminina. Questão 9 IFPE
III. No trecho: “submetido à oferta que provém dessa fonte” (6º
parágrafo), a crase ocorreu pela presença de termo que exige a Leia o TEXTO 2 para responder à questão.
preposição “a” e palavra feminina determinada pelo artigo “a”.
IV.No trecho: “à espera da melhor oportunidade” (8º parágrafo), o TEXTO 2
acento grave foi utilizado por se tratar de uma locução prepositiva. “O BONZINHO SE DÁ MAL”: GENEROSIDADE E
V. Em: “uma ode ao egoísmo ou à ganância”, (8º parágrafo) houve MANIPULAÇÃO
a ocorrência de crase, porém, nesse caso, o uso do acento grave
é facultativo. [1] Você tenta levar sua vida direitinho. Busca ser cordial e ter
Estão CORRETAS, apenas, as proposições empatia com o semelhante. Trata o outro bem, pois acha que é
assim que qualquer criatura merece ser tratada. Com quem gosta
a III, IV e V. mais, vai além. Se lhe sobra, compartilha. Quando vê o erro, o
b I, II e III. instinto de proteção passa na frente e você tenta alertar. Se cabem
c II, III e IV. dois, por que ir sozinho? Isso te alegra, então eu fico contente.
d I, II e IV. [2] A você, tudo isso parece ser natural, orgânico. E daí você se
engana. De forma egoísta, acha que tem o direito de retirar do
e I e V.
outro o direito de ser quem ele é. Quer recíproca, similaridade,
espelhamento de atitudes. Vê injustiça na troca, acha que faz mais
e recebe menos. “Trouxa, agora está aí cultivando mágoas. Da
próxima vez, farei diferente”. E não reflete sobre tudo o que se
passou.
[3] Ser verdadeiramente generoso é uma virtude que contempla
um pequeno punhado de pessoas. Em geral, emprestamos em vez
de doar. E não fazemos isso por uma debilidade de caráter: a vida
se mantém a partir de trocas, tudo só existe em relação.
[4] Quando tentamos oferecer algo gratuitamente,
inconscientemente esperamos alguma contrapartida:
reconhecimento, carinho, atenção, prestígio, escuta, aprovação.
Às vezes, buscamos apenas sermos percebidos e validados
naquilo que somos, mas não cremos ser. É bem comum. Nisso,
tornam-se admiráveis os que ajudam desconhecidos, sem se
importarem com os problemas dos que estão próximos – a quem
poderão cobrar pela generosidade?
[5] O mesmo vale para os mercenários: aqueles que sabem dar
preço às coisas mais impalpáveis, que encontram equivalência
entre dois valores tão díspares, mas deixam as intenções às
claras. Só nos sentimos enganados quando não deixamos às
claras o preço das nossas atitudes.
[6] A generosidade é uma das formas mais primitivas de
manipulação desenvolvidas pelo ser humano. Vem do berço. Mais
precisamente, do colo. A nossa primeira referência de doação vem
da mãe, ou de quem exerceu esse papel. O bebê, indefeso e
incapaz, estará submetido à oferta que provém dessa fonte. E aí
aprendemos o que é chantagem emocional, que mais tarde se
traduzirá no duelo entre o “só eu sei o que fiz por você” versus
“você poderia ser melhor para mim”. Quem sai vencedor? A culpa.
Justo ela, uma das emoções mais tóxicas que povoam nossa
alma.
[7] O comportamento de abuso é fruto desse eixo desestrutural,
seja para o abusador ou para o abusado. Há, inclusive, uma
espécie de alternância entre esses papéis. Quando o dito
generoso se vê menosprezado pelo outro, diz: isso é um absurdo,
depois de tudo que eu fiz. Mas não percebe o quanto esse fazer é,
em si, uma atitude abusiva.
[8] Isso não é uma ode ao egoísmo ou à ganância. Mas a partilha
saudável é aquela que se dá em acordo, de forma pura. Se não
consegue, melhor não ser generoso, para também não ser
hipócrita. Ou, pior: emitir faturas para guardá-las na gaveta, à
espera da melhor oportunidade de apresentá-la àquele que julgar
devedor. Não esqueçamos: são as boas intenções que lotam o
inferno.
TORRES, João Rafael. “O bonzinho se dá mal”: generosidade e
manipulação. Disponível em: https://www.metropoles.com/colunas-
blogs/psique/o- bonzinho-se-da-mal-generosidade-e-
manipulacao. Acesso: 08 out. 2017(adaptado).
Releia o seguinte trecho, extraído do TEXTO 2, reflita sobre
questões de coerência e coesão textuais e assinale a alternativa
CORRETA.
“[1] Você tenta levar sua vida direitinho. Busca ser cordial e ter
empatia com o semelhante. Trata o outro bem, pois acha que é
assim que qualquer criatura merece ser tratada. Com quem gosta
mais, vai além. Se lhe sobra, compartilha. Quando vê o erro, o
instinto de proteção passa na frente e você tenta alertar. Se cabem
dois, por que ir sozinho? Isso te alegra, então eu fico contente.” (1º
parágrafo).
a Os termos destacados em negrito indicam um processo
coesivo por elipse, por se tratar da omissão de elementos
facilmente identificáveis ou que já tenham sido citados
anteriormente.
b A omissão do sujeito, no segundo e terceiro períodos do
trecho, revela um processo de coesão lexical, uma vez que os
verbos estão conjugados na mesma pessoa, tempo e modo.
c As palavras “cordial” e “empatia”, por se referirem a um mesmo
assunto (tratar os outros bem), caracterizam um processo de
coesão referencial.
d Em: “Se cabem dois”, a pluralização do verbo prejudica a
coerência, visto que o referente é o mesmo dos termos
destacados, logo, ele deveria ter sido grafado no singular.
e As formas verbais sublinhadas concordam com o sujeito
explicitado no primeiro período do trecho e preservam a coerência
textual.

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