Texto base 1 humanidade em mônadas na qual cada uma tem um princípio de
vida e um fim particular, esta atomização do mundo é, aqui, levada Leia o TEXTO para responder à questão. ao extremo”. (6) Assim, com as promessas da ciência e da técnica que jamais TEXTO se realizam (sempre uma espera), o progresso entra em eterno DISSONÂNCIAS DO PROGRESSO processo, linear e infinito, mas também mecânico e circular, criando as próprias condições de perpetuação. É desse movimento (1) O que é progresso? Para alguns teóricos, apenas uma infinito que ele se alimenta: diante de problemas criados pelo palavra que não passa de um slogan, um clichê ou, no máximo, progresso, inventa-se uma nova forma de progresso que permite um mito; pode ser também uma crença, jamais um conceito. Para “superar” os problemas criados. ganhar estatuto de “conceito” universal, o termo apoia-se em NOVAES, Adauto. Dissonâncias do progresso. Disponível em:< outras palavras em busca de legitimidade e, assim, passa de https://diplomatique.org.br/dissonancias-doprogresso/>. Acesso relativo a absoluto: progresso e democracia, progresso e em: 10 out. 2018 (adaptado). liberdade, progresso e desenvolvimento. Pior: até mesmo ações de caráter belicista recorrem à ideia de guerra como movimento Questão 1 IFPE indispensável a um futuro de progresso radioso. (2) Afinal, o que legitima o progresso hoje? A impressionante PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 1 herança deixada pelas inúmeras formas do progresso da ciência e O TEXTO é jornalístico e foi veiculado no Jornal Le Monde da técnica é incontestável: o mundo ganhou, mas também perdeu. diplomatique Brasil. Assinale a alternativa que traz características Transformação radical das ideias de espaço e tempo, avanços na correspondentes ao seu gênero e à tipologia textual predominante medicina e na biologia que nos preservam de muitos males – nele. progresso com inegáveis e perenes benefícios para a humanidade –, mas, em contrapartida, um progresso que cria rigor, velocidade, a O TEXTO constitui um artigo de opinião e possui, precisão da relação do homem com o meio físico, predominantemente, sequências tipológicas dissertativo- desaparecimento do vago e do lento, hábitos dominados por argumentativas, pois o autor mostra seu ponto de vista e utiliza métodos positivos governados pelas máquinas, modo científico de argumentos para fundamentá-lo. existência ao qual “os espíritos se acostumam rapidamente, ainda b Por ser uma notícia de jornal, o TEXTO possui cunho que insensivelmente”, enquanto as relações do homem com o informativo e é composto, principalmente, por sequências homem permanecem, como observa o poeta e filósofo Paul Valéry, narrativas e descritivas. “dominadas por um empirismo detestável que evidencia até c Por se tratar de uma reportagem e desenvolver explicações mesmo, em diversos pontos, uma sensível regressão”. baseadas em citações de filósofos, o TEXTO apresenta (3) Se a ciência do Iluminismo permitiu o alargamento da sequências tipológicas predominantemente explicativas, com percepção do mundo e da vida ao destruir uma quantidade enorme trechos descritivos. de certezas, em contrapartida, as ideias de progresso, aliadas à d Por se tratar de um artigo de divulgação científica e fazer um racionalidade técnica, destroem uma das grandes invenções da levantamento bibliográfico a partir de diversos textos teóricos, o humanidade – a dúvida – ao recriarem e reporem o mito da TEXTO é composto, em sua grande parte, por sequências certeza. O mito do progresso é uma dessas novas certezas. Basta explicativas e narrativas. ouvir os discursos de políticos, financistas, tecnocratas e até e Na intenção de persuadir os leitores a refletirem sobre as mesmo de intelectuais ilustrados. No ensaio “O mito moderno do progresso”, Jacques Bouveresse leva-nos a pensar que a ideia de vantagens e as desvantagens do progresso, percebe-se a predominância do tipo textual injuntivo no TEXTO, que constitui progresso resume dois dos mais terríveis problemas da atualidade, uma espécie de tutorial sobre o assunto. sintetizados por Georg von Wright como o mito da autoridade e o império da fala: “um discurso”, escreve Bouveresse, “que se pode Questão 2 IFPE considerar como mais ou menos dispensado da argumentação, que se autolegitima e cujo protótipo é a fala que emana do PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 1 fundamentalismo religioso ou da ditadura política”. (4) Em seu pouco conhecido Cahier B, de 1910, Valéry alia a Ao utilizar as aspas para fazer alusão às palavras de Paul Valéry, revolução tecnológica à dissolução das tradições comuns e da Jacques Bouveresse, Musil e Engels, em diversos trechos do crença nos mesmos valores com o nascimento das grandes TEXTO, o autor cidades no século XIX: “o civilizado das grandes cidades volta ao a utiliza paráfrase linguística para dizer o que os pensadores estado selvagem, isto é, isolado, porque o mecanismo social lhe disseram, mas com outras palavras. permite esquecer a necessidade da comunidade e leva à perda do b escreve um resumo das obras dos pensadores mencionados sentimento de laço entre os indivíduos, antes despertados no texto. incessantemente pela necessidade. Todo o aperfeiçoamento da c faz uso do recurso linguístico de citação textual. mecânica social torna inúteis atos, maneiras de sentir, aptidões à vida comum”. Esse indivíduo isolado tende a perder as memórias d utiliza o recurso da elipse para fazer menção aos autores dos coletivas e os imaginários sociais, abrindo espaço para o que Musil trechos sem explicitá-los no texto. definiu como “egoísmo organizado”. As pulsões egoístas, segundo e promove o hibridismo entre gêneros. ele, resultam do progresso material e da desordem social. (5) Podemos complementar essa ideia de pulsões egoístas com a análise de Engels sobre o homem das grandes cidades em “A situação da classe operária na Inglaterra”, em que se lê que, para realizar os progressos da civilização, os homens sacrificam o melhor de si: “As cem forças que dormem neles permanecem inativas e abafadas para que apenas algumas possam se desenvolver […]. E mesmo sabendo que esse isolamento do indivíduo e seu egoísmo são em todo lugar o princípio fundamental da sociedade atual, em nenhum lugar eles se manifestam com uma impudência, uma segurança tão total quanto aqui, precisamente na multidão da grande cidade. A desagregação da Questão 3 IFPE Texto base 2 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 1 Leia o TEXTO para responder à questão.
A coerência e a coesão textuais são essenciais para que o texto TEXTO
constitua-se como um todo significativo. A esse respeito, releia o MUDANÇA TECNOLÓGICA E EMPREGO seguinte trecho, extraído do 4º parágrafo do TEXTO, reflita sobre questões de coerência e coesão textuais e assinale a alternativa (1) A relação entre progresso tecnológico e emprego é CORRETA. fundamentalmente dinâmica no capitalismo. O apogeu e o declínio de setores sob o impacto de novos produtos e técnicas influenciam “‘o civilizado das grandes cidades volta ao estado selvagem, isto diretamente a criação e a destruição de postos de trabalho. é, isolado, porque o mecanismo social lhe permite esquecer a (2) As mudanças que se processam, nas últimas décadas, no necessidade da comunidade e leva à perda do sentimento de laço mercado de trabalho brasileiro, refletem, até certo ponto, as entre os indivíduos, antes despertados incessantemente pela mudanças que ocorrem no mundo do trabalho nos países necessidade. Todo o aperfeiçoamento da mecânica social torna industrializados mais adiantados. O padrão "crescimento sem inúteis atos, maneiras de sentir, aptidões à vida comum’” empregos", que foi característico da agricultura por tanto tempo, a Os termos “civilizado” e “social”, por serem características pode, nos tempos atuais, se tornar o padrão normal de atribuídas às pessoas e fazerem referência a elas, caracterizam desenvolvimento da indústria de transformação das economias um processo de coesão referencial. industriais maduras. Claramente, este fato significa uma transformação estrutural da maior relevância nestas economias, b As formas verbais destacadas concordam com seus que, por si só, justifica, certamente, o estudo da influência da respectivos sujeitos, os quais se encontram elípticos, e preservam tecnologia sobre o emprego. a coerência textual. (3) A partir dos anos 1980, nas economias industrializadas c Os verbos destacados caracterizam a coesão lexical pelo fato avançadas, a perda de participação do emprego industrial foi de estarem conjugados no mesmo modo, no mesmo tempo e na acompanhada pelos níveis de desemprego mais altos e longos do mesma pessoa. pós-guerra, pela destruição virtual de várias ocupações e pelo d A omissão do sujeito da forma verbal “leva” caracteriza um aumento do emprego precário, que não entra nas estatísticas de processo coesivo por elipse, devido à omissão de elemento que desemprego convencionais. Houve também uma progressiva pode ser facilmente identificado anteriormente no trecho. erosão dos direitos dos trabalhadores, da previdência social e de e Em: “o aperfeiçoamento da mecânica social torna inúteis atos”, outros benefícios que eram elementos importantes dos direitos de a não pluralização do verbo prejudica a coerência textual, visto que cidadania social estabelecidos como parte do consenso do pós- seus referentes constituem um núcleo composto, que também está guerra. São tempos de mudança. Não apenas em pluralizado. termos econômicos e tecnológicos, mas também na forma da identidade social num contexto de crescente desemprego. (4) O impacto da mudança tecnológica e da tecnologia de informática afetou a natureza do trabalho em vários setores, tornou obsoletas algumas ocupações e criou novas, exigiu outro tipo de formação e qualificação para o trabalhador e reduziu o número de postos de trabalho em grande número de setores. Outra mudança no mundo do trabalho foi o decréscimo relativo da ocupação nos setores produtores de bens e o crescimento do emprego nos serviços. As mudanças na organização da produção e na atividade produtiva estão relacionadas, até certo ponto, às mudanças tecnológicas em curso. MILLER, L. M. Mudança tecnológica e o emprego. Revista da ABET, v. II, n. 2. 2002. Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/index.php/abet/article/viewFile/15473/884 4>. Acesso em: 20 out. 2018 (adaptado).
Questão 4 IFPE
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 2
O TEXTO é a introdução de um artigo científico. Nele, a autora faz, prioritariamente, a um levantamento de vantagens e desvantagens que demonstram o impacto da mudança tecnológica e da tecnologia de informática nos postos de trabalho. b uma crítica às economias industrializadas, por terem provocado os níveis de desemprego mais altos e longos do pós- guerra. c apoio aos países industrializados mais adiantados, os quais refletem uma transformação estrutural da maior relevância na economia mundial. d uma contraposição entre o que ocorreu nos anos 1980 e o que ocorre atualmente no que diz respeito à influência da tecnologia no mercado de trabalho. e a defesa de que mudanças na organização do trabalho e na atividade produtiva estão relacionadas às mudanças acarretadas pelo progresso tecnológico. Questão 5 IFPE Questão 7 IFPE Leia o TEXTO 3 para responder à questão. Leia os TEXTOS 4 e 5 para responder à questão.
TEXTO 4 NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Analisando o diálogo entre as personagens e o contexto da tira na vida de minhas retinas tão fatigadas. que constitui o TEXTO 3, pode-se afirmar que Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra a o termo “altruísmo”, utilizado no último quadrinho, é o oposto de filantropia. tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra. b ao falar, a personagem do terceiro quadrinho expressa ANDRADE, Carlos Drummond de. No meio do caminho. admiração pela atitude de sua interlocutora. Disponível c o primeiro e o segundo quadrinhos criam uma expectativa que em: http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond04 é atendida pela fala presente no terceiro. .htm. Acesso: 12 out. 2017. d o termo “altruísmo”, utilizado no último quadrinho, poderia ser substituído por misantropia. TEXTO 5 e a personagem que fala no último quadrinho não acredita que a POEMA DE SETE FACES atitude de sua interlocutora seja sincera e espontânea. Quando nasci, um anjo torto Questão 6 IFPE desses que vivem na sombra Leia o TEXTO 3 para responder à questão. disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Releia o trecho abaixo, que corresponde à parte do diálogo Porém meus olhos presente no TEXTO 3, analise as proposições seguintes e assinale não perguntam nada. a alternativa CORRETA. O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. “-Quando o frio chegar, vou renovar meu guarda-roupa de Quase não conversa. inverno.” I. À medida que o frio chegar, vou renovar meu guarda-roupa de Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode. inverno. II. Quanto mais o frio chegar, vou renovar meu guarda-roupa de Meu Deus, por que me inverno. III. Logo que o frio chegar, vou renovar meu guarda-roupa de abandonaste inverno. se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. IV.Sempre que o frio chegar, vou renovar meu guarda-roupa de inverno. Mundo mundo vasto mundo, V. Assim que o frio chegar, vou renovar meu guarda-roupa de inverno. se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. O sentido do trecho está preservado, apenas, em Mundo mundo vasto mundo, a IV e V. mais vasto é meu coração. b II e IV. c III e V. Eu não devia te dizer d II e III. mas essa lua mas esse conhaque e I e V. botam a gente comovido como o diabo. ANDRADE, Carlos Drummond de. Poema de sete faces. Disponível em: http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/poema- das-s ete-faces-carlos-drummond-de-andrade/. Acesso: 12 out. 2017. O TEXTO 5 é literário e, portanto, possui uma linguagem carregada de significados, possibilitada pelo uso de figuras de linguagem e outras estratégias. Considerando isso, analise as proposições a seguir e, em seguida, assinale a alternativa CORRETA. Questão 8 IFPE I. No terceiro verso da primeira estrofe do TEXTO 5, percebemos a inserção do poeta quando ele dá seu próprio nome ao eu-lírico. Leia o TEXTO 2 para responder à questão. II. A terceira estrofe do TEXTO 5 revela a massificação das pessoas, refletida no transporte que “passa cheio de pernas”. TEXTO 2 Neste mesmo verso, o poeta faz uso de metonímia ao trocar “O BONZINHO SE DÁ MAL”: GENEROSIDADE E “pessoas” por “pernas”. MANIPULAÇÃO III. A inexistência de pontuação no interior de alguns versos do TEXTO 5 está ligada à liberdade de expressão e à licença poética [1] Você tenta levar sua vida direitinho. Busca ser cordial e ter do Modernismo brasileiro. empatia com o semelhante. Trata o outro bem, pois acha que é IV.As “pernas brancas pretas amarelas”, mencionadas na terceira assim que qualquer criatura merece ser tratada. Com quem gosta estrofe do TEXTO 5, ilustram a diversidade de raças que compõem mais, vai além. Se lhe sobra, compartilha. Quando vê o erro, o o povo brasileiro. instinto de proteção passa na frente e você tenta alertar. Se cabem V. Na penúltima estrofe do TEXTO 5, através de uma dois, por que ir sozinho? Isso te alegra, então eu fico contente. metalinguagem, Drummond reflete sobre a composição das rimas [2] A você, tudo isso parece ser natural, orgânico. E daí você se do poema. engana. De forma egoísta, acha que tem o direito de retirar do Estão CORRETAS as proposições outro o direito de ser quem ele é. Quer recíproca, similaridade, espelhamento de atitudes. Vê injustiça na troca, acha que faz mais a I, II e III, apenas. e recebe menos. “Trouxa, agora está aí cultivando mágoas. Da b I, II, III, IV e V. próxima vez, farei diferente”. E não reflete sobre tudo o que se c III, IV e V, apenas. passou. d I, II e IV, apenas. [3] Ser verdadeiramente generoso é uma virtude que contempla um pequeno punhado de pessoas. Em geral, emprestamos em vez e II e V, apenas. de doar. E não fazemos isso por uma debilidade de caráter: a vida se mantém a partir de trocas, tudo só existe em relação. [4] Quando tentamos oferecer algo gratuitamente, inconscientemente esperamos alguma contrapartida: reconhecimento, carinho, atenção, prestígio, escuta, aprovação. Às vezes, buscamos apenas sermos percebidos e validados naquilo que somos, mas não cremos ser. É bem comum. Nisso, tornam-se admiráveis os que ajudam desconhecidos, sem se importarem com os problemas dos que estão próximos – a quem poderão cobrar pela generosidade? [5] O mesmo vale para os mercenários: aqueles que sabem dar preço às coisas mais impalpáveis, que encontram equivalência entre dois valores tão díspares, mas deixam as intenções às claras. Só nos sentimos enganados quando não deixamos às claras o preço das nossas atitudes. [6] A generosidade é uma das formas mais primitivas de manipulação desenvolvidas pelo ser humano. Vem do berço. Mais precisamente, do colo. A nossa primeira referência de doação vem da mãe, ou de quem exerceu esse papel. O bebê, indefeso e incapaz, estará submetido à oferta que provém dessa fonte. E aí aprendemos o que é chantagem emocional, que mais tarde se traduzirá no duelo entre o “só eu sei o que fiz por você” versus “você poderia ser melhor para mim”. Quem sai vencedor? A culpa. Justo ela, uma das emoções mais tóxicas que povoam nossa alma. [7] O comportamento de abuso é fruto desse eixo desestrutural, seja para o abusador ou para o abusado. Há, inclusive, uma espécie de alternância entre esses papéis. Quando o dito generoso se vê menosprezado pelo outro, diz: isso é um absurdo, depois de tudo que eu fiz. Mas não percebe o quanto esse fazer é, em si, uma atitude abusiva. [8] Isso não é uma ode ao egoísmo ou à ganância. Mas a partilha saudável é aquela que se dá em acordo, de forma pura. Se não consegue, melhor não ser generoso, para também não ser hipócrita. Ou, pior: emitir faturas para guardá-las na gaveta, à espera da melhor oportunidade de apresentá-la àquele que julgar devedor. Não esqueçamos: são as boas intenções que lotam o inferno. TORRES, João Rafael. “O bonzinho se dá mal”: generosidade e manipulação. Disponível em: https://www.metropoles.com/colunas- blogs/psique/o- bonzinho-se-da-mal-generosidade-e- manipulacao. Acesso: 08 out. 2017(adaptado). Diversas regras definem o emprego do acento grave indicativo da crase. A esse respeito, analise as expressões destacadas nas proposições a seguir e assinale a alternativa CORRETA.
I. Em: “sabem dar preço às coisas mais impalpáveis” e “deixam as
intenções às claras” (5º parágrafo), o acento grave foi aplicado pela mesma razão. II. Em: “Às vezes, buscamos apenas sermos percebidos” (4º parágrafo), houve o emprego do acento grave por se tratar de uma locução adverbal feminina. Questão 9 IFPE III. No trecho: “submetido à oferta que provém dessa fonte” (6º parágrafo), a crase ocorreu pela presença de termo que exige a Leia o TEXTO 2 para responder à questão. preposição “a” e palavra feminina determinada pelo artigo “a”. IV.No trecho: “à espera da melhor oportunidade” (8º parágrafo), o TEXTO 2 acento grave foi utilizado por se tratar de uma locução prepositiva. “O BONZINHO SE DÁ MAL”: GENEROSIDADE E V. Em: “uma ode ao egoísmo ou à ganância”, (8º parágrafo) houve MANIPULAÇÃO a ocorrência de crase, porém, nesse caso, o uso do acento grave é facultativo. [1] Você tenta levar sua vida direitinho. Busca ser cordial e ter Estão CORRETAS, apenas, as proposições empatia com o semelhante. Trata o outro bem, pois acha que é assim que qualquer criatura merece ser tratada. Com quem gosta a III, IV e V. mais, vai além. Se lhe sobra, compartilha. Quando vê o erro, o b I, II e III. instinto de proteção passa na frente e você tenta alertar. Se cabem c II, III e IV. dois, por que ir sozinho? Isso te alegra, então eu fico contente. d I, II e IV. [2] A você, tudo isso parece ser natural, orgânico. E daí você se engana. De forma egoísta, acha que tem o direito de retirar do e I e V. outro o direito de ser quem ele é. Quer recíproca, similaridade, espelhamento de atitudes. Vê injustiça na troca, acha que faz mais e recebe menos. “Trouxa, agora está aí cultivando mágoas. Da próxima vez, farei diferente”. E não reflete sobre tudo o que se passou. [3] Ser verdadeiramente generoso é uma virtude que contempla um pequeno punhado de pessoas. Em geral, emprestamos em vez de doar. E não fazemos isso por uma debilidade de caráter: a vida se mantém a partir de trocas, tudo só existe em relação. [4] Quando tentamos oferecer algo gratuitamente, inconscientemente esperamos alguma contrapartida: reconhecimento, carinho, atenção, prestígio, escuta, aprovação. Às vezes, buscamos apenas sermos percebidos e validados naquilo que somos, mas não cremos ser. É bem comum. Nisso, tornam-se admiráveis os que ajudam desconhecidos, sem se importarem com os problemas dos que estão próximos – a quem poderão cobrar pela generosidade? [5] O mesmo vale para os mercenários: aqueles que sabem dar preço às coisas mais impalpáveis, que encontram equivalência entre dois valores tão díspares, mas deixam as intenções às claras. Só nos sentimos enganados quando não deixamos às claras o preço das nossas atitudes. [6] A generosidade é uma das formas mais primitivas de manipulação desenvolvidas pelo ser humano. Vem do berço. Mais precisamente, do colo. A nossa primeira referência de doação vem da mãe, ou de quem exerceu esse papel. O bebê, indefeso e incapaz, estará submetido à oferta que provém dessa fonte. E aí aprendemos o que é chantagem emocional, que mais tarde se traduzirá no duelo entre o “só eu sei o que fiz por você” versus “você poderia ser melhor para mim”. Quem sai vencedor? A culpa. Justo ela, uma das emoções mais tóxicas que povoam nossa alma. [7] O comportamento de abuso é fruto desse eixo desestrutural, seja para o abusador ou para o abusado. Há, inclusive, uma espécie de alternância entre esses papéis. Quando o dito generoso se vê menosprezado pelo outro, diz: isso é um absurdo, depois de tudo que eu fiz. Mas não percebe o quanto esse fazer é, em si, uma atitude abusiva. [8] Isso não é uma ode ao egoísmo ou à ganância. Mas a partilha saudável é aquela que se dá em acordo, de forma pura. Se não consegue, melhor não ser generoso, para também não ser hipócrita. Ou, pior: emitir faturas para guardá-las na gaveta, à espera da melhor oportunidade de apresentá-la àquele que julgar devedor. Não esqueçamos: são as boas intenções que lotam o inferno. TORRES, João Rafael. “O bonzinho se dá mal”: generosidade e manipulação. Disponível em: https://www.metropoles.com/colunas- blogs/psique/o- bonzinho-se-da-mal-generosidade-e- manipulacao. Acesso: 08 out. 2017(adaptado). Releia o seguinte trecho, extraído do TEXTO 2, reflita sobre questões de coerência e coesão textuais e assinale a alternativa CORRETA. “[1] Você tenta levar sua vida direitinho. Busca ser cordial e ter empatia com o semelhante. Trata o outro bem, pois acha que é assim que qualquer criatura merece ser tratada. Com quem gosta mais, vai além. Se lhe sobra, compartilha. Quando vê o erro, o instinto de proteção passa na frente e você tenta alertar. Se cabem dois, por que ir sozinho? Isso te alegra, então eu fico contente.” (1º parágrafo). a Os termos destacados em negrito indicam um processo coesivo por elipse, por se tratar da omissão de elementos facilmente identificáveis ou que já tenham sido citados anteriormente. b A omissão do sujeito, no segundo e terceiro períodos do trecho, revela um processo de coesão lexical, uma vez que os verbos estão conjugados na mesma pessoa, tempo e modo. c As palavras “cordial” e “empatia”, por se referirem a um mesmo assunto (tratar os outros bem), caracterizam um processo de coesão referencial. d Em: “Se cabem dois”, a pluralização do verbo prejudica a coerência, visto que o referente é o mesmo dos termos destacados, logo, ele deveria ter sido grafado no singular. e As formas verbais sublinhadas concordam com o sujeito explicitado no primeiro período do trecho e preservam a coerência textual.