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Autarquia Educacional de Serra Talhada- AESET.

Faculdade de Formação de Professores de


Serra Talhada - FAFOPST
Disciplina: Sociologia da Educação. Professora: Auricleide Andrada
Serra Talhada, 21/02/2023.

Educando (a): Maria Franciele Vaz cirino - História

ATIVIDADE I

1) Leia os dois textos sobre O que é um Clássico, em seguida responda o que se pede.

Texto 1:

Dermeval Saviani apresenta o conceito de “Clássico” em três momentos de sua obra


“Pedagogia Histórico-crítica”

O “clássico” não se confunde com o tradicional e também não se


opõe, necessariamente, ao moderno e muito menos ao atual. O clássico é aquilo que se firmou
como fundamental, como essencial. Pode, pois, se constituir num critério útil para a seleção
dos conteúdos do trabalho pedagógico” (SAVIANI, 2003, p.13) “E o que é fase clássica ? É a
fase em que ocorreu uma depuração, superando-se os elementos próprios da conjuntura
polêmica e recuperando-se aquilo que tem caráter permanente, isto é, que resistiu aos
embates do tempo. Clássico, em verdade, é o que resistiu ao tempo. É nesse sentido que se
fala na cultura greco-romana como clássica, que Kant e Hegel são clássicos da filosofia, Victor
Hugo é um clássico da literatura universal, Guimarães Rosa um clássico da literatura brasileira
etc.(SAVIANI, 2003, p.18) Tradicional é o que se refere ao passado, ao arcaico, ultrapassado.
Nesse sentido, nós temos que combater a pedagogia tradicional e reconhecer a validade de
algumas das críticas na educação, pois este não se confunde com o tradicional. Clássico é
aquilo que resistiu ao tempo, logo sua validade extrapola o momento em que ele foi proposto. E
por isso que a cultura greco-romana é considerada clássica: embora tenha sido produzida na
Antiguidade, mantém-se válida, mesmo para as épocas posteriores. De fato, ainda hoje
reconhecemos e valorizamos elementos que foram elaborados naquela época. É neste sentido
que se considera Descartes um clássico da Filosofia moderna. Aqui o clássico não se identifica
com o antigo, porque um moderno é também considerado um clássico. Dostoievski, por
exemplo – segundo a periodização dos manuais de História, um autor contemporâneo – é tido
como um clássico da literatura universal. Da mesma forma, diz-se que Machado de Assis é um
clássico da literatura brasileira, apesar de o Brasil ser mais recente até mesmo que a Idade
Média, quanto mais que a Antiguidade. Então, o clássico não se confunde com o tradicional.
(SAVIANI, 2003, p. 101)

Giardinetto, José Roberto Boettger - Conceito de Saber Escolar “Clássico” em Demerval Saviani:
implicações para a Educação Matemática.
Texto 2:

Para Bobbio, clássico é um autor intérprete de seu tempo. O que interessa é identificar
temas para reflexão

Um dos ensinamentos mais preciosos de Norberto Bobbio


(1909-2004) no campo da teoria política é saber ouvir as lições dos clássicos (1). Essas lições
permitem estudar os temas recorrentes que se colocam em relação aos grandes problemas,
igualmente recorrentes, da reflexão política. O estudo desses temas, que atravessam toda a
história do pensamento político, tem como função, segundo Bobbio, “individuar certas
categorias que permitem fixar em conceitos gerais os fenômenos que passam a fazer parte do
universo político”. A primeira função, portanto, é a de determinar os conceitos políticos
fundamentais, enquanto a segunda consiste em estabelecer entre as diversas teorias políticas,
de diferentes épocas, as possíveis afinidades e diferenças.

E, no entanto, que confere a um autor a qualidade de clássico? Para Bobbio, clássico é o autor
que ao mesmo tempo é “intérprete autêntico de seu próprio tempo”, “sempre atual, de modo
que cada época, ou mesmo cada geração, sinta a necessidade de relê-lo e, relendo-o, de
reinterpretá-lo” e que tenha construído “teorias-modelo das quais nos servimos continuamente
para compreender a realidade”. Como aponta Michelangelo Bovero, essa definição levanta
problemas ao intérprete, pois como é possível que a obra de um intérprete autêntico de seu
próprio tempo possa ser reinterpretada continuamente? A resposta parece estar na seguinte
afirmação de Bobbio: “No estudo dos autores do passado, jamais fui particularmente atraído
pela miragem do chamado enquadramento histórico, que eleva fontes a precedentes, as
ocasiões e condições, detém-se por vezes nos detalhes até perder o ponto de vista do todo:
dediquei-me, ao contrário, com particular interesse, ao delineamento de temas fundamentais,
ao esclarecimento dos conceitos, à análise dos argumentos, à reconstrução do sistema”. O que
interessa identificar nos clássicos não é tanto seu significado histórico, mas sim, nas palavras
de Bobbio, “hipóteses de pesquisa, temas para reflexão, ideias gerais”. Os autores clássicos
para Bobbio, em sua análise da teoria política, são, principalmente, Emanuel Kant (1724-1804),
Karl Marx (1818-1883) e Max Weber (1864-1920).

(....)

Apontando os temas reincidentes nas lições dos clássicos e suas teorias, Bobbio nos faz
perceber certa continuidade na história, continuidade essa que diz respeito também aos
problemas enfrentados por essas diversas teorias. A recorrência de problemas, de enfoques e
de soluções parece marcar toda a história do pensamento político. Isso não quer dizer que em
alguns momentos Bobbio desconheça haver certas “guinadas” na História, como a “revolução
copernicana” decorrente da afirmação do primado dos direitos sobre os deveres, que a
temática dos direitos humanos propiciou. Assumindo, portanto, a ideia dessa continuidade,
podemos pensar nas questões referentes ao chamado “fim da história” e à possibilidade de
encontrar-lhe um sentido. Como apontado por Bobbio em sua autobiografia Diário de um
século, “a história humana não apenas não acabou, como anunciou há alguns anos um
historiador americano, mas, talvez, a julgar pelo progresso técnico-científico que está
transformando radicalmente as possibilidades de comunicação entre todos os homens vivos,
esteja apenas começando. É difícil afirmar, contudo, que direção esteja destinada a seguir”.
Ainda a respeito do sentido da História, afirma: “Não tiro conclusão alguma acerca do sentido
da História, que, não tenho vergonha de declarar, ignoro qual seja. Tenho apenas a sombria
impressão de que ninguém ainda a captou”. De toda forma, fica evidente que, para Bobbio, a
História não acabou e que, se ela tem um sentido, ninguém ainda foi capaz de dizer qual é.
Visão realista, sim, mas não pessimista ou ingenuamente otimista.

NOTA
1 - Este ensaio tem como base a obra de Norberto Bobbio Teoria Geral da Política (organização de
Michelangelo Bovero, tradução de Daniela Beccaccia Versiani: Rio de Janeiro, Ed. Campus, 2000).
Cláudia Perrone-Moisés - professora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e
pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência/USP

• Explique por que Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim são considerados
Clássicos da Sociologia, utilizando os conceitos de Demerval Saviani e Norberto
Bobbio.

R:Porque foram estes autores que deixaram para a sociologia as três contribuições que se
tornaram fundamentais para o desenvolvimento desta ciência, que são: Uma teoria sociológica
(dimensão teórico-analítica);Uma teoria da modernidade (dimensão teórico-empìrica);Um
projeto político (dimensão teórico-política).

2) A Sociologia é uma forma de saber científico originada no século XIX. Como qualquer
ciência, ela não é fruto do mero acaso, mas responde às necessidades dos homens de seu
tempo. Portanto, a sociologia tem também as suas causas históricas e sociais. Explique o
duplo processo que envolve a gênese do Pensamento Sociológico; os fatores históricos e
epistemológicos.

R: Durante o século XIX aconteceram algumas mudanças no meio Econômico; Político e na


ordem culturam. Esse fatores históricos foram: Revolução Industrial; Revolução Francesa e
Iluminimos. Foi após esses acontecimentos que surgi a Sociologia; pois o ser humano teve
entender o que se passava com a sociedade para explicar como as pessoas viviam e,
principalmente, como se posicionar diante do que estava acontecendo.

3) Em que diferem Robert Nisbet e Anthony Giddens sobre o papel da crise global dos
séculos XVIII e XIX no processo da gênese sociológica.

4) No que se refere especificamente aos fatores epistemológicos para elaboração da ciência


sociológica, comente as transformações que ocorreram no método científico e do caminho
percorrido da filosofia à sociologia.

R:podemos dizer que a teoria do conhecimento (ou epistemologia, quando aplicada ao caso da
ciência) procura compreender como se dá a relação entre o “sujeito” (aquele que procura
conhecer o mundo que o cerca) e o “objeto” (ou aquilo que está sendo examinado ou
compreendido, seja o “mundo” em sua totalidade ou mesmo um aspecto do mundo).

Características do método científico. Aqui, trata-se de esclarecer quais devem ser as


características do método sociológico. Assim, se o papel do conhecimento cabe ao objeto, o
método científico deve ser tal que permita mostrar como a sociedade é uma realidade objetiva
que molda a vida dos indivíduos. Mas, se o papel do conhecimento é atribuído em primeira
instância ao sujeito, o método científico deve demonstrar de que forma o indivíduo (sujeito) é a
origem das instituições sociais

5) A dimensão filosófica do Positivismo corresponde à famosa lei dos Três Estados (ou
estágios) de Augusto Comte, onde ele define a sua concepção do que é a ciência. Segundo
esta teoria, a evolução da humanidade está condicionada pelo progresso do conhecimento,
que acontece em três fases fundamentais. Explique como o autor aborda cada uma destas
fases.

R: Estado teológico: Neste momento, explicam-se os diversos fenômenos através de causas


primeiras, em geral personificadas nos deuses. Portanto, já se percebe que os fenômenos são
explicados através de “causas”, mas elas são atribuídas à divindade.

O estado teológico é divivido em:

fetichismo: o homem confere vida, ação e poder sobrenaturais aos seres inanimados e aos
animais; politeísmo: o homem atribui às diversas potências sobrenaturais, ou deuses, certos
traços da natureza humana (motivações, vícios e virtudes, etc.); monoteísmo: quando se
desenvolve a crença em um deus único.

Estado metafísico: as causas divinas são substituídas por causas mais gerais – as entidades
metafísicas – buscando nestas entidades abstratas (idéias) explicações sobre a natureza das
coisas e a causa dos acontecimentos. Assim, o princípio da causalidade é atribuído a
“essências” que estariam nos objetos e os definiriam.

Estado positivo ou científico: o homem tenta compreender as relações entre as coisas e os


acontecimentos através da observação científica e do raciocínio, formulando leis; portanto, não
procura mais conhecer a natureza íntima das coisas e as causas absolutas. As causas
primeiras e absolutas são substituídas pela observação da relação entre os fenômenos,
mediante a rigorosa pesquisa científica.

6) Leia o texto a seguir e responda.

Origens da Sociologia

Por Cristiano das Neves Bodart

“O mundo Moderno depende da Sociologia para ser explicado, para compreender-se. Talvez
se possa dizer que sem ela esse mundo seria mais confuso, incógnito” (IANNI, 1989, p.1). A
sociologia origina-se num período de “dupla revolução” – a Francesa e a Industrial
(HOBSBAWM, 1977, p.15). As condições criadas por essas revoluções, mais a centralização
da razão, despertaram diversos estudiosos para a necessidade de explicar a realidade social
de forma racional e científica. Havia, no século XIX, uma demanda por explicações científicas –
as explicações teleológicas não mais eram suficientes para explicar a realidade social; situação
desencadeada pelo iluminismo. Uma desmistificação do mundo estava em curso, a as
questões sociais não ficariam de fora dessa onda. A sociologia é fruto do mundo moderno.
Surge no século XIX, “época em que já se revelam mais abertamente as forças sociais, as
configurações de vida, as originalidades e os impasses da sociedade civil, urbano-industrial,
burguesa ou capitalista (IANNI, 1989, p.1). Para Ianni (1989, p.1), nessa época os
“personagens” mais típicos do mundo moderno estavam ganhando suas características, dentre
eles destacamos as classes sociais (burguesa e proletária), os movimentos sociais, os partidos
políticos, o mercado capitalista, a tecnologia, a vida urbana, o lucro, a revolução e contra-
revolução, o estado e a nação. Esses “personagens” estiveram presentes nas primeiras
análises sociológicas. Karl Marx, por exemplo, debruça-se, dentre outros objetos, sobre as
novas relações sociais entre as duas classes e sobre o capitalismo. Max Weber, dedicou-se a
muitos temas, dentre eles destacamos o estado e a burocracia. Simmel, preocupou-se, dentro
outras coisas, em estudar a vida urbana. É importante compreender que, embora o século XIX
seja identificado como período de origem da Sociologia, notaremos prenúncios ainda em
períodos anteriores, tais como nos estudos de Rousseau, Hobbes, Hegel, Ricardo, Adam
Smith, Condorcet e Montesquieu. Embora haja uma multiplicidade de correntes nos trabalhos
dos referidos estudiosos, alguns até contraditórios uns aos outros, foi o conjunto de tais ideias
que criaram condições epistemológicas para o desenvolvimento da Sociologia (IANNI, 1989, p.
1-2), a qual também apresenta, desde sua origem, uma multiplicidade de perspectiva da
realidade estudada. A partir das contribuições de filósofos anteriores ao século XIX, a razão
passou a ser vista como capaz de explicar os fatos e os dilemas da sociedade que se
desenvolvia. A matéria prima para o desenvolvimento da Sociologia foram as condições de vida
propiciadas pela Revolução Industrial e Francesa. Essas duas situações foram de extrema
importância para o desenvolvimento dessa ciência social. Estava em curso o desenvolvimento
da sociedade nacional, urbano-industrial, burguesa, de classes. Com a dissolução, lenta ou
rápida, da comunidade feudal, emergia a sociedade civil. Essa ampla transformação
concretiza-se em processos sociais de âmbito estrutural, tais como: industrialização,
urbanização, divisão do trabalho social, secularização da cultura e do comportamento,
individuação, pauperismo, lumpenização e outros. Esse é o palco do trabalhador livre, formado
com a sociedade moderna (IANNI, 1989, p.4). É nesse vasto cenário que se desenvolve os
primeiros estudos sociológicos. As primeiras tentativas de estudar a realidade social de forma
científica. Dentre os estudiosos desse contexto destacamos Saint-Simon, Karl Marx,
Tocqueville, Comte, Burke, Spencer, Feuerbach. Posterior a esses estudiosos, o empenho, na
maioria dos estudos, continuou sendo em compreender e explicar as transformações causadas
pela modernidade. Dentre esse esforço destacamos Durkheim, Mauss, Weber, Simmel,
Tönnies, Mannheim, Myrdal, Merton, Parsons, Lazarsfeld, Bourdieu, Nisbet, Gouldner,
Barrington Moore Jr., Schutz, Adorno, Giddens e outros. Auguste Comte foi o primeiro a utilizar-
se do termo “Sociologia” (antes disso ele usava o termo “Física Social”), porém esta se
consagrou definitivamente como ciência social após a publicação da obra “As regras do método
sociológico”, de Emile Durhkeim, em 1895 e, a sua definição do objeto da Sociologia como
“coisa”. Trata-se do trabalho mais importante de Durkheim, “pois estabeleceu as regras que
devem ser seguidas na análise dos fenômenos” (LAKATOS; MARCONI, 2010; COSTA, 2005, p.
72). Uma vez reconhecida como ciência, a Sociologia não se cristalizou em sua abordagem,
método, técnica ou objeto. Na verdade, “a sociologia guarda a peculiaridade de pensar-se
continuamente, de par-em-par com a reflexão sobre a realidade social” (IANNI, 1989, p. 2). Max
Weber, por exemplo, ao contrário de Durkheim apontou que o objeto de estudo das ciências
Sociais deveria ser a “Ação Social” e não os “Fatos Sociais” de Durkheim. As definições do
objeto da sociologia não pararam por ai. Podemos citar autores contemporâneos, tais como
Giddens que aponta que o objeto da Sociologia é, principalmente, a sociedade moderna
industrial (GIDDENS, 1984, p. 16). Florestan Fernandes, defendeu de forma mais ampla, que a
Sociologia deveria estudar os “Fenômenos Sociais”, cujo conceito estava relacionado “a
atividade (ou comportamento) cuja manifestação, generalidade e repetição dependem, indireta
ou diretamente, de condições externas ou internas dos organismos” (FERNANDES, 1970,
p.19). A Sociologia apresenta-se, desde sua origem, como uma ciência que ao mesmo tempo
que pensa a sociedade, reflete-se sobre a si mesma, desconstruindo-se e reconstruindo-se ao
mesmo tempo. Isso, contrariamente do que possa parecer, torna essa ciência cada vez mais
rica e forte para pensar a realidade social.

• Explique de acordo com o texto “Origens da Sociologia” porque somente no século


XIX a Sociologia emerge como Ciência. Em seguida, aponte através dos Clássicos
alguns dos aportes teóricos para sua reflexão.

Durante o século XIX aconteceram algumas mudanças no meio Econômico; Político e na


ordem culturam. Esse fatores históricos foram: Revolução Industrial; Revolução Francesa e
Iluminimos. Foi após esses acontecimentos que surgi a Sociologia; pois o ser humano teve
entender o que se passava com a sociedade para explicar como as pessoas viviam e,
principalmente, como se posicionar diante do que estava acontecendo.

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