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Curso Preparatório BEM – Banca de Estudos Multidisciplinar

Professora: Bárbara Felix

Estudante:

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL

Texto 1

1º) (UPE – 2017) A adequada interpretação do Texto 2 indica que, nele, faz-se uma
crítica:
a) ao conteúdo dos programas infantis.
b) ao equivocado conceito de cultura.
c) à fraca formação escolar das crianças.
d) à programação televisiva em geral.
e) ao baixo nível de leitura das crianças.

Texto 2 SINTAXE PENOSA

Não, dileto leitor, não incorporei o espírito do professor Pasquale; não é o objetivo
da presente coluna proferir uma invectiva contra os que violentam a sintaxe da língua de
Camões com gerundismos ("vamos estar falando de ciência") ou destroçam a harmonia
das orações subordinadas. Quando digo "sintaxe penosa", entenda-me literalmente:
passarinhos cujo canto tem regras semelhantes à nossa tradicional ordem de sujeito
seguido de verbo e objeto (por exemplo) nas frases.
Se essa possibilidade não faz cair o seu queixo, deveria. Como enfatizei na coluna
passada (eu sei, faz duas semanas já, mas quem sabe você recorda), os cientistas têm
mostrado que é cada vez menor a lista das faculdades mentais exclusivamente humanas.
Uma das poucas que sobraram – ou melhor, sobravam – é a linguagem com sintaxe.
Alguns passarinhos japoneses resolveram melar o nosso triunfo, ao que parece. Os
penosos em questão pertencem à espécie Parus minor, ou chapim-japonês. Assim como
uma grande variedade de outros animais, incluindo outras aves, obviamente, mas
também primatas como nós e outras criaturas, o chapim-japonês produz vocalizações
que podem ser comparadas às nossas palavras.

1
Esses sons foram criativamente apelidados com as letras A, B, C e D. Seu
significado varia um pouco, mas podemos dizer, de modo geral, que combinações das
três primeiras "palavras" (AC ou BC, por exemplo) denotam a presença de diversos
tipos de predadores, enquanto os sons do tipo D (caracterizados por uma sequência de
sete a dez "notas", como as de uma música) servem para recrutar outros passarinhos –
quando um macho chama sua parceira, por exemplo.
O bacana, porém, é que a "palavra" D pode ser combinada às outras, modificando o
sentido delas. AC-D, digamos, pode ser usado quando um chapim vê um falcão e chama
outras aves para avisá-las sobre o caçador e convocá-las para fazer "mobbing" (quando
vários passarinhos se juntam para intimidar uma ave de rapina).
A pergunta é: será que faz diferença a ordem dos fatores? Afinal, em português, "O
cão mordeu o menino" e "O menino mordeu o cão" são frases com sentido
completamente distinto. Foi o que Toshitaka Suzuki, da Universidade Sokendai, no
Japão, resolveu testar usando gravações das "palavras" típicas das aves.
Resultado: quando ouvem as gravações de ABC, os chapins olham assustados para
os lados esperando um predador; se escutam só D, voam na direção do alto-falante,
procurando o colega que teria chamado por eles. ABCD produz, como esperado, um
misto de olhares assustados para os lados e voo rumo ao som. E quando o som é
DABC? Em geral, nada – os bichos ficam confusos. A sintaxe da "frase" não faz sentido
para eles. Ou seja, é a ordem dos termos dos chamados que importa nesse caso, como na
fala humana. Os dados estão em artigo na revista científica "Nature Communications".
Pode ser que você não esteja lá muito embasbacado com as proezas sintáticas do
chapim-japonês. Está no seu direito, obviamente, mas o que descobertas como essa
reiteram, feito a linha de baixo constante e sólida de um bom rock, é o fato inconteste de
que as nossas capacidades mentais aparentemente inigualáveis derivam, na verdade, de
"tijolinhos" cognitivos que já estavam presentes nos lugares mais improváveis da
Árvore da Vida. Nosso edifício comportamental é mais arrojado, faraônico até – mas
ainda tem as marcas de que um dia foi uma choupana.
LOPES, Reinaldo José. Publicado em 27 mar. 2017. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/reinaldojoselopes/2016/03/1754157-sintaxe-penosa.shtml. Acesso
em: 8 jul. 2017. Adaptado.

2º) (UPE – 2017) As palavras costumam se revestir de sentidos diferentes, a depender


dos usos que se fazem delas. No Texto 2, o autor seleciona palavras diferentes para
referirse ao mesmo objeto da pesquisa apresentada. Analise o efeito de sentido proposto
para cada escolha vocabular e identifique as afirmativas que se mostram coerentes com
esse uso.

I. A escolha da palavra “penosos‟ em substituição a, por exemplo, pássaros em: “Os


penosos em questão” (3º parágrafo), indica que o autor pretendeu trazer humor ao texto.
II. Em: “os chapins olham assustados para os lados esperando um predador” (7º
parágrafo), o termo destacado não pode ser empregado para substituir “chapim-japonês”
(3º parágrafo).
III. Em: “os bichos ficaram confusos” (7º parágrafo), a palavra “bichos” está
empregada em sentido amplo, isto é, abrange todos os animais que estão referidos no
texto.
IV. Em: “AC-D (...) pode ser usado quando um chapim vê um falcão e chama outras
aves para avisá-las sobre o caçador” (5º parágrafo), o termo destacado tem sentido
amplo e, com ele, podem-se “cobrir” várias espécies de uma mesma categoria.

2
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I e IV.
d) II, III e IV.
e) III e IV.

3º) (UPE – 2017) Acerca de algumas estratégias empregadas na composição do Texto 2,


analise as afirmativas a seguir.

I. Como primeira “entrada” ao texto, o título antecipa e esclarece o tema para o


leitor; no texto em questão, as conhecidas dificuldades que as pessoas costumam ter
quando se trata de analisar a sintaxe da língua.
II. O autor propõe um título ambíguo com a intenção de brincar com o leitor, ou
seja, deliberadamente, ele constrói um título com mais de uma possibilidade de sentido,
para, ainda no primeiro parágrafo, esclarecer qual o sentido que ele pretendia para o
título. - V
III. Há uma notável preocupação do autor em dialogar com o seu leitor para, assim,
conseguir “fisgar” o seu interesse, a partir de uma perspectiva em que o assunto é
tratado como algo curioso e interessante. - V
IV. Apesar de manter o estilo despretensioso do restante do texto, o parágrafo
conclusivo cumpre a esperada função de retomar o tema e confirmar o seu teor
comprobatório, o que se observa na expressão “fato inconteste”.

Estão corretas:

a) I, II e III, apenas.
b) I, III e IV, apenas. - x
c) II e III, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

4º) (UPE – 2017) Para compreender globalmente o Texto 2, o leitor deve considerar que
o autor tem como propósito principal

a) criar humor, a julgar pela linguagem descontraída como inicia seu texto: “Não,
dileto leitor, não incorporei o espírito do professor Pasquale”.
b) defender a ideia de que a organização sintática da linguagem humana é o que
distingue o homem das outras espécies (2º e 8º parágrafos). - x
c) dialogar prioritariamente com a comunidade científica, o que fica evidente com
o emprego do termo científico “Parus minor” (3º parágrafo). - x
d) instruir o leitor acerca de metodologia científica, apresentando-lhe o passo a
passo do trabalho, sobretudo nos parágrafos 4º, 5º e 7º. - x
e) divulgar trabalho científico a público não especializado, como se observa na
linguagem simples como a pesquisa é exposta nos 4º e 7º parágrafos.

Texto 3 O preconceito linguístico deveria ser crime

(01) Basta ser homem, estar em sociedade e estar rodeado de pessoas falantes que a
língua – esse sistema de comunicação inigualável – emerge. Ela se instaura e toma
3
conta de todos nós, de nossos pensamentos, de nossos desejos e de nossas ações. Falar
faz parte do nosso cotidiano, de nossa vida. A troca por meio das formas linguísticas é a
nossa dádiva maior, nossa característica básica. É por meio de uma língua que o ser
humano se individualiza, em um movimento contínuo de busca de identidade e de
distinção. É isso, enfim, que nos torna humanos e nos diferencia de todos os outros
animais.
(02) Não existe homem sem língua. Mesmo as pessoas com deficiências diversas
adotam um sistema de comunicação. Quem é surdo, por exemplo, usa a língua de sinais.
Sendo assim, não existe razão para que tenhamos preconceito com relação a qualquer
variedade linguística diferente da nossa. Preconceito linguístico é o julgamento
depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, consequentemente, humilhante da fala do outro ou
da própria fala. O problema maior é que as variedades mais sujeitas a esse tipo de
preconceito são, normalmente, as com características associadas a grupos de menos
prestígio na escala social ou a comunidades da área rural ou do interior. Historicamente,
isso ocorre pelo sentimento e pelo comportamento de superioridade dos grupos vistos
como mais privilegiados, econômica e socialmente.
(03) Então, há críticas negativas em relação, por exemplo, à falta de concordância
verbal ou nominal (“As coisa tá muito cara”); ao "r" no lugar do "l" (“Eu torço pelo
Framengo”); à presença do gerúndio no lugar do infinitivo (“Eu vô tá verificano”); ao
"r" chamado de caipira, característico da fala de amplas áreas mineiras, paulistas,
goianas, matogrossenses e paranaenses – em franca expansão, embora sua extinção
tenha sido prevista por linguistas. Depreciando-se a língua, deprecia-se o indivíduo, sua
identidade, sua forma de ver o mundo.
(04) O preconceito linguístico – o mais sutil de todos os preconceitos – atinge um dos
mais nobres legados do homem, que é o domínio de uma língua. Exercer isso é retirar o
direito de fala de milhares de pessoas que se exprimem em formas sem prestígio social.
Não quero dizer com isso que não temos o direito de gostar mais, ou menos, do falar de
uma região ou de outra, do falar de um grupo social ou de outro. O que afirmo e até
enfatizo é que ninguém tem o direito de humilhar o outro pela forma de falar. Ninguém
tem o direito de exercer assédio linguístico. Ninguém tem o direito de causar
constrangimento ao seu semelhante pela forma de falar.
(05) A Constituição brasileira estabelece que “ninguém será submetido a tortura nem
a tratamento desumano ou degradante”. Sendo assim, interpreto eu que qualquer pessoa
que for vítima de preconceito linguístico pode buscar a lei maior da nação para se
defender. Até porque, sob essa ótica, o preconceito linguístico se configura como um
tratamento desumano e degradante – uma tortura moral. Se necessário for, poderíamos
até propor uma lei específica contra esse tipo de preconceito, apenas para ficar mais
claro que qualquer pessoa tem o direito de buscar a justiça quando for vítima de
qualquer iniciativa contra o seu modo de se expressar.
(06) Sei que muitos devem achar que isso é bobagem, que todos devem deixar de
falar errado. Mas todo mundo tem direito de se expressar, sem constrangimento, na
forma em que é senhor, em que tem fluência, em que é capaz de expressar seus
sentimentos, de persuadir, de manifestar seus conhecimentos. Enfim, de falar a sua
língua ou a sua variante dela.
Marta Scherre. Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI110515-17774,00-
O+PRECONCEITO+LINGUISTICO+DEVERIA+SER+CRIME.html. Acesso em: 17/07/17. Adaptado.

5º) (UPE – 2017) 'Coesão' e 'coerência' são propriedades que devem estar presentes em
todos os textos, e são conferidas por diversos recursos.

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No que se refere ao Texto 3, analise as afirmações a seguir, acerca de alguns desses
recursos.

I. Ao ler o trecho: “Falar faz parte do nosso cotidiano, de nossa vida.” (1º
parágrafo), o leitor deve compreender que os termos destacados fazem uma referência
genérica, ou seja, se referem a todos os seres humanos, aí incluída a autora. - V
II. No trecho: “É isso, enfim, que nos torna humanos e nos diferencia de todos os
outros animais.” (1º parágrafo), o termo representa sinteticamente as ideias anteriores de
que a atividade linguística é a responsável por nossa identidade e individualidade. - V
III. No trecho: “Mesmo as pessoas com deficiências diversas adotam um sistema de
comunicação. Quem é surdo, por exemplo, usa a língua de sinais.” (2º parágrafo),
observamos que o termo destacado representa uma especificação em relação à
expressão “pessoas com deficiências”. - V
IV. O trecho conclusivo: “Enfim, de falar a sua língua ou a sua variante dela.” (6º
parágrafo), deve ser compreendido como: 'Enfim, todo mundo tem direito de falar a sua
língua ou a sua variante dela.'. - V

Estão CORRETAS:

a) I, II e III, apenas.
b) I, II e IV, apenas.
c) I, III e IV, apenas.
d) II, III e IV, apenas. - x
e) I, II, III e IV.

6º) (UPE – 2017) Palavras e expressões são cuidadosamente empregadas no Texto 3.


No que se refere ao significado de algumas delas, assinale a alternativa CORRETA.

a) O sentido do trecho: “esse sistema de comunicação inigualável – emerge” (1º


parágrafo) mantém-se inalterado se o termo destacado for substituído por
“dissemina-se”. - x
b) A afirmação de que “Ela se instaura e toma conta de todos nós” (1º parágrafo)
corresponde à afirmação de que “Ela se recupera e cuida de todos nós”. - x
c) No trecho: “Preconceito linguístico é o julgamento depreciativo [...]” (2º
parágrafo), o termo destacado significa o mesmo que “aleatório”. - x
d) O sentido do trecho: “milhares de pessoas que se exprimem em formas sem
prestígio social” (4º parágrafo) é equivalente ao sentido de: milhares de pessoas
que se exprimem em formas socialmente vulneráveis‟.
e) No trecho: “Até porque, sob essa ótica, o preconceito linguístico se
configura como um tratamento desumano e degradante.” (5º parágrafo), a
expressão destacada equivale semanticamente a “desse ponto de vista”.

7º) (UPE – 2017) Considerando as sequências linguísticas que organizam o Texto 3, é


CORRETO afirmar que, visto globalmente, ele é

a) caracteristicamente do tipo dissertativo-argumentativo, em que se evidencia


um claro posicionamento crítico de sua autora.
b) evidentemente do tipo narrativo, com destaque para a voz da narradora que,
habilmente, envolve o leitor em sua teia narrativa. - x
5
c) privilegiadamente do tipo descritivo, com sequências descritivas bem
construídas, que, além de darem cor ao texto, provocam emoção no leitor. - x
d) claramente um texto misto, sendo cada parágrafo de um tipo diferente do
anterior, e todos os tipos, juntos, cooperam para os propósitos comunicativos do
texto. - x
e) obviamente um texto expositivo, em que se sobressaem o detalhamento das
ideias expostas e o caráter de novidade que nelas se apresenta. - x

8º) (UPE – 2017) Com certeza, um texto não é apenas a junção de palavras. Mas a
escolha das palavras é essencial para que o autor consiga expressar os sentidos
pretendidos por ele.

Sobre a seleção das palavras e os efeitos de sentido alcançados por ela no Texto 3,
analise as proposições a seguir.

I. O leitor deve compreender que o sentido da palavra “homem”, na abertura dos


parágrafos 1º e 2º (“Basta ser homem”; “Não existe homem sem língua.”), é o de “ser
humano”, sem referência específica a qualquer um dos sexos.
II. Ao optar pelo adjetivo “franca”, na afirmação de que o "r" caipira está “em
franca expansão” (3º parágrafo), a autora pretendeu afirmar que a expansão dessa
pronúncia está em curso e pode verificar-se sem qualquer dúvida. - F
III. Na afirmação de que “ninguém tem o direito de causar constrangimento ao seu
semelhante pela forma de falar” (4º parágrafo), a palavra “semelhante‟ adquire sentido
particular de “conterrâneo‟, ou seja, pessoa nascida no mesmo espaço geográfico de
outra.
IV. O leitor deve entender a expressão destacada em: “todo mundo tem direito de se
expressar, sem constrangimento, na forma em que é senhor” (6º parágrafo) como “na
forma em que domina”. - V

Estão CORRETAS:

a) I e III, apenas. - X
b) I, II e IV, apenas. - X
c) I, III e IV, apenas.
d) II, III e IV, apenas. - X
e) I, II, III e IV. - X

9º) (UPE – 2017) Os modos de organização das ideias de um texto são fundamentais
para que seu autor alcance os propósitos comunicativos pretendidos.

Acerca da organização do Texto 3, analise as proposições abaixo.

I. Já no primeiro parágrafo, a autora especifica para o leitor o foco sob o qual vai
abordar o tema geral selecionado. - F
II. No segundo parágrafo, o leitor encontra uma definição, o que o ajuda a
compreender a argumentação desenvolvida pela autora. - V
III. No terceiro parágrafo, a autora opta por listar alguns exemplos, que embasam as
ideias defendidas até então, no texto. - V

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IV. No parágrafo conclusivo, especialmente no trecho: “Sei que muitos devem achar
que isso é bobagem [...]”, a autora dialoga diretamente com seu leitor, o que gera
envolvimento entre autor e leitor(es). - V

Estão CORRETAS, apenas:

a) I e III.
b) I, II e III.
c) I e IV.
d) II e III.
e) II, III e IV.

10º) (UPE – 2017) Como outros textos que circulam em nossa sociedade, também o
Texto 3 foi elaborado para cumprir algum(ns) propósito(s) comunicativo(s).
Sobre esse texto, é CORRETO afirmar que seu principal propósito é o de

a) denunciar diversos casos em que pessoas que praticaram o crime de preconceito


linguístico ficaram impunes.
b) divulgar os resultados de pesquisa científica na área da linguagem, com foco no
nosso sistema de comunicação.
c) apresentar argumentos e explicações para defender certa posição, que já aparece
explicitada no título.
d) convencer o leitor a aderir à luta contra a falta de concordância verbal ou
nominal, que prejudica a nossa língua.
e) criticar a Constituição brasileira, por omitir-se no que se refere ao crime de
preconceito linguístico.

Texto 4

Acerca dos sentidos veiculados no Texto 2, analise as afirmativas a seguir.

I. O propósito da tira é dissociar a Ritalina do conceito de medicamento e, ao


mesmo tempo, associá-la ao conceito de droga de uso ilegal.
II. A tirinha emprega o recurso da ironia para fazer uma crítica restrita aos jovens e
aos seus maus hábitos.
III. O alvo da crítica é a sociedade atual que, na tira, está representada pela figura
paterna. IV. O humor ácido da tira é obtido, sobretudo, pela quebra da expectativa
acerca do papel e do comportamento dos personagens.

11º) (UPE – 2017) Estão CORRETAS, apenas:


a) I e II.

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b) I e IV.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.

Texto 5 A possibilidade da invenção de doenças mentais


Por Camila
Appel

“Infelizmente propaga-se por aí uma falácia”. Esse foi o início de um e-mail


recebido de uma leitora indignada com o post “Mitos sobre o Suicídio”, criticando o
artigo por “simplesmente reproduzir dados transmitidos por uma indústria farmacêutica
apenas interessada em vender mais remédios”, como ela colocou.
Essa linha de raciocínio parte do pressuposto de que doenças podem ser
“inventadas” e que os manuais de categorização de doenças mentais, como o DSM
(Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e o CID (Classificação
Internacional de Doenças, uma publicação da própria OMS – Organização Mundial da
Saúde) são definidos por psicólogos e psiquiatras ligados financeiramente a empresas
farmacêuticas (que financiam suas pesquisas, por exemplo).
Para o psicanalista Eduardo Rozenthal, isso é possível, sim, porque vivemos numa
sociedade contemporânea monista, baseada em apenas um valor, que é o valor
capitalista de mercado. Ela substitui a sociedade moderna, que era dualista, oscilando
entre o bem e o mal. “Todas as práticas humanas se mobilizam em direção ao maior
valor da cultura, que é o valor de mercado. Isso é automático. Não se trata de nenhuma
“teoria da conspiração”. Somos seres moldados pela cultura em que vivemos”,
Rozenthal diz.
Para o psicólogo Thiago Sarkis, psicanalista de Belo Horizonte, “doenças
inventadas” podem ocorrer como fruto de erros e não de más intenções. Ele também diz
ser perigoso falarmos de maneira tão categórica sobre a relação entre estudos
psiquiátricos de transtornos mentais e o objetivo de se ofertar algo para aquecer o
mercado farmacêutico. Haveria equívocos em estudos e classificações, assim como a
hipermedicalização da vida, mas isso diria muito mais sobre quem recebe os resultados
dos estudos e medica seus pacientes a partir deles, do que sobre quem os produziu.
Sarkis diz estar certo de que boa parte dos estudiosos sobre os transtornos mentais
estão efetivamente acreditando – talvez mais piamente do que devessem – naquilo que
estão fazendo, dedicando-se e confiando em suas descobertas. “O que guia a ciência,
hoje e sempre, é a dúvida, o questionamento. Quando a ciência vira ou é vista pelas
pessoas como uma indústria de produção de verdades, um guia absoluto, temos um
problema.”. O psiquiatra norte-americano Leon Eisenberg (1922-2009) é
considerado o pai do Transtorno do Deficit de Atenção com ou sem Hiperatividade –
TDAH. Segundo reportagem do “The New York Times”, “nos seus últimos anos de
vida, ele teria ficado alarmado com as tendências no campo que ajudou a criar,
criticando o que ele viu como uma “confortável” relação entre o mercado de remédios e
os médicos e a crescente popularidade do diagnóstico do deficit de atenção”. O
semanário alemão “Der Spiegel” trouxe uma reportagem de capa, em 2012, com uma
declaração bombástica de que Eisenberg teria dito que o TDAH é uma doença
inventada. (...)
Entre outras informações importantes da matéria, tem o fato de Eisernberg
mencionar que o componente genético da doença foi superestimado e afirmar que
“psiquiatras infantis deveriam investigar as motivações psicossociais que possam causar
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os sintomas da doença, como verificar se existem problemas de relacionamento na
família, se os pais vivem juntos ou se estão brigando muito, por exemplo. São questões
importantes, mas demandam muito tempo para serem respondidas. Sendo assim, é mais
fácil simplesmente medicar”. (...)
Rozenthal diz receber muitos pais em consultório imaginando que seu filho tem a
doença e muitas vezes já fazendo uso de medicação como a Ritalina. Ele não se coloca
contra remédios, mas, sim, contra a medicalização hegemônica da sociedade, ou seja, o
excesso de medicação que hoje se prescreve: “você dá a medicação e não trabalha com
a subjetividade. É mais rápido e mais fácil, mas a longo prazo não serve. Se tirar a
medicação volta tudo”. (...)
Disponível em: http://mortesemtabu.blogfolha.uol.com.br/2015/02/26/a-possibilidade-da-invencao-
dedoencas-mentais/ Acesso em: 04 ago. 2017. Adaptado.

12º) (UPE – 2017) Um exemplo de palavra empregada no sentido conotativo é o termo


sublinhado em:

a) “Infelizmente propaga-se por aí uma falácia.” (1º parágrafo)


b) “Somos seres moldados pela cultura em que vivemos”. (3º parágrafo)
c) “(...) ofertar algo para aquecer o mercado farmacêutico.” (4º parágrafo)
d) “O semanário “Der Spiegel” trouxe uma reportagem (...).” (6º parágrafo)
e) “Ele não se coloca contra remédios, mas, sim, contra a medicalização
hegemônica da sociedade (...).” (8º parágrafo)

13º) (UPE – 2017) Acerca do significado de algumas palavras ou expressões do Texto


5, e considerando o contexto em que são empregadas, assinale a alternativa que “traduz”
CORRETAMENTE o trecho em questão.

a) Com a afirmação: “Infelizmente propaga-se por aí uma falácia.” (1º parágrafo), a


leitora quis dizer que “lamentava o costume de as pessoas falarem muito acerca
do que não sabem”.
b) Com o emprego da expressão “sociedade contemporânea monista” (3º
parágrafo), o entrevistado deseja destacar que a “sociedade atual valoriza as
questões monetárias”.
c) Quando o entrevistado afirma que “é perigoso falar de maneira tão categórica”
(4º parágrafo), ele quer dizer que é “arriscado falar de maneira muito
contundente”.
d) Afirmar que “o componente genético da doença foi superestimado” (7º
parágrafo) é o mesmo que dizer que “o componente genético da doença foi bem
desenvolvido”.
e) Ao afirmar que “não se coloca contra remédios, mas, sim, contra a
medicalização hegemônica da sociedade” (8º parágrafo), o entrevistado pretende
frisar que “discorda do emprego restritivo de medicamentos pelas pessoas em
geral”.

14º) (UPE – 2017) Releia: “Para o psicanalista Eduardo Rozenthal, isso é possível, sim,
porque vivemos numa sociedade contemporânea monista, baseada em apenas um valor,
que é o valor capitalista de mercado. Ela substitui a sociedade moderna, que era
dualista, oscilando entre o bem e o mal.”. (3º parágrafo)

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Para dar maior sustentação a seu ponto de vista, o entrevistado Eduardo Rozenthal
constrói a sua argumentação com base, principalmente:
a) na especificação da atividade profissional de Eduardo Rozenthal, que é
psicanalista.
b) em uma tomada de posição explicitada logo no início do discurso: “isso é
possível
(...).”.
c) no sentido de afirmação, ratificação, presente no advérbio “sim”, colocado de
forma destacada no trecho.
d) no emprego de várias estruturas explicativas, como em: “(...) que é o valor
capitalista de mercado.”.
e) no contraste estabelecido entre uma sociedade contemporânea monista e uma
sociedade moderna dualista.

15º) (UPE – 2017) Com base na leitura do Texto 5, é CORRETO afirmar que o seu
tema global se desenvolve em torno da relação entre:

a) a propagação de relatos fantasiosos sobre suicídio e o aumento dos índices da


prática desse ato extremo.
b) a publicação de manuais de categorização de doenças mentais e o pressuposto de
que doenças mentais podem ser inventadas.
c) a existência de uma sociedade moderna que oscilava entre o bem o mal e o
estabelecimento de uma sociedade contemporânea capitalista.
d) a viabilidade da manipulação de pesquisas científicas e o incremento dos lucros
da indústria farmacêutica.
e) o componente genético do Transtorno do Deficit de Atenção com ou sem
Hiperatividade e as motivações psicossociais que causam os seus sintomas.

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