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Segundo Bauman, a partir das últimas décadas de

século XX, sobretudo após a queda do Muro de


Berlim, em 1989, essa modernidade sólida estaria em
desintegração e seria gradualmente substituída
por uma modernidade liquida. Dessa forma, a antiga
Sociologia / Questões Contemporâneas confiança sólida em um futuro perfeitamente
arquitetado pela razão foi substituída pela incerteza, o
futuro tornou-se, assim, nebuloso e indefinido para os
Humanidade Líquida homens.
Diferentemente da sociedade moderna anterior, a que eu
chamo de modernidade sólida, que também estava sempre
a desmontar a realidade herdada, a de agora não o faz com
uma perspectiva de longa duração, com a intenção de
torná-la melhor e novamente sólida. Tudo está agora
sempre a ser permanentemente desmontado, mas sem
perspectiva de nenhuma permanência. Tudo é temporário.
É por isso que sugeri a metáfora da "liquidez" para
caracterizar o estado da sociedade moderna, que, como os
líquidos, se caracterizam por uma incapacidade de manter
a forma. Nossas instituições, quadros de referência, estilos
de vida, crenças e convicções mudam antes que tenham
Introdução tempo de se solidificar em costumes, hábitos e verdades
"auto-evidentes". É verdade que a vida moderna foi desde
Nas últimas décadas, o sociólogo polonês
o início "desenraizadora" e "derretia os sólidos e profanava
Zygmunt Bauman utilizou o conceito de os sagrados", como os jovens Marx e Engels notaram.
modernidade líquida para explicar como se Mas, enquanto no passado isso se fazia para ser novamente
processam as relações sociais na atualidade. Seja pela "reenraizado", agora as coisas todas - empregos,
clareza de suas ideias ou pela força de seus relacionamentos, know-hows etc.- tendem a permanecer
argumentos, sua obra o fez um dos sociólogos mais em fluxo, voláteis, desreguladas, flexíveis. A nossa é uma
conhecidos da atualidade. Muitos teóricos, entretanto, era, portanto, que se caracteriza não tanto por quebrar as
discordam da análise de Bauman, como é natural nas rotinas e subverter as tradições, mas por evitar que padrões
ciências, nas quais o debate e a discussão são de conduta se congelem em rotinas e tradições.
fundamentais. PALLARES-BURKE, Maria Lucia Garcia. Entrevista
Neste capítulo, portanto, iremos entender, com Z. Bauman – Tempo Social . São Paulo.
primeiro, o conceito de modernidade líquida para, em A modernidade líquida é caracterizada pelo
seguida, trabalharmos como essas ideias podem ser enfraquecimento das utopias, ou melhor dizendo,
aplicadas na análise do mundo contemporâneo. Por pela predominância das distopias ou das "utopias
fim, mostraremos algumas discordâncias e debates negativas" - sabe-se apontar problemas e dificuldades
em relação ao pensamento de Bauman. no mundo, mas poucos sabem oferecer alternativas
consistentes a esses problemas e dificuldades.
O que é a Modernidade Líquida? Incertos quanto ao futuro das sociedades, os homens
Para Bauman, a modernidade teria dado seus pós-modernos têm fixado suas esperanças e
primeiro passos na passagem da chamada Idade expectativas no presente, no instante e no indivíduo.
Média para a Idade Moderna quando as grandes Por todos os lados, os anúncios publicitários e
navegações, o Renascimento, a Reforma Protestante revistas conclamam as pessoas a "aproveitar o agora"
e o surgimento do Estado Moderno, no Ocidente, e a 'pensar em si mesmo. O ser humano pós-moderno
abriram novos horizontes e possibilidades para o ser substitui os projetos para o futuro pelo prazer
humano. Nos séculos XIX e XX, com a consolidação instantâneo, a produção pela especulação, o conteúdo
do capitalismo, a modernidade teria chegado ao seu pela performance, a experiência pela flexibilidade e
apogeu. Os homens modernos voltaram-se contra as os sonhos pelas ambições. A solidez das convicções
tradições e, na arte, na ciência, na política e no foi substituída, portanto, pela liquidez do instante.
cotidiano, buscaram transformar o mundo a partir de Assim, o sistema capitalista aparece para esses
sua racionalidade. homens pós-modernos como a única realidade
Tal desejo de transformação, renovação e possível, posto que eles duvidam que o ser humano
destruição das tradições pode ser sintetizado na possa criar uma realidade diferente.
expressão "tudo que é sólido se desmancha no ar",
retirada do Manifesto Comunista (1848), de Marx e Os traços de uma sociedade imersa na
Engels. Os homens que ambicionavam a modernidade líquida.
transformação do mundo, e carregavam uma sólida Vamos pensar, então, como a modernidade líquida
crença na razão. se expressa no cotidiano. Bauman afirma, por
exemplo, que há uma liquidez do trabalho. Se, na
modernidade sólida, um homem começasse a carreira É assim que, na modernidade líquida, a mais
como um operário em uma montadora de automóveis instantânea de todas as atividades é valorizada: a
estaria certo que, provavelmente, terminaria sua atividade individual do consumo. Se a família, o
carreira no mesmo lugar. Hoje, um funcionário de amor ou a tradição não são mais constitutivos da
uma grande empresa de produtos eletrônicos e identidade dos homens, há um apego excessivo à
softwares pouco sabe sobre seu trabalho no futuro. compra: um carro, uma roupa ou uma casa parecem
Assim como os produtos se renovam diariamente, os definir mais uma pessoa do que a família ou um
trabalhadores do século XXI também se encontram passado em comum.
em constante liquidez, ou seja, em uma permanente O presente capitalista, dessa maneira, domina
incerteza e medo de serem descartados em seu todas as formas de relações humanas, que parecem
trabalho, pois a mobilidade e a flexibilidade das ser facilmente mercantilizáveis: o corpo, as amizades,
empresas é tamanha que, a qualquer momento, cortes a saúde, a educação; parece não existir nenhum
inesperados e mudanças de planos podem acontecer, campo nas atividades humanas que não seja passível
de acordo com a exigência e o panorama do mercado. de tornar-se mercadoria a ser consumida. Até mesmo
Na atualidade, empresários movem seu capital movimentos que antes contestavam essa estrutura
de um ramo para outro com grande facilidade: temos foram por ela apropriados, como o estilo hippie, que,
também trabalhos precários, com baixa remuneração surgido na década de 1960, repudiada os padrões
que se difundem como nunca. Nesse contexto, o dessa sociedade de consumo e hoje é visto como
sociólogo Daniel Bell chegou a dizer que viveríamos tendência de moda de grandes marcas.
uma sociedade “pós-industrial”. O lazer, da mesma maneira, também está
No entanto, não é apenas no trabalho que os laços associado ao consumo, visto que, atualmente, os
sociais se enfraquecem, ou seja, que aparecem em shoppings, que Bauman chama de "templos do
sua forma líquida. Tal fato também ocorreria nas consumo", são as principais formas de lazer nas
famílias, que tendem a serem unidades de pouca grandes cidades, oferecendo uma variedade de
solidez. Os pais, cada vez mais ocupados, atração, além das compras, o que potencializa a essa
"terceirizam" a educação dos filhos para a escola, atividade.
para a internet ou para um canal de televisão. Dentro
dos lares, as televisões, os laptops e os telefones Debates sobre a pós-modernidade
celulares acabam ocupando o lugar do diálogo entre Dentro das ciências humanas, são muitos os
os familiares, criando, assim, uma relação de debates acerca desse tema. Alguns afirmam, por
proximidade sem intimidade. exemplo, que esse conceito é válido apenas para as
O mesmo pode-se dizer dos laços de amizade. E grandes cidades e o mundo capitalista desenvolvido,
possível ter centenas de amigos nas redes sociais, estando excluídos os habitantes do meio rural e dos
tocar e-mails e mensagens a todo momento por meio países capitalistas empobrecidos.
dos celulares, mas quantos desses laços são de fato Em contrapartida, outros teóricos ressaltam que a
sólidos, profundos? As amizades hoje seriam tão pós-modernidade é uma falsa representação da
descartáveis e substituíveis quanto as baterias dos realidade, visto que as estruturas fundamentais da
celulares? modernidade capitalista - tal como a separação entre
Nos laços amorosos, observa-se a mesma capital e trabalho, bem como a produção orientada
tendência: relacionamentos inconstantes e para o mercado - ainda persistem, e o que ocorreria
momentâneos caracterizam nossa época. Dessa seria muito mais uma intensificação da modernidade
forma, é possível observar o conceito de "ficar" capitalista.
como expressão da liquidez do amor. Para tais teóricos, a ideia de que vivemos uma "crise
Além disso, a sociedade líquida, pouco apegada das utopias e dos projetos para o futuro" serve,
aos seus antecedentes, é obcecada pela novidade: a exatamente para justificar e legitimar as
nova notícia, a nova promoção, o novo carro, a nova desigualdades que ainda permanecem no meio social.
rede social. Os laços que uniam os homens ao Assim, para os teóricos que refutam a ideia da
passado são cortados, e vive-se uma espécie de eterno pós-modernidade, o que estaríamos vivendo seria o
presente. O antigo é associado ao velho e momento em que o capitalismo, pela primeira vez na
ultrapassado, e não ao tradicional. Como afirma história, se estende por praticamente todo o globo
Gilles Lipovetsky, também estudioso da pós- terrestre, e aqueles que defendem o conceito da pós-
modernidade, em tempos como esses "é preciso ser modernidade estariam, na verdade, buscando
mais moderno que o moderno, mais jovem que o legitimar tal realidade.
jovem, mais na moda do que a própria moda". Nessa linha, cabe destacar os livros: Pós-
modernismo: lógica cultural do capitalismo tardio, de
E assim é numa sociedade consumista como a nossa que Fredric Jameson e Tudo que é sólido se desmancha
favorece o produto pronto para uso imediato, o prazer no ar, de Marshal Berman. Não cabe aqui julgarmos
passageiro, a satisfação instantânea. (Bauman, Z. Amor qual a visão mais correta acerca da atualidade, apenas
líquido. RJ. Zahar, 2004.p.11) deixar o debate aberto e as leituras sugeridas.
Durante os diálogos presentes no livro,
Aristófanes - uma das personalidades de Platão - diz
Pensando o Amor que Eros (O amor) é, de todos os deuses, o mais
filantropo dos humanos e médico de males. Segundo
Aristófanes, no início dos tempos, havia três tipos de
seres humanos: os homens (filhos do Sol), as
mulheres (filhas da Terra) e um terceiro gênero
composto da união dos outros dois (filhos da Lua).
Cada ser humano tinha a forma de uma esfera, com
as costas e as costelas em arco, quatro mãos, outras
tantas pernas e duas faces, absolutamente idênticas,
ligadas a um pescoço arredondado. Para essas duas
faces opostas, um único crânio, mas quatro orelhas,
as partes genitais duplicadas e também todo o resto
que se pode imaginar, sobre o mesmo modelo.
Uma definição etimológica Como esses primeiros seres eram fortes e
Para buscarmos o significado da palavra amor, vigorosos, acabaram subindo aos céus para atacar os
podemos recorrer à etimologia. Utilizamos e deuses, que, com Zeus, deliberaram o seguinte
desgastamos, diariamente, as palavras, de forma que castigo: cortar todos esses seres em duas partes. Uma
seu significado original, muitas vezes, se perde de vez realizada essa divisão da natureza primitiva, eis
nossa vista. Nesse sentido, a etimologia é um meio que cada metade, desejando a outra, a procurava.
importante de recuperar o sentido de uma palavra e Assim, os pares buscavam agarrar-se, no intuito de se
retraçar o seu caminho ao longo dos tempos. reunirem e, quando não o conseguiam, morriam de
Assim, de acordo com os pensadores brasileiros fome e de preguiça. Se uma meta perecia, a segunda,
Marcos Ferreira Santos e Rogério Almeida, pode-se abandonada, procurava outra a quem se agarrar.
dizer que: A palavra "amor", em latim, do negativo 'a' Dessa forma, a ideia expressa por Aristófanes é
e do substantivo 'more (morte). Portanto, o amor em que o amor significa uma busca pela plenitude e
seu sentido etimológico é o apelo à vida (Eros) união, visando reconstituir a totalidade originária.
contra a morte (Thanatos), a não morte, a não Nessa visão, quando dois se tornam um a natureza
paralisia, o não conformismo, a não adaptação. O humana é curada.
amor é o sentimento provocativo que nos vivifica w No texto de Platão, após Aristófanes e outros
nos reanima, nos preenche de ânimo, de alma, de terminarem suas falas, é a vez de Sócrates. Este
sensibilidade. apresenta outra ideia acerca do amor: só se ama
Com base nessa ampla definição, depreende-se aquilo que lhe falta, que não se possui. Assim, o
que o amor se liga à própria vida, e pode ser pensado objeto de amor, sempre ausente, é constantemente
de várias formas. Pode-se, por exemplo, educar com solicitado. Mesmo o amor por aquilo que é
amor, quando se compreende a educação como supostamente seu, na verdade, é o amor que deseja a
caminhar ao lado dos educandos para que eles façam permanência do objeto amado no futuro.
as próprias escolhas com autonomia, construam e Pata Platão, o amor é sempre desejo daquilo que
realizem em si mesmos sua própria humanidade. se carece. Todos os sujeitos, assim, carecem de coisas
Também é possível, trabalhar com amor, se aquilo belas e boas. Todavia, se esse sujeito necessita de
que busca não é unicamente o dinheiro ou o status, coisas belas e boas, ele não pode ser por si mesmo,
mas uma simultânea realização pessoal e social. totalmente belo e bom, pois ao contrário, não haveria
Enfim, essa definição de amor, por sua amplitude e a necessidade de se desejar essas coisas. Pelo mesmo
profundidade, nos leva a inúmeras reflexões. motivo, esse indivíduo também não pode ser
Não é coincidência que, nos últimos anos, a totalmente feio nem totalmente mau, pois, se fosse
cidade de São Paulo, que convive com problemas totalmente feio e mau, não desejaria coisas belas e
graves, tal como a pobreza, a desigualdade, a boas. Quem seria esse ser, afinal? Trata-se, portanto,
poluição e a de pressão generalizada, tenha de um sujeito intermediário, que fica entre a beleza e
conhecido um surto desenhos em seus muros com a a feiura, o bem e o mal, a ignorância e a sapiência,
frase "Mais amor por favor", movimento criado pelo mas que sempre busca adquirir o bem, a beleza e o
artista Ygor Marott em 2009. conhecimento. Esse ser é justamente o filósofo.
Portanto, esse amor que constitui a própria natureza
Amor em Platão: O Banquete do filósofo (e, em última análise, a própria natureza
O banquete é um diálogo escrito pelo filósofo do ser humano) é a tendência ao bem, uma tendência
grego Platão (427-347 ac). No livro, estão contidas de possuir o bem para sempre.
uma série de reflexões acerca do amor, representado Dessa forma, o amor aparece como uma espécie
pelo deus Eros, e algumas passagens nos mostram de inquietação, de procura. O amor (philia) pelo
concepções elucidativas sobre o assunto. saber (sophia), isto é, a filosofia, implica exatamente
nisso: é o amor pela busca da verdade, ainda que, Em textos como "Três ensaios sobre a teoria da
quando acreditamos tê-la alcançado, nos damos conta sexualidade" ou "Sobre a introdução do conceito de
de que apenas encontramos uma parte dessa verdade, narcisismo”, ele chama a atenção para aquelas
e que ainda é preciso percorrer um longo caminho, pessoas que, em vez de amarem os outros por si
talvez infinito. próprios (como dizia Aristóteles acerca do amor
perfeito), amam os outros por serem iguais a eles
Amor em Aristóteles: Ética a Nicômaco próprios, por serem iguais ao que eles próprios foram
O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) nos ou por serem iguais ao que eles gostariam de ser.
traz outra visão de amor. No livro Etica a Nicômaco, Assim, tanto a reflexão aristotélica como a
ele mostra o amor ou a amizade (philia) como uma platônica abrem caminho para pensarmos o amor sob
virtude essencial para a felicidade (eudaimonia). diferentes e importantes perspectivas.
Toda a amizade tem em vista o bem ou o prazer.
Para o filósofo, há três tipos de amizade; todas são Amor cristão
sinceras e estimáveis, mas apenas uma é perfeita. Há, Viu -se, sinteticamente, alguns traços do amor em
em primeiro lugar, aqueles que se amam pela Platão (eros) e em Aristóteles (philia). Em palestra
utilidade. Nesse caso, eles não se amam por si disponível on-line, o professor da USP, Clóvis de
mesmos, mas pelo bem que recebem um do outro. Barros Filho, distingue o amor platônico e
Em segundo lugar, há aqueles que se amam pelo aristotélico do amor bíblico expresso pelas palavras
prazer, sobre os quais se pode dizer a mesma coisa. de Jesus de Nazaré (ágape).
Por exemplo, aquele que ama outro por ele ser Para Clóvis, o amor de Jesus, segundo a tradição
alguém, nas palavras de Aristóteles, espirituoso, não bíblica, teria sua expressão máxima no sacrifício
o ama por quem é, mas pelo agrado que lhe causa. próprio do filho do criador na cruz, em prol da
Portanto, os que amam por prazer ou utilidade, amam redenção da humanidade. Seria, portanto, um tipo de
o outro pelo que é bom para si próprio. amor que leva ao sacrifício de si próprio para ver
Esses dois tipos de amor, para Aristóteles, são florescer o outro amado, sem esperar nenhum
apenas acidentais: como o que se ama não é o outro, retorno. Não seria um encontro com alguém que lhe
mas o bem ou prazer que ele lhe causa, facilmente complete, tampouco uma admiração, mas uma
essa amizade cessa, uma vez que desaparece o seu experiência intensa de autoanulação pelo outro.
motivo. Independentemente da religiosidade de cada um, é
Visto isso, qual seria, então, a amizade perfeita? interessante notar vários momentos no dia a dia em
Vejamos como Aristóteles a descreve: que essa forma de amor aparece. Quando uma mãe se
A amizade perfeita é a dos homens que são bons e afins sacrifica, incondicionalmente, pelo bem de seu filho,
na virtude, pois esses desejam igualmente bem um ao ou quando um professor se dedica
outro enquanto bons, e são bons em si mesmos. Ora, os intensamente, pelo crescimento de seus alunos,
que desejam bem aos seus amigos, porque o fazem em ambos sem esperar nada em troca, certamente é um
razão da sua própria natureza e não acidentalmente. Por de amor dessa natureza que está presente
isso sua amizade dura enquanto são bons - e a bondade é
várias passagens sobre o amor que influenciaram
uma coisa muito durável. E cada um é Bom em si mesmo
e para o seu amigo, pois os bons são bons em absoluto e fortemente a cultura ocidental, por exemplo: "O amor
úteis um ao outro. (Aristóteles: Ética a Nicômaco). é sofredor, é benigno, o amor não é invejoso, o amor
Desse modo, a amizade perfeita é aquela que tem não se vangloria, não se ensoberbece". I Co. 13.4
um fim em si mesma. Nela o sujeito não ama o amigo (Bíblia).
por algo que este lhe oferece, mas sim porque tem em
si mesmo, (isto é, em sua natureza) essa potência e Amor e propriedade: uma visão marxista do
ato de amar. Portanto, a amizade daqueles que são casamento.
afins na virtude é mais elevada, pois não depende das Vejamos agora uma visão absolutamente distinta a
circunstâncias. Por outro lado, para o filósofo grego, respeito do assunto. De um ponto de vista histórico-
se a amizade existe apenas por utilidade ou prazer, filosófico, em “A origem da família, da propriedade
ela é imperfeita, e cessa quando acaba o proveito em privada e do Estado”, de 1884, o filósofo Friedrich
alguma das partes. Engels (1820-1895) oferece uma interessante
Aristóteles, assim, nos chama a atenção para os explicação sobre o casamento: para ele, o casamento
tipos de relação que, muitas vezes, temos. Nessas e a monogamia surgem junto à propriedade privada.
relações, (seja por utilidade ou prazer) o que Em sua época, sua explicação era uma alternativa às
buscamos, no fundo, não é o outro, mas o que ele visões religiosas sobre o assunto.
pode nos proporcionar. Engels constrói sua argumentação do seguinte
Tal reflexão é fundamental na história da filosofia. modo: a família monogâmica e patriarcal não seria
Como observação, por exemplo, pode-se lembrar uma organização social imutável, natural e sagrada,
que, no século XIX, Sigmund Freud (1856-1939), um mas sim uma instituição com uma história. Dessa
dos fundadores da psicanálise, chamava a atenção forma, ele retira "o manto sagrado" da família,
para aqueles que cultivavam os amores narcísicos. abrindo a possibilidade de critica e mudança.
O filósofo, assim, sustenta que o casamento junto ao ser amado, construir uma vida amorosa,
monogâmico surge quando há, por parte do homem, a espera-se que o parceiro, como uma mercadoria, já
apropriação da reprodução feminina, visando esteja pronto; e, se existir algum defeito, ele pode
controlar o destino de sua herança. Em outras rapidamente ser trocado por outro, sem o menor
palavras, o homem, no passado, impôs a monogamia constrangimento ou sofrimento. Para muitos, surge a
sobre a mulher (qual ele mesmo ideia de que a troca constante de parceiros seria
não seguiu) para ter controle sobre quem seriam seus suficiente para evitar o que a mercantilização da vida
herdeiros e, por consequência, sobre a sua toma nossas concepções acerca das relações sociais.
propriedade. Nas palavras do autor, temos que: A palavra amor, nesse sentido, é banalizada –
O desmoronamento do direito materno, a grande derrota tornou-se fácil dizer “eu te amo”, pois essa expressão
histórica do sexo feminino em todo o mundo. O homem não carregaria em si nenhuma responsabilidade entre
apoderou-se também da direção da casa; a mulher viu-se amor e paixão, quer dizer, não há certeza sobre como
degradada, convertida em servidora, em escrava da luxúria definir o sentimento que lhe toma.
do homem, em simples instrumento de reprodução
(ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e
do Estado. RJ: Civ. Bras. 1984 p. 61)
O autor salienta que a monogamia é imposta
somente à mulher, pois era culturalmente aceitável
que os homens buscassem o prazer e o amor em
Anotações
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outras mulheres - em outras palavras, o que para a ___________________________________________
mulher representava nefastas consequências sociais, ___________________________________________
para o homem era apenas um leve pecadilho. ___________________________________________
Ainda na linha de raciocínio proposta por Engels, ___________________________________________
o patriarcalismo foi, para ele, a condição que ___________________________________________
favoreceu o surgimento do Estado, uma vez que este ___________________________________________
último, por meio do Direito Civil, garantiu a herança _________________________________________
e a propriedade individuais, as quais, como vimos, ___________________________________________
surgiu com base no controle do corpo feminino. ___________________________________________
Se, hoje, muitos contestam os pensamentos de ___________________________________________
Engels, certamente suas reflexões permanecem atuais ___________________________________________
e relevantes para pensarmos a questão do papel da ___________________________________________
mulher em uma relação amorosa. ___________________________________________
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Amor Líquido _________________________________________
No famoso livro Amor Líquido, o sociólogo ___________________________________________
polonês Zygmunt Bauman (1925-2017), busca ___________________________________________
analisar o amor nos tempos contemporâneos
utilizando utilizando como chave seu conceito de
liquidez. Se, outrora, os relacionamentos eram mais
sólidos, atualmente, eles estariam mais fluídos,
rápidos e passageiros. Os relacionamentos virtuais,
Exercícios de reflexão
que podem ser feitos e desmanchados a qualquer
momento, seriam exemplos dessa liquidez. A 1) (UEL-PR) - As relações amorosas, após os anos
de 1960/1980, tenderam a facilitar os contatos
valorização do contato virtual, que exclui o famoso
feitos e desfeitos imediatamente, gerando uma
“olho no olho”, seria sintoma de uma insegurança gama de possibilidades de parceiros e
cada vez maior que os seres humanos cultivam em experimentos de prazer. Essa forma de contato
relação uns aos outros. A internet garantiria uma amoroso tem sido denominada pelos jovens como
ilusão de segurança, já que, em vez da dor de romper “ficar”. Assim, em uma festa pode-se “ficar” com
uma laço afetivo, um clique poderia deletar a vários parceiros ou durante um tempo “ir ficando”
presença do outro, sem maiores constrangimentos. em diferentes situações, sem que isso se configure
Prova dessa insegurança é o crescente medo – em compromisso, namoro ou outra modalidade
alimentado pelos noticiários – das pessoas ditas institucional de relação. Os processos sociais que
estranhas. Ora, se em outros tempos, era comum provocaram as mudanças nas relações amorosas,
bem como suas consequências para o indivíduo e
cumprimentar alguém na rua, hoje aqueles estranhos
para a sociedade, têm sido problematizados por
que vêm conversar conosco são, muitas vezes, vários cientistas sociais.
julgados como loucos ou esquisitos. Junto a esse
medo, a confiança entre os seres humanos é cada vez Assinale a alternativa em que o texto explica os sentidos
mais frágil. das relações amorosas descritas acima.
Além do medo, a noção de mercadoria estaria a) “Hoje as artes de expressão não são as únicas que
tomando as relações amorosas. Em vez de buscar, se propõem às mulheres; muitas delas tentam
atividades criadoras. A situação da mulher Londres e Los Angeles. Passam não menos do que um
predispõe-na a procurar uma salvação na terço de seu tempo no exterior. Quando no exterior, a
literatura e na arte. Vivendo à margem do mundo maioria dos entrevistados tende a interagir e socializar com
masculino, não o apreende em sua figura outros globalizados… Onde quer que vão, hotéis,
universal e sim através de uma visão singular; ele restaurantes, academias de ginástica, escritórios e
é para ela, não um conjunto de utensílios e aeroportos são virtualmente idênticos. Num certo sentido
conceitos e sim uma fonte de sensações e habitam uma bolha sociocultural isolada das diferenças
emoções; ela interessa-se pelas qualidades das mais ásperas entre diferentes culturas nacionais… São
coisas no que têm de gratuito e secreto […]”. certamente cosmopolitas, mas de maneira limitada e
(BEAUVOIR, S. O segundo sexo. 5 ed. SP: N. Fronteira, isolada.” […] A mesmice é a característica mais notável, e
1980. p. 473.)
a identidade cosmopolita é feita precisamente da
b) “Hoje, no entanto, existe uma renovação, o que uniformidade mundial dos passatempos e da semelhança
significa dizer que os cientistas, quando chegam global dos alojamentos cosmopolitas, e isso constrói e
através do seu conhecimento a esses problemas sustenta sua secessão coletiva em relação à diversidade dos
fundamentais, tentam por si próprios nativos. Dentro de muitas ilhas do arquipélago
compreendê-los e fazem um apelo à sua própria cosmopolita, o público é homogêneo, as regras de
reflexão. Nos próximos anos, por exemplo, após admissão são estrita e meticulosamente (ainda que de
as experiências do Aspecto, a discussão sobre o modo informal) impostas, os padrões de conduta precisos e
espaço e sobre o tempo – problemas filosóficos – exigentes, demandando conformidade incondicional.
vai ser retomada”. (MORIN, E. A inteligência da Como todas as “comunidades cercadas”, a probabilidade
complexidade. 2. ed. São Paulo: Peirópolis, 2000. p. 37.)
c) “Nova era demográfica de declínio populacional de encontrar um estrangeiro genuíno e de enfrentar um
não catastrófico pode estar alvorecendo. Fome, genuíno desafio cultural é reduzida ao mínimo inevitável;
epidemias, enchentes, vulcões e guerras cobraram os estranhos que não podem ser fisicamente removidos por
seu preço no passado, mas que grandes causa do teor indispensável dos serviços que prestam ao
populações não se reproduzam por escolha isolamento e autocontenção ilusória das ilhas cosmopolitas
individual é uma mudança histórica notável. Na são culturalmente eliminados – jogados para o fundo
Europa Ocidental, esse padrão está se “invisível” e “tido como certo”. (BAUMAN, Z. Comunidade: a
busca por segurança no mundo atual. RJ: Zahar, 2003. p. 53-55.)
estabelecendo em tempos de paz, sob condições
de grande prosperidade, embora, sejam ainda De acordo com o texto, é correto afirmar que a
visíveis oscilações conjunturais, significativas na globalização estimulou:
depressão escandinava do início dos anos de a) A disseminação do cosmopolitismo, que rompe as
1990.” (THERBORN, G. Sexo e poder. São Paulo: fronteiras étnicas, quando todos são viajantes.
Contexto, 2006. p. 446).
d) “É assim numa cultura consumista como a nossa, b) Um novo tipo de cosmopolitismo, que reforça o
que favorece o produto para o uso imediato, o etnocentrismo de classe e de origem étnica.
prazer passageiro, a satisfação instantânea, c) A interação entre as culturas nativas, as classes e
resultados que não exijam esforços prolongados, as etnias, alargando o cosmopolitismo dos
receitas testadas, garantias de seguro total e viajantes de negócio.
devolução do dinheiro. A promessa de aprender a d) O desenvolvimento da alteridade através de uma
arte de amar é a oferta (falsa, enganosa, mas que cultura cosmopolita dos viajantes de negócios.
se deseja ardentemente que seja verdadeira) de e) A emergência de um novo tipo de viajantes de
construir a ’experiência amorosa’ à semelhança negócios, envolvidos com as comunidades e
de outras mercadorias, que fascinam e seduzem culturas nativas dos países, onde se hospedam.
exibindo todas essas características e prometem
desejo sem ansiedade, esforço sem suor e 3) (FGV-SP) - Blade Runner é uma parábola de
resultados sem esforço. (BAUMAN, Z. Amor líquido. ficção científica em que temas pós-modernos
Rio de Janeiro: Zahar, 2004. p.21-22). situados num contexto de acumulação flexível
e) “Viver na grande metrópole significa enfrentar a (...) são explorados com todo o poder de
violência que ela produz, expande e exalta, no imaginação que o cinema pode mobilizar. O
mesmo pacote em que gera e acalenta as criações conflito ocorre entre pessoas que vivem em
mais sublimes da cultura.[…] Nesse sentido, escalas de tempo distintas e que, como resultado,
talvez a primeira violência de que somos vítima, vêem e vivem o mundo de maneira bem diferente.
(Harvey, David. "A Condição Pós-Moderna". São Paulo:
já no início do dia, é o jornalismo, sempre muito
Loyola, 1999).
sequioso de retratar e reportar, nos mínimos
detalhes, o que de mais contundente e chocante a Sobre a pós-modernidade é correto afirmar:
humanidade produziu no dia anterior […]”. a) Pós-modernidade se refere às condições
(NAFFAH NETO, A. Violência e ressentimento. In:
CARDOSO, I. et al (Orgs). Utopia e mal-estar na cultura. São socioeconômicas e culturais do capitalismo pós-
Paulo: Hucitec, 1997. p. 99.) industrial, que acentuam o individualismo, o
consumismo e promovem a compressão do
2) (UEL-PR) - Leia o texto a seguir. espaço e do tempo.
[…] Como observam os pesquisadores do Instituto de b) Enquanto movimento estético, o termo denota um
Estudos Avançados da Cultura da Universidade de compromisso de resgate do pensamento
Virgínia, os executivos globais que entrevistaram “vivem e iluminista e de princípios funcionais rígidos sobre
trabalham num mundo feito de viagens entre os principais o uso do tempo.
centros metropolitanos globais – Tóquio, Nova York,
c) Pós-modernidade se refere à era da produção _______________________________________________
fordista, que aumentou a velocidade da produção _______________________________________________
das mercadorias, graças à implantação da linha de _______________________________________________
montagem, produção em série e do consumo de _______________________________________________
massa. _______________________________________________
d) A pós-modernidade chega ao Brasil no esteio da _______________________________________________
política de industrialização baseada na _______________________________________________
substituição de importações, redirecionando a _______________________________________________
concepção tradicional do sistema produtivo e do _______________________________________________
uso do tempo. _______________________________________________
e) O movimento que dá início à pós-modernidade se _______________________________________________
apoia na defesa dos princípios tayloristas de _______________________________________________
produção, baseados no planejamento e divisão _______________________________________________
flexível do trabalho. _______________________________________________
_______________________________________________
4) (Enem 2013)
6) Desde o início, o Estado moderno teve de
enfrentar a tarefa desencorajadora de administrar
o medo. [...] A dissolução da solidariedade
representa o fim do universo no qual a
modernidade sólida administrava o medo. Agora
é a vez de se desmantelarem ou destruírem as
proteções modernas - artificiais, concedidas. [...]
as cidades se transformaram em depósitos de
problemas causados pela globalização. Os
cidadãos e aqueles que foram eleitos como seus
representantes estão diante de uma tarefa que não
podem nem sonhar em resolver: a tarefa de
encontrar soluções locais para contradições
globais. (Bauman, Z. Confiança e medo na cidade. RJ: Jorge
Zahar, 2009. P. 3-11).

Um dos principais problemas enfrentados pelas cidades é o


que o autor chama de "administrar o medo". Com a quebra
das proteções modernas, o sentimento de insegurança toma
os espaços urbanos.
A partir da citação, reproduzida acima, relacione o tema da
A charge revela uma crítica aos meios de comunicação, em administração do medo nos espaços urbanos da atualidade
especial à internet, porque: ao conjunto de processos denominados por globalização.
a) Questiona a integração das pessoas nas redes _______________________________________________
virtuais de relacionamento. _______________________________________________
b) Considera as relações sociais como menos _______________________________________________
importantes que as virtuais. _______________________________________________
c) Enaltece a pretensão do homem de estar em todos _______________________________________________
os lugares ao mesmo tempo. _______________________________________________
d) Descreve com precisão as sociedades humanas no _______________________________________________
mundo globalizado. _______________________________________________
e) Concebe a rede de computadores como o espaço _______________________________________________
mais eficaz para a construção de relações sociais. _______________________________________________
_______________________________________________
5) (Udesc 2010) – Leia o trecho abaixo retirado do _______________________________________________
livro Aprendendo a pensar com a sociologia, de _______________________________________________
Z. Bauman e Tim May (2010, p.247). Em _______________________________________________
seguida, faça um comentário enfatizando a _______________________________________________
publicidade como fonte capaz de determinar “um _______________________________________________
estilo específico de vida”. _______________________________________________
“Compare a vestimenta, a linguagem, os passatempos e até _______________________________________________
a forma física das pessoas nos anúncios produzidos para _______________________________________________
nos incentivar a beber determinado tipo de cerveja com as _______________________________________________
características equivalentes dos comerciais de um perfume
requintado, um carro luxuoso ou mesmo um alimento de 7) (UFSJ 2007) - Leia o trecho abaixo.
cão ou gato. O que está sendo vendido não é apenas o “O encontro com outrem é imediatamente minha
valor de um produto, mas sua importância simbólica, como responsabilidade por ele. A responsabilidade pelo próximo
um bloco da construção de um estilo específico de vida”. é, sem dúvida, o nome grave do que se chama amor do
próximo, amor sem Eros, caridade, amor em que o
momento ético domina o momento passional, amor sem
concupiscência”. (Emmanuel Lévinas, Entre Nós, p. 143, Petrópolis: Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre o amor
Vozes, 2005). em Platão, assinale a alternativa correta.
a) A inspiração humana da procriação, inspirada por
Para o autor, o amor ao próximo refere-se: Eros, restringe-se ao corpo e à busca da beleza
a) À minha responsabilidade pelo meu próximo, física.
independentemente de uma escolha de minha b) O eros limita-se a provocar os instintos
vontade. irrefletidos e vulgares, uma vez que atende à mera
b) Tão somente ao mandamento religioso. satisfação dos apetites sensuais.
c) À ideia de que a consciência ética é consciência c) O eros físico representa a vontade de conservação
apenas de si. da espécie, e o espiritual, a ânsia de eternização
d) À ideia de que o amor ético é um momento por obras que perdurarão na memória.
passional. d) O ser humano é idêntico e constante nas diversas
e) Ao amor puramente mundano. fases da vida, por isso sua identidade iguala-se à
dos deuses.
8) (UNESP 2013) – Observe o texto que segue: e) Os seres humanos, como criação dos deuses,
Por que as pessoas fazem o bem? A bondade está seguem a lei dos seres infinitos, o que lhes
programada no nosso cérebro ou se desenvolve com a permite eternidade.
experiência? O psicólogo Dacher Keltner, diretor do
Laboratório de Interações Sociais da Universidade da
Califórnia, em Berkeley, investiga essas questões por
vários ângulos e apresenta resultados surpreendentes. Gabarito
Keltner - O nervo vago é um feixe neural que se origina no 1) D
topo da espinha dorsal. Quando ativo, produz uma 2) B
sensação de expansão confortável no tórax, como quando 3) A
estamos emocionados com a bondade de alguém ou 4) A
ouvimos uma bela música. Pessoas com alta ativação dessa 5) A publicidade, na sociedade do consumo,
região cerebral são mais propensas a desenvolver funciona como uma forma de criar nos
compaixão, gratidão, amor e felicidade. consumidores desejos que fazem com que estes
Mente & Cérebro - O que esse tipo de ciência o faz consumam determinados produtos para
pensar? construírem uma imagem e uma identidade a
Keltner - Ela me traz esperanças para o futuro. Que nossa partir do produto comprado. Exemplo disso são as
cultura se torne menos materialista e privilegie satisfações redes construídas em torno dos consumidores dos
sociais como diversão, toque, felicidade que, do ponto de aparelhos eletrônicos “Apple”. As pessoas não
vista evolucionário, são as fontes mais antigas de prazer. apenas utilizam o produto, mas se relacionam
Vejo essa nova ciência em quase todas as áreas da vida. simbolicamente com este. A importância do
Ensina-se meditação em prisões e em centros de detenção produto, portanto, vai muito além do seu valor de
de menores. Executivos aprendem que inteligência uso. Há uma verdadeira relação afetiva e
emocional e bom relacionamento podem fazer uma simbólica com ele.
empresa prosperar mais do que se ela for focada apenas em 6) A globalização gera duas ordens distintas de
lucros. problemas. De um lado, a impessoalidade das
relações entre o indivíduo e o meio, uma das
De acordo com a abordagem do cientista entrevistado, as características centrais da vida nas grandes
virtudes morais e sentimentos agradáveis: cidades, leva à fetichização das relações sociais, à
a) Dependem de uma integração holística com o quebra dos laços de solidariedade e do sentimento
universo. de comunidade, e à sensação de solidão típica do
b) Dependem de processos emocionais meio urbano. Por outro lado, a fluidez dos
inconscientes. deslocamentos materiais e da informação, e o
c) São adquiridos por meio de uma educação alcance globalizado das redes sociais,
religiosa. características do mundo globalizado, criam,
d) São qualidades inatas passíveis de estímulo paradoxalmente, brechas pelas quais proliferam
social. atividades ilícitas como o tráfico de drogas,
e) Estão associados a uma educação filosófica armas, trabalhadores, escravas sexuais etc., feitas
racionalista. por redes criminosas globalizadas. Os
mecanismos de controle que o Estado dispõe, tais
9) (UEL-PR 2013) – Leia o texto a seguir: como polícia, leis, fiscalização etc., são
Tudo isso ela (Diotima) me ensinava, quando sobre as insuficientes para manter sob controle estas
questões de amor (eros) discorria, e uma vez ela me ameaças à segurança dos indivíduos e, por isso,
perguntou: – que pensas, ó Sócrates, ser o motivo desse são incapazes de administrar o medo gerado por
amor e desse desejo? A natureza mortal procura, na elas.
medida do possível, ser sempre e ficar imortal. E ela só 7) A
pode ser assim, através da geração, porque sempre deixa 8) D
um outro ser novo em lugar do velho; pois é nisso que se 9) C
diz que cada espécie animal vive e é a mesma. É em
virtude da imortalidade que todo ser esse zelo e esse amor
acompanham. (Platão, O Banquete).

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