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(CHOMSKY, Noan). As dez estratégias de manipulação da mídia.

Reflexão:
Século XXI. Tradução Vallebastos.

Título da resenha: O espetáculo da manipulação midiática

As 10 estratégias de manipulação da mídia propostas por Noan Chomsky


visavam, quando elaboradas, um contexto democrático onde era necessário que o
governo, através dos veículos de comunicação, alimentasse o corpo social por meio
das manchetes e seus conteúdos. Dessa maneira, o autor afirmava que era possível
manter total controle da opinião pública. Logo, uma forte influência sobre decisões
político-econômicas era consolidada. A seguir, aborda-se a conceituação de três
técnicas midiáticas escolhidas e discorre-se acerca de exemplos e aprofundamentos
com base nas afirmações do escritor Guy Debord.

A primeira estratégia abordada é a de número 2, “criar problemas e depois


oferecer soluções”. Tal técnica consiste em propagar situações de revés social,
fazendo com que a massa clame por medidas solucionadoras e aceite imposições
governamentais caluniosas, sendo “participativa” e não menos manipulada. Ao
realizar-se as ideias propostas por Guy Debord, a estratégia abordada anteriormente
assemelha-se a um trecho da obra “A sociedade do espetáculo”, que descreve a
seguinte citação “o espetáculo que inverte o real é produzido de forma que a
realidade vivida acaba materialmente invadida pela contemplação do espetáculo,
refazendo em si mesma a ordem espetacular pela adesão positiva” (DEBORD, 2003,
p. 16). Assim, observa-se que muitas das manchetes veiculadas, além de
determinadas pautas conteudistas não fazem jus à realidade e atribuem opiniões de
grandes grupos populacionais, geram comoção e aumentam a criticidade dos que
conspiram contra as ações adulteradas da mídia contemporânea.

Por conseguinte, a estratégia de número 5 “dirigir-se ao público como


crianças (como criaturas de pouca idade)” soma-se ao leque proposto por Chomsky
e evoca atitudes infantis, literalmente. Propagandas e publicidades que se utilizam
de enredos acriançados dificilmente não serão vistas com bons olhos, uma vez que
o senso crítico de uma criança não está totalmente formado. Portanto, fica evidente
a tentativa de ludibriar o público sob tal investida midiática. Para Debord, tudo que é
veiculado pelos meios de comunicação é reflexo do momento vigente à época e da
sua administração política (DEBORD, 2003, p. 21). Assim, mediante a estratégia
cinco, o corpo social é visto como um grande parque de diversões, onde a
montanha-russa segue o curso e a velocidade de raciocínio determinados pelo
poderio político-econômico, tratado de maneira pueril. Ainda sobre a alienação, o
autor discorre que “quanto mais o espectador contempla, menos ele vive; quanto
mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos ele
compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo” (p. 26). Dessa forma, é
irrefutável que a estratégia de dirigir-se ao público infantil é preocupante e levanta
uma imensa discussão acerca de como até os indivíduos de pouca idade,
responsáveis pela manutenção da sociedade do amanhã, irão crescer diante de
tamanha manipulação barata, com altos custos futuros.

A última estratégia escolhida é de número 7: “manter o público ignorante e


medíocre”. Tal técnica é caracterizada por fazer com que os espectadores não
compreendam as tecnologias vigentes e passem a aceitar que “a qualidade da
educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre
possível para que ela se torne bastante ignorante e seja impossível alcançar as
classes sociais superiores” (CHOMSKY). Pode-se observar que esta tática é uma
realidade que vem sendo superada aos poucos através de incentivos à educação
pública, em governos anteriores e até mesmo pela inserção do empreendedorismo
como disciplina no currículo de escolas de referência, para vencer o estigma da
“classe superior inalcançável ”, fomentar a criatividade e a consolidação financeira.
No capítulo 4 de “A sociedade do espetáculo”, Debord discorre acerca do
“proletariado como sujeito e como representação”. Ao enaltecer as evoluções que
buscaram igualdade e os direitos humanos, o autor cita que “ é na própria luta
histórica que é preciso realizar a fusão do conhecimento e da ação, de tal modo que
cada um destes termos coloque no outro a garantia da sua verdade” (p. 66). Assim,
fica claro que a tática de manipulação 7 é a mais identificada pelo público, que a
responde com grandes feitos educacionais, tecnológicos e sociais, através de
manifestos que clamam por justiça, melhores condições e empatia.
Abigail de Oliveira. Acadêmica do Curso de Design da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE).

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