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A aprovação da Constituição Federal, em 1988, confere à assistência o status de política

pública, garantida constitucionalmente no tripé da seguridade: saúde, previdência e


assistência.

Segundo a LOAS, a assistência social constitui-se em direito dão, cidadão e dever do


Estado e tem por principais objetivos:

 a realização da assistência de forma integrada a outras políticas setoriais;


 a busca da universalizarão dos direitos sociais;
 a prestação de serviços de qualidade; a primazia do Estado na condução
política da assistência;
 a organização de um sistema de ações descentralizado e participativo;
 a participação de organizações da população na formulação e controle das
ações.
(Pag. 27)

A PNAS tem como principais diretrizes a:


 descentralização político - administrativa
 participação da população;
 primazia da responsabilidade do Estado na condução da PNA
 centralidade da família.

Em 2005, a aprovação da Norma Operacional Básica NOB estabeleceu os parâmetros de


operacionalização da gestão da política de assistência e a normatização para a
implantação do Sistema Único de Assistência Social -SUAS, tendo como principais
objetivos:
 definição das competências e responsabilidades entre as três esferas de
governo (pacto federativo);
 estabelecimento dos níveis de gestão de cada esfera,
 determinação das competências das instâncias que: compõem a rede de
proteção social-e sua articulação (entidades governamentais e não
governamentais)
 descrição dos principais instrumentos de gestão,
 definição ela forma da gestão financeira: mecanismos de transferências e
critérios de partilha

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O SUAS constitui-se em um sistema integrado, descentralizado e participativo,


compreendendo os serviços sócio-assistenciais de órgãos públicos e entidades não
governamentais , tendo a familia como foco da atenção e o território como base da
organização.
O SUAS tem como eixos de Gestão:

 Precedência da gestão pública da política;


 Alcance de direitos sócio-assistenciais pelos usuários;
 Matricialidade sócio-familiar;
 Descentralização político administrativa;
 financiamento partilhado (co-financiamento e cooperação técnica);
 fortalecimento da relação democrática entre Estado e sociedade civil
(controle social);
 qualificação de recursos humanos;
 informação, monitoramento, avaliação e sistematização de resultados.

O SUAS' esta organizado por níveis de proteção social: básica e especial. )

a)Proteção social básica:

 objetiva promover a atenção às situações de vulnerabilidade;


 objetiva prevenir situações de potencial risco social - violação de direitos;
 objetiva o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários;
 objetiva promover 0 desenvolvimento de potencialidades - protagonismo
 objetiva processar a inclusão de grupos em situação de risco social;
 objetiva prover dos benefícios (BPC e os benefícios eventuais;
 objetiva desenvolver ações que envolvam vários setores.

Este nível de proteção deve ser realizado pelos Centros de Referência da Assistência
Social - CRAS - através da oferta de:

 serviços de fortalecimento dos vínculos familiares;


 serviços e processos de fortalecimento da convivência comunitária e
pertencimento às redes microterritoriais;
 serviços de referência para escuta, informação, apoio psicossocial, defesa,
encaminhamentos monitorados;
 inclusão nos serviços das demais políticas públicas;
 desenvolvimento de competências e oportunidades:d inclusão no mundo
do trabalho e renda.

Os CRAS, de acordo com a PNAS - Políticas Nacional: Assistência Social, devem


compreender as seguintes Modalidades -programas:

Programa de Atenção integral à Família;


Programa de inclusão Produtiva e Projetos de enfrentamento a pobreza ;
Centros de Convivência de idosos;
Serviços para Crianças de 0 a 6 Anos;
Serviços Sócio-Educativos para Crianças e Adolescentes e jovens, na Faixa de 6 a 24
Anos;
Programas de incentivo ao Protagonismo Juvenl;
Centros de informação e Educação para o trabalho para Jovens e Adultos.
b) Proteção social especial:
 destina se a situações mais graves de exclusão social e violação de direitos
(abandono, maus tratos, cumprimento de medidas sócio-educativas, trabalho
infantil, etc);
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 Visa a reestruturação do grupo familiar e das redes de suporte social, bem


como à reestruturação de serviços de abrigamento de individuos que não contam
mais Com família, em instituições não totais ou segregadoras

 tem estreita interface com o sistema de Justiça.

A proteção social especial se divide em duas:

1 - media complexidade—operada através do Centro de Referência Especializado de


Assisténcia Social - CREAS e demais programas e serviços especializados - destina-se a
famílias e individuos com seus direitos violados, mas cujos vincules familiar e
comunitário não foram rompidos. Neste sentido, requerem maior Estruturação técnico.
operacional e atenção especializada e individualizado e, ou, de acompanhamento
sistemático e monitorado° através de: (PNAS, 31)

 serviços de orientação e apoio sócio-familiar;

 plantão social, abordagem de rua, cuidado no domicílio.

 serviços de habilitação e reabilitação para portadores de deficiência;

 medidas sócio-educativas em meio aberto.

2 - alta complexidade - destina-se a famílias e individuos sem referência ou sob ameaça,


que necessitam ser retirados do núcleo familiar atou comunitário, e ter garantia de
proteção integral, como moradia alimentação e trabalho protegido; serviços de casa lar,
república, casa de passagem, albergue, família substituto ou acolhedora medidas sbc
educativas restritivas e privadoras de liberdade, e trabalho protegido.

I Destacar, brevemente, estes marcos para a implementação da política de assitencia


como politica pública e da Logica do SUAS deixa evidente o quanto esta perspectiva é
recente em nosso país. Por essa razão, o atual momento impõe enormes desafios a sua
consolidadação na direção de garantia de direitos e enfrentamento das desigualdades
sociais
Nas palavras de Souza ~2006):
A assistência social, entendida como política pública, direito do Cidadão e dever do
Estado, se está garantida sob o ponto de vista legal, esbarra nos tradicionais mecanismos
sob os quais a pratica da assistência, entendida como ajuda, caridade, benesse, favor,
historicamente foi construída em nosso país, (Souza, 2006, p. 87)
(Pag. 32-33).

Rede de proteção social

De acordo com a NQB, os Centros de Referência da Assistência - CRAS tem um papel


central na realização do mapeamento e na articulação da rede de serviços socio-
assistenciais. Identifica-se, nesta proposta, um veio fecundo para o desempenho dos
CRAS na construção e consolidação de uma rede de proteção que transcenda o campo da
assistência, tendo por referência principal as demandas municipais.
Contudo, é importante destacar alguns limites para a realização dessa diretriz: o número
reduzido de profissionais localizados nos CRAS em face do número de famílias a serem
atendidas, o vinculo precário de trabalho, os baixos salários, a ausência de equipamentos
básicos como computadores, impressoras e fax, bem como o acesso à rede informatizada,
aliado à necessidade de realização e acompanhamento de programas no âmbito dos
CRAS.(Pag.37)

Di Giovanni (^1998, põe) propõe a seguinte forma de conceber a proteção social nas
chamadas sociedades complexas:

Assim, chamo de sistemas de proteção social as formas - ás vezes mais, às vezes menos -
institucionalizadas que as sociedades constituem para proteger parte ou o conjunto de
seus membros. Tais sistemas decorrem de certas vicissitudes da vida natural ou social.
(...) Incluo, neste conceito, também, tanto as formas seletivas de distribuição e
redistribuirão de bens materiais Como a comida e o dinheiro), quanto bens culturais
(como os saberes), que permitirão a sobrevivência e a integração, sob várias formas, na
vida social Incluo ainda, os principios reguladores e as normas que, com intuito de
proteção, fazem parte da vida das coletividades.

Uma das estratégias para se romper com a lógica da fragmentação que vem sendo
debatida há algum tempo, põe a família no foco das ações e não mais no indivíduo
isoladamente pelo fato dessa representar uma unidade de referencia mais abrangente que
implica que implica articular ações e políticas diferentes no enfrentamento das
necessidades do grupo familiar. Buscando perceber como ocorre essa centralidade da
familia. Através do levantamento de algumas questões atuais e históricas pretende-se aqui
indicar alguns limites e possibilidades dessa abordagem dessa abordagem para uma
intervenção mais articulada , necessária para que a assistência cumpra com essa funcção
agregadora (Pag. 60)

Com a introdução do conceito de Seguridade Social, a assistência passa a cumprir, no


plano legal, uma função agregadora em relação as demais políticas sociais. Pressuposto
que mais tarde a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), promulgada em 1993,
ratifica. Desse modos reconhece-se o caráter transversal da assistência cuja função
agregadora lhe atribui a missão de tornar seus beneficiários alcançáveis para as
demais políticas públicas, promotora, por conseguinte, da inclusão social. Ou seja, a
assistência, ao ter a exclusão social como o objeto da sua ação, depende das outras
políticas públicas da área social como trabalho, saúde, habitação, educação, etc.) para
garantir efetividade as suas ações na perspectiva do alcance da autonomia e emancipação
dos indivíduos que deve ser compreendida não apenas do ponto de vista
econômico mas, principalmente, do ponto de vista do Conhecimento e do acesso a
direitos de cidadania, o que aponta, sem dúvida, para uma perspectiva mais ampla de
inclusão social. (Pag. 61)

indo nessa direção, a atual Política Nacional de Assistência Social (PNAS) elege a família
como seu focos de intervenção, institui a matricialidade sócio-familiar na definição e
estruturação das ações assistenciais e estabelece Sua centralidade no âmbito das ações da
política de assistência social, como espaço privilegiado e insubstituível de proteção e
socialização primárias, provedora de cuidados aos seus membros, mas que precisa
também ser cuidada e protegida." (PNAS, 2004, p. 39).
Cumpre salientar que a priorização da família, como unidade estruturadora das políticas
de assistência, não e novidade, embora pareça haver um deslocamento na forma e nos
objetivos que a tomam como referencial, diferentemente dos que orientaram sua
abordagem no passado. Também é preciso reconhecer que existem duas perspectivas na
contemporaneidade que tomam a centralidade na família sob vieses diferentes. Para
analisarmos a abordagem da família atualmente nessas diferentes perspectivas é preciso
compreender como historicamente essa tem sido objeto das ações do Estado para , apartir
de então perceber o que há de novo e o que se mantém nas atuais orientações. (Pag. 62-
63)

Ao analisar, pelas legislações que na década de 1990, regulamentaram os direitos sociais


instituídos pela Constituição de 1 988, percebe-se que o fizeram incorporando a lógica
tradicional de um Estado que nunca assumiu a proteção social de seus cidadãos. Através
delas, família, sociedade e Estado definem-se, nesta ordem, como responsáveis pelo bem-
estar social.
Além disso, a própria Constituição de 1988 é ambígua quando trata do papel da família.
No Artigo 226, declara que a Família, base c sociedades tem especial proteção do Estado,
passando o Estado assumir a responsabilidade pela proteção social, inclusive dessa; no
Artigo 229, ao estabelecer que “os pais têm o dever de assistir, cria educar os filhos
menores, e os filhos maiores têm o dever de ajuda amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade”, responsabiliza a família pelo cuidado de seus membros. (Pag. 66-67)

A focalização das políticas sociais também compõe essa reorientação para diminuir o
papel do Estado na proteção social. O discurso dos governos alega o mau gerenciamento
dos recursos como justificativa para a ineficiência dos programas sociais, uma vez que
eles seriam destinados para a parcela da população considerada como não pobre, em vez
de serem gastos apenas com os pobres. Assim, de acorde com essa orientação, há
recursos suficientes, mas não há uma “boa focalização” ou uma gerência eficiente. Na
estratégia neoliberal, a políticas sociais são relegadas a um papel secundário diante do
esforça pela diminuirão dos gastos públicos, de forma que se criam os argumentos
ideológicos para sustentar essa orientação em detrimento das necessidades sociais. (Pag.
73)

Sobre o financiamento, em conseqüência dessas orientações gerais, desde meados da


década de 90 até hoje, pode ser identificado um crescimento vegetativo dos recursos para
a Seguridade Social, que não acompanhou o crescimento da arrecadação do governo
federal; também não esteve compatível com o crescimento da população brasileira e de
seu universo real de necessidades. O crescimento dá recursos federais tem sido vegetativo
em valores correntes, o que leva constatação de estagnação em valores deflacionados.
Esta situação esta diretamente relacionada à apropriação indébito dos recursos a principio
destinados para a área social, a exemplo da chamada Desvinculação de Receitas da União
(DRU). Para justificar esta tendência, vários argumentos vem sendo difundidos: o déficit
da Previdência - um grande falácia hoje reconhecida pelo Tribunal de Contas da União; o
a idéia de que o problema do gasto social não é de volume, mas de sua eficácia, como
justificativa para sua pequena - frente às possibilidade os; nenhuma ampliação. (Pag. 74)

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