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20/05/2019 Na crise, só salário de servidor cresce, e distância para setor privado é recorde - 17/05/2019 - Mercado - Folha

Na crise, só salário de servidor cresce, e distância


para setor privado é recorde
No 1º tri de 2019, rendimento no setor público chegou a R$ 3.706, enquanto no
privado foi de R$ 1.960

17.mai.2019 às 12h32

Nicola Pamplona

RIO DE JANEIRO O elevado nível de desemprego


(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/05/desemprego-cresceu-em-14-de-27-estados-no-primeiro-trimestre.shtml)

ampliou a diferença entre os salários médios dos empregados nos setores


público e privado no país. Enquanto estes vêm sofrendo com o corte de vagas
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/03/desemprego-sobe-para-124-em-fevereiro-diz-ibge.shtml) formais,

aqueles conseguiram obter ganhos reais mesmo em meio à crise.

De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatistica), desde que o Brasil entrou oficialmente em recessão
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/08/1664568-brasil-esta-em-recessao-desde-o-2-trimestre-de-2014-diz-

comite-da-fgv.shtml),
no segundo trimestre de 2014, o rendimento médio do setor
privado ficou estagnado, enquanto o do setor público teve ganho real de 10%.

No primeiro trimestre de 2019, o rendimento médio dos empregados no


setor público chegou a R$ 3.706, enquanto trabalhadores do setor privado
ganharam, em média, R$ 1.960. É a maior diferença desde o início da série da
Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, em 2012.

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Carteira de trabalho e previdência social. Ministério do Trabalho e Emprego - Gabriel


Cabral/Folhapress

Para especialistas, a maior diferença é fruto do aumento da informalidade no


mercado (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/03/informalidade-no-mercado-de-trabalho-cresce-mais-em-
de trabalho, que afeta apenas trabalhadores do setor
estados-de-maior-renda.shtml)

privado, enquanto os trabalhadores do setor público estão protegidos por


estabilidade.

“Há uma imunidade em relação ao desemprego e, com maior proximidade


com os governos, eles acabam conseguindo, mesmo num mesmo num
cenário desfavorável, aumento de rendimento”, diz o economista Renan
Pieri, da FGV EESP.

Entre 2012 e o primeiro trimestre de 2014 –antes do início da recessão– os


rendimentos médios dos empregados nos setores público e privado
evoluíram no mesmo ritmo. Com a crise, diz a professora do Ibmec, Vivian
Almeida, os trabalhadores do setor privado perderam poder de barganha.

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"No setor privado, como há essa situação adversa, com desemprego, as


pessoas só querem voltar ao mercado de trabalho. Depois é que elas vão se
preocupar com a questão do rendimento", comenta ela.

Responsável no IBGE pela Pnad Contínua, Cimar Azeredo, pondera que o


rendimento do setor privado vem sendo impactado pela perda do emprego
com carteira assinada, que empurra trabalhadores do setor privado para a
informalidade, que tem salários menores.

Desde o segundo trimestre de 2014, foram fechados no país 3,8 milhões de


postos de trabalho com carteira assinada, queda de 10,3%. Já o número de
trabalhadores sem carteira no setor privado cresceu 8,5%, ou 872 mil
pessoas.

O número de trabalhadores por conta própria, que vinham sustentando uma


melhora do desemprego em 2018, cresceu em 3 milhões no mesmo período,
e atingiu no primeiro trimestre de 2019 o maior valor da série histórica em
12 estados.

“A situação do emprego está tão ruim que, quando a informalidade sobe, a


gente chama de recuperação”, diz Azeredo.

A diferença entre os salários nas esferas públicas e privadas, ressalta o


economista, também pode ser explicada pelo nível de escolaridade mais alto
na administração pública. Ele diz que em cargos mais qualificados, a
diferença é menor.

Entre dirigentes e gerentes, por exemplo, 30% dos trabalhadores do setor


privado ganham mais do que cinco salários mínimos. No setor público, são
42%. Já entre profissionais de ciências e intelectuais, são 29% e 33%,
respectivamente.

Para economistas, o aumento dos rendimentos do setor público é um fator


adicional de pressão sobre as contas dos governos em meio à crise de
arrecadação. “Se tenho despesa crescente e arrecadação ou estagnada ou
decrescente, a conta não fecha”, afirma Almeida, do Ibmec.

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Segundo estudo da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), em


2018 cinco estados –Minas Gerais, Mato Grosso, Tocantins, Roraima e
Paraíba– gastaram mais com pessoal do que o teto de 60% da receita previsto
em lei.

Outros quatro, embora tenham divulgado gastos com pessoal dentro do


limite estabelecido, já declararam calamidade financeira diante de
dificuldades para fechar as contas: Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio
Grande do Sul e Goiás.

O Rio chegou a parcelar o pagamento de salários por mais de dois anos e só


conseguiu quitar todos os atrasados após socorro federal que suspendeu o
pagamento de parcelas da dívida com a União.

“No âmbito de tentar proteger da interferência política o trabalho do


funcionário público, a gente criou uma espécie de armadilha, que justifica
hoje a dificuldade imensa de fazer o ajuste fiscal”, analisa Pieri.

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