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Resistência dos Materiais 2003/2004


Curso de Gestão e Engenharia Industrial

16ª Aula
Duração - 2 Horas
Data - 20 de Novembro de 2003

Sumário: Tensões Tangenciais Resultantes do Esforço Transverso em Secções


Rectangulares, em I e em T.
Objectivos da Aula: Apreensão da forma como se distribuem as tensões tangenciais
para algumas formas das secções. Aprender a utilizar a forma de Jouravsky.

Resumo do Conteúdo da Aula


1- Distribuição de Tensões Resultante do Esforço Transverso
Considere-se um troço de uma viga prismática, de comprimento dx, como se representa
na figura 16.1 sujeita a um carregamento tal que se desenvolvem esforços transversos na
Secção, o que só acontece se o momento flector variar com x, como resulta da equação de
equilíbrio de momentos

dM
=T (16.1)
dx

No caso do momento flector variar com x, também variam as tensões axiais, σx , como
resulta da relação entre o momento flector e a tensão axial deduzida nas aulas anteriores.

y p(x) Secção Recta


y

x z
M+dM
M T T+dT
dx dT dM
= −p =T
dx dx

Figura 16.1: Momentos Flectores e Esforços Tranversos


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As tensões σ x distribuem-se na secção recta como se representa na figura 16.2 e variam


entre σ x e σ x + d σ x no troço prismático da viga de comprimento infinitesimal dx, sendo
os momentos resultantes das distribuições de tensões M e M+dM. Seccionando a viga
pelo plano bdgh as forças axiais resultantes das tensões são F A e F A + d F A , no troço
prismático abcdefgh, podem ser calculadas a partir das tensões do seguinte modo

M z ydA = − M zSabeg = − MSabeg


F A = ∫ σ xdA = − ∫ (16.2)
abeg abeg I z Iz Iz

onde Sabeg representa o momento estático da área abeg em relação ao eixo dos zz.

M z + d M z ydA = − (M z + d M z )Scdfh = − ( M + dM ) Scdfh


F A + d F A = ∫ (σ x + d σ x )dA = − ∫
cdfh cdfh Iz Iz Iz

(16.3)
onde Scdfh representa o momento estático da área cdfh em relação ao eixo dos zz.

Face da Frente
y y
c σx + d σx
σx
a FA FB = FA + d FA
b d x FH
x

Face Posterior
y y y
f σx + d σx
σx
e
a e c f
g h x b g z d h
z h

b b

Figura 16.2: Esforço Rasante

No caso da viga prismática os momentos estáticos Sabeg e Scdfh são iguais e podem
designar-se por S que o Momento Estático da área da Secção acima da secção de corte.
Nestas condições as Forças Axiais F A e FA + d FA são
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MS ( M + dM ) S
FA = − e FA + d FA = − (16.4)
Iz Iz

No troço prismático abcdefgh, de comprimento infinitesimal dx, actuam as forças axiais


FA e FA + d FA e um esforço interno, com a direcção do eixo dos xx, designado por
esforço rasante ou de escorregamento, FH que resulta das tensões τ yx distribuídas na
secção de corte bdgh que fica a uma distância y1 do eixo dos zz, estas forças têm todas a
direcção do eixo dos xx e devem estar em equilíbrio como resulta da consideração da
equação de equilíbrio estático de forças segundo xx, ou seja

∑ Fx = FA + FH − ( FA + d FA ) = 0
ou (16.5)
FH = d FA
sendo FH = τ yx bdx

Tendo em conta, as equações 16.4, o acréscimo d FA é

dM
d FA = S
Iz

e tendo em conta as equações 16.5 e o facto de ser FH = τ yx bdx obtém-se

dM S
τ yx = (16.6)
dx b I z

ou seja tendo em conta a equação de equilíbrio de momentos 16.1

TS
τ yx = (16.7)
bI z

sendo τ yx as tensões de corte no plano paralelo a Oxz e a uma distância do eixo dos zz
igual a y1 . Esta fórmula é conhecida por fórmula de Jouravsky, de acordo com a
História da Resistência de Materiais foi apresentada em 1855.
À distância y1 do eixo dos zz as tensões τ xy na secção recta da viga a que
corresponde o esforço transverso, T, são definidas também pela equação 16.7 como
resulta da simetria do tensor das tensões. Note-se que tendo em conta esta equação a
tensão tangencial ou de corte obtida é um valor médio da tensão á distância a que diz
respeito o plano de corte.
No caso de existirem esforços transversos segundo os eixos dos yy e dos zz a
equação 16.7 pode ser escrita para cada um dos planos de solicitação com a seguinte
forma
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T ySz T zS y
τ yx = e τ yx = (16.8)
bI z hIy

Nestas expressões os momentos de inércia I z e I y são momentos de inércia de toda a


secção e os momentos estáticos Sz e Sy são momentos estáticos de uma das partes em
que a secção de corte ficou dividida pelo plano de corte, considerado ao nível e com a
orientação em que se pretendem as tensões de corte na secção.

Exemplo 16.1
Considere a viga encastrada sujeita a uma carga pontual, P, na extremidade livre, como
se representa na figura 16.3. A secção recta da viga é uma secção rectangular de
dimensões b×h. Determine uma expressão para efeitos de cálculo das tensões de corte na
secção recta A-A da viga. Faça um gráfico representativo do andamento das tensões de
corte ao longo do eixo dos yy.
Secção Recta
P y
a e
b g
y1 h

Figura 16.3: Viga Encastrada

Resolução

O esforço transverso é constante e igual a P. Nestas condições a tensão de corte τ xy é


definida pela fórmula

PS h 2
τ xy = sendo S = ∫ bydy
Ib b1

consequentemente é
h/2
P  h  2
2
P  y2 
τ xy =   =   − y1 
I  2 b 2I  2  
1
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que corresponde a uma evolução parabólica ao longo da espessura como se representa


na figura 16.4.

Secção Recta
y
a e
y1 b g Eixo Neutro
h

b
τ max

Figura 16.4: Tensões de Corte numa Secção Rectangular

O valor da tensão de corte máximo ocorre para y1 = 0 que corresponde ao eixo neutro
da secção e é
2
P  h  12P h 2 3P
τ max =   = =
2I  2  8bh 3 2A

sendo A=bh a área da Secção.


Este valor pode ser comparado com o valor médio da tensão de corte que é τ =P/A,
concluindo-se que o valor máximo obtido por aplicação da fórmula de Jouravsky é 1.5
vezes ao valor médio.

Nota: O valor da tensão máxima necessita em geral de sofrer uma correcção que depende
do valor do coeficiente de Poisson, ν, pelo facto de não ser constante a tensão tangencial
em toda a profundidade da secção, ou seja segundo o eixo dos zz para as tensões τ xy . Só
no caso de ν ser igual a zero a que a fórmula acabada de deduzir para a tensão tangencial
máxima se aplica sem correcção. A correcção a efectuar ao valor máximo obtido é dada
pelo factor, α, ou seja

3P
τ max = α
2A
 
ν h 2 4  2
∞ 1 
sendo α = 1 +    − 2 n∑=1 
1+ ν  b   3 π  h 
n cosh  nπ  
2
  b 
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Exemplo 16.2
Considere a viga encastrada sujeita a uma carga pontual, P, na extremidade livre, como
se representa na figura 16.5. A secção recta da viga é em I como se representa na
referida figura, as espessura da alma e do banzo são iguais e designadas por e.
Determine a forma como evolui a tensão de corte, τ xy , na Secção da viga. Faça um
esquema representativo da evolução das tensões na Secção.

Secção Recta
P y
y
x
z
h

L
e

Figura 16.5: Viga Encastrada de Secção em I

Resolução

O esforço Transverso é constante e igual P. Para valores de y1 compreendidos entre h/2


e h/2+e, ou seja no banzo, as tensões tangenciais τ xy são

h 2+e
PS
τ xy = sendo S = ∫ bydy
Ib h/2

consequentemente é
h / 2+ e
P  h  2
2
P  y2 
τ xy =   =  + e  − y1 
I2 2I  2  
y1

Para valores de y1 compreendidos entre 0 e h/2, ou seja na alma, as tensões tangenciais


τ xy são

PS h 2
τ xy = sendo S = ∫ eydy
Ie y 1

consequentemente é
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h/2 h / 2+ e
P  h  2 Pb  h   h  
2 2 2
P  y2  Pb  y 2 
τ xy =   +   =   − y1  +  + e −
  
I  2 y Ie  2  h / 2 2I  2   2Ie  2   2  
1

No banzo as tensões tangenciais variam entre 0 para y1 =h/2+e e um valor máximo para
y1 =h/2 que é

P
τ max =  he + e 2 
b

2I 

Na alma as tensões tangenciais variam tem um valor máximo para y1 =0 que é

2
P  h  Pb
τ
a
max ==   + [ h + e]
2I  2  2I

O andamento das tensões tangenciais quer no banzo quer na alma é parabólico como se
representa na figura 16.6

Secção Recta Distribuição de Tensões


y Tangenciais

z
h

Figura 16.6: Distribuição de Tensões Tangenciais τ xy em vigas em I

2- Problemas propostos para Resolução nas Aulas Práticas

1. Considere uma viga cuja secção recta tem a forma de T, como se representa na figura
16.7. Calcule as tensões de corte, τ xy para as seis secções indicadas na figura para um
esforço cortante de 480kN.
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200mm

1
2
3
4 60mm

5 160mm
65mm
6 65mm

50mm

Figura 16.7

2. Considere a viga AB representada na figura 16.8 constituída por três peças coladas
entre si, como se representa. Determine a tensão de corte média, τ xy , nas juntas coladas
da secção c-c.

Secção c-c
100mm
c 1.5kN 1.5kN

20mm
A B
80mm 18mm Juntas Coladas
c
0.4m 0.2m

1.0m 20mm
60mm

Figura 16.8

3. Considere a viga representada na figura 16.9, cuja secção tem a forma representada,
determine as tensões de corte médias, τ xy , nos pontos a e b da secção c-c.
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90kN 90kN Secção c-c


c
160mm

A B a
20mm
20mm
c 100mm b
400mm
20mm 40mm
200mm 200mm

30mm 30mm

Figura 16.9
4. Considere uma viga de secção em I como se representa na figura 16.10. Numa secção
o momento flector é M=500kNm e a força de corte é T=500kN. Considere um ponto
pertencente ao topo da alma e calcule nesse ponto :
a) Tensões Longitudinais
b) Tensões de Corte
c) Tensões Principais.

Espessura:
2.5cm

60 cm
Espessura:
1.25cm

70cm
Figura 16.10

5. Considere uma viga com a Secção que se mostra na figura 16.11. As tensões
admissíveis são de 50MPa em tracção, 150MPa em compressão e 60 MPa ao corte. Quais
são os esforços máximos, esforço transverso e momento flector que a viga pode
suportar? Considere para efeitos de Cálculo as Secções A-A e B-B.

8cm
4cm

4cm
8cm

5cm
10cm

Figura 16.11
10/20

3- Problemas Propostos para Resolução nas Horas de Estudo

1.Considere uma viga cuja secção recta tem a forma representada na figura 16.12. No
caso das tensões normais máximas admissíveis serem à tracção 150MPa e à compressão
300MPa e a tensão de corte admissível ser de 140MPa, determine o momento máximo
que a viga pode suportar e o esforço de corte máximo que a viga pode suportar.

20cm

5cm
30cm
22.5cm

Figura 16.12

2. Uma viga encastrada está sujeita a uma carga pontual a uma distância de 1 m do
encastramento, como se representa na figura 16.13. A secção da viga é um I não
simétrico com as dimensões indicadas e obtido soldando dois Ts na secção indicada na
figura. As tensões normais admissíveis no material dos Ts são à compressão e tracção de
140MPa e ao corte de 80 MPa. A tensão admissível na soldadura é de 6MN/m2.
Determine a carga máxima P que a viga pode suportar.

P espessura 25mm
Soldadura
220mm

1m 250mm espessura 25mm


0.5m

Soldadura

150mm

Figura 16.13

3. Considere a viga representada na figura 16.14, cuja secção recta se representa também.
Considere P=6kN,p=2kN/m e a=150cm.
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a)Desenhe os diagramas de esforços transversos e momentos flectores.


b)Determine as tensões longitudinais ou axiais máximas.
c)Determine as tensões de corte máximas.
d)Faça esquemas representativos das distribuições de tensões que indiquem os valores
máximos das tensões axiais e de corte.

10cm
P Pp P

2cm
6cm

2a 3cm
a
a 2cm
2.5cm

Figura 16.14

4. Considere a viga simplesmente apoiada sujeita a uma carga pontual P. A secção da


viga foi obtida a partir de um perfil em I e dois perfis U colados como se representa na
figura 16.15. A cola utilizada na ligação tem uma tensão máxima admissível ao corte de
300kPa e o material dos perfis tem tensões normais admissíveis de 150MPa e tensões de
corte admissíveis de 80Mpa. Determine a carga máxima P que a viga pode suportar
desprezando o peso próprio da viga e considerando as tensões admissíveis atrás referidas.

espessura 2cm

P
3cm
10cm
espessura 3cm

2.0m 1.0m 8cm


14cm

Figura 16.15
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4- Leituras a Efectuar nas Horas de Estudo


- V. Dias da Silva, Mecânica e Resistência dos Materiais, Ediliber Editora, 1995,
páginas 217-226.
- Carlos Moura Branco, Mecânica dos Materiais, Teoria e Aplicação, McGraw-Hill,
1989.
- J. F. Silva Gomes, Apontamentos de Mecânica dos Sólidos, Editorial de Engenharia.
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Resistência dos Materiais 2003/2004


Curso de Gestão e Engenharia Industrial

17ª Aula
Duração - 2 Horas
Data - 20 de Novembro de 2003

Sumário: Tensões de corte em Secções de parede delgada. Centro de corte. Tensões de


corte em peças mistas.
Objectivos da Aula: Apreensão do modo de cálculo das tensões de corte em peças
delgadas e mistas.

Resumo do Conteúdo da Aula

1- Tensões de Corte em Vigas com Secções Rectas Abertas de Paredes


Delgadas

Na secção anterior procedemos ao cálculo das tensões tangenciais verticais, τxy , na


secção de vigas sujeitas a um esforço transverso T. Os planos de corte foram
considerados a uma distância y1 do eixo dos zz e paralelos a Oxz, sendo Ox com a
direcção do eixo da viga. No caso das secções rectas serem abertas e de paredes delgadas
é possível considerar planos de corte com orientações distintas, nomeadamente com
orientações tais que o plano de corte seja paralelo a Oyx como se representa na figura
17.1. Nestas condições podem calcular-se as tensões τ zx que ocorrem na faceta
perpendicular ao eixo dos zz e que têm a direcção do eixos dos xx, como se representa na
figura. As tensões τ xz que aparecem no banzo são iguais a τ zx , como resulta da simetria
do tensor das tensões.

b
e c d
dx
b1
τ zxedx

Figura 17.1: Viga em I


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As tensões τ xz junto à secção de corte a-c são fornecidas pela fórmula

TS
τ xz = (17.1)
Ie

onde S é o momento estático da área abcd em relação ao eixo dos yy.


A resultante das tensões τ xz é nula como resulta do facto das resultantes destas tensões
em cada uma das metades do banzo terem sentidos contrários.
No caso das vigas com secções em T e U o fluxo das tensões de corte na secção recta é
do ponto de vista qualitativo da forma representada na figura 17.2.

F1 F2 F2

F1

Figura 17.2: Vigas de Secção Aberta. Fluxo das Tensões de Corte

Exemplo 17.1

Considere a viga cuja secção tem a forma de T como se representa na figura 17.3 e
determine as tensões τ xz que se desenvolvem junto ao plano de corte que intersecta a
secção em a-b como se representa na figura. Determine também as forças resultantes
F2 . Admita que a viga está sujeita a uma solicitação tal que produz um esforço cortante
T=5kN na secção em que se pretendem as tensões.
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y
a 150mm

F2 F2
30mm
b
z
170mm
40mm

30mm

Figura 17.3: Secção em T

Resolução

É indispensável determinar a posição do centro de gravidade da Secção. Para isso


considera-se que

A1y1 + A 2 y 2 150 × 30 × 185 + 170 × 30 × 85


yg = = = 131.875mm
A1 + A 2 150 × 30 + 170 × 30

Uma vez conhecida a posição do centro de gravidade há necessidade de calcular o


momento de Inércia, que é

150 × 303
+ 150 × 30 × ( 200−131.875−15 ) +
2
Iz =
12 está mal
170 × 303
+ 170 × 30 × (131.875−85 ) = 24.63 × 10 mm
2
+ 6 4

12

É necessário calcular também o momento estático da área de corte que é

S = 40 × 30 × (200 − 131.875 − 15) = 6.375 × 10 4 mm 3

Uma vez determinados os momentos de Inércia da Secção e o momento estático da área


de corte pode aplicar-se a fórmula de Jouravsky e determinar as tensões de corte que são

TS 5000 × 6.375 ×10 −5


τ xz = = = 0.43MPa
I ze 24.63 × 10 × 30 × 10
−6 −3

Para determinar a força resultante convém calcular a tensão τ xz máxima na secção que
corresponde à área de corte 60×30, cujo momento estático é:
16/20

S = 60 × 30 × (200 − 131.875 − 15) = 9.5625 × 10 4 mm 3

a que corresponde a tensão de corte

TS 5000 × 9.5625 × 10 −5
τ xz = = = 0.67MPa
I ze 24.63 × 10 × 30 × 10
−6 −3

A força resultante é

F2 = 0.67 × 60 × 30 / 2 = 1206N

2- Centro de Corte
No caso da viga em U representada na figura 17.4, cujo centro de gravidade é G, as
forças F1 tendem a produzir torção no caso do plano de solicitação passar por G, como
resultado da acção do momento resultante que é F1 ×h, sendo
τ xz max b × e
F1 = (17.2)
2
e a espessura do U considerada pequena quando comparada com as restantes dimensões.

y
F1

z C
G h
T

F1

Figura 17.4: Viga em U

A força resultante das tensões τ xy é igual ao esforço transverso na Secção e portanto


estas tensões não têm qualquer efeito secundário, no entanto as forças F1 resultantes das
tensões τ xz vão produzir torção a não ser que o plano de solicitação passe pelo ponto C,
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cuja posição é tal que o momento produzido pelo esforço T (esta afirmação só é
verdadeira no caso das paredes do U serem finas, caso contrário a resultante das forças
tangenciais na alma não é aproximadamente igual a T), equilibre o momento produzido
pelas forças F1 , ou seja

h
F1h = Td ou d = F1 (17.3)
T

sendo d a distância do ponto C ao centro de gravidade da Secção G. O ponto C é


designado por centro de corte e no caso das cargas aplicadas estarem contidas no plano
vertical que passa por C, o efeito da torção na Secção é eliminado.
No caso da secção ter outra forma é necessário considerar o equilíbrio de momentos
resultante da acção das várias forças tangenciais que aparecem na secção. Por exemplo,
no caso das secções de paredes delgadas serem constituídas por troços concorrentes num
ponto, por exemplo secções em L, em V, etc, a posição do centro de corte coincide com o
referido ponto de concorrência, pelo facto das linhas de acção das resultantes das tensões
tangenciais se intersectarem no referido ponto.

Exemplo 17.2

Determine a posição do centro de corte para a secção representada na figura 17.5, no


caso de se considerar que o esforço transverso é T=P. Considere b=75mm, h=100m e a
espessura constante e igual a 10mm.

y
F1

z C
G h

F1

Figura 17.5: Secção em U

Resolução

Calcule-se em primeiro lugar as forças F1 , começando por calcular a tensão tangencial


máxima, τ xz max .
18/20

O momento de inércia da secção é

10 × 1103 70 × 103
Iz = + × 2 + 70 × 10 × 2 × 50 2 = 4.62 × 10 6 mm 4
12 12

O momento estático da área de corte é

S = 70 × 10 × 50 = 3.5 × 10 4 mm 3

A tensão tangencial máxima, τ xz max é

PS P × 3.5 × 10 −5
τ xz max = = = 757.58P
I ze 4.62 ×10 × 10 × 10
−6 −3

A força F1 é

τ xz max × 70 ×10
F1 = = 0.2652P
2

Consequentemente a distância d ao centro de Gravidade da Secção é

h 0.2652 ×100 × 10 −3P


d = F1 = = 26.52 × 10 −3m
T P

3- Peças Mistas
A determinação das tensões de corte pode ser feita considerando o método da secção
equivalente como foi considerado para o caso da determinação dos esforços axiais, sendo
também possível considerar um método directo e deduzir as fórmulas adequadas para
esse efeito.
Sugere-se que deduza a expressão a utilizar no caso da secção ser rectangular e
constituída por dois materiais distintos.

4- Problemas Propostos para Resolução

1. Considere as secções representadas na figura 17.6 e determine a posição do centro


de corte. Admita que T=P. As secções são consideradas de espessura constante e
igual a 15mm.
19/20

50mm

70mm

140mm
70mm

130mm 40mm
80mm
Figura 17.6: Secções Abertas

2. Considere uma viga constituída por dois materiais distintos, cuja secção tem a
forma representada na figura 17.7. Considere que as várias partes são coladas e
determine as tensões de corte na secção nas várias zonas decolagem admitindo
que o esforço cortante na secção é de 5kN. A unidade em que estão expressas as
dimensões é o mm.
O módulo de Young do material 1 é 200GPa e o módulo de Young do material 2
é 100GPa.

170
Material 2 Material 1
30 30

30
50

200

60
30

30 30 30

90

Figura 17.7
20/20

4- Leituras a Efectuar nas Horas de Estudo


- V. Dias da Silva, Mecânica e Resistência dos Materiais, Ediliber Editora, 1995,
páginas 226-233.
- Carlos Moura Branco, Mecânica dos Materiais, Teoria e Aplicação, McGraw-Hill,
1989.
- J. F. Silva Gomes, Apontamentos de Mecânica dos Sólidos, Editorial de Engenharia.

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