Você está na página 1de 16

0

SÉRIES NUMÉRICAS;

UMA INTRODUÇÃO
1

x . Desse fato, concluiu que


x3 x5 x7
arctg x  x     ... . Este resultado é conhecido como “série de Gregory”
3 5 7

1
Por sua vez, Mercator usou que a área sob a hipérbole y  entre 0 e x é ln(1+x), para
1 x
chegar à expressão (C. Boyer, pgs. 265, 266)

x2 x3 x4
ln(1+x) = x -  -  . . . , chamada hoje de “série de Mercator” .
2 3 4

Em 1748, L. Euler publicou o texto Introductio in analysin infinitorum, em dois


volumes. O primeiro deles versava sobre processos infinitos, entre os quais séries infinitas. Euler
era pouco cuidadoso no uso de tais séries, e as manipulava arriscadamente. Usando a série
da função sen z = z – z3/3 + z5/5! - ... e de artifícios engenhosos, Euler conseguiu resolver uma
difícil questão que J. Bernoulli não tivera sucesso, a de obter a soma dos recíprocos dos
quadrados perfeitos. Após alguns cálculos, Euler obteve que (C.Boyer pg 307).

1

1

1

1
 ... 
1 1 1 1 1 2
, e daí concluiu que    
2 ( 2) 2 (3) 2 (4) 2 6 12 22 32 42 6

Outros nomes ilustres no Sec. XIX compõem o cenário que trata da convergência das
séries numéricas e das séries de funções, como Lagrange, Laplace, Dirichlet, Fourier, Cauchy,
Bolzano e Weierstrass. A seguir trataremos desta questão.

Séries Numéricas; O Conceito de Convergência

Exemplos de somas infinitas surgem muito cedo, ainda no Ensino Fundamental, com o
estudo das dízimas periódicas. Por exemplo, a soma

0,1 + 0,01 + 0,001 + .... = 0,111... pode ser interpretada como a soma de uma progressão
geométrica (com infinitos termos)
1 1 1 1 1 1 1 1
 2  3  ... de razão , cuja soma é  2  3  ... = (veremos mais tarde as
10 10 10 10 10 10 10 9

séries geométricas com mais detalhes)

De forma análoga, chamando por exemplo 0,333... = x temos 3, 333... = 10x . Subtraindo-
se essas equações ficamos com 9x = 3, ou seja , x = 3/9 = 1/3 . Concluímos daí que

3 3 3 1
   ... 
10 100 1000 3

Como pode ser visto no desenrolar da história das séries infinitas, encarar somas infinitas
nos mesmos moldes das somas finitas, usando as propriedades das operações, pode nos levar a
dificuldades e conclusões equivocadas. Vejamos os seguintes exemplos:

1. A série de Grandi
Considere a “soma” S = 1 – 1 + 1 – 1 + 1 – 1 + .....
2

Utilizando a propriedade associativa de forma conveniente, podemos obter os seguintes


resultados
a) S = (1 – 1) + ( 1 – 1) + ( 1 – 1) +.... = 0
b) S = 1 + (– 1 + 1) + ( – 1 + 1) + ( – 1 +1 ) + .... = 1
c) S = 1 – (1 – 1 + 1 – 1 + 1 – 1+ ...)  S = 1 – S  2S = 1  S = ½ .

Como decidir então? S = 0, 1 ou ½ ?

O que acontece neste exemplo é que as operações que são válidas para somas finitas, como a
associatividade, por exemplo, não são válidas em geral para somas infinitas.
2. O paradoxo de Zenão

No século V A.C. Zenão ( ou Zeno de Eléia) apresentou o seguinte problema: “ Para se


caminhar um quilômetro devemos caminhar primeiro meio quilômetro. Para caminhar este meio
quilômetro devemos caminhar um quarto de quilômetro. Para caminhar este um quarto de
quilômetro devemos antes caminhar um oitavo de quilômetro e assim indefinidamente”. Zenão
colocou que este movimento era impossível pois sequer se iniciaria!
A origem do paradoxo é que não podemos realizar um número infinito de tarefas num tempo
finito. Mas o quilômetro permanece inalterado pela nossa decomposição em meio quilômetro,
mais um quarto de quilômetro, mais um oitavo de quilômetro, etc...Assim,
1 1 1
1    .... . Este resultado pode ser pensado como a soma de uma PG infinita de razão
2 4 8
1
1 a1
. ( S ) . Logo S  2  1 ( Deduziremos esse resultado )
2 1  q 1
1
2

3. A série harmônica
1 1 1 1
A série harmônica é a série 1     ....   ....
2 3 4 n
Os termos da série harmônica estão decrescendo e tendendo para zero. À primeira vista parece
que a “soma” tende a um número finito.
Hoje em dia, com o uso do computador, podemos fazer cálculos experimentais interessantes:
Vamos supor que levamos 1 segundo para somar cada termo.

 Uma vez que o ano tem aproximadamente 31.557.600 segundos, neste período de tempo
seríamos capazes de somar a série até n = 31.557.600, obtendo para a soma um valor
pouco superior a 17.
 Em 10 anos a soma chegaria perto de 20.
 Em 100 anos, esta soma estaria a pouco mais de 22.

Tudo leva a pensar que esta soma tende a um valor finito. No entanto, isto é falso! Esta série tem
soma infinita. Vimos acima, na apresentação histórica, o argumento de Oresme.

Para melhor compreender e trabalhar as questões aqui colocadas precisamos de um conceito


consistente para a soma de um número infinito de números reais. Vamos introduzir a seguinte
terminologia
3

Uma série infinita é uma expressão que pode ser escrita na forma

 a n  a 1  a 2  a 3  .....
n 1
onde os números a1, a2, a3, .... são chamados de termos da série e an de termo
geral da série

1 1 1
Voltemos à nossa dízima 0,111... = 0,1 + 0,01 + 0,001 +.... = 10  2  3  ...
10 10
Vamos considerar o valor da soma tomando um termo, dois termos, três termos, etc. Cada soma
dessa é chamada de soma parcial e é termo de uma seqüência
1
s1  0,1 
10
1 1 1 1
s 2  0,1  0,01    
10 100 10 10 2
1 1 1 1 1 1
s3  0,1  0,01  0,001      
2
10 100 1000 10 10 10 3
1 1 1 1 1 1 1 1
s4  0,1  0,01  0,001  0,0001        
2 3
10 100 1000 10000 10 10 10 10 4

..........................................

A seqüência dos números s1, s2, s3, s4,....pode ser interpretada como uma seqüência de
aproximações do valor de 1/9.
À medida que tomamos mais termos da série infinita a aproximação fica melhor o que nos
sugere que a soma desejada deve ser o limite dessa seqüência de aproximações. Para comprovar
este fato vamos calcular o limite dessa seqüência, quando o número n de termos tomados tende
a um número cada vez maior, isto é, n  .

1 1 1 1
Temos que sn   2  3  ...  n (I )
10 10 10 10
Vamos dar uma outra expressão para sn de modo a facilitar o cálculo do limite

1 1 1 1 1 1 1
Multiplicando sn por obtemos s n  2  3  4  ...  n  n 1 (II )
10 10 10 10 10 10 10
Subtraindo agora ( I )  ( II )
1 1 1 1  1  9 1  1  1 1 
sn  sn   n 1  1  n   s n  1  n   s n  1  n 
10 10 10 10  10  10 10  10  9  10 
1 1  1
Calculando agora lim s n  lim 1  n   que é o valor já esperado para a soma.
n   n   9  10  9
4

No processo que fizemos no exemplo anterior, construímos uma seqüência de somas finitas e
1
o limite dessa seqüência correspondeu ao valor da soma, uma vez que 0,11111 ... 
9

O exemplo acima motiva a definição mais geral do conceito de “soma” de uma série infinita.

Consideremos a série  a n  a 1  a 2  a 3  ..... e vamos formar uma seqüência  s n  de somas
n 1
da seguinte maneira:
s1 = a 1
s2 = a 1 + a 2
s3 = a 1 + a 2 + a 3
...........................
n
sn = a1 + a2 + a3 +...+an = sn-1 + an = ak
k 1
A seqüência  s n  é chamada de seqüência das somas parciais da série e sn é chamado de n-
ésima soma parcial .
Quando n cresce, as somas parciais incluem mais e mais termos da série. Logo, se quando
n  + a soma sn tender a um valor finito, podemos tomar este limite como sendo a soma de
TODOS os termos da série . Mais formalmente, temos:

Seja 
1
an
uma série dada e  s n  a sua seqüência de somas parciais.Se
lim s n  S; S   ( isto é, existe e é finito) dizemos que a série an
n   1

é convergente a S e que S é a sua soma.. Indicamos 


1
an
= S. Caso
contrário a série diverge e portanto não tem soma.

Observações:

1) Os símbolos a1 + a2 + a3 +...+ an + ….=  a n   a n   a n tanto são usados para
n 1 1

indicar uma série como a sua soma que é um número. Rigorosamente o símbolo  a n
1
só deveria indicar a série no caso dela convergir.
2) O índice da soma de uma série infinita pode começar com n = 0, no lugar de n = 1. Neste
caso consideramos a0 como o primeiro termo da série e so = ao a primeira soma parcial.
Exemplos:
1 1
1) A série  tem termo geral a n  e seqüência das somas parciais é
1 n n
5

s1  1
1
s2  1
2
1 1
s3  1  
2 3
.....
1 1 1
s n  1    ...
2 3 n

( Existem técnicas para mostrar que lim s n   e portanto a série 


1
diverge)
n  1 n

2)  a n  1  1  1  1  1  ....
1
Consideremos as somas parciais
s1 = 1
s2 = 1 – 1 = 0
s3 = 1  1 + 1 = 1
s4 = 1  1 + 1  1 = 0
A seqüência das somas parciais é 1, 0, 1, 0, 1, 0, ... e portanto o limite não existe e a série
diverge.
1
3) Dada a série  , determine:
1 n(n  1)
a) Os quatro primeiros termos da série
b) A seqüência das somas parciais
c) Se a série é convergente.
Solução:
4 1 1 1 1 1
a)     
1 n ( n  1) 2 23 3 4 45

1
b) s1 
2
1 1 2
s2   
2 6 3
1 1 1 2 1 3
s3      
2 6 12 3 12 4
1 1 1 1 3 1 4
s4       
2 6 12 20 4 20 5
n
Tudo leva a crer que s n 
n 1
1 1 1
De fato: a n   
n(n  1) n n  1
1
a1  1 
2
1 1
a2  
2 3
1 1
a3  
3 4
.................
6

1 1
an  
n n 1
1 n
s n  a 1  a 2  ....  a n  1  
n 1 n 1
n
c) Para analisarmos a convergência calculamos lim s n  lim 1
n   n   n  1
1
Logo, a soma da série é  1
1 n(n  1)

4) O número e como soma de uma série


n
 1
Já vimos que o número e pode ser definido como lim 1    e = 2,718281828...
n    n

 1 1 1 1 1
Podemos também mostrar que a série   11    ...   ...  e
0 n! 2 3! 4! n!

Vamos avaliar algumas somas parciais

s0= 1

s1 = 1 + 1 = 2
1
s2  1 1  2  0,5  2,5
2!
1 1 1
s3  1  1    2,5   2,5  0,166666666  2,666666667
2! 3! 6
1 1 1 1
s4  1  1     2,666666667...   2,708333334...
2! 3! 4! 24

1 1 1 1 1
s5  1  1      2,708333334...   2,716666667...
2! 3! 4! 5! 120

1 1 1 1 1 1
s6  1  1       2,716666667...   2,718055556...
2! 3! 4! 5! 6! 720

1 1 1 1 1 1 1
s7  1  1        2,718055556...   2,718255969...
2! 3! 4! 5! 6! 7! 5040

1 1 1 1 1 1 1 1
s8  1  1         2,718255969...   2,718278771...
2! 3! 4! 5! 6! 7! 8! 40320

1 1 1 1 1 1 1 1 1
s9  1  1          2,718278771 ...   2,718281527...
2! 3! 4! 5! 6! 7! 8! 9! 362880

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
s10  1  1           2,718281527...   2,718281803...
2! 3! 4! 5! 6! 7! 8! 9! 10! 3628800

Observemos que desde a soma parcial s7 já temos precisão até a 4a casa decimal !!
7

A Série Geométrica

O nosso primeiro exemplo de série infinita 0,1 + 0,01 + 0,001 + .... é um caso particular de
uma série especial, chamada série geométrica.

n 1
Uma série do tipo  a.r  a  ar  ar 2  ar 3  ...  ar n -1  .... onde a  0 é chamada
1
de série geométrica e o número r é chamado de razão da série.

Observação: A série geométrica também pode ser dada na forma  ar n  a  ar  ar 2  ... , ou


0
nk
mais geralmente,  ar  a  ar  ar 2  ar 3  ...
nk

Exemplos:
1 1 1 1  1
1) 0,1 + 0,01+ 0,001 + 0,0001 + ... =     ... é uma série
10 10 2 3 4 n
10 10 1 10
geométrica de razão r = 1/10 e a = 1.

n
2) 3  3.2 + 3.22  3.23 + 3.24 ..... =  3.(2) é uma série geométrica de razão r = 2 e
0
a=3

O resultado seguinte nos diz quando a série geométrica é convergente e quando é divergente

n 1
A série geométrica  a.r a0er R
1
a
 Converge para S  se r 1
1 r
 Diverge, se r 1

Demonstração:
1) r  1
i) r = 1
Se r = 1 a série fica  a  a  a  a  a  .... e portanto a n-ésima soma parcial é sn = (n+1)a e
1
lim s n   ( o sinal depende de a ) e a série diverge.
portanto n  
ii) r = –1

n 1
Se r = –1 a série fica  a(1)  a  a  a  a  a  a  ..... .
1
A seqüência das somas parciais nesse caso fica a, 0, a, 0, a, 0,..... e portanto a série diverge pois
o limite de sn não existe.

2) r 1

Consideremos a seqüência das somas parciais  s n  :


8

s n  a  ar  ar 2  ar 3  ...  ar n 1 ( I )
rs n  ar  ar 2  ar 3  ...  ar n 1  ar n ( II )
a(1  r n )
Subtraindo ( II ) de ( I ): s n  rs n  a  ar n . Logo, s n  . Calculando o limite obtemos:
1 r

n a
a(1  r )  ; se r  1
lim s n  lim  1  r
n   n   1  r 
; se r  1

Exemplo: Verifique se as seguintes séries geométricas são convergentes e em caso afirmativo


determine a sua soma :

n 1 1
n
1
n-1
1
n-3
(-1) n (-1) n 1
1)  2 2)  3.  3)  3.  4)  3.  5)  6) 
1 0 2 1 2 31  2  0 2n 2 3n

Alguns resultados importantes

Teste da divergência
 Se lim a n  0 então  a n é divergente
n  1
 lim a n  0 então  a n pode convergir ou divergir
Se n   1

Observações:

1. O resultado acima é também chamado de Critério do Termo Geral (CTG) para a


convergência de série, ou condição necessária para a convergência de uma série.

2. Se  a n converge então lim a n  0 .


1 n 
3. Através do resultado do limite do termo geral, podemos garantir a divergência de certas
séries. Exemplo:  n diverge, pois lim n   . n  
1
4. Como dito acima, se nlim a n  0 nada podemos afirmar sobre a série  a n . Ela pode
  1
1 1
ou não convergir. Por exemplo, temos lim  0 , mas a série  diverge .
n   n 1 n

5. A convergência ou divergência de uma série não é afetada pela retirada ou o acréscimo de um


número finito de termos.
9

6. Se  a n converge, a série  b n obtida de  a n acrescentando-se ou suprimindo-se


1 1 1
alguns termos também converge, mas para valor em geral diferente da soma  a n . Por
1
exemplo:
1 1
a) As séries  n 1 e 
são ambas convergentes, mas para valores diferentes.
n 1
2 1 3 2
n 1
b) As séries  2 e  bn  3  5  12  1  2  4  8  16  ..... são ambas divergentes
1

7. Se  a n e  b n são duas séries convergindo a S e R respectivamente, então


1 1

i) A série   a n  b n  converge a S  R.
1

ii) A série  ka n converge a kS., k  R


1

iii) Se  a n é convergente e  b n é divergente, então   a n  b n  é divergente.


1 1 1

iv) Se  a n é divergente e k  0 , então  ka n é divergente.


1 1

Observação: Se  a n e  b n são duas séries divergentes nada se pode afirmar sobre


1 1
  a n  b n  . Exemplo: As séries  2 n e 2
n
 
divergem e  2 n  2 n converge a 0.
1

Exemplo: Verifique se as seguintes séries são convergentes ou divergentes. Em caso de


convergência, calcule a soma:

3 3n  5n  n 1  4
1)  n(n  1) ; 2)  ; 3)   2  n  ; 4)  n 1 ;
1 0 15 n 1  2  3 5

Referências Bibliográficas:
1. O Cálculo com Geometria Analítica, vol II – Louis Leithold
2. Cálculo – Um Novo Horizonte, vol II – Howard Anton
3. Cálculo – vol II – James Stewart
4. História da Matemática – Carl Boyer
10

TEMA: Séries Numéricas: Critérios de Convergência

Alguns Critérios de Convergência para Séries Numéricas

Em geral é difícil decidir através do estudo das seqüências das somas parciais se uma
série é convergente ou divergente, principalmente porque nem sempre é possível estabelecer uma
expressão geral para sn.
Vimos, até então, o caso da série geométrica, que sabemos através da sua razão se
converge ou não e, no caso de convergir, qual é a sua soma. Calculamos também a soma de
algumas séries em que a expressão de sn foi obtida com certa facilidade.
Vamos estudar alguns testes ou critérios que nos permitem decidir sobre a convergência
de uma série, mesmo que no caso da série ser convergente não possamos dizer o valor da sua
soma. Neste caso, podemos aproximar a soma por uma soma parcial com termos suficientes
para atingir o grau de precisão desejado.

1
I) A p- série  p
1 n

Vamos assumir sem demonstração o seguinte resultado

1
A p-série  (p>0)
1 np
 converge se p > 1
 diverge se 0 < p  1

Observações:

1
1) A p-série  p é também chamada de série hiper-harmônica
1 n
1
2) A série harmônica  é um caso particular de uma p-série ( p = 1 ) e como já
1 n
tínhamos colocado, diverge.
3) O resultado acima pode ser demonstrado através de um critério chamado de
Critério da Integral

Exemplos

1
1)  diverge ( p = 1 )
1 n

1
2) A série  converge ( p = 2 )
1 n2
11

1
3) A série  diverge ( p = ½ )
1 n

II ) Teste da Comparação (TC)

Dadas as séries  a n e  b n , an > 0; bn > 0 e an  bn , n, temos que


1 1
 Se  b n converge então  a n converge.
1 1
 Se 
1
a n diverge então  b n diverge.
1

Observações:

1) Este teste é também chamado teste do confronto ou comparação simples


2) Se a  b e  b n diverge nada podemos afirmar sobre  a n
n n
1 1
3) Se an  bn e  a n converge nada podemos afirmar sobre  b n
1 1
4) O teste também se aplica se temos an  bn n > no
5) Vamos utilizar séries geométricas e p-séries para servirem de comparação

Exemplo: Analise o comportamento das seguintes séries usando o teste da comparação simples

1
1) 
2 n 1

1 1 1 1
Solução: n  n 1   . Uma vez que  diverge temos que 
n n 1 1 n 2 n 1
também diverge

sen(n)
2) 
1 n2

sen n 1 1
Solução: sen n  1   . Uma vez que a série  converge temos que
n2 n2 1 n2
sen(n)
 também converge.
1 n2

III) Séries Alternadas

Uma série alternada é uma série que se apresenta numa das formas
n 1
  ( 1) a n  a 1  a 2  a 3  a 4  ... an > 0; n ou
1
n
  ( 1) a n  a1  a 2  a 3  a 4  ... an > 0; n
1
12

Exemplos:
( 1) n 1 1 1 1
1)   1     ...
1 n 2 3 4
n
(1) 1 1 1
2)  n      ...
1 2 2 4 8

O resultado a seguir nos dá um teste para analisar a convergência das séries alternadas
Teste de Leibniz

n 1
Se a série alternada  (1) a n  a 1  a 2  a 3  a 4  ... (an > 0 ; n ) é tal que
1
lim a n  0
i) n  
ii) a n 1  a n  n ( a seqüência é decrescente )

Então a série dada é convergente.

Além disso se S é a soma da série temos que S  s n  a n 1

Observação: A desigualdade S  s n  a n 1 significa se uma série alternada satisfaz as hipóteses


do Teste de Leibniz, o erro que resulta em aproximar S por s n é menor que o primeiro termo que
não foi incluído na soma parcial

Exemplo: Estude quanto à convergência as seguintes séries

( 1) n 1
1)  ;
1 n

1 1 
Solução: i) lim 0 ii) A seqüência   é decrescente.
n  n n 

A série portanto converge. Observemos que esta série é a série harmônica ( que diverge )
alternada

1 1 1
Se considerarmos, por exemplo, a soma s 4  1    = 0,58333.. o erro cometido é menor
2 3 4
que a5 = 1/5 = 0,2

De fato, veremos mais tarde que esta série tem por soma ln2. Se calcularmos ln2 = 0,69314718...
e tomarmos a diferença 0,69314718...  0,58333.... = 0,1098... que é menor que 0,2
Esta série não é uma boa série para aproximar ln2 pois a convergência é muito lenta. Só obtemos
uma boa aproximação tomando um número muito grande de termos.
13

n π
2)  ( 1) sen
2 n

π  π
i) lim sen  0 ; ii) Para mostrar que a seqüênciasen  é decrescente, consideramos a
n   n  n
π π κ
função f(x)  sen e calculamos a sua derivada. f (x)  2 cos x < 0 o que garante que a
x x
π π
função é decrescente para x > 2.. ( De fato: x  2  0   . O arco está no 1o quadrante e o
x 2
cosseno é positivo )

IV) Os testes da Razão e da Raiz

Para enunciar os testes da Razão e da Raiz vamos introduzir o conceito de séries absolutamente
convergentes

Analisando exemplos vistos anteriormente podemos observar que


( 1) n 1 ( 1) n 1
1
A série  é convergente e a série  
é divergente
1 n 1 n 1 n
( 1) n 1 ( 1) n 1 1
A série  é convergente e a série  =  2 também é convergente
1 n2 1 n2 1 n

Temos a seguinte definição:

Dada a série  u n temos que:


1
1) Se a série  u n converge dizemos que a série  u n é absolutamente convergente
1 1
2) Se a série  u n converge e  u n diverge dizemos que  u n é condicionalmente
1 1 1
convergente.

Exemplos:
( 1) n 1
1) A série  é condicionalmente convergente
1 n
( 1) n 1
2) A série  é absolutamente convergente
1 n2
n π
3) A série  (1) sen é condicionalmente convergente
1 n
14

senn
4) A série  é absolutamente convergente
1 n2

Toda série absolutamente convergente é convergente, ou seja:

se  un converge então  u n também converge


1 1

sen n
Exemplo: Pelo resultado anterior podemos concluir que a série  que não é de termos
1 n2
positivos nem alternada é convergente.

Observações:
1) Temos que  u n   u n converge. A recíproca não é verdadeira.  u n convergir
1 1 1
n 1
( 1)
não implica que  u n também converge. Exemplo: 
1 1 n
2) Se  u n diverge nada podemos afirmar sobre  u n . Pode convergir ou divergir.
1 1
3) Se  u n diverge podemos garantir que  u n diverge pois, caso contrário,  u n
1 1 1
seria convergente.

Teste da Razão para a Convergência Absoluta ( TRZ)

u n 1
Seja a série  u n e considere o limite nlim k
1   un

 Se k < 1 a série  u n é absolutamente convergente, logo convergente


1
 Se k > 1 ( ou ) a série 
1
u n diverge

 Se k = 1 nada podemos concluir por este critério

Teste da Raiz para a Convergência Absoluta ( TRI )

Seja a série  u n e considere o limite n 


lim n u n  k

1
 Se k < 1  u n é absolutamente convergente, logo convergente
1
 Se k > 1 ( ou ) a série 
1
u n diverge

 Se k = 1 nada podemos concluir


15

Observações:

1) Os Testes da Razão e da Raiz são gerais podendo ser aplicados em qualquer série.
Garantem a convergência absoluta ( k < 1 ) ou a divergência da série  u n ( k >1 ).
1
2) Tanto no Teste da Razão quanto no Teste da Raiz podemos concluir a divergência se os
respectivos limites forem +

3) Se k = 1 no Teste da Razão então k = 1 no Teste da Raiz. Ou seja, se encontrarmos k =


no Teste da Razão, não é mais necessário testar com o outro critério.

Exemplo: Use os Testes da Razão ou a Raiz para analisar a convergência das seguintes séries:

2n
1) 
1 n!
Em geral quando a expressão do termo geral da série envolve fatorial o critério mais indicado é o
da razão

2n u 2 n 1 n! 2n! 2 u n 1 2
un   n 1     lim  lim 0.
n! un (n  1)! 2 n (n  1)n! n  1 n  u n n  n  1
Concluímos então que a série é convergente

2n
2n  1 
2)   
1  n 

2n
Vamos usar o teste da raiz: lim  2n  1  2n  1
n u
n  lim n    lim  2 . Portanto, a série
n   n    n  n   n
diverge.

Você também pode gostar