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Faculdade de Agronomia e 

Engenharia Florestal

Conceitos e Teoria do Desenvolvimento

Ano Académico 2019

Conceitos e teoria
• No mundo temos dois extremos:
• Um dos extremos com pessoas que possuem o suficiente 
para comer, vestir bem, ter habitação condigna, com boa 
saúde e com segurança financeira;

• O outro – a maioria da população do mundo – com 


pessoas que não tem o suficiente para comer e ter abrigo, 
problemas de saúde, não sabem ler nem escrever e sem 
emprego;

• Pobreza absoluta – situação na qual indivíduos não são 
capazes de obter o mínimo de renda, alimentação, 
vestuário, abrigo, saúde, e outras necessidades 
essenciais da vida;
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Conceitos e teoria
• Desenvolvimento – processo de melhorar a qualidade de 
vida todos os indivíduos e a capacidade dos mesmos para 
melhorar as condições de vida, autoestima e liberdade;

• Economia tradicional – abordagem da economia que 
enfatiza maximização da utilidade e dos lucros, eficiência 
de mercados, e determinação do equilíbrio;

• Economia politica – vai para além da economia 
tradicional e abordando os processos sociais e 
institucionais;

Conceitos e teoria
• Devemos reconhecer que a analise económica é feita no 
contexto de sistemas sociais de um determinado pais e 
mesmo no contexto internacional;

• Sistemas sociais – estrutura organizacional e institucional da 
sociedade incluindo valores, atitudes, estrutura de poderes, 
crenças, e aspectos culturais;

• Desenvolvimento económico – estuda como as economias 
são transformadas da estagnação para o crescimento e de 
baixa para alta renda, resolvendo os problemas relacionados 
com a pobreza absoluta;

• Desenvolvimento Agrário????
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Conceitos e teorias
• Desenvolvimento económico, tradicionalmente, significa 
alcançar uma taxa de crescimento sustentável da renda 
per capita que permita a expansão do output a uma taxa 
maior do que a do crescimento da população;
• Significando crescimento do Produto Nacional Bruto (PNB)
ou Renda Nacional Bruta (RNB) em termos reais
• RNB nominal versus RNB real

• Renda Nacional Bruta (RNB) – valor monetário dos bens 
e serviços produzidos num pais, durante um ano, com 
factores de produção que estão na posse dos residentes 
de um pais;
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Conceitos e teorias
• Tradicionalmente, algumas vezes desenvolvimento é 
também visto como crescimento sustentável do Produto 
Interno Bruto (PIB);

• Produto Interno Bruto (PIB) – é a quantificação do valor 
de mercado de todos os bens e serviços finais – farinha 
de milho, cerveja, cuidados de saúde, etc – produzidos 
num pais durante um ano;

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Conceitos e teorias
Compras de consumo

Abordagem pelo fluxo de bens e serviços

Bens e serviços finais
(pão, automóvel, etc.)

Famílias Empresas

Serviços produtivos
(trabalho, terra, etc.)

Abordagem pelo fluxo de rendimentos ou custos

Salários, rendas, lucros, etc.
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Conceitos e teorias
• Nos anos 60s e princípios dos anos 70s, alguns países 
haviam alcançado as suas metas de crescimento do PIB 
(altos níveis de crescimento do PIB) mas as condições de 
vida de uma proporção considerável da população não 
havia mudado
• Sugerindo necessidade de mudança do conceito;

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Conceitos e teorias
• Vejamos o exemplo de Moçambique:

Conceitos e teorias
• Vejamos o exemplo de Moçambique:

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Conceitos e teorias
• Desenvolvimento – passou a ser definido como redução 
da pobreza, desigualdade e desemprego (redistribuição 
do crescimento económico);

• Portanto, desenvolvimento passou a ser visto como um 
processo multidimensional envolvendo mudanças nas 
estruturas socias, valores, atitudes, e estrutural 
organizacional e institucional, assim como crescimento 
económico, e redução da pobreza, desigualdade e 
desemprego;

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Conceitos e teorias
• Por outro lado, Amartya Sen, nos anos 90s, argumentou que 
(conhecida como abordagem das capacidades):
• Pobreza não pode ser medida somente com base na renda;
• O que importa não é somente o que a pessoa possui mas sim o 
que a pessoa é capaz de fazer com o que possui;
• Um livro tem pouco valor para uma pessoa que não sabe ler 
(talvez sirva para acender o fogo);
• Alimento de alto valor nutritivo tem pouco valor para uma 
pessoa com doença parasíticas;

• Temos que pensar para além da disponibilidade dos bens e 
serviços e pensarmos nas capacidades do uso destes bens e 
serviços (funcionalidades);
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Conceitos e teorias
• Amartya Sen, também argumentou que liberdade e 
felicidade são partes integrantes do bem‐estar das 
pessoas
• Felicidade pode influenciar as capacidades individuais;

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Conceitos e teorias
• Será que existe alguma relação entre felicidade e renda?

Source: Layard (2005) 14

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Conceitos e teorias
• Nesta abordagem, desenvolvimento pode ser visto como 
uma elevação da sociedade e sistemas social para uma 
“melhor vida” dos indivíduos de uma determinada 
sociedade

• Qual é o significado de “melhor vida”?

• Esta é uma discussão filosófica bastante atinga, contudo 
nesta disciplina iremos considerar principalmente três 
aspectos;

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Conceitos e teorias
• Três valores principais de conceito de “desenvolvimento”:
• Sustentação: provisão de bens e serviços básicos (alimento, 
vestuário, abrigo, saúde, protecção, etc.) necessários para 
sustentar um ser humano nos níveis mínimos de condições de 
vida;

• Autoestima: sentimentos de merecimento que a sociedade 
alcança quando os sistemas sociais, políticos, e económicos e 
instituições promovem valores tais como respeito, dignidade, 
integridade e autodeterminação;

• Liberdade: quando a sociedade tem ao seu dispor varias 
alternativas para satisfazer os seus desejos e os indivíduos 
fazem as suas escolhas livremente com base nos seus gostos e 
preferências;

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Conceitos e teorias
• Nesta óptica, desenvolvimento tem três objectivos
principais:
• Aumentar a disponibilidade de bens e serviços básicos: 
para o sustento do ser humano;

• Melhorar as condições de vida: para além do aumento da 
renda; provisão de mais emprego, melhor educação e 
prestar mais atenção aos aspectos culturais e valores;

• Expandir o leque das escolhas económicas e sociais;

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Conceitos e teorias
• Características chave dos países em vias de desenvolvimento:
• Baixa condições de vida e productividade;
• Baixo nível de capital humano;
• Altos níveis de desigualdade e pobreza absoluta;
• Alta taxa de crescimento populacional;
• Alta fragmentação social;
• Maioria da população vive nas zonas ruais mas rápido 
crescimento da migração rural‐urbana;
• Baixo nível de industrialização;
• Adversidades geográficas;
• Mercados financeiros e outros não eficientes;
• Instituições fracas e geralmente com alta dependência externa;

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Alguns indicadores básicos
• PIB per capita: Nominal versus real

• PNB per capita: Nominal versus real

• Como podemos comparar diferentes países?
• Mesma moeda: taxa de cambio para conversão para USD

• Paridade do poder de compra (PPC):
• Calculo do PIB e PNB usando o mesmo conjunto de preços 
internacionais de todos bens e serviços providos pelos 
diferentes países
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Alguns indicadores básicos
• Prevalência da malnutrição (menores de 5 anos)
• Baixo peso para altura (“wasting”)
• Baixa altura para idade (“stunting”)

• Taxa de graduação (nível primário)

• Taxa de mortalidade (menores de 5 anos)

• Esperança de vida

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Alguns indicadores básicos
• Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): índice que 
mede o desenvolvimento socioeconómico baseado na 
combinação de indicadores de educação, saúde e renda 
per capita real;

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Trabalho
• Comparar países e regiões em termos de:
• Grupo 1: Características 1 a 5
• Grupo 2: Características 6 a 10
• Grupo 3: IDH 

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Teorias Clássicas de 
Desenvolvimento

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Estágios de desenvolvimento de Rostow
• Cinco etapas de desenvolvimento
• Sociedade tradicional (“Traditional society”)
• Agricultura de subsistência
• Precondições para a descolagem (“Transitional stage”)
• Inicio do progresso tecnológico na agricultura
• Descolagem (“Take off”)
• Desbloqueio de factores limitantes (tecnologia, instituições, 
sistemas sociais, etc.)
• Marcha para a maturidade (“Drive to maturity”)
• Diversificação da produção (inicio da industrialização)
• Era do consumo massivo (“High mass consumption”)
• Solidificação da industrialização 

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Modelo de Harrod‐Domar
• Uma economia produz uma variedade de bens e serviços 
que geram renda, e como vimos desenvolvimento pode 
ser visto como crescimento desta renda (per capita)

• Temos duas categorias de bens e serviços:
• Bens de consumo – produzidos para satisfazer as 
necessidades (gostos e preferências) dos indivíduos 
(mangas, vestido, etc.)

• Bens de capital – produzidos como o objectivo de produzir 


outros bens e serviços (maquinas, ferramentas, etc.)

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Modelo de Harrod‐Domar
• Produção, consumo, poupança e investimento (economia fechada)
Investimentos

Empresas

Salários, lucros,  Compra de bens 
rendas, etc. de consumo

Famílias

Poupanças

• Crescimento ocorre quando investimento ultrapassa depreciação do capital, 
pondo a disposição maior capacidade productiva para os ciclos futuros
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Modelo de Harrod‐Domar
• Por um lado, temos

Yt  C t  St
• Por outro lado, temos

Yt  C t  I t
• Portanto

C t  St  Yt  C t  I t  St  I t

• Poupança deve ser igual ao investimento
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Modelo de Harrod‐Domar
• Investimento substitui o capital depreciado e aumenta o 
capital existente, portanto a acumulação de capital é 
dada por:

K t 1  1    K t  I t

• Vamos introduzir dois conceitos:
• Taxa de poupança dada por:
St
s
Yt
• Rácio capital‐output dado por:
Kt

Yt 28

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Modelo de Harrod‐Domar
• A taxa de crescimento da economia é dada por:

Yt 1  Yt
g
Yt

• Da definição da taxa de poupança temos:

St
s  St  sYt  St  sYt  I t
Yt
• Da definição do rácio capital‐output temos:
Kt
  K t   Yt  K t 1   Yt 1
Yt
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Modelo de Harrod‐Domar
• Combinando estas duas observações com a equação da 
acumulação de capital, obtemos:
K t 1  1    K t  I t
 Yt 1  1    Yt  sYt
 Yt 1   Yt   Yt  sYt

 Yt
• Dividindo por         :

Yt 1  Yt s
  
Yt 
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Modelo de Harrod‐Domar
• Portanto a equação de Harrod‐Domar é dada por:

s
g  

• Algumas observações:
• Não toma em consideração a taxa de crescimento 
populacional – Taxa de crescimento total e não per capita;

• Quanto menor for rácio capital‐output, maior será a taxa 
de crescimento da economia, ceteris paribus;

• Quanto maior for a taxa de poupança, maior será a taxa 
de crescimento da economia, ceteris paribus;
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Modelo de Harrod‐Domar
• Suponha que para um determinado pais, temos:

Kt St
 3 s  6%
Yt Yt

• Assumindo que a depreciação seja desprezível, o modelo 
de Harrod‐Domar prevê um crescimento na ordem de:

s 6%
g   g  2%
 3

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Modelo de Harrod‐Domar
• Caso a taxa de poupança seja aumentada para, por exemplo:

St
s  15%
Yt

• Então o crescimento ira aumentar de 2% para:

15%
g  5%
3

• Maior taxa de poupança resultando em maior crescimento 
da economia
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Modelo de Harrod‐Domar
• Suponha que este pais pretenda crescer a uma taxa de 7%, 
então o pais deveria ter uma taxa de poupança na ordem de:

s
g  s  g    7%  3  21%

• Contudo, caso o pais não consiga esta taxa de poupança 
(consiga por exemplo somente 15%), este pais deveria 
procurar preencher o défice (na ordem de 6%) usando 
por exemplo uma das seguintes alternativas:
• Ajuda externa
• Investimento externo privado
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Modelo de Harrod‐Domar
• Vamos agora incorporar o crescimento populacional
• Note que a taxa de crescimento populacional é dada por:

Lt 1  Lt
n  nLt  Lt 1  Lt
Lt
• Portanto:
Lt 1  1  n  Lt

• A renda per capita é dada por:
Yt
yt 
Lt
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Modelo de Harrod‐Domar
• Recordando a equação da acumulação de capital:

 Yt 1  1    Yt  sYt

• Dividido por        :
Lt

Yt 1 Lt 1 Y Y
  1     t  s t
Lt 1 Lt Lt Lt
Lt 1
 yt 1  1     yt  syt
Lt
yt 1 Lt 1 s
 1    
yt Lt 
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Modelo de Harrod‐Domar
• Vimos que:

Lt 1
Lt 1  1  n  Lt   1 n
Lt

• Similarmente, crescimento per capita é dado por:

yt 1  yt
g*   1  g *  yt  yt 1
yt

• Portanto:
yt 1
 1 g*
yt
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Modelo de Harrod‐Domar
• Com estas relações, a equação de acumulação de capital:

yt 1 Lt 1 s
 1    
yt Lt 

1  g  1  n   1     s
*

• Reescrevendo, obtemos o modelo de Harrod‐Domar tendo 
em consideração o crescimento populacional:

1  g  1  n   1     s
*

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Modelo de Harrod‐Domar
• Expandindo esta ultima expressão, obtemos:
s
g *  n  g *n   

• Note que:
g *n  0
• Portanto, o modelo de Harrod‐Domar pode ser escrito como:

s
g*  n   

• Maior crescimento populacional resulta menor crescimento, 
ceteris paribus
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Modelo de Harrod‐Domar
• Principal limitação:
• Não toma em consideração a endogeneidade de alguns 
parâmetros (taxa de poupança, rácio capital‐output, etc.)

• Contudo existem modificações do modelo básico para 
tomar em consideração esta limitação

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20
Modelo de Solow básico
• Toma em consideração que rácio capital‐output é endógeno e 
variável dependendo dos níveis de capital e força de trabalho

• Considere a seguinte função de produção:

Yt  F  K t , Lt 

• Dado que esta função exibe rendimentos constantes a escala:

Yt K L 
 F t , t 
Lt  Lt Lt 
yt  f  kt ,1  f  kt 
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Modelo de Solow básico
• Considerando a função de Cobb‐Douglas:

Yt  F  K t , Lt   AK t L1t

• Portanto teremos:

yt  f  kt   Akt

• No caso do modelo de Harrod‐Domar, esta ultima expressão 
é linear, diferentemente do caso do modelo de Solow. Note 
que dado que o rácio capital‐output é constante no modelo 
de Harrod‐Domar e variável no modelo de Solow
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Modelo de Solow básico
• Rácio capital‐output variável

yt  Akt
y1

k1
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Modelo de Solow básico
• Rácio capital‐output variável

y2 yt  Akt
y1

k1 k2
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Modelo de Solow básico
• Vamos recordar a equação de acumulação de capital:

K t 1  1    K t  I t  1    K t  St  1    K t  sYt

• Dividindo pela população (forca de trabalho):

K t 1 Lt 1 K Y
 1    t  s t
Lt 1 Lt Lt Lt
Lt 1
kt 1  1    kt  syt
Lt

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Modelo de Solow básico
• Recordando que:
Lt 1
Lt 1  1  n  Lt   1 n
Lt
• Obtemos:
Lt 1
kt 1  1    kt  syt
Lt
kt 1 1  n   1    kt  syt

• No “steady state”
k * 1  n   1    k *  sy*
 n    k *  sy* 46

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Modelo de Solow básico
• Graficamente, temos
k 1  n 

1    k  sy
y*

k*

47

Modelo de Solow básico
• Convergência
k 1  n 

1    k  sy
*
y

k* k

48

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Modelo de Solow básico
• Convergência
k 1  n 

1    k  sy
y*

k k*

49

Modelo de Solow básico
• Sem convergência (Harrod‐Domar):

1    k  sy

y k 1  n 

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Modelo de Solow básico
• Principal limitação
• Não inclui avanço tecnológico

• Existe variante do modelo de Solow que toma em 
consideração o avanço tecnológico

• Avanço tecnológico pode acontecer de varias formas
• Avanço tecnológico neutral
• Avanço tecnológico com “poupança da força de trabalho”
• Avanço tecnológico com “poupança do capital”

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Modelo de Solow básico
• Avanço tecnológico neutral

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26
Modelo de Solow básico
• Avanço tecnológico neutral

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Modelo de Solow básico
• Avanço tecnológico com “poupança da força de trabalho”

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Modelo de Solow básico
• Avanço tecnológico com “poupança da força de trabalho”

55

Modelo de Solow básico
• Avanço tecnológico com “poupança do capital”

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Modelo de Solow básico
• Avanço tecnológico com “poupança do capital”

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Modelo de Lewis: Economia dual
• Dois sectores:
• Sector industrial: usa capital e recompensa os capitalista pelo 
uso do mesmo
• Sector agrário: usa predominantemente força de trabalho mas 
o produto marginal da força de trabalho é igual a zero 
(excedente da força de trabalho)

• Capitalistas tem lucros positivos que reinvestem no 
sector industrial expandindo o mesmo resultando em 
maior uso da força de trabalho proveniente do sector 
agrário

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Modelo de Lewis: Economia dual
• Graficamente

D1  K1 

WM

WA

L1

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Modelo de Lewis: Economia dual
• Graficamente
K1  K 2

D2  K 2 

D1  K1 

WM

WA

L1 L2

60

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Modelo de Lewis: Economia dual
• Graficamente
K1  K 2  K 3
D3  K3 

D2  K 2 

D1  K1 

WM

WA

L1 L2 L3

61

Modelo de Lewis: Economia dual
• Graficamente
D4  K 4 
K1  K 2  K 3  K 4
D3  K3 

D2  K 2 

D1  K1 

WT
WM

WA

L1 L2 L3 L4

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