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Economia
Módulo IV
Moeda e Financiamento da
Atividade Económica
OBJECTIVOS:
- Caracterizar os diferentes tipos de moeda. -Explicitar as funções da moeda.- Relacionar as
novas formas de pagamento com a evolução tecnológica.- Explicitar fatores que influenciam
a formação dos preços (custo de produção, mecanismo de mercado).
- Relacionar Índice de Preços no Consumidor (IPC) e taxa de inflação.- Distinguir formas de
cálculo da inflação.- Explicar consequências da inflação.- Integrar a variável tempo nas
decisões sobre utilização dos rendimentos.
- Referir os destinos da poupança. - Explicar as funções do investimento na atividade
económica.
- Distinguir os diversos tipos de investimento.- Justificar a importância económica do
investimento em I&D na atividade económica.
- Distinguir financiamento interno (autofinanciamento) de financiamento externo.- Distinguir
as diferentes formas de financiamento externo.- Relacionar o crédito bancário com o
financiamento externo indireto.
- Reconhecer o mercado de títulos como uma fonte de financiamento externo direto.
Conteúdos
1. Moeda
1.1. Evolução: da troca direta à troca indireta
1.2. Tipos (moeda-mercadoria, moeda metálica, moeda-papel, papel-moeda e moeda
escritural)
1.3. Funções (meio de pagamento, medida de valor e reserva de valor)
1.4. As novas formas de pagamento – desmaterialização da moeda
2. Preço
2.1 Noção ;2.2. Fatores que influenciam a sua formação
3. Inflação
3.1. Noção ;3.2. Formas de cálculo (homóloga e média)
3.3. Consequências da inflação no valor da moeda e no poder de compra
4. Poupança
4.1. Noção ; 4.2. Destinos (entesouramento, depósitos e investimento)
5. Investimento:
5.1. Noção
5.2. Funções (substituição, inovação e aumento da capacidade produtiva)
5.3. Tipos (material, imaterial e financeiro)
5.4. Importância do investimento em inovação tecnológica e I&D na atividade económica
6.O financiamento da atividade económica
6.1. Formas: autofinanciamento (capacidade de financiamento) e financiamento externo
(necessidade de financiamento).
6.2. Financiamento externo – direto e indireto
BIBLIOGRAFIA:
1. Moeda
Nas primeiras sociedades humanas não havia dinheiro nem necessidade dele, pois a troca não
existia. A produção destinava-se à satisfação das necessidades das próprias comunidades e só
ocasionalmente, quando estas se encontravam, poderia haver troca de alguns produtos excedentários.
O desenvolvimento da atividade económica permitiu a obtenção regular de excedentes, ou seja, de
uma quantidade de produtos superior às necessidades de consumo, o que, por sua vez, viabilizou a
divisão do trabalho. Cada comunidade passa a produzir mais do que o necessário, trocando o excedente
pelos bens de que necessita e que outros produzem. Progressivamente, cada comunidade passa a
especializar-se em determinados produtos, aumentando, deste modo, a produção, o que desenvolve as
condições para o incremento da divisão do trabalho e, consequentemente, das trocas.
Moeda: Bem intermediário nas trocas, aceite por todos os indivíduos, sendo utilizada- para medir
o valor de outros bens e serviços.
A troca identifica-se com a forma de circulação de bens e serviços que pressupõe um acordo de
vontades recíprocas, onde existe uma transmissão entre as partes, uma avaliação e uma negociação.
Troca direta: Troca de produtos por produtos.
Não havendo ainda moeda, praticava-se a simples troca de produtos por produtos, sem
equivalência de valor - está-se perante a chamada troca direta, onde se trocam parte dos bens que se
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produzem por outros que não se produzem. Note-se, no entanto, que, produzindo-se apenas parte do que
se necessita, torna-se indispensável encontrar alguém que deseje o que se produz e que ofereça aquilo de
que se precisa.
Assim, por exemplo, aquando da primeira divisão do trabalho - agricultura e pastorícia -, os
agricultores e os pastores trocavam entre si a parte da produção que excedia as suas necessidades de
consumo:
Milho
Agricultores Pastores
Carne de carneiro
Troca indireta: Troca de produtos realizada por intermédio de um terceiro bem por todos aceite.
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No entanto, para que um bem seja considerado de referência, servindo como intermediário geral
nas trocas, deve obedecer a determinadas características, a saber:
- ser aceite por todos os agentes que participam na troca;
- ser unidade de referência comum, em função do qual se define o valor de cada um dos outros
bens;
- possuir valor intrínseco, ou seja, possuir valor por si próprio, o que significa que tem valor
mesmo que não seja utilizado como moeda;
- ser facilmente transmissível e transportável.
Com o aparecimento de um tal bem, surge a moeda, isto é, um bem de aceitação generalizada que
é usado como intermediário geral nas trocas.
A introdução da moeda no ato da troca permitiu o incremento da atividade comercial e da
atividade produtiva, bem como do consumo.
Moeda-mercadoria: Moeda com valor intrínseco, ou seja, tem valor mesmo que não seja usada
como moeda.
Trata-se de mercadorias suficientemente escassas e, por isso, valiosas e que são utilizadas para
satisfazer necessidades comuns, o que determina a sua aceitação por todos os membros da sociedade.
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A título de curiosidade, citam-se alguns exemplos de versões primitivas de moeda, que foram
utilizadas antes da introdução dos metais:
- os animais, principalmente o gado bovino, com lugar destacado em todo o mundo antigo;
- as conchas, talvez as mais difundidas, e, em especial, os cauris, uma espécie de búzios, que se
transformaram em verdadeira moeda internacional;
- o sal, que circulava em diversos países, entre eles a Libéria e a Etiópia;
- as peles, cuja utilização se verificou essencialmente na América e na Sibéria;
- as pérolas, que tinham em África a sua maior circulação.
Todavia, progressivamente estas mercadorias tornaram-se desajustadas ao desenvolvimento das
transações comerciais, apresentando, entre outros, os seguintes inconvenientes:
- dificuldade de preservação;
- impedimento de fracionamento;
- oscilações do seu valor;
- falta de moeda, dado tratar-se de mercadorias que podiam ser usadas
para fins não monetários (consumo);
Moeda metálica
A descoberta dos metais permitiu que muitas sociedades passassem a utilizá-los como bem de
referência.
Metais como o cobre, o bronze e o ferro e, mais tarde, os metais preciosos, como a prata e o
ouro, passam a ser preferidos como moeda, a princípio no seu estado natural, depois sob a forma de
barras e de objetos.
Para além disso, acresce o facto de o metal ser raro, divisível, de fácil transporte e com capacidade
de entesouramento.
Das mais variadas formas, a moeda metálica era inicialmente pesada, passando depois a ser
cunhada, ou seja, o peso e valor eram definidos e tinham a impressão do cunho oficial, isto é, a
marca de quem as emitiu que garantia o seu valor.
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Ao longo de muitos séculos, os países cunharam em ouro as moedas de maior valor, deixando a
prata e o cobre para valores menores. Só em finais do séc. XIX, com a utilização do cuproníquel (liga
de cobre e níquel) e, depois, outras ligas metálicas, é que a moeda passou a circular pelo seu valor
extrínseco, isto é, pelo valor cunhado na face, independentemente do metal nela contido.
Com o advento da moeda de papel, as moedas metálicas passaram a ser reservadas para pequenos
valores destinados ao troco - é a chamada moeda divisionária ou de trocos.
Moeda de papel
O desenvolvimento do comércio a longa distância conduziu a um acentuado aumento da
atividade comercial, o que obrigava ao transporte de grandes quantidades de moeda metálica
(ouro e prata), tarefa, sem dúvida, difícil e perigosa.
Para resolver o problema, os cambistas e os ourives passaram a aceitar depósitos em ouro e prata
ou em moedas nesses metais, guardando-os em segurança e emitindo, como garantia, os respetivos
certificados de depósito.Com o tempo, estes certificados passaram a ser usados como moeda. Neste
processo aparecem os certificados bancários - surge, assim, a moeda de papel.
A moeda de papel foi assumindo diferentes espécies em função do grau de vinculação à moeda
metálica.
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De início, começou por ser moeda representativa, pois, ao valor dos certificados em circulação,
equivalia o valor de ouro ou prata retido nos cofres dos bancos. Para além disso, o portador desses
certificados sabia que, a qualquer momento, poderia converter o papel em moeda metálica de ouro e de
prata - a moeda era convertível.
A preferência pela moeda de papel vai crescendo e os bancos constatam que não era pedida, a todo
o momento, nem simultaneamente, a convertibilidade da maioria das notas de papel em circulação.
No séc. XVIII, o Banco de Estocolmo emitiu, pela primeira vez, notas de banco cujo valor era
superior à quantidade de ouro retida nos seus cofres, com base na probabilidade de que os seus
possuidores não viriam reclamar, em simultâneo, a sua conversão - surgiram, assim, as primeiras
emissões de moeda de papel a descoberto.
Os restantes bancos seguiram idêntica política, passando a emitir-se moeda em valor superior ao
dos depósitos em metal nobre.
A moeda continua, no entanto, a ser convertível, tendo o público confiança na sua
convertibilidade - a moeda de papel tornou-se moeda fiduciária (do latim fidus, que significa fé).
Todavia, em alguns momentos, designadamente nos períodos de crise económica e/ou de falta de
confiança política, os bancos, perante a corrida, em simultâneo, à conversão da moeda fiduciária,
deixaram de ter capacidade de resposta. Face à situação, nos finais do séc. XIX e princípios do séc. XX,
muitos governos retiram a possibilidade de conversão do papel-moeda em ouro e prata. Foi decretada a
inconvertibilidade, passando, assim, a moeda fiduciária a ter curso forçado, ninguém a podendo
recusar como meio de pagamento, já que é obrigatoriamente aceite por força da lei - a moeda de papel
tornou-se papel-moeda.
Como se verifica, no regime de papel-moeda, a moeda que circula - por exemplo, o euro, a
libra e o dólar - não tem relação direta com qualquer valor de metal.
Moeda representativa: o valor dos certificados em circulação é igual ao valor dos depósitos
em ouro e prata; é convertível: a qualquer momento, os certificados são convertíveis em moeda
metálica de ouro e de prata.
Moeda fiduciária: o valor da moeda em circulação é superior ao valor dos depósitos em
moeda de ouro e de prata; convertível: a qualquer momento, pode trocar-se por moeda de ouro e
de prata.
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Moeda escritural
No séc. XVIII, princípio do séc. XIX, muitos bancos passaram a permitir que os seus clientes
sacassem sobre os respetivos depósitos a fim de efetuarem pagamentos. Surge, assim, a moeda
escritural ou bancária, resultante da circulação dos depósitos à ordem, tendo o cheque como
instrumento principal para essa movimentação.
Mediante ordem do depositante (no início, essencialmente o cheque), os bancos comerciais
transferem os créditos de uma conta para outra, havendo em cada uma dessas operações um
movimento de escrituração nas respetivas contas correntes através de registos contabilísticos. Assim,
se, por exemplo, a fábrica Costa & Silva, Lda. que tem vindo a ser referida como produtora de fatos de
banho e bikinis da marca Belo, necessitar de pagar 20.000,00€ a um seu fornecedor, bastará que
ordene ao banco a transferência desse montante da sua conta de depósito à ordem (a qual será
debitada) para a conta desse fornecedor (que será creditada).
Com efeito, a muito rápida inovação tecnológica tem conduzido ao desenvolvimento de novos e
cada vez mais diversificados instrumentos de movimentação da moeda escritural.
No caso do cartão de crédito - Visa, etc. -, à empresa vendedora é-lhe creditado, de imediato, o
montante correspondente à transação, muito embora a conta do comprador só seja debitada
posteriormente, em data estabelecida com a instituição emitente dos cartões.
Cartão de crédito: Meio de adiar pagamentos para data e em condições acordadas com a entidade
que o emitiu.
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A título de curiosidade, vejamos o que se passa quando levantamos dinheiro na caixa Multibanco.
Em que se traduz essa ação? Trata-se, sem dúvida, de substituir moeda escritural por papel-moeda. O
banco procede ao registo contabilístico, debitando a nossa conta e entregando-nos moeda.
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Com efeito, se relembrarmos o que estudámos sobre a evolução da moeda, constatamos que da
moeda-mercadoria - moeda com valor intrínseco e, por isso, desejada por si própria - se passou a
utilizar moeda de papel, a qual, sucessivamente, foi representativa, depois fiduciária e, finalmente,
papel-moeda.
Atualmente, grande parte das transações efetuadas no mesmo país ou entre países recorrem a
meios eletrónicos para movimentar a moeda escritural, o que representa mais um passo no processo de
desmaterialização da moeda.
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2. Preço
2.1 Noção
O preço de um bem ou de um serviço no mercado materializa-se na quantidade de moeda que é
necessário utilizar para o poder obter.
A moeda, ao expressar o valor de troca dos bens e serviços, é então identificada como o
equivalente geral das trocas.
Preço: quantidade de moeda que é necessário despender para se poder obter um determinado bem
ou serviço.
3. Inflação
3.1. Noção
Uma das funções da moeda é a de ser unidade de conta ou medida do valor, ou seja, o valor dos
bens, serviços e fatores produtivos mede-se através da moeda. Contudo, embora seja a unidade de
medida mais universal, a moeda é, dentre toda, a mais imperfeita. E porquê?
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Se nos recordarmos que o preço de um bem é o seu valor expresso em unidades monetárias, basta
pensarmos um pouco nas variações que sofrem os preços no dia-a-dia, para logo concluirmos que a
quantidade de moeda necessária à sua aquisição não é imutável, variando, pelo contrário,
continuamente.
Poderemos dizer que existe inflação porque os preços dos bens e serviços que estamos
habituados a consumir aumentam? Ou porque, num dado momento, um determinado montante de
dinheiro compra uma quantidade menor de bens e serviços?
A resposta a estas questões é, sem dúvida, negativa: o conceito de inflação não se refere,
especificamente, à subida dos preços dos bens e serviços que habitualmente compramos nem, tão
pouco, ao aumento pontual dos preços.
Pelo contrário, a inflação traduz um processo sustentado e generalizado de subida dos preços
médios dos bens e serviços.
Sustentado, na medida em que é contínuo; generalizado, porque abrange o conjunto de bens e
serviços existentes numa dada economia.
A subida do nível médio dos preços mede-se através da taxa de inflação, cujo significado
expressa, assim, o ritmo de crescimento daqueles.
Designa-se por inflação moderada uma situação correspondente a uma subida do nível médio
de preços sem distorção significativa dos preços ou dos rendimentos relativos; e inflação galopante
uma inflação com taxas anuais de 50%, 100% ou 200%.
- DEFLAÇÃO: processo sustentado e generalizado de descida dos preços médios dos bens e
serviços. Neste caso, a taxa de inflação é negativa.
- DESINFLAÇÃO: abrandamento da inflação, ou seja, verifica-se uma subida do nível médio
de preços, mas a ritmo cada vez menor.
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Note-se a diferença entre este fenómeno e a deflação: enquanto nesta última o nível médio dos
preços apresenta uma descida, na desinflação verifica-se uma subida só que a ritmo decrescente (a
taxa de inflação é, por exemplo, e sucessivamente, de 4%, 2,8%, 1,5%, etc., ou seja, positiva mas cada
vez menor).
Este processo, aliás, foi observado no nosso país durante os anos 90, em que foram adotadas
políticas tendentes à diminuição da taxa de inflação, de modo a reduzir o diferencial de inflação
relativamente aos nossos parceiros europeus, a fim de satisfazermos o critério de estabilidade dos
preços, necessário à adesão ao euro.
os valores verificados numa dada situação de referência, que se escolhe como base do índice.
Concretamente para a inflação, o objetivo será o de medir a evolução temporal dos preços.
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'.
1,70
Índice = 𝑥100
1,40
Índice = 121,4
O valor do índice encontrado significa que o preço da gasolina era, em 2012, 121,4% do
preço da gasolina em 2011, ou seja, dito de outro modo, o preço da gasolina, nesse país, aumentou
21,4% entre 2011 e 2012.
Os índices de preços podem ser - AGREGADOS, se se referem à evolução dos preços de um
determinado conjunto de bens e serviços, num dado período de tempo.
Para medir a evolução dos preços numa economia, num determinado período de tempo, utiliza-se
o índice de Preços no Consumidor -IPC, que constitui uma das medidas da inflação.
O preço dos bens não varia na mesma percentagem. Se todos os preços aumentassem, ou
baixassem, na mesma percentagem, seria muito simples calcular o índice de preços. Por exemplo,
se os preços duplicassem, o índice passaria de 100 para 200. Como, de facto, não é esta a situação que
ocorre, então é necessário calcular a variação média dos preços.
A esta questão acresce ainda a variação regional dos preços ou a variação de acordo com os pontos de
venda, grandes superfícies, mercados tradicionais, etc.
Assim, é necessário definir um conjunto de procedimentos para calcular o IPC, tal como se
apresenta a seguir.
1- Através de inquéritos realizados junto de uma amostra significativa de famílias das várias
regiões do país, determinam-se as quantidades de cada bem que cada família consome durante um ano e
o respetivo peso que ocupam nas despesas familiares, constituindo-se assim um «cabaz de bens e
serviços»;
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2- Calcula-se o preço desse «cabaz» para um determinado ano considerado como base
(ano-base);
3- Calcula-se o preço do mesmo «cabaz» para o ano que se pretende considerar, ano corrente;
4- Relaciona-se o preço dos dois «cabazes» obtidos.
Por hipótese, considere que o preço do cabaz em 2012 era de 750 euros e que em 2013 era de 1000
euros. Então, procederíamos da seguinte forma:
1 000
IPC 2013 = 𝑥100
750
IPC 2013 = 133,3
A partir do IPC, podemos conhecer o valor da taxa de inflação. A taxa de inflação é um valor
percentual, sendo no exemplo anterior de 33,3%.
Partindo ainda do exemplo anterior, para determinar o valor da taxa de inflação, deveremos
proceder da seguinte forma:
133,3
Taxa de inflação = ( − 1)𝑥100
100
Devemos realçar que o IPC não mede o nível geral de preços num determinado período de tempo,
mas a variação do nível de preços nesse período, ou seja, entre o ano corrente e o ano base.
A taxa de inflação, ou seja, a taxa de variação do IPC, mede a velocidade com que esse nível de
preços se altera, apresentando o valor sob a forma percentual.
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De facto de a taxa de variação do IPC diminuir de um período para outro não significa uma baixa
de preços, ou seja, deflação, mas que se verificou uma desaceleração do ritmo de crescimento dos
preços, ou seja, verificou-se uma desinflação.
A desinflação traduz-se numa desaceleração do ritmo de crescimento dos preços. Situação em que
se continua a verificar inflação, embora a taxas de variação menores do que as verificadas no período
anterior.
A TAXA DE INFLAÇÃO MENSAL (tim) compara o valor da inflação entre dois meses
consecutivos
índice de mês n
𝒕𝒊𝒎 = ( − 1) × 100
índice de mês (n − 1)
A TAXA DE INFLAÇÃO MÉDIA DOS ÚLTIMOS 12 MESES (tim 12) é a média simples das
últimas doze taxas comparada com a média das doze homólogas. Esta taxa pode ser calculada a
partir de qualquer mês do ano, não tendo os doze meses de corresponder ao ano civil. Se, por exemplo,
fizermos o cálculo em meados de Abril de 2008, devemos somar todos os IPC desde Abril de 2007 até
Março de 2008 e dividi-los pela soma de todos os IPC homólogos, isto é, de Abril de 2006 até Março de
2007.
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Taxa de variação média anual, taxa de variação homóloga e taxa de variação mensal
De acordo com a análise que se pretende realizar, pode ainda determinar-se:
o .a taxa de variação média anual, que compara o índice médio dos últimos doze meses com o
dos doze meses imediatamente anteriores;
o .a taxa de variação homóloga, que compara o índice médio do mês corrente com o do mesmo
mês do ano anterior;
o .a taxa de variação mensal, que compara índices entre dois meses consecutivos.
O INE apresenta ainda o indicador índice de inflação subjacente, que exclui o preço dos produtos
alimentares não transformados e dos produtos energéticos. Desta forma, pretende eliminar-se algumas
das componentes que são mais expostas a oscilações temporárias dos preços.
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Surgimento de indexação
Sistema de preço em função de bens e serviços com valores elevados, no intuito de não permitir
que surja algum com valor desfasado. Este processo ocorre para aumentar o valor dos bens e serviços no
futuro, por causa de aumentos do passado, com o objetivo de garantir o poder aquisitivo e o valor da
moeda.
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4. Poupança
4.1. Noção
Já vimos no Módulo 2 que existe uma relação entre rendimento, consumo e poupança.
Para que as pessoas possam realizar consumo e ou poupança têm de receber rendimentos.
Numa situação em que uma família aufere um rendimento, por exemplo, de 3.000,00€ mensais, isso irá
permitir-lhe não só consumir e poupar, mas também pagar impostos ao Estado sobre o rendimento que
recebe e ainda contribuições sociais. É óbvio que também receberá por parte do Estado abonos e
pensões (Transferências Internas) e por parte dos particulares, remessas de emigrantes (Transferências
Externas).
Dentre as várias razões existentes, é, desde logo, de salientar a respeitante a motivos de precaução
contra eventuais riscos futuros (problemas de saúde, perda de emprego, ou outros); mas poupa-se,
também quando se pretende satisfazer objetivos de longo prazo (compra de uma casa ou de um
automóvel, estudos numa faculdade, reforma confortável, etc.): por último, poupa-se com a finalidade
de aplicar o dinheiro a fim de aumentar os rendimentos.
Refira-se ainda que, para além das famílias, as empresas também poupam ao não distribuírem
a totalidade ou parte dos seus lucros, canalizando-os para o investimento. De igual forma, os
paísesrealizam as suas poupanças, as quais correspondem à soma das poupanças das famílias das
empresas e do Estado.
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Daí a relevância do indicador designado por taxa de poupança, o qual mede a parte do
rendimento disponível que se destina à poupança:
𝐏𝐨𝐮𝐩𝐚𝐧ç𝐚
𝑻𝒂𝒙𝒂 𝒅𝒆 𝒑𝒐𝒖𝒑𝒂𝒏ç𝒂 = 𝒙𝟏𝟎𝟎
𝑹𝒆𝒏𝒅𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒅𝒊𝒔𝒑𝒐𝒏í𝒗𝒆𝒍
5. Investimento:
5.1. Noção
Noção e importância
Sempre que os particulares poupam é porque esperam obter uma melhor situação no futuro. Mas
pode esta poupança ajudar outros igualmente? É precisamente nesta questão que se situa a distinção
entre poupança e investimento.
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Se a poupança é, como vimos, a parte do rendimento disponível que não é gasta em consumo,
o investimento traduz justamente esse sacrifício de não consumir no presente, com o objetivo de
aumentar e/ou manter a produção no futuro. Assim, o investimento consiste no ato através do qual
a poupança é aplicada na aquisição de meios de produção, tendo em vista o aumento e/ou
manutenção da produção no futuro.
Conclui-se, portanto, que o investimento origina a formação de capital, a qual se decompõe em:
- formação bruta de capital fixo (FBCF): respeita ao investimento em capital fixo, quer o
correspondente a mais capital (Formação Líquida de Capital Fixo), quer o respeitante à
substituição de capital utilizado (amortizações);
- variação de existências (VE): compreende as matérias-primas e subsidiárias e os produtos
acabados e semiacabados, representando a diferença entre a existência final e a existência inicial
de um determinado ano.
Uma questão encontra-se, porém, ainda em aberto: como pode a poupança dos particulares ajudar
as empresas, ou seja, como é a poupança canalizada para o investimento?
Ao analisar-se anteriormente a criação de moeda pelo sistema bancário, foi salientado que os
bancos comerciais desempenham a função de intermediários financeiros, captando as poupanças dos
particulares sob a forma de depósitos e concedendo crédito às entidades que o solicitam. Deste modo, as
instituições financeiras, designadamente os bancos comerciais e os bancos de investimento, procedem
à receção de depósitos, utilizando-os posteriormente na concessão de empréstimos às empresas.
Pelos depósitos que recebem (dinheiro que lhes é emprestado), os bancos pagam uma determinada
taxa de juro (taxa de juro passiva), cobrando uma taxa de juro (taxa de juro ativa) superior pelos
empréstimos que concedem. A diferença entre o juro que recebem pelos empréstimos (operações
ativas) e o juro que pagam pelos depósitos (operações passivas) constitui uma das fontes de lucro dos
bancos.
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De tudo o que até aqui foi referido, não será difícil concluir-se acerca da importância do
investimento para as empresas e para a economia em geral. Na verdade, por um lado, o aumento da
riqueza e, consequentemente, a melhoria do padrão de vida de uma sociedade só são alcançados com
crescimento económico, o qual depende, no essencial, da capacidade de poupança de uma economia;
por outro lado, o atual contexto de globalização em que a concorrência é crescente exige das empresas
uma cada vez maior capacidade competitiva. Inovação e progresso tecnológico constituem "palavras de
ordem' para qualquer empresa. O esforço empresarial dedicado às atividades de I&D constitui uma
exigência do mundo de hoje. A este respeito, uma nova e mais aprofundada leitura do terceiro fator
económico determinante do consumo tratado no Módulo 2 (Inovação Tecnológica) responde
integralmente às questões que possam ter ficado em aberto.
Todavia, o investimento visa ainda o aumento dessa mesma capacidade produtiva, seja
através da aquisição de máquinas mais modernas, seja recorrendo à aplicação de novas técnicas
produtivas, seja em resultado da ampliação das instalações, etc.
Investe-se em inovação com o propósito de se assegurar a permanente atualização tecnológica e o
decorrente aumento da eficácia do fator trabalho.
Do exposto decorre que, de acordo com o seu destino, o investimento desempenha as seguintes
funções:
o investimento de substituição(ou de reposição), que se destina a repor a capacidade
produtiva;
o investimento de capacidade, que determina o aumento da capacidade produtiva;
o investimento de inovação, cujo objetivo se traduz em ganhos de produtividade.
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Por isso podemos facilmente reconhecer a importância que tem o investimento em inovação
tecnológica, quer ao nível das empresas quer ao nível do país.
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No entanto, a inovação tecnológica não surge por acaso mas sim como fruto da investigação,
seja ela realizada de forma isolada, como aconteceu ao longo dos séculos, ou através de equipas de
investigadores, que trabalham nas empresas, nos laboratórios ou nas universidades, como
acontece atualmente.
É, por isso, fácil de reconhecer o papel importante que a investigação tem na sociedade atual. De
tal forma é considerada importante que é identificada como indicador de desenvolvimento de um
país, pois este pode ser tanto ou mais desenvolvido consoante for a percentagem do seu
rendimento aplicada à investigação.
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É por isso cada vez mais recorrente que as empresas procurem obter FINANCIAMENTO
EXTERNO- necessidade de financiamento. Para esse efeito, as empresas podem proceder de duas
maneiras distintas:
a) recorrem à venda de ações ou de outros títulos - estamos perante um financiamento externo
direto;
b) recorrem às instituições de crédito - nesta situação estamos em presença de um
financiamento externo indireto.
Este mercado, no seu funcionamento, caracteriza-se não por um, mas por dois mercados:
a) MERCADO PRIMÁRIO- onde são colocados os títulos que ainda não foram cotados em
Bolsa;
receber uma parte dos lucros distribuídos (se os houver), proporcional ao número de ações que
possui. O acionista pode vender a qualquer momento as suas ações no mercado. A cotação das ações
resulta da diferença do valor da oferta e da procura em cada momento, consoante o valor existente
no mercado.
o OBRIGAÇÕES: títulos representativos de um empréstimo efetuado por um qualquer
outro agente económico, que tanto pode ser uma empresa como o próprio Estado.
A diferença principal entre ações e obrigações é que os possuidores de ações são sócios da
empresa, e, por isso, têm direito a receber lucros (caso existam), enquanto os possuidores de
obrigações são simplesmente credores da empresa, não tendo, portanto, direito a receberem lucros,
recebendo sempre, no entanto, um valor monetário afixado previamente aquando da sua emissão.
O sector bancário que existe no mercado faz parte de um sector mais vasto que é classificado com
o nome de Instituições Financeiras. Por Instituições Financeiras entende-se, então, o conjunto das
instituições que servem de intermediárias entre a oferta e a procura de fundos financeiros.
Delas fazem parte, propriamente, as instituições financeiras monetárias, que normalmente são
classificadas de bancos, e, ainda, outras que são chamadas de instituições financeiras não monetárias.
O que distingue as instituições financeiras monetárias das não monetárias é a capacidade de as
primeiras poderem criar moeda, porque aceitam depósitos e concedem créditos. As instituições
não monetárias limitam-se a conceder crédito, não podendo receber depósitos e por isso não podem
criar moeda.
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Ano letivo:
Módulo IV – Moeda e Financiamento da Atividade Económica
2019/2020
FIM
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