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CARTA DO LEITOR: esse tipo de texto no vestibular pretende

avaliar a capacidade que o candidato tem de escrever um texto numa


situação determinada, com um interlocutor fixo. Os recursos de
linguagem utilizados devem ser adequados ao texto-base, com o qual
deve se estabelecer a interlocução. Do mesmo modo, a opinião pessoal
do candidato sobre o episódio descrito no texto deve estar presente. O
uso da 1ª pessoa é viável, uma vez que a opinião pessoal do candidato
deverá estar presente. Pelo número pequeno de linhas, alguns
vestibulares dispensam as formalidades estéticas comuns às cartas,
como local, data, invocação, despedida e assinatura. Portanto, fiquem
atentos ao comando do enunciado.

A linguagem da carta do leitor varia de acordo com três


elementos essenciais: a intencionalidade do texto (protestar, criticar
positiva ou negativamente, brincar ou apenas “impressionar” os
leitores); o perfil do autor ( seus gostos, idade, nível cultural, etc.); o
perfil do jornal ou revista ( quem é o público leitor, quais os assuntos
publicados, o grau de formalismo, etc)
Quando o teor da carta diz respeito a uma matéria assinada, o
leitor deve se dirigir ao jornalista que a escreveu. Porém, se a carta
disser respeito ao jornal ou a uma matéria não assinada, então o leitor
deve se dirigir ao editor, representante legal da revista ou jornal.

CARACTERÍSTICAS DA CARTA DO LEITOR

a) expressa a opinião do leitor sobre textos publicados em jornal ou


revista;
b) tem intencionalidade persuasiva;
c) tem estrutura semelhante à da carta pessoal: data, vocativo, corpo do
texto (assunto), expressão cordial de despedida e assinatura;
d) linguagem de acordo com o perfil do autor, da revista ou jornal a
que se destina, predominando o padrão culto formal;
e) menor ou maior pessoalidade, de acordo com a intenção do autor;
f) se preferir, mande um e-mail que possui as mesmas características
da carta.
Dicas de como montar a estrutura:
- Situe o leitor do seu texto (referência ao artigo, dando título, autor e
edição ou data do órgão divulgador)
- Dirija-se a interlocutor fixo (diretor da revista, leitor em especial),
conforme indicação no enunciado.
- Faça-o no início ( Prezado senhor: , Senhor diretor:)
- Exponha sua opinião ou posição sobre o assunto de forma sucinta.
- Apresente razões, argumentos, sugestões.
- Encerre reforçando a sua posição ou sugerindo algo.
- Mantenha postura equilibrada e firme.
Abaixo há dois exemplos de carta de leitor, feitas por ex-alunos a
partir da proposta abaixo.

Na seção de cartas da revista Veja (ed. 1352) figura o seguinte texto:


“Há algum tempo, durante um cafezinho na copa do prédio de Letras, da
Universidade de São Paulo, ouvia, involuntariamente, alguns
comentários de professores que ali estavam, em intervalos de aulas. O
assunto eram os filhos. „Meu filho mais velho se forma em Medicina
neste ano.‟ „O meu em Direito‟. Aí, por mera curiosidade, interrompi a
conversa do grupo e perguntei: „Alguém de vocês tem, por acaso,
algum filho professor ou que esteja seguindo a carreira do magistério?‟
Ninguém tinha. Perguntei o porquê. A resposta comum a todos foi que
sempre desejamos o melhor para os filhos e ninguém quer que eles
sofram em sua vidas profissionais os constrangimentos experimentados
pelos pais.”
(Antônio Suarez Abreu)
*********************
Rondonópolis, 30 de abril de 2007
Senhor diretor,
Todos sabemos da importância dos pais na formação dos
filhos, mas o relato tecido pelo leitor Antônio Suarez Abreu (edição nº
1352) me fez questionar sobre o papel dos pais no momento da escolha
da profissão: “até que ponto a influência dos pais pode ser benéfica?”
No caso do comentário, específico de professores, acredito
que os pais estejam em seu direito de querer privar os filhos dos
constrangimentos do ofício do ensino. Mas será que os pais sempre
estão certos quando, tentando proteger o filho, interferem na sua escolha
profissional?
Na minha opinião, os pais podem sugerir, mas não impor. Até
porque a escolha da profissão tem relação direta com vocação, e
vocação é um chamado que vem de dentro de cada um. Uma coisa é
orientar os filhos, e outra, é desviar esta ou aquela profissão de sua
trajetória na vida. Uma influência nesse sentido pode, mais tarde, gerar
uma frustração para o resto da vida.
Atenciosamente,
Renan Burtet

*****************
Rondonópolis, 30 de abril de 2007

Prezado senhor Antônio Suarez Abreu,

Em referência à sua carta publicada na revista Veja (ed. 1352),


deixo claro que os filhos têm todo direito de escolher uma profissão. É
óbvio que sempre queremos o melhor para nossos descendentes, mas
deixá-los um pouco mais livres na escolha de seu futuro torna-os mais
independentes e com opinião mais adequadamente preparada para a
convivência em sociedade.
Talvez, a carreira que desejamos a um filho não seja aquela de que
ele mais goste, e isso pode vir a prejudicar seu desempenho profissional.
Além do mais, se o jovem recebeu uma boa formação familiar ao longo
de sua vida, ele será capaz de trilhar os caminhos que mais lhe convêm,
não necessitando de palpites possivelmente ditatoriais para anuviar seus
objetivos.
Atenciosamente,

Caio Murilo

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