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Segundo, nenhum indivíduo deve atacar ou prejudicar de qualquer maneira a


outrem nos seus bens civis porque professa outra religião ou forma de culto.
Todos os direitos que lhe pertencem como indivíduo, ou como cidadão, são
invioláveis e devem ser-lhe preservados. Estas não são as funções da religião.
Deve-se evitar toda violência e injúria, seja ele cristão ou pagão. Além disso, não
devemos nos contentar com os simples critérios da justiça, é preciso juntar-lhes a
benevolência e a caridade. Isso prescreve o Evangelho, ordena a razão, e exige
de nós a natural amizade e o senso geral de humanidade. Se alguém se transvia
do caminho reto, redunda em sua própria infelicidade, e não causa em outrem
nenhuma injúria; nem alguém é designado para puni-lo nas coisas desta vida
porque acredita que ele será miserável na outra vida.
O que ficou dito acerca da tolerância mútua de pessoas que divergem entre si
em assuntos religiosos vale igualmente para as diferentes igrejas que devem se
relacionar entre si do mesmo modo que as pessoas: nenhuma delas tem qualquer,
jurisdição sobre a outra, nem mesmo quando o magistrado civil - o que por vezes
ocorre - pertence a esta ou aquela igreja; já que o governo não pode outorgar
qualquer novo direito à Igreja nem a Igreja ao governo civil. Assim sendo,
pertença o magistrado civil a certa igreja ou dela se separe, a Igreja permanece
sempre o que fora antes: sociedade livre e voluntária. Não adquire o poder da
espada pelo ingresso do magistrado, nem por tê-la deixado perde a autoridade de
ensinar e excomungar que antes possuía. Este será sempre o direito imutável de
uma sociedade espontânea: o poder de expelir o membro que julgar merecedor,
e por aceitar novos membros não adquire nenhuma jurisdição sobre os que lhe
são estranhos. E, portanto, a paz, a equidade e a amizade são mutuamente
observáveis nas diferentes igrejas, do mesmo modo que entre os indivíduos, sem
nenhuma alegação de jurisdição sobre os outros.
Afim de esclarecer o assunto através de um exemplo

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