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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 4
2. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 5
2. METODOLOGIA ............................................................................................................... 7
3. RESULTADOS .................................................................................................................... 9
4. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 12
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 13

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1. INTRODUÇÃO

Não obstante os avanços na universalização do ensino no Brasil nas últimas duas


décadas, a educação básica pública ainda carece de qualidade. Altos índices de abandono
escolar e baixa absorção do conteúdo ministrado em sala de aula são apenas as
consequências mais visíveis deste problema.
A falta de uma rede pública de ensino de qualidade impõe ao Brasil uma enorme
barreira tanto para capacitar massivamente sua mão-de-obra – que permitiria ao país
aumentar sua produtividade – quanto para reduzir a desigualdade social, um problema
crônico no Brasil. Uma educação pública de qualidade é condição básica para alcançarmos
o tão desejado desenvolvimento econômico e social.
O Ministério da Educação (MEC) realiza periodicamente exames de abrangência
nacional a fim de mensurar o desempenho escolar dos alunos na rede pública de ensino . O
MEC também disponibiliza informações acerca da educação em cada um dos municípios
brasileiros.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), foi criado em 2007 pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) - autarquia
do MEC - com o intuito de medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas
para a melhoria de ensino. O IDEB funciona como um indicador nacional que possibilita
o monitoramento da qualidade da educação pela população por meio de dados concretos.
O objetivo do trabalho é analisar de que forma características específicas das escolas
públicas, como formação dos professores de cada localidade, influenciam na determinação
da qualidade do ensino na rede pública dos municípios brasileiros, mensurada pela variável
IDEB de cada localidade no ano de 2017.
Esta pesquisa torna-se relevante, pois possibilita conhecer um pouco mais sobre a
qualidade da educação na rede pública brasileira, a partir das variáveis analisadas, e assim
identificar ações ou contribuições que podem ser desenvolvidas para alcançar melhores
índices escolares.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

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A educação é uma das mais importantes áreas de uma sociedade, pois é por meio
dela que se aprende, se vivencia e se transforma o mundo em que se vive. Sua importância
é afirmada na Declaração dos Direitos Humanos (1948) que prevê que todas as pessoas
têm direito à educação e ela será gratuita pelo menos nos níveis elementares e
fundamentais, onde também será obrigatória.
Diante da importância do tema, a avaliação do sistema educacional vem se
consolidando a partir dos resultados escolares dos alunos, como meio de acompanhar o
desenvolvimento das instituições escolares. Esses resultados/avaliações servem como uma
prestação de contas das escolas ao sistema educacional por meio de responsabilização.
Hoje em dia, no sistema de ensino brasileiro, essa avaliação é realizada por testes
padronizados (Prova Brasil, Saeb) que compõe o Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica, cuja finalidade é mapear e conhecer os perfis das escolas.
A partir dos resultados das provas, juntamente com os dados do Censo Escolar, são
traçadas as metas das escolas. Sobre as metas do IDEB, o portal do INEP afirma que:

[...]As metas são diferenciadas para todos, cada unidade, rede e escola, e são
apresentadas bienalmente de 2007 a 2021, de modo que os estados, municípios e
escolas deverão melhorar seus índices e contribuir, em conjunto, para que o Brasil
chegue à meta 6,0 em 2022, ano do bicentenário da Independência. Mesmo quem já
tem um bom índice deve continuar a evoluir. No caso das redes e escolas com maior
dificuldade, as metas preveem um esforço mais concentrado, para que elas melhorem
mais rapidamente, diminuindo assim a desigualdade entre esferas, com apoio
específico previsto pelo Ministério da Educação para reduzir essa desigualdade (fonte
<http://portal.inep.gov.br>).

O IDEB das escolas varia em uma escala de zero a dez. A definição de um IDEB nacional
igual a 6,0 teve como referência a qualidade dos sistemas em países da OCDE. Essa comparação
internacional só foi possível graças a uma técnica de compatibilização entre a distribuição das
proficiências observadas no Programme for International Student Assessment (Pisa) e no Saeb.
A meta nacional norteia todo o cálculo das trajetórias intermediárias individuais do IDEB para
o Brasil, unidades da Federação, municípios e escolas, a partir do compartilhamento do esforço
necessário em cada esfera para que o País atinja a média almejada no período definido (portal
do INEP).

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Os índices obtidos pelas escolas públicas, nos anos finais do ensino fundamental,
permitem identificar o que precisa ser feito nessa etapa da educação, promovendo ações
voltadas principalmente para a diminuição da evasão escolar e do índice de reprovação, que
segundo o portal do Observatório do PNE, são os fatores que mais contribuem para a queda ou
estagnação do índice do IDBE. Apesar de existirem várias outras variáveis que podem ter
influência sobre o desempenho escolar de determinado município (estrutura do ambiente
escolar, questões socioeconômicas da localidade, índices de violência, nível escolar dos
pais, valorização da educação na localidade, investimentos na educação, atividade
econômica predominante na localidade e outras), é preciso considerar também o que
denominamos variáveis “dentro da sala de aula”.
Essas variáveis são importantes para entender até que ponto características
específicas de “sala de aula” influenciam o resultado do IDBE e a partir daí promover ações
que levem em consideração também a formação dos professores na área em que atuam,
quantidade de alunos em sala de sala, por exemplo.

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3. METODOLOGIA

Tendo em vista que o objeto de estudo é a qualidade do ensino nas escolas públicas,
o presente trabalho estabeleceu como mais adequada para a variável dependente o Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).

O IDEB é um estimador da qualidade do ensino calculado a partir da combinação do


desempenho médio de cada localidade com dados de seu respectivo índice de aprovação.
Optou-se por trabalhar com os dados dos alunos que estão nos últimos anos do Ensino
Fundamental, do sexto ao nono ano.

As variáveis independentes, por sua vez, foram definidas como: o percentual de


professores com ensino superior, a média de horas-aulas diárias, a média de alunos por sala na
rede pública de cada localidade e o percentual de professores com licenciatura na área de
atuação de cada localidade da rede pública de ensino.

Espera-se que quanto maior a média de horas-aulas e quanto maiores os percentuais


de professores com ensino superior e licenciatura na área de atuação, maior será o indicador
IDEB. Enquanto estima-se que quanto maior o número de alunos por sala de aula menor
será o indicador IDEB para o mesmo município.

A amostra contém os dados educacionais de todos os 5.570 municípios brasileiros.


No entanto, no ano de 2017, o número de município com IDEB calculado foi de 5.462.
Dessa forma, foram excluídos da amostra 108 municípios.

Os resultados do IDEB por localidade bem como os dados de percentual de


professores com ensino superior por localidade, média horas-aulas por localidade, média
de alunos por sala e percentual de professores com licenciatura na área foram obtidos junto
ao INEP.

O modelo que irá apontar se as variáveis independentes descritas anteriormente


afetam o IDEB de cada localidade, pode ser descrito como:

IDEBji = β0 + β1 (% per_superior ji) + β2 (m_hora_aula ji) + β3 (m_aluno_sala ji) + β4 (%


per_licen_area ji) + ε

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Onde:
IDEBji= É o indicador IDEB da rede pública de cada município j no ano i (2017);
β0 = É o intercepto comum a todos os municípios;
β1, β2, β3, β4 = Medem as influências das variáveis independentes em IDEBji;
ε = É o termo de erro.

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4. RESULTADOS

Estatística Descritiva

-------------- Quantiles --------------


Variable n Mean S.D. Min .25 Mdn .75 Max
-------------------------------------------------------------------------------
ideb 5462 4.38 0.79 1.90 3.80 4.40 5.00 7.20
per_superior 5462 86.07 15.21 7.20 80.00 91.20 97.00 100.00
m_hora_aula 5462 4.59 0.70 3.40 4.20 4.40 4.60 10.20
m_aluno_sala 5462 24.70 4.87 8.20 21.40 24.80 28.10 44.20
per_licen_area 5462 48.15 21.71 0.00 31.00 48.25 65.40 100.00
-------------------------------------------------------------------------------

Observa-se que na amostra de 5462 municípios, a nota média do IDEB é de 4,38, bem
abaixo da média do sistema educacional de países desenvolvidos. Considerando que o índice
vai de zero a dez, observa-se que o menor índice é 1,9 e o maior 7,2. A média de professores
com licenciamento na área que atua é de apenas 48,15%, enquanto a média de horas-aulas
diárias é de 4,59. A média de alunos em sala de aula é em torno de 24 alunos por sala, sendo
que o máximo fica em torno de 44, o que demonstra que algumas escolas possuem quantidades
de alunos em sala bem superiores ao ideal, o que pode afetar o desempenho escolar desses
alunos.

Segundo Feijoo (2010) a mediana representa o valor médio de uma distribuição


ordenada, apresentando o mesmo número de valores abaixo e acima desse valor. Trata -se
de um ponto da distribuição, com a probabilidade de um valor qualquer da distribuição,
escolhido de forma aleatória, situar-se abaixo da mediana é igual à probabilidade dele se
estar acima. Observa-se que a nota mediana do IDEB está em (4,40), índice pouco acima
da nota média (4,38), mostrando que a mediana apresenta flutuação em relação à média
aritmética.

Martins (2013) afirma que o desvio padrão de uma amostra ou coleção de dados,
consiste em uma medida de dispersão dos dados em relação à média, tratando-se de uma
medida que só pode assumir valores não negativos, mostrando, quanto maior for o seu valor,
que a dispersão dos dados em relação à média está bem maior

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Correlação de Pearson

Ideb per_superior m_hora_aula m_aluno_sala per_licen_area

ideb 1.0000
per_superior 0.3925* 1.0000
m_hora_aula 0.1143* 0.0915* 1.0000
m_aluno_sala 0.1444* 0.0432* 0.0846* 1.0000
per_licen_area 0.4174* 0.7047* 0.1575* 0.1126* 1.0000

A tabela acima fornece as correlações de Pearson entre as variáveis em estudo, as quais


estão correlacionadas significativamente com o IDEB com 99% de confiança. Estando a
variável média de alunos por sala correlacionada negativamente, e as demais positivamente.
Diante disso, pode-se afirmar que quando se aumenta o percentual de professores com ensino
superior, a média de horas aulas diária e o percentual de professores com licenciamento na área
de atuação, aumenta o IDEB, e quando aumenta a média de alunos por sala, o IDEB diminui.

Tabela de Regressão por MQO: variável dependente IDEB

Source SS df MS Number of obs = 5,462


F(4, 5457) = 412.65
Model 794.557319 4 198.63933 Prob > F = 0.0000
R-squared = 0.2322
Residual 2626.84729 5,457 .481372052 Adj R-squared = 0.2317
Root MSE = .69381
Total 3421.40461 5,461 .626516134

ideb Coef. Std.Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

per_superior .009586 .0008716 11.00 0.000 .0078773 .0112947


m_hora_aula .075063 .0135703 5.53 0.000 .0484598 .1016662
m_aluno_sala -.0311522 .001948 -15.99 0.000 -.0349711 -.0273333
per_licen_area
.0108922 .0006186 17.61 0.000 .0096796 .0121048
_cons
3.454814 .0953094 36.25 0.000 3.26797 3.641659

Podemos inferir a partir do coeficiente de determinação que aproximadamente 23% da


variação do IDEB pode ser explicada pelas variáveis do modelo. Embora seja um percentual
considerado baixo, o modelo é viável, pois todas as variáveis são estatisticamente significantes
e com sinal esperado.
A análise individual dos coeficientes informa que com 99% de confiança, todos os
coeficientes das variáveis independentes têm valor diferente de zero. Dessa forma, rejeita-se a
hipótese nula de que H0: β1, β2, β3, β4 = 0. Ou seja, todas as variáveis independentes selecionadas
no modelo têm influência sobre o IDEB.

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O coeficiente de per_superior (percentual de professores com ensino superior) apresenta
uma relação positiva com o IDEB, na ordem de 0,009586 pontos percentuais (ou seja, o
aumento de 1 ponto percentual no total de professores com ensino superior resulta em um
aumento de 0,009586 pontos percentuais no desempenho dos estudantes mensurado pelo
IDEB). O mesmo entendimento é válido para a variável per_licen_area (percentual de
professores com licenciatura na área de atuação), cujo coeficiente apresenta uma relação
positiva da ordem de 0,01089 pontos percentuais com a variável dependente.
Por sua vez, o coeficiente de m_aluno_sala (média de alunos por sala) apresenta uma
relação negativa com o IDEB da ordem de -0,03115 pontos percentuais (neste caso, para cada
aluno a mais na sala de aula, o IDEB apresenta uma redução de 0,03115 pontos percentuais).
Por fim, o coeficiente de m_hora_aula (média de horas aulas) registra uma relação positiva
com a variável dependente da ordem de 0,0750 pontos percentuais, o que significa que para
cada hora-aula acrescida, o IDEB registra um aumento de 0,075 pontos percentuais.

5. CONCLUSÃO

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O presente trabalho procurou a correlação entre determinadas variáveis presentes nas
salas de aula da rede de ensino pública dos municípios brasileiros e a qualidade de ensino,
medido pelo IDEB.
Pode-se afirmar que, devido à especificidade das variáveis explicativas (apenas
variáveis “dentro da sala de aula”), as mesmas explicam o modelo com um percentual
considerado baixo, mas mesmo assim devem ser consideradas, devido a sua significância.
Com base nos resultados obtidos, conclui-se que ações voltadas para aumentar o número
de horas-aulas diárias e o total de professores com licenciatura na área de ensino impactarão
positivamente nos resultados do IDEB. Já ações voltadas para a diminuição do número de
alunos em sala de aula também terão impacto positivo, aumentando o rendimento escolar dos
alunos e consequentemente a qualidade de ensino.

REFERÊNCIAS

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FEIJOO, A. M. L. C. Medidas de tendência central: A pesquisa e a estatística na psicologia e
na educação. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2010, pp. 14-22.
MARTINS, M. E.G. Desvio padrão amostral. Revista de Ciência Elementar. vol. 1, n.1, Casa
das Ciências, 2013

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Ideb. Disponível em:
<http://portal.inep.gov.br/web/guest/ideb>. Acesso em 02 de julho de 2019.

PNE, O Observatório. Disponível em: <http://observatoriodopne.org.br/>. Acesso em 02 de


julho de 2019.

Todos pela educação. Disponível em: <https://todospelaeducacao.org.br/>. Acesso em 02 de


julho de 2019.

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