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Realizou seus primeiros estudos no Ginásio Lemos Júnior em sua cidade natal,
ingressando em abril de 1927 na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro,
então Distrito Federal. Saiu aspirante-a-oficial em 22 de novembro de 1930, sendo
logo em seguida indicado para servir no 9º Regimento de Infantaria (9º RI), em
Pelotas (RS). Promovido a segundo-tenente em junho de 1931, foi transferido para o
quartel-general da 6ª Brigada de Infantaria e, um ano depois, poucos dias antes de
eclodir a Revolução Constitucionalista em São Paulo, alcançou patente de primeiro-
tenente, passando então a servir na Diretoria de Material Bélico, no Rio. Chegando
ao posto de capitão em maio de 1937, foi deslocado para a secretaria geral do
Conselho de Segurança Nacional e daí, enviado para Curitiba, com a missão de servir
na Infantaria Divisionária da 5ª Região Militar (ID/5), sediada naquela cidade.
Dali, foi transferido em 1940 para o 13º Batalhão de Caçadores, aquartelado na
cidade catarinense de Joinville.
De 1945 a 1961
Com o fim da guerra, de volta ao Brasil, o capitão Golbery foi designado em outubro
de 1945 para servir no Sul, como oficial da seção de operações da 3ª RM, comandada
na ocasião pelo general Salvador César Obino. Sete meses depois, em maio de 1946,
retornou ao Rio, indicado para servir no Estado-Maior do Exército (EME). Promovido
a major no mês seguinte, foi transferido para o Estado-Maior Geral — mais tarde
Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA) — criado naquele ano com a finalidade de
“preparar as decisões relativas à organização e emprego conjunto das Forças Armadas
e os planos correspondentes”, além de “colaborar no preparo da mobilização total da
nação para a guerra, quando for o caso”. Permaneceu nesse órgão até março de 1947,
quando foi enviado ao Paraguai, na Comissão Militar Brasileira de Instrução, ali
sendo mantido até outubro de 1950, quando foi reintegrado ao EME como adjunto da
seção de informações.
Intimamente ligado ao grupo militar anti-Lott, que tinha como líderes ostensivos no
Exército os generais Juarez Távora e Osvaldo Cordeiro de Farias, Golbery fortaleceu
suas afinidades com a área política que propiciou a eleição para a presidência da
República do ex-governador de São Paulo Jânio Quadros, em 3 de outubro de 1960,
derrotando a candidatura do ex-ministro da Guerra. Com a posse de Jânio em 31 de
janeiro de 1961, já em fevereiro o coronel Golbery assumiu as funções de chefe de
gabinete da secretaria geral do Conselho de Segurança Nacional, tornando-se em
pouco tempo elemento da confiança pessoal do novo presidente, a quem remetia quase
que diariamente informações de caráter sigiloso.
Comentou-se muito, na época, que Jânio tinha planos de ocupação militar das três
Guianas, ao norte do Brasil, embora a versão oficial fosse diferente. Segundo ele,
quando, em março de 1961, ganhou as eleições na Guiana Inglesa o líder do Partido
Progressista do Povo, Cheddi Jagan, de origem hindu e tendências esquerdistas,
Jânio pediu ao chefe do EMFA, Cordeiro de Farias, que estudasse a nova situação,
apontando as providências ao alcance do governo brasileiro para evitar que a
segurança das fronteiras do país fosse afetada. Cordeiro pediu o concurso de
Golbery, tendo os dois sugerido várias medidas: a criação de escolas brasileiras na
região de fronteira, cuja freqüência seria permitida às crianças guianenses; o
envio de missões econômicas a Georgetown, capital daquele país, propondo
investimentos e ajuda econômica em projetos específicos de mineração, e o
oferecimento de missões militares brasileiras para adestramento de tropas
guianenses em técnicas de guerra moderna e, especialmente, de desempenho de
operações na selva. Entretanto, com a renúncia de Jânio em 25 de agosto de 1961, o
programa de ajuda a Jagan foi posto de lado.
À frente do IPÊS
O esquema de Golbery no IPÊS incorporou uma boa parte dos oficiais que tiveram mais
destaque nos cursos da ESG e uma de suas missões mais importantes era a conquista
dos generais considerados “tradicionalistas”, aqueles que não manifestavam maior
apreço pelos programas da escola. Estavam entre eles Justino Alves Bastos, Amauri
Kruel e Olímpio Mourão Filho, os quais, quando da eclosão do movimento político-
militar de 31 de março de 1964, estariam no comando, respectivamente, do IV
Exército (Recife), II Exército (São Paulo) e da 4ª RM (Juiz de Fora, MG), exercendo
naquele momento uma influência determinante.
Por iniciativa dos governadores Magalhães Pinto, de Minas, Ademar de Barros, de São
Paulo, Carlos Lacerda, da Guanabara, Ildo Meneghetti, do Rio Grande do Sul, Nei
Braga, do Paraná, Mauro Borges, de Goiás, em 11 de abril de 1964 o general Humberto
Castelo Branco foi eleito presidente da República, contando com o apoio do PSD, da
UDN, do Partido Republicano (PR), do Partido Libertador (PL) e de elementos do PTB
e do Partido Democrata Cristão (PDC). O novo presidente tomou posse no dia 15 do
mesmo mês.
No SNI
A criação do SNI foi bastante combatida e criticada pela oposição, que associava
suas finalidades à propaganda, doutrinação, espionagem e delação. Castelo Branco
rebateu tais acusações afirmando que seu objetivo era manter o governo melhor
informado a respeito do que se passava no país. O SNI, segundo Castelo, não seria
nada mais do que uma ampliação autônoma do Serviço Federal de Informação e Contra-
Informação, que operava desde antes de 1964, adjunto ao Conselho de Segurança
Nacional.
A candidatura Geisel
No governo Geisel
Em abril de 1975, após sofrer deslocamento da retina do olho esquerdo, Golbery foi
hospitalizado e operado, reassumindo em maio seguinte o Gabinete Civil. Dois meses
depois, todavia, voltou a sentir problemas no mesmo olho. Novamente hospitalizado,
submeteu-se a nova operação, mas em razão de uma recuperação abaixo dos níveis
desejáveis, embarcou para Barcelona, na Espanha, onde submeteu-se a tratamento. De
volta ao Brasil, permaneceu internado até o final de julho quando retomou suas
atividades normais no Gabinete Civil da Presidência da República.
Em outubro de 1975, ocorreu um fato que propiciou o primeiro embate mais sério de
Geisel com os setores da chamada “linha dura” do Exército: o jornalista Vladimir
Herzog, da TV Cultura de São Paulo, foi encontrado morto nas dependências do
Departamento de Operações Internas — Centro de Operações para a Defesa Interna,
conhecido como DOI-CODI, do II Exército, depois de haver sido detido para
averiguações em inquérito sobre as atividades do Partido Comunista Brasileiro
(PCB). Logo que tomou conhecimento da morte de Herzog, por intermédio do governador
Paulo Egídio Martins, Geisel rumou para a capital paulista onde manteve, no palácio
do governo, longa conversação com o comandante do II Exército, general Ednardo
D’Ávila Melo. Geisel advertiu o general Ednardo de que não aceitaria que fatos como
esse se repetissem e pediu ainda a abertura de um inquérito para apurar o ocorrido.
O comandante do II Exército informou que a medida já havia sido tomada, e que o
general-de-brigada Fernando Guimarães Cerqueira Lima fora designado para presidir o
inquérito.
Vencida essa crise, uma outra, de gravidade bem maior, surgiu em outubro do mesmo
ano, envolvendo diretamente Geisel e seu ministro do Exército, general Sílvio
Frota, e exigindo de Golbery novos esforços de agilização de seus engenhos de
manipulação política. Embora Geisel já houvesse declarado a seu círculo mais íntimo
de colaboradores políticos que a sucessão presidencial só seria tratada em janeiro
de 1978, a preferência do Planalto pelo chefe do SNI, general João Batista
Figueiredo, já havia transpirado francamente na imprensa e no Congresso. Por trás
dessa preferência, segundo deduziam os analistas políticos, pairava a influência do
ministro-chefe do Gabinete Civil.
Em outubro de 1978, cinco dias antes da eleição indireta que consagrou a chapa João
Figueiredo-Aureliano Chaves, Golbery foi acusado pelo senador Roberto Saturnino
Braga, do MDB fluminense, de haver procurado, em fins de 1973, o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico (BNDE) para tratar de interesses da Dow Chemical, quando
já estava convidado por Geisel para ministro-chefe do Gabinete Civil. Golbery
respondeu energicamente, dizendo que na ocasião em que diligenciou junto ao banco
para defender reivindicações da Dow, Geisel não estava sequer homologado pela
Arena. Disse ainda que respondia à acusação do senador fluminense com “indignação,
veemência e náusea”.
No governo Figueiredo
Em maio de 1980, a oposição tentou de alguma forma convocar Golbery para depor numa
comissão parlamentar de inquérito (CPI) instituída para investigar os negócios da
indústria farmacêutica no Brasil, um dos setores mais atingidos pela
desnacionalização, mas essa convocação foi impedida pelo partido situacionista.
Depois de renunciar ao Gabinete Civil, fez sua única aparição pública durante a
campanha de Paulo Maluf à presidência da República. Exercia então as funções de
conselheiro político do deputado, mas após a derrota no Colégio Eleitoral para o
candidato da Aliança Democrática Tancredo Neves, em 15 de janeiro de 1985, voltou a
se afastar da política e do noticiário.
Golbery era casado com Esmeralda do Couto e Silva, com quem teve três filhos.
Golbery do Couto e Silva nasceu na cidade de Rio Grande (RS) no dia 21 de agosto de
1911, filho de Jacinto do Couto e Silva.
Realizou seus primeiros estudos no Ginásio Lemos Júnior em sua cidade natal,
ingressando em abril de 1927 na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro,
então Distrito Federal. Saiu aspirante-a-oficial em 22 de novembro de 1930, sendo
logo em seguida indicado para servir no 9º Regimento de Infantaria (9º RI), em
Pelotas (RS). Promovido a segundo-tenente em junho de 1931, foi transferido para o
quartel-general da 6ª Brigada de Infantaria e, um ano depois, poucos dias antes de
eclodir a Revolução Constitucionalista em São Paulo, alcançou patente de primeiro-
tenente, passando então a servir na Diretoria de Material Bélico, no Rio. Chegando
ao posto de capitão em maio de 1937, foi deslocado para a secretaria geral do
Conselho de Segurança Nacional e daí, enviado para Curitiba, com a missão de servir
na Infantaria Divisionária da 5ª Região Militar (ID/5), sediada naquela cidade.
Dali, foi transferido em 1940 para o 13º Batalhão de Caçadores, aquartelado na
cidade catarinense de Joinville.
De 1945 a 1961
Com o fim da guerra, de volta ao Brasil, o capitão Golbery foi designado em outubro
de 1945 para servir no Sul, como oficial da seção de operações da 3ª RM, comandada
na ocasião pelo general Salvador César Obino. Sete meses depois, em maio de 1946,
retornou ao Rio, indicado para servir no Estado-Maior do Exército (EME). Promovido
a major no mês seguinte, foi transferido para o Estado-Maior Geral — mais tarde
Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA) — criado naquele ano com a finalidade de
“preparar as decisões relativas à organização e emprego conjunto das Forças Armadas
e os planos correspondentes”, além de “colaborar no preparo da mobilização total da
nação para a guerra, quando for o caso”. Permaneceu nesse órgão até março de 1947,
quando foi enviado ao Paraguai, na Comissão Militar Brasileira de Instrução, ali
sendo mantido até outubro de 1950, quando foi reintegrado ao EME como adjunto da
seção de informações.
Intimamente ligado ao grupo militar anti-Lott, que tinha como líderes ostensivos no
Exército os generais Juarez Távora e Osvaldo Cordeiro de Farias, Golbery fortaleceu
suas afinidades com a área política que propiciou a eleição para a presidência da
República do ex-governador de São Paulo Jânio Quadros, em 3 de outubro de 1960,
derrotando a candidatura do ex-ministro da Guerra. Com a posse de Jânio em 31 de
janeiro de 1961, já em fevereiro o coronel Golbery assumiu as funções de chefe de
gabinete da secretaria geral do Conselho de Segurança Nacional, tornando-se em
pouco tempo elemento da confiança pessoal do novo presidente, a quem remetia quase
que diariamente informações de caráter sigiloso.
Comentou-se muito, na época, que Jânio tinha planos de ocupação militar das três
Guianas, ao norte do Brasil, embora a versão oficial fosse diferente. Segundo ele,
quando, em março de 1961, ganhou as eleições na Guiana Inglesa o líder do Partido
Progressista do Povo, Cheddi Jagan, de origem hindu e tendências esquerdistas,
Jânio pediu ao chefe do EMFA, Cordeiro de Farias, que estudasse a nova situação,
apontando as providências ao alcance do governo brasileiro para evitar que a
segurança das fronteiras do país fosse afetada. Cordeiro pediu o concurso de
Golbery, tendo os dois sugerido várias medidas: a criação de escolas brasileiras na
região de fronteira, cuja freqüência seria permitida às crianças guianenses; o
envio de missões econômicas a Georgetown, capital daquele país, propondo
investimentos e ajuda econômica em projetos específicos de mineração, e o
oferecimento de missões militares brasileiras para adestramento de tropas
guianenses em técnicas de guerra moderna e, especialmente, de desempenho de
operações na selva. Entretanto, com a renúncia de Jânio em 25 de agosto de 1961, o
programa de ajuda a Jagan foi posto de lado.
À frente do IPÊS
O esquema de Golbery no IPÊS incorporou uma boa parte dos oficiais que tiveram mais
destaque nos cursos da ESG e uma de suas missões mais importantes era a conquista
dos generais considerados “tradicionalistas”, aqueles que não manifestavam maior
apreço pelos programas da escola. Estavam entre eles Justino Alves Bastos, Amauri
Kruel e Olímpio Mourão Filho, os quais, quando da eclosão do movimento político-
militar de 31 de março de 1964, estariam no comando, respectivamente, do IV
Exército (Recife), II Exército (São Paulo) e da 4ª RM (Juiz de Fora, MG), exercendo
naquele momento uma influência determinante.
Por iniciativa dos governadores Magalhães Pinto, de Minas, Ademar de Barros, de São
Paulo, Carlos Lacerda, da Guanabara, Ildo Meneghetti, do Rio Grande do Sul, Nei
Braga, do Paraná, Mauro Borges, de Goiás, em 11 de abril de 1964 o general Humberto
Castelo Branco foi eleito presidente da República, contando com o apoio do PSD, da
UDN, do Partido Republicano (PR), do Partido Libertador (PL) e de elementos do PTB
e do Partido Democrata Cristão (PDC). O novo presidente tomou posse no dia 15 do
mesmo mês.
No SNI
A criação do SNI foi bastante combatida e criticada pela oposição, que associava
suas finalidades à propaganda, doutrinação, espionagem e delação. Castelo Branco
rebateu tais acusações afirmando que seu objetivo era manter o governo melhor
informado a respeito do que se passava no país. O SNI, segundo Castelo, não seria
nada mais do que uma ampliação autônoma do Serviço Federal de Informação e Contra-
Informação, que operava desde antes de 1964, adjunto ao Conselho de Segurança
Nacional.
Apesar disso, o político que mais atacou o SNI e seu titular foi o governador
udenista do estado da Guanabara, Carlos Lacerda. Candidato presumido à sucessão de
Castelo, o governador carioca logo começou a perceber que seu nome não era uma
solução desejável para os líderes militares do novo regime, atribuindo as manobras
de desgaste de sua candidatura a Golbery. Mas, se Lacerda por um lado aspirava
concorrer à presidência da República, por outro era seu intuito nas eleições de
1965 assegurar para a Guanabara uma solução que não implicasse a descontinuidade do
mandato udenista no governo do estado. Achava difícil eleger o candidato da UDN,
Carlos Flexa Ribeiro, seu sucessor, da mesma forma que Magalhães Pinto em Minas
sentia-se inseguro quanto ao triunfo eleitoral de seu candidato, o udenista Roberto
Resende, seu secretário da Agricultura. E Lacerda considerava que sua derrota seria
um prejuízo colossal para o movimento de 1964, atribuindo a responsabilidade desse
desastre ao general Golbery. De fato, os resultados eleitorais de 3 de outubro de
1965 não contrariaram as expectativas gerais. Venceu na Guanabara o pessedista
Francisco Negrão de Lima, com apoio do PTB, enquanto em Minas, igualmente em
aliança com o PTB, triunfou o pessedista Israel Pinheiro.
A candidatura Geisel
No governo Geisel
Por outro lado, a primeira experiência eleitoral do novo governo não foi positiva.
Em outubro de 1974, após articulações conduzidas pelo senador Petrônio Portela,
presidente nacional da Aliança Renovadora Nacional (Arena), foram escolhidos
indiretamente os governadores dos estados. Um mês depois, em 15 de novembro, os
candidatos do governo perderam em 16 estados as eleições para o Senado, mantendo
por pequena margem de diferença sua maioria na Câmara.
Em abril de 1975, após sofrer deslocamento da retina do olho esquerdo, Golbery foi
hospitalizado e operado, reassumindo em maio seguinte o Gabinete Civil. Dois meses
depois, todavia, voltou a sentir problemas no mesmo olho. Novamente hospitalizado,
submeteu-se a nova operação, mas em razão de uma recuperação abaixo dos níveis
desejáveis, embarcou para Barcelona, na Espanha, onde submeteu-se a tratamento. De
volta ao Brasil, permaneceu internado até o final de julho quando retomou suas
atividades normais no Gabinete Civil da Presidência da República.
Em outubro de 1975, ocorreu um fato que propiciou o primeiro embate mais sério de
Geisel com os setores da chamada “linha dura” do Exército: o jornalista Vladimir
Herzog, da TV Cultura de São Paulo, foi encontrado morto nas dependências do
Departamento de Operações Internas — Centro de Operações para a Defesa Interna,
conhecido como DOI-CODI, do II Exército, depois de haver sido detido para
averiguações em inquérito sobre as atividades do Partido Comunista Brasileiro
(PCB). Logo que tomou conhecimento da morte de Herzog, por intermédio do governador
Paulo Egídio Martins, Geisel rumou para a capital paulista onde manteve, no palácio
do governo, longa conversação com o comandante do II Exército, general Ednardo
D’Ávila Melo. Geisel advertiu o general Ednardo de que não aceitaria que fatos como
esse se repetissem e pediu ainda a abertura de um inquérito para apurar o ocorrido.
O comandante do II Exército informou que a medida já havia sido tomada, e que o
general-de-brigada Fernando Guimarães Cerqueira Lima fora designado para presidir o
inquérito.
Vencida essa crise, uma outra, de gravidade bem maior, surgiu em outubro do mesmo
ano, envolvendo diretamente Geisel e seu ministro do Exército, general Sílvio
Frota, e exigindo de Golbery novos esforços de agilização de seus engenhos de
manipulação política. Embora Geisel já houvesse declarado a seu círculo mais íntimo
de colaboradores políticos que a sucessão presidencial só seria tratada em janeiro
de 1978, a preferência do Planalto pelo chefe do SNI, general João Batista
Figueiredo, já havia transpirado francamente na imprensa e no Congresso. Por trás
dessa preferência, segundo deduziam os analistas políticos, pairava a influência do
ministro-chefe do Gabinete Civil.
Em outubro de 1978, cinco dias antes da eleição indireta que consagrou a chapa João
Figueiredo-Aureliano Chaves, Golbery foi acusado pelo senador Roberto Saturnino
Braga, do MDB fluminense, de haver procurado, em fins de 1973, o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico (BNDE) para tratar de interesses da Dow Chemical, quando
já estava convidado por Geisel para ministro-chefe do Gabinete Civil. Golbery
respondeu energicamente, dizendo que na ocasião em que diligenciou junto ao banco
para defender reivindicações da Dow, Geisel não estava sequer homologado pela
Arena. Disse ainda que respondia à acusação do senador fluminense com “indignação,
veemência e náusea”.
No governo Figueiredo
Em maio de 1980, a oposição tentou de alguma forma convocar Golbery para depor numa
comissão parlamentar de inquérito (CPI) instituída para investigar os negócios da
indústria farmacêutica no Brasil, um dos setores mais atingidos pela
desnacionalização, mas essa convocação foi impedida pelo partido situacionista.
Depois de renunciar ao Gabinete Civil, fez sua única aparição pública durante a
campanha de Paulo Maluf à presidência da República. Exercia então as funções de
conselheiro político do deputado, mas após a derrota no Colégio Eleitoral para o
candidato da Aliança Democrática Tancredo Neves, em 15 de janeiro de 1985, voltou a
se afastar da política e do noticiário.
Golbery era casado com Esmeralda do Couto e Silva, com quem teve três filhos.