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Aula 13C – Critérios de projetos

3.6 – Interceptores e emissários

Os interceptores e emissários, bem como em alguns casos os coletores-tronco,


condutos que recebem as contribuições em pontos determinados, devem ter avaliação de suas
vazões e o conseqüente dimensionamento tratados de forma diferente dos condutos da rede
coletora. A norma vigente NBR 12207/89 (NB 568) estabelece essas condições.

3.6.1- Interceptores

Interceptor é a canalização, no sistema separador de esgotos cuja função precípua é


receber e transportar o esgoto sanitário coletado, caracterizada pela defasagem das
contribuições, da qual resulta o amortecimento das vazões máximas.
Para melhor caracterizar esses condutos, outras finalidades devem ser acrescidas
àquela definida pela norma, são elas:

a) quanto à finalidade – canalização que recebe contribuição de coletores, coletores-


tronco e outros interceptores em pontos determinados providos de poços de visita (PV)
e não recebe contribuição ao longo do comprimento de seus trechos.

b) Quanto à localização - canalização situada nas partes mais baixas das bacias de
esgotamento geralmente às margens de cursos d´água, lagos e mares, evitando as
descargas diretas do esgoto nessas águas.

3.6.2- Emissários

O emissário é definido pela norma brasileira NBR 9649 (ABNT 1986), como a
tubulação que recebe esgoto exclusivamente na extremidade de montante.
O último trecho de um interceptor, aquele que precede e contribui para uma elevatória,
uma ETE, ou mesmo para descarga na disposição final no corpo receptor, é o caso mais
comum de emissário.

3.7- Estações elevatórias de esgoto

3.7.1 – Definição

Estações elevatórias são instalações projetadas, construídas e equipadas, para transportar


o esgoto do nível de sucção ou de chegada ao nível de recalque ou de saída, acompanhando
aproximadamente as variações de vazões afluentes.

3.7.2 – Classificação
As estações elevatórias de esgoto podem ser classificadas segundo:

a) a vazão
Pequena: quando Q < 50 l/s
Média: quando 50 l/s <Q> 500 l/s
Grandes: quando Q . 500 l/s
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b) a altura manométrica:
Baixa carga: quando altura manométrica < 10 mca
Média carga: quando 10 mca < altura manométrica < 20 mca
Alta carga: quando altura manométrica>20 mca

3.7.3 – Desenvolvimento do projeto

3.7.3.1- Elementos necessários


a1) escolha da localização:
São relevantes os seguintes aspectos técnicos e econômicos:
- Custo da área de implantação.
- Facilidade e custo da alimentação de energia elétrica.
- Facilidade de acesso.
- Facilidade de extravazão do esgoto afluente, quando houver paralisação da estação.
- Nível local de inundação.
- Trajeto mais curto da tubulação de recalque.

a2) Parâmetros básicos de projeto


- Vazões de projeto (máximas e mínimas no início e final do projeto)
- Informações do coletor ou interceptor afluente (forma, material, cotas da soleira
afluente, da lâmina d’água máxima, desnível entre nível de sucção e o nível de descarga, etc).

a3) Tipo de elevatória e etapas de projeto


- As variações de vazões e os desníveis determinam a seleção do conjunto motor-bomba.
- As variações de vazões máximas ao longo do tempo determinam as etapas de projeto e
o tipo de instalação.
- Em elevatórias pequenas, pode-se adotar instalações simplificadas, enterradas e
automatizadas.

3.7.3.2 - Pré-dimensionamento

a1) Poço de sucção

Profundidade:
A profundidade é determinada em função:
- Cota da soleira do afluente
- Distância entre níveis máximo e mínimo de operação (em torno de 1 metro) e
incluindo-se folgas para alarme de nível (tanto máximo como mínimo) de 0,10m acima e
abaixo.
- Altura requerida para a instalação da bomba , de forma a manter a bomba sempre
afogada, mesmo no nível mínimo, com uma submergência do eixo do rotor da bomba de no
mínimo 2,5 vezes o diâmetro da tomada.

b1) – Conjuntos elevatórios

O tipo da bomba é determinado pela vazão e a altura manométrica.


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- Vazão da bomba

As bombas deverão cobrir as variações diárias do esgoto afluente, com vazão de


recalque adequada, resultante de uma seleção de entrada em operação das unidades instaladas.

- Altura manométrica da bomba

- A altura estática de sucção pode ser estimada, considerando-se o nível máximo do


poço na cota da soleira do conduto afluente, e o nível mínimo 1 (um) metro abaixo.

- Para as perdas de carga na canalização adotam-se os valores:

Para tubulações curtas (até 10m)

Tubulação de sucção Vmínima = 0,60 m/s


V máxima = 1,50 m/s

Tubulação de recalque V mínima = 0,60 m/s


V máxima =2,50 m/s

- Perdas de cargas localizadas nas tubulações de sucção e barrilete de recalque : 2,00m.

Para tubulações longas (acima de 10m), as velocidades com a vazão inicial de


dimensionamento devem permanecer em torno de 0,60 m/s.
Com os dados obtidos, têm-se as alturas estáticas mínima e máxima, que servirão para
o pré-selecionamento das bombas, que deverão dispor de curvas características que
apresentem funcionamento adequado nos dois pontos extremos.
O motor deverá ter potência suficiente para atender a ambos os pontos extremos com
folga de no mínimo 10%.

c) Número de conjuntos motor-bomba e características operacionais

- A quantidade de conjuntos motor-bomba será função das vazões envolvidas e de suas


variações, e também dos equipamentos disponíveis no mercado.
- Sempre que possível as bombas devem ser iguais e em menor número, exceção feita a
sistemas operacionais que acompanhem as variações da vazão afluente dentro de uma etapa, e
mediante adição de novas unidades, atendam às etapas subseqüentes.
- Para elevatórias pequenas, são necessárias no mínimo, duas unidades, uma com
capacidade para recalque da vazão máxima (ou pouco maior), ficando a segunda como
reserva.
- A rotação máxima admitida para bombas que operam com esgoto é de 1200 rpm; para
bombas centrífugas com vazões até 50 l/s é admitido 1800 rpm.

3.8- Unidades complementares

- O esgoto afluente antes de entrar na elevatória, deve passar por um elemento que
permita: a inspeção (servindo como poço de visita), a instalação de comportas para isolar a
elevatória, incluir o extravazor que desvia o esgoto da elevatória para uma local adequado de
descarga, quando houver necessidade.
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- Sistema de medição de esgoto através de calha Parschall ou vertedor, deverão ser
projetados para se medir o fluxo de entrada na estação.
- Canais afluentes, deverão ser previstos nas instalações maiores, após a medição, para
encaminhar o esgoto ao poço de sucção.
- Instalações de gradeamento, deverão ser instaladas no final dos canais afluentes,
imediatamente a montante do poço de sucção, com o intuito de remover os sólidos em
suspensão que possam prejudicar as bombas.
Em estações pequenas, é facultado ao coletor descarregar diretamente no poço de
sucção e o gradeamento executado através de uma cesta, removível por içamento, colocada na
altura da boca de descarga do coletor.

3.9 – Poço de sucção

Poço de sucção é o compartimento destinado a receber e acumular os esgotos durante


um período de tempo.
A vazão de chegada sendo variável, não permite operação regular da bomba, que
recalca uma vazão razoavelmente constante. Mediante a acumulação temporária dos esgotos
no poço de sucção convenientemente dimensionado, é possível fazer que o bombeamento
entre em funcionamento ou se desligue automaticamente, conforme o nível do líquido atinja
posições elevadas ou baixas no compartimento.

3.9.1- Volume útil

O volume útil do poço de sucção é determinado pela vazão da maior bomba


instalada e intervalo de tempo entre duas partidas consecutivas do motor de uma bomba.
É estabelecido que o intervalo mínimo entre duas partidas consecutivas de um
mesmo motor seja de 10 minutos, e que não haja mais do que 4 acionamentos por hora.
QT
4
V

Onde: Q = Vazão da maior bomba de velocidade constante, em m3 / minuto.


V = Volume útil do poço, em m3

T intervalo de tempo entre duas partidas consecutivas de uma bomba (mínimo = 10


minutos).

3.9.2 – Volume efetivo

Na determinação do volume efetivo leva-se em consideração que o tempo de detenção


máximo do esgoto no poço situa-se usualmente entre 10 e 20 minutos.

V1 = Q1 . T1
Onde:
V1 = Volume efetivo do poço de sucção em m3
Q1 = Vazão média de projeto, afluente da elevatória, em m3 / minuto.
T1 = Tempo de detenção no poço em minutos.
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3.9.3 – Dimensões do poço de sucção

Definidos os conjuntos motor-bomba, e estabelecido o sistema operacional das


bombas, determina-se as dimensões do poço de sucção; respeitando-se para o comprimento e
largura os espaços necessários para a adequada instalação dos conjuntos motor-bomba, e as
folgas necessárias para montagem, instalações complementares e interferências nas sucções
das bombas. A altura é estabelecida em função do nível “máximo” de esgoto no poço de
sucção, nível máximo e mínimo de operação normal da bomba, faixa de operação (entre 1,00
e 0,60) e altura requerida para a instalação das bombas e peças especiais.
Determinadas as dimensões do poço de sucção serão verificadas as condições
apresentadas no cálculo do volume útil e efetivo que se não satisfeitas, determinarão o
reestudo das dimensões do poço.

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