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mediaXXI [Sumário]
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ADMINISTRADOR EXECUTIVO
PAULO FERREIRA
DIRECTOR
PAULO FAUSTINO
EDITOR
MÁRIO GUERREIRO | @ editor@mediaxxi.com
REDACÇÃO
NÍDIA SILVA | @ redaccao@mediaxxi.com
MARGARIDA PONTE
VERA LANÇA
COLABORADORES
CARLA MARTINS
CÁTIA CANDEIAS
DULCE MOURATO
JOANA SIMÕES PIEDADE
REP. DE COMUNICAÇÃO ESPECIAL CHINA EDUCOMUNICAÇÃO
HERLANDER ELIAS Programas para Oportunidades a Aprender a
PAULA DOS SANTOS CORDEIRO
PEDRO LUÍS COITO
crianças Oriente consumir
OPINIÃO
FRANCISCO RUI CÁDIMA
4 EDITORIAL 38 O ALARGAMENTO DA UE E OS IMPACTOS
REGINALDO RODRIGUES DE ALMEIDA
NOS MEDIA
CARLOS CAMPONEZ 6 CANAL DA MANCHA Oportunidades a Leste
CARLOS REIS MARQUES Assessores de Comunicação Vs Jornalistas
JORGE PEGADO LIZ 45 EVENTO
FOTOGRAFIA
8 SOCIEDADE BIT Seminário Media e Migração
NÍDIA SILVA
Os Melhores do Mundo
46 DINÂMICAS DA COMUNICAÇÃO
DESIGN 10 DOSSIER
TÂNIA BORGES | @ design@mediaxxi.com Que Cinema Português? 61 MERCADOS DA COMUNICAÇÃO
CONSULTORA DE IMAGEM E COMUNICAÇÃO
JOANA GUITA PINTO 21 ACTUALIDADE SI 63 AULA ABERTA
Sinapses aposta nos livros electrónicos Invisíveis
MARKETING E PUBLICIDADE
AMÉLIA SOUSA | @ publicidade@mediaxxi.com 22 ACTUALIDADE PUBLICIDADE E MARKETING 64 INSTITUIÇÕES DO CONHECIMENTO
ASSINATURAS
Criatividade Premiada
@ publicidade@mediaxxi.com 65 CENTROS DE CONHECIMENTO
24 ACTUALIDADE TV
IMPRESSÃO
HESKA PORTUGUESA – INDÚSTRIAS TIPOGRÁFICAS, S.A. – CAMPO RASO
Novo Canal a Sul 66 CIBERCULTURA
2720-139 SINTRA – TEL.: 21 923 89 00
25 ACTUALIDADE RÁDIO 68 ENTREVISTA SECTORIAL
DISTRIBUIÇÃO Encontro de Rádios Universitárias Paulo Monteiro, criativo
VASP/ CTT – CORREIOS DE PORTUGAL
[Editorial]
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[Canal da Mancha]
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[Sociedade Bit]
OS MELHORES DO MUNDO...
oa noite, senhores telespectadores. já são uma realidade. Os progressos foram fei-
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o estranho mundo do cinema nacional existe produtivo económica e financeiramente frágil, ex-
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CASA DA IMAGEM
rias, divididos entre 12 longas-metragens de ficção
e um filme de animação. Depois de 34 filmes por-
tugueses estreados comercialmente em 2003 e 39
em 2004, o decréscimo neste último ano é um si-
nal claro da situação de impasse em que vive o ci-
nema português. Não houve estreias comerciais de
curtas-metragens, contrastando com o número de
16 e 12 exibidas nos dois anos anteriores, nem de
documentários, também ao contrário do sucedido
em 2004 em que estrearam 5. Num total de cerca
de 15 milhões de espectadores, o cinema portu-
guês ocupa uma quota de 3,1%, a que correspon-
dem cerca de 462 mil espectadores.
Destes, cerca de 405 mil concentraram-se em três
filmes: “O Crime do Padre Amaro”, com mais de
310 mil espectadores no ano transacto, a longa-
-metragem de animação “O Sonho de uma noite
de S. João”, de co-produção minoritária portugue-
sa, com mais de 55 mil espectadores, curiosamen-
te ambos sem apoios do ICAM, e “Alice” de Marco
Martins, que marca uma estreia auspiciosa, consa-
grada nacional e internacionalmente, no cinema capacidade de acesso ao espaço europeu, quer por
português, fazendo cerca de 33 mil espectadores. pré-vendas ou acordos de co-produção, e incapaz
Isto num ano em que estrearam filmes de nomes de romper com uma opinião geral de desconfiança
consagrados como Manoel de Oliveira e João entre elites, públicos e criadores, o panorama na-
Botelho, pela mão do grupo Paulo Branco, e um cional é principalmente feito de interrogações e
filme de Leonel Vieira, por via da MGN de Tino perplexidades.
Navarro. Curiosamente, os dois paradigmas da Se o preço médio dos bilhetes em Portugal se que-
produção nacional entre a aposta numa cinemato- da pelos 4,1 euros, o mais baixo da Europa a 15, e
grafia alternativa à indústria dominante e o forma- a média de idas ao cinema por habitante (1,49) é
to do “blockbuster” nacional. um valor médio, já a quota de espectadores de ci-
O facto é que estes casos excepcionais só confir- nema nacional, que se tem se vindo a cifrar nos úl-
mam a regra do cinema português. Dependente da timos anos na ordem de 1%, só contrariada pelos
intervenção pública, que representa em média pontuais resultados de filmes como os acima refe-
cerca de 40 a 70% do financiamento total de cada ridos, é elucidativa. Em comparação com a média
filme, podendo ultrapassar com facilidade a mar- europeia, que ronda os 20%, o cinema português
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gem de 75% para filmes com orçamento inferior a é dos menos vistos no seu próprio território, só
900 mil euros, que constituem a maioria das pro- equiparável aos números de países como o
duções nacionais, e ficando-se por uma percenta- Luxemburgo ou a Irlanda que sentem mais forte-
gem de cerca de 20 a 35% para projectos com or- mente a proximidade de países vizinhos maiores
çamentos superiores a um milhão e meio de de língua comum.
euros, esta é claramente uma indústria cruzada pe- Relativamente à dominação das salas pela cinema-
los mais diversos constrangimentos. tografia norte-americana, se os números totais de
Com um financiamento nacional quase exclusiva- filmes distribuídos apresentam uma percentagem
mente canalizado através do ICAM, dependente da de 59,5%, incluindo co-produções, este número
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esconde uma real adesão dos espectadores a estes a televisão e o cabo concentram a larga maioria do
filmes na ordem dos 87%, o que permite apontar total de volume de negócios (ver quadro 1).
o par distribuição/exibição como um dos princi- A comparação do volume de negócios da televisão
e do cabo com os da pro-
Quadro 1: Volume de negócios do sector audiovisual em Portugal – 2004 dução de cinema e da
produção independente
SUBSECTOR CRITÉRIOS REPRESENTATIVIDADE DA VOLUME DE NEGÓCIOS de televisão traça um
RESPOSTA DO MERCADO (%) (MILHARES DE EUROS)
quadro de completa de-
Televisão (Broadcasting) Volume de Negócios 100 565.305
sarticulação entre estas
Produção de Televisão Volume de Negócios (APIT -n.d.) - 13.436 actividades. Enquanto o
Cabo Volume de Negócios 99,4 515.902 volume de negócios das
Produção de Cinema Volume de Apoios Públicos (ICAM) * 11.045 empresas independentes
de produção televisiva se
Distribuição de Cinema Nº de filmes distribuídos 2004 53 29.240
(IGAC)
cifrou em apenas cerca de
Receitas de bilheteira (ICAM) 48 70.781
13,5 milhões de euros, já
Exibição de Cinema
o volume de negócios das
Rádio Nacional Volume de Negócios 25% 80.280
empresas de televisão, no
Rádios Locais Amostra Representativa (APR) 22% 1.044 seu total, ascendeu a mais
Áudio (Indústria Volume de Negócios (AFP) * 60.911 de 565 milhões de euros,
Fonográfica) tendo simultaneamente a
Edição/Distribuição de Quota de Mercado * 11.381 (aluguer) oferta de programação de
Vídeo (APEV - ex-FEPIV) 20.820 (venda) produção nacional, na sua
Distribuição de Jogos % jogos lançados em 2004 por * n.d. maioria produção de flu-
distribuidora xo, ocupado cerca de 45%
do total da programação.
* AS EMPRESAS CONTACTADAS NÃO DISPONIBILIZARAM DADOS
FONTE: OBERCOM – BARÓMETRO DA COMUNICAÇÃO 2005 – 2ª EDIÇÃO
Nas actividades cinemato-
gráficas e de vídeo, em que
pais estrangulamentos do mercado nacional, quer o tecido produtivo é maioritariamente composto
seja pela inexistência de mecanismos de obrigato- por pequenas empresas, o cenário é ainda mais de-
riedade de reinvestimento na defesa da cinemato- sanimador, já que não só os números são por si só
grafia nacional quer seja pela aparente indiferença esmagadores, como as soluções a encontrar estão
do público-alvo considerado, numa noção cada vez longe de ser consensuais entre os seus agentes.
mais estereotipada e juvenil do gosto.
A demissão das televisões, uma regulação de merca- Novo cenário do cinema português
do estritamente baseada na cobrança de uma taxa Enquanto a regulamentação da lei do cinema con-
sobre a publicidade canalizada via ICAM e a inexis- tinua um longo e conturbado circuito legislativo, o
tência de fontes de financiamento privado consis- sector funciona num vazio com resultados desas-
tentes, em parte devido à carência de mecanismos trosos em termos económicos e financeiros, atin-
de participação alargados a toda a cadeia de valor do gindo transversalmente quer os seus agentes quer
DOSSIER
audiovisual, de benefícios fiscais e de crédito signifi- o próprio ICAM, que se vê obrigado a suspender
cativos, criam um cenário deveras desanimador. programas de apoio.
Com um volume de ajudas, repartidas entre pro- A nova lei, que promete alterar o panorama nacio-
gramas de apoio selectivo, automático e directo, nal, tem como principais medidas a clarificação de
na ordem dos 11 milhões de euros à produção de conceitos, regras e modelos dos sistemas de apoio,
cinema, as actividades cinematográficas ocupam alargados a todas as etapas da cadeia de valor, no-
uma parcela diminuta do sector audiovisual, onde vos modelos de designação de júris e de apreciação
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CASA DA IMAGEM
Nova Lei,
Velhas Discussões
A aparente aposta no desenvolvimento
de uma indústria em Portugal, em estreita coope-
ração com o conjunto do sector audiovisual, não no ano
apazigua as já antigas discussões em torno das no- de 2005, de apro-
ções de arte e indústria, obras e conteúdos, que ximadamente 63 milhões de
marcam de há muito o panorama do cinema no ter- euros, dos quais a fatia para filmes na-
ritório nacional. cionais é de cerca de 2 milhões. Por outro lado, só
Apesar das posições aparentemente irreconciliá- no primeiro semestre de 2005, o valor das receitas de
veis entre os seus próprios agentes, como demons-
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vendas directas na janela do DVD atingiu cerca de
trado na separação dentro da própria classe de rea- 22 milhões de euros, reforçando o facto de que
lizadores entre a APR (Associação Portuguesa de muito pouco da economia do cinema se continua a
Realizadores), e a ARCA (Associação de jogar nas salas. Com o incremento da importância
Realizadores de Cinema e Audiovisual), que num desta janela de exploração comercial, a importân-
sentido lato representam a separação entre do ci- cia da gestão de catálogos como garantia de “cash-
nema como arte e como indústria, num ponto po- -flow” para produtores e os avanços no acesso aos
demos encontrar uma coincidência: a crítica face à serviços de banda larga, exponenciando a ameaça
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CASA DA IMAGEM
de uma possível “napsterização” da indústria cinema- quia dos 370 mil espectadores, se tornou o filme
tográfica, os desafios de intervenção parecem vastos e nacional mais visto de sempre em Portugal, ultra-
difíceis de coadunar com um cinema que continua a passando no total acumulado de exibição mega-pro-
olhar de soslaio para mercados, conteúdos e públicos. duções como “King Kong”, o facto é que há um es-
paço para filmes portugueses e uma verdadeira
O pretenso divórcio entre criadores e vontade de consumo de ficção nacional, aliás ex-
público pressa na ocupação do “prime-time” das estações te-
Segundo estudo publicado pela Universidade levisivas. O que já não é de estranhar é que este seja
Lusófona, “O Cinema Português e os seus públi- um projecto concebido originalmente como uma
cos: situação presente e evolução futura”, promo- mini-série, a ser exibida na SIC, que beneficia da
vido pela Associação de Produtores de Cinema participação do maior distribuidor nacional a ope-
portugueses (APC) e apoiado pelo ICAM, mais de rar no cinema e no cabo, a Lusomundo, repetindo
metade dos portugueses, 58,2%, sente uma com- uma fórmula assente na tele-ficção e numa agressiva
pleta indiferença pelo cinema nacional. Entre as campanha promocional, que já anteriormente tinha
principais razões apontadas estão o desinteresse permitido o “boom” dos telefilmes e de sucessos co-
pelos argumentos, ideia negativa dos actores e fal- mo “Tentação”,” Zona J” ou “Adão e Eva”.
ta de promoção. Nas respostas recolhidas, os qua- Entre uma indústria audiovisual auto-sustentada,
lificativos utilizados para descrever os filmes por- aberta às mais amplas subjectividades relativas à
tugueses espraiam-se entre “depressivos, discussão da qualidade dos seus produtos, e um ci-
monótonos, tristes, cansados, sem ritmo, teatrais, nema marcadamente autoral que tem definido esta
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desinteressantes ou trágicos”, dirigidos a um pú- cinematografia como uma das mais interessantes e
blico restrito e essencialmente artesanal. consagradas formas de expressão cultural nacio-
Estas respostas, mais que denotarem um conheci- nais, se define o espaço de futuro desenvolvimento
mento efectivo dos filmes produzidos, reforçam a desta actividade. Se, por caricatura, estas defini-
noção de um estereótipo do que é o cinema portu- ções genéricas servem para separar audiovisual e
guês e que dificilmente tem expressão na sua reali- cinema, então a não cooperação entre ambos pode
dade ou efectiva ligação com os seus públicos. Se o também significar o fim anunciado daquilo a que
filme “O Crime do Padre Amaro”, transpondo a fas- se convencionou chamar o “cinema português”.
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MUDANÇAS PRECISAM-SE
Financiamento do sector é principal problema
António Pedro Vasconcelos critica a criação do fundo de investimento de
apoio ao cinema português e a existência de um “conjunto de
realizadores no poder”
POR PEDRO LUÍS COITO E MÁRIO GUERREIRO
realizador António Pedro Vasconcelos faz uma dando dinheiro mas tendo assim a possibilidade de
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gundo erro das alterações trazidas pelo cavaquis- da, experimental e de inovação”.
mo foi a taxação da publicidade e não do “volume
de negócios”. Para o cineasta, esta opção levou a ICAM estrangula o mercado
que “a RTP, que deveria ser o maior impulsionador Para o realizador, teria sido importante garantir que
do cinema português, ficasse numa posição no mí- a “iniciativa fosse devolvida ao mercado e ao produ-
nimo bizarra”, pois “a 2: não paga nada e o canal 1 tor”, multiplicando as fontes de financiamento e di-
paga somente sobre um terço do seu orçamento, versificando os centros de decisão. António Pedro
que é a par te que advém da publicidade”. Vasconcelos defende que a existência exclusiva de
Finalmente, identifica como terceiro erro o que uma fonte de financiamento do sector (as televi-
define como “o pecado original da lei marcelista, sões), e de um centro de decisão (o ICAM) estran-
que é o de pedir (…) o dinheiro às televisões e gula o “mercado e os exibidores”.
depois ser o Estado a redistribuí-lo”. Analisando ainda os tempos recentes do sector, o ex-
Como alternativa, o cineasta defende que deveria presidente da ARCA defende que o único período em
ter sido criada “uma rede de obrigações idêntica, de que se verificou algum sucesso na relação entre fontes
5% sobre o volume de negócios de toda a cadeia de de financiamento e cinema português foi aquando “do
valor de comercialização dos filmes”, destinada à protocolo entre a SIC e o Ministério da Cultura, sob
criação de novos filmes, “mas deixando aos visados tutela de Manuel Maria Carrilho”,
a decisão”. Assim, adianta, o “Estado passaria a ter António Pedro Vasconcelos identifica também como
um papel de regulador, através da legislação” e in- outro dos problemas do sector a existência de um
tervinha “posteriormente numa série de outras áre- “conjunto de realizadores que estão efectivamente no
as, da formação ao apoio a cineclubes e promoção poder” e cuja influência se “manifesta nas escolas de
no estrangeiro, entre outras”. Para António Pedro cinema, na Cinemateca, nos principais jornais, nos jú-
Vasconcelos, estas mudanças permitiriam ao ris do ICAM e na opinião pública”. O realizador acre-
Governo “complementar o financiamento ao sec- dita que assim se cria um “arbítrio total nas decisões e
tor”, e apoiar igualmente projectos alternativos e de na irresponsabilidade”, dado que “quem está nos júris
carácter experimental, “que escapassem à lógica co- desresponsabiliza-se totalmente quer do dinheiro in-
mercial, mas que garantissem um efeito de vanguar- vestido, quer dos resultados financeiros e artísticos”.
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“Esta escola, digamos assim, opõe-se a tudo o que seja serviço público na divulgação da cinematografia por-
mudança naquilo que era no fundo, o espírito da lei tuguesa, como sucede em Espanha, talvez nas novas
de 71, e que o cinema evoluiu”, acusa. estreias o público se aperceba que existe um cinema
O realizador opõe-se também à criação de um fundo português e os números comecem a mudar”.
de investimento para o sector, preferindo o investi- Apesar de ser a favor de uma maior exibição de fil-
mento directo como primeira escolha, complementa- mes nacionais na televisão, Vítor Ferreira defende
do, se necessário, com o CASA DA IMAGEM que esta programação não
ICAM. “Corremos o risco deve ser feita de forma
de tornar um monstro desintegrada, mas sim
que é o ICAM, num outro através da criação de “há-
monstro que é o Fundo”, bitos e espaços” de visio-
refere. namento de produção
nacional, “num horário
Que caminhos do apetecível”.
cinema? Reconhecendo não
Coimbra recebe anual- conhecer aprofunda-
mente aquele que é con- damente as altera-
siderado o maior certa- ções propostas pela
me de cinema nacional; tutela, Vítor Ferreira
os “Caminhos do Cinema manifesta-se no entan-
Português”. Organizado e to a favor de altera-
promovido pelo Centro ções nos meios de fi-
de Estudos Cinematográ- nanciamento do
ficos da Associação sector e defende
Académica de Coimbra, o uma maior “diversida-
festival viveu a sua última de das fontes de financia-
edição em Maio passado. À mento”. O responsável pe-
frente dos destinos do festi- los Caminhos do Cinema
val nos últimos seis anos,Vítor Português é da opinião que
Ferreira, do CEC, considera que deveria haver uma revisão
o festival tem mostrado “um aumen- do “sistema de apoios esta-
to significativo na qualidade e quantida- tal”, bem como a criação de
de de obras cinematográficas”. Para Vítor “um mecanismo de fiscalização e
Ferreira, este aumento de qualidade deve-se acompanhamento” dos projectos apoiados. “Os
“aos novos realizadores que nos brindam com ou- financiamentos exteriores, exigidos em alguns casos,
tras opções estéticas, essencialmente nas curtas- também devem ser verificados e não podem conti-
-metragens”, dado terem “parcas” oportunidades nuar a existir só no papel”, acrescenta.
para realizarem longas-metragens. Para Vítor Ferreira, devem igualmente ser criadas
Referindo-se ainda à qualidade da produção nacio-
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[Actualidade SI]
e tem costela de autor e gostaria de fugir aos toras oferecem a possibilidade das edições de au-
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CRIATIVIDADE PREMIADA
Festival do Clube dos Criativos de Portugal
A 8ª edição do festival do Clube dos Criativos registou grande adesão em
quatro dias de conferências internacionais, exposições e workshops, que
tiveram o seu momento alto na entrega dos prémios aos profissionais da área
POR VERA LANÇA
Festival do Clube dos Criativos teve este ano a Hellington Vieira e Julliano Bertoldi, da BBDO,
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[Actualidade TV]
CASA DA IMAGEM
canal Sul TV assume-se como uma
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[Actualidade Rádio]
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[Actualidade Tecnologia]
ais de 350 mil pessoas de todas as idades VIP Millennium BCP, espaço Kids, área comercial
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[Actualidade Tecnologia]
AGÊNCIA ZERO
Wireless 802.11g com WPA seguras e controladas Para espalhar esta e outras mensagens e melhor
a nível lógico e a nível operacional. O software enquadrarem os cerca de 700 jornalistas creden-
dedicado de credenciação, o processamento de áu- ciados que representaram 43 rádios, 25 televisões
dio/vídeo de alta qualidade, as ferramentas de e 209 meios de imprensa escrita e outros tantos
produtividade e multimédia e os serviços de dis- fotógrafos foi escolhida a LIFT como parceira de
tribuição de áudio/vídeo em tempo real em cir- comunicação. Catarina Amorim, responsável por
cuito privado, dedicado ou via satélite, foram as esta empresa, salientou que “para além do enorme
outras estrelas tecnológicas presentes. A distribui- envolvimento da Lift (19 pessoas e mais 22 volun-
ção de conteúdos do Rock in Rio-Lisboa foi efec- tários em sistema rotativo) não era possível reali-
tuada pela TV Mundo Melhor, baseada em ligações zar um evento como o Rock in Rio se os promo-
de alto débito em fibra óptica que transmitia pro- tores (Roberto e Roberta Medina) não estivessem
jecções em todos os ecrãs presentes no recinto e orientados para a Comunicação. Esse foi o princi-
pela Network Live que se destinava a diferentes pal ingrediente”.
suportes de comunicação internacionais, nomea- A LIFT, desde que, em 2004, se ligou ao Rock in
damente TVs, Rádios e Internet. Para Ricardo Rio, segundo Catarina Amorim passou “a liderar,
Pascoal “seria muito difícil criar um evento tão ri- pela positiva, o sector da consultoria em comuni-
co e multi-facetado como o Rock in Rio – Lisboa cação em Portugal e a organizar iniciativas como o
sem explorar, muitas vezes até ao limite, todas as Cow Parade Lisboa 2006, a vinda de Bill Gates a
possibilidades que nos são oferecidas pelas novas Portugal e gestão mediática do Global Leaders
tecnologias”. Fórum da Microsoft, a organização do gabinete de
Mas o segredo do sucesso desta iniciativa foi reve- imprensa de eventos como o «The round with the
lado por Roberto Medina em entrevista à RTP: “ a Governement of Por tugal» da revista The
comunicação e o amor ao próximo, aquilo que ca- Economist e, mais recentemente, da vinda de Jack
da um de nós pode fazer pelo vizinho, pelo bairro Welch a Portugal, para além do concurso de gas-
ou pelo país no sentido de um mundo melhor”. tronomia Lisboa à Prova”.
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[Empresas XXI]
[Actualidade Imprensa]
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COMUNICAÇÃO EUROPEIA
Instituições apostam em várias plataformas
A informação das instituições comunitárias encontra-se disponível
mediante uma diversidade de meios de acesso: desde documentais, a
audiovisuais, virtuais e presenciais
POR ANA SOFIA MORAIS
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[Reportagem Comunicação]
AS CRIANÇAS E A TELEVISÃO
Que conteúdos para os mais novos?
ompostos essencialmente por animação, os es- contrário encontravam-se aquelas que assistiam a
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[Reportagem Comunicação]
CASA DA IMAGEM
trava-se a série “Power Rangers”, até recentemen- tos. A investigação da PCT chegou à conclusão que
te em exibição na SIC. De acordo com os investi- a programação infantil analisada apresentava uma
gadores, as crianças analisadas assistiam normal- média de 6,3 actos de violência por hora, em com-
mente a 27 horas semanais de televisão, e cerca de paração com a presença de 4,71 de actos semelhan-
60% dos programas a que assistiam continham tes na programação em horário “prime-time”. A
violência. PCT analisou também os vários programas e canais
relativamente a conteúdo considerado ofensivo ou
Programas violentos com teor sexual.
“Sejam extremamente vigilantes”, pode ler-se no “Violência, humor de casa de banho, utilização de
recente estudo do “Parents Television Council” nomes ofensivos e referências sexuais são os temas
(PCT), dos EUA, sobre os programas para crianças. predominantes no panorama contemporâneo da te-
Intitulado “Lobo em pele de cordeiro”, o estudo do levisão para crianças”, conclui abrasivamente o estu-
PCT (uma das organizações mais influentes no cam- do da PCT sobre os canais e programas exibidos
po da defesa das crianças contra abusos nos media e nos EUA. Apesar de ressalvar que uma boa fatia da
conotada com uma postura mais conversadora) di- programação para crianças é “perfeitamente saudá-
vulgado em Março analisou vários canais de televi- vel”, a PCT apela a uma maior vigilância dos pais
são norte-americanos e seus respectivos programas sobre os programas a que assistem os seus filhos.
infantis. Entre os programas analisados contam-se
séries anteriormente exibidas em Portugal ou ainda Dinheiro é obstáculo aos bons programas
em exibição nos ecrãs nacionais como “Digimon”, infantis
“Power Rangers” e “Yu-Gi-Ho” (SIC), “Batman” (2:) Teresa Paixão, responsável pela programação in-
“Digimon” ou “Battle B-Daman” (TVI). O estudo fantil da RTP refere que são “imensos” os princí-
exaustivo do PCT chegou à conclusão que os pro- pios por trás da exibição dos programas infantis na
gramas direccionados aos mais novos são muitas ve- RTP 1 e 2:. Desde os previstos “na Lei da Televisão
zes mais violentos que aqueles destinados aos adul- e no Contrato de Concessão do Serviço Público” a
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[Reportagem Comunicação]
todos os que “satisfazem a diversidade dos seres áreas”, o que sai caro, diz Teresa Paixão. “Quando
humanos”. Para “meninas e meninos”, “do campo, se investe num projecto caro é natural que se quei-
praia ou cidade”, que já sabem escrever ou ainda ra retorno e Portugal é um mercado muito peque-
não, com particular gosto por “música, aventuras, no para ter retorno”, explica.
histórias ou romances”, ou ainda “ciência, matemá-
tica e inglês”; são os conteúdos que Teresa Paixão A evolução dos programas para crianças
procura. A vertente educativa também não é des- Sara Pereira, investigadora e docente do Instituto
curada na escolha dos programas para crianças, de Estudos da Criança da Universidade do Minho,
ainda para mais numa idade onde a curiosidade é refere o aparecimento das televisões privadas como
condição essencial. “A televisão pode mostrar coi- “um fenómeno significativo que marcou o sistema
sas que não se podem ver ao natural”, como “o televisivo na década de 90”. Com a chegada da SIC
corpo humano”, exemplifica Teresa Paixão. Assim, e da TVI, “o panorama da oferta televisiva para a in-
a responsável pela programação infantil da RTP é fância” alterou-se, e aumentaram os espaços e horas
peremptória ao afirmar que na escolha dos progra- semanais de televisão dedicadas essencialmente às
mas para os mais novos “há imensas preocupações, crianças. Mas “o aumento em quantidade nem sem-
critérios e intenções porque o mundo é imenso e pre significou um acréscimo das horas de progra-
há meninas e meninos com mundos diferentes”. mação geral” e “uma maior diversidade de produ-
Os fenómenos globalizantes são também visíveis tos”. Sara Pereira considera que houve uma
na programação para crianças, com as produtoras “abundância do mesmo tipo de produto”. Os cha-
internacionais a exportarem os seus conteúdos pa- mados “program-length commercials ou toy-based
ra todos os países. Existirá então uma mera per- programming”, com conteúdos maioritariamente
cepção comercial do público infantil e consequen- norte-americanos ou japoneses (em claro contra-
te minimização da sua importância? Teresa Paixão ponto a um decréscimo da produção nacional e eu-
considera que não, até porque “hoje existem gran- ropeia) começaram então a dominar os espaços de-
des negócios de livros e DVD’s para crianças mui- dicados às crianças, refere Sara Pereira.
to novas”. O que falta “é dinheiro para fazer bons Autora de uma tese de doutoramento intitulada
programas de televisão infantis”, pois para tal são “Televisão para Crianças em Portugal – Estudo das
necessários “os melhores profissionais em todas as Ofertas e dos Critérios dos Canais Generalistas
(1992 a 2002)”, Sara Pereira refere também que
nas televisões privadas rapidamente se assistiu a
CONTEÚDO NACIONAL É IMPORTANTE PARA A QUALIDADE DA “um decréscimo gradual” da emissão para crianças,
TELEVISÃO PORTUGUESA “até ao seu completo desaparecimento”. As tardes
de programação das privadas depressa deixaram
Analisando os conteúdos da televisão no seu geral, de exibir conteúdos destinados às crianças quando
Francisco Penim, director de programas da SIC, considera se percebeu que existiam outros públicos poten-
que a principal solução para uma melhoria dos conteúdos
televisivos em Portugal passa pelo aumento da produção
ciais, e as escolhas de programas recaíam essen-
nacional. “Quanto mais escolha houver, mais dinâmico e cialmente sobre conteúdos internacionais, “passí-
mais bem servido ficará o público”, diz. veis de várias repetições e com uma vida de
E a sempre presente luta pelas audiências pode levar a ‘prateleira’ longa”.
uma homogeneização dos conteúdos televisivos? O director Analisando o percurso recente da RTP, Sara
de programas da estação de Carnaxide argumenta que esta
questão não é tida em conta quando se programa: “Cada
Pereira admite “que o discurso e a prática nem
programador tem a sua estratégia e uma delas é fazer um sempre se mostraram coerentes” entre 1992 e
espelho do que a concorrência faz”. O objectivo, diz, é 2002. “Os orçamentos para os programas infantis
“sempre garantir o maior volume de audiência possível”. parecem não ter crescido em proporção ao au-
Isto “independentemente dos conteúdos ficarem mais mento do número de horas de emissão”, critica.
homogeneizados ou não”, conclui.
Foram poucos os programas de produção nacio-
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[Reportagem Comunicação]
CASA DA IMAGEM
nal, apesar dos bons exemplos da “Rua Sésamo”, centivo “à responsabilidade pública no interesse
“O Jardim da Celeste” ou “Os Amigos de Gaspar”. dos valores sociais”, no seio das televisões nacio-
Ainda assim, Sara Pereira considera que a RTP nais, implementando assim uma auto-regulação
tem “reconquistado a sua marca de qualidade” ao mais positiva.
apostar “na diversidade”, em detrimento do aspec-
to comercial, como nos demais canais. Sobre as ca- Poucos conteúdos nacionais
racterísticas da programação infantil, a docente da Para Sara Pereira, o “know-how” existente na área
Universidade do Minho deixa um conselho: “É im- de produção de conteúdos para crianças, em
portante desfazer o equívoco de que uma progra- Portugal, tem de ser rentabilizado. A única forma é
mação de qualidade para as crianças deve tomar a apostar numa maior produção interna, principal-
escola e a educação formal como paradigma”. mente por parte do “operador público”, sem ex-
Quando inquirida sobre a pertinência de uma con- cluir os privados. Relembrando que o Contrato de
junto de critérios fundamentais adoptados por to- Concessão do Serviço Público de Televisão refere
dos os canais relativamente à programação infan- como objectivo dos canais do Estado “o desenvolvi-
til, Sara Pereira relembra que “em Portugal não há mento de uma indústria do audiovisual que consti-
legislação ou resoluções específicas sobre a televi- tua um desafio permanente à melhoria da qualidade
são para as crianças”. Para a investigadora, “a salva- e da eficiência da produção própria”, Sara Pereira
guarda dos princípios e dos valores no sector” não defende que os conteúdos nacionais podem poten-
pode ser restrita apenas a um quadro jurídico, e ciar melhor a diversidade, oferecendo “às crianças
defende uma maior mobilização e discussão na so- uma grelha diversificada e equilibrada”, o que pode
ciedade civil, como forma de pressionar as televi- ser conseguido com um maior equilíbrio entre con-
sões. Sara Pereira concorda também com um in- teúdos internacionais e conteúdos portugueses.
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[Opinião/Carlos Camponez]
PENSAR A ALTERNATIVA
s indicadores apontam para a existência formações suscitadas pela inovação tecnológi-
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OPORTUNIDADES A LESTE
Empresas de media com novos mercados para explorar
om o alargamento de Maio de 2004, a UE lar) deverá passar, mais cedo ou mais tarde, pela
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sionais de media portugueses e dois questionários, OS MAIORES DESAFIOS DO ALARGAMENTO DA UE PARA OS MEDIA NACIONAIS
um a académicos e peritos dos media, e um segun-
do a empresários e profissionais de media de vá-
rios países europeus.Todas as opiniões interessam,
mas umas assumem maior destaque que outras. É
o caso do inquérito aos que se movimentam no
sector – os empresários e profissionais dos media
portugueses, que todos os dias vivem o e no sec-
tor. Por isso, o relevo que aqui se assume é o deste
grupo de inquiridos, uma vez que, melhor do que
ninguém, eles conhecem a realidade dos media na-
cionais. (Os resultados mais significativos dos res-
tantes trabalhos de campo realizados são aprofun- aumento da concorrência (cerca de 17%), a moder-
dados no suplemento desta edição – “O nização do sector (16%) e a melhoria dos conteú-
Alargamento da União Europeia e os Media”). dos mediáticos (14%).Além disso, grande parte dos
inquiridos percepciona que o desenvolvimento dos
Mais Europa, mais oportunidades media nacionais apenas poderá ser possível como
Com mais 76 milhões de consumidores no merca- uma consequência do próprio desenvolvimento dos
do europeu, todos os sectores beneficiam com o media à escala comunitária.
alargamento. No geral o saldo é positivo e o sector
dos media não foge à regra. Quando inquiridos Competitividade vs qualidade
acerca da sua percepção sobre o mais recente alar- A Europa alargada é um mercado considerável a
gamento, a esmagadora maioria dos empresários e nível mundial. Dentro das fronteiras comunitárias,
profissionais dos media nacionais (cerca de 91%) o peso económico do sector dos media aumentou
vê nos novos Estados-Membros uma oportunidade notavelmente nas últimas duas décadas. De facto,
de desenvolvimento do sector, e não uma ameaça. o mercado mediático europeu é altamente produ-
A possibilidade de exploração de novos mercados tivo. Por exemplo, em 2002 foram produzidos
é a conjuntura que os inquiridos mais referem co- 630 filmes europeus e apenas 450 nos EUA. Uma
mo consequência positiva do alargamento (44%). das questões colocadas no inquérito refere-se à
O aumento da mobilidade profissional (16,7%) e a competitividade dos produtos de media. A maioria
entrada de mais investimento estrangeiro no sec- dos inquiridos (cerca de 59%) afirma que os pro-
tor dos media português (16%) são outros dos dutos norte-americanos são mais competitivos do
possíveis efeitos do alargamento da EU para os que os da UE. Mas em termos de qualidade, as
media portugueses. produções europeias são (segundo cerca de 53%
O alargamento não traz apenas oportunidades, dos entrevistados) superiores àquelas que vêm do
mas também desafios que os media nacionais terão outro lado do Atlântico. A competitividade dos
de ultrapassar. O aumento da concorrência entre media portugueses dentro da própria UE poderá
os media (cerca de 31%), a adaptação do sector às aumentar através de factores específicos. Na opi-
necessidades das comunidades imigrantes (cerca nião dos empresários e profissionais inquiridos, a
de 23%) e o aparecimento de novos media em banda larga desempenha um papel importante ou
Portugal (16%) são, na opinião dos profissionais até decisivo neste sentido (ver gráfico2). Outro
do sector, o repto que a Europa alargada lança ao factor que poderá aumentar a competitividade eu-
país (ver gráfico 1). As mudanças mais significati- ropeia será o modelo de financiamento do desen-
vas que o alargamento irá trazer para os media volvimento da SI. Os tipos de apoios financeiros à
portugueses são, segundo estes profissionais, a SI que poderão contribuir para isso e que foram
maior diversificação temática dos media (20%), o mais mencionados são o modelo misto de partici-
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pação comunitária, governamental e privada (cer- outros especialistas dos media e de assuntos euro-
ca de 65%) e uma segunda vertente mista com- peus. Estiveram presentes João Palmeiro,
posta por fundos governamentais e privados (ou Presidente da APImprensa, Rui Cádima, da
Universidade Nova de Lisboa, Fernando Cascais,
AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA BANDA LARGA PARA A COMPETITIVIDADE director do Cenjor, e a especialista em assuntos
DOS MEDIA EM PORTUGAL FACE À DOS RESTANTES PAÍSES DA UE
europeus Isabel Meirelles, entre outros convida-
dos. Wolfram Minnemann da WR MAC –
Publicidade e Marketing e Aguiar Falcão do
IPOM, a entidade que realizou a sondagem a nível
nacional e o inquérito aos profissionais dos media,
também marcaram presença.
Depois de apresentados os objectivos do projecto,
oradores e público trocaram ideias entre si. Um
dos consensos a que se chegou foi a necessidade da
UE contactar mais com os europeus. “É necessário
que a Europa chegue a todos, e os media desem-
seja, não comunitários). penham um papel essencial como elo entre a UE e
os cidadãos”, afirmou Fernando Neves. Isto assu-
Impactos nos media em discussão pública me ainda mais importância quando se avaliam os
Outra componente importante do projecto é a sua 20 anos de adesão à União, em que Portugal saiu
discussão pública. O primeiro contacto com o pú- claramente a ganhar. “Por isso é importante avaliar
blico em geral foi a apresentação do estudo em o impacto do alargamento no sector, que é dos
dois seminários – na Universidade Autónoma de mais dinâmicos da nossa sociedade”, disse o em-
Lisboa, a 9 de Maio, e na Universidade Fernando baixador.
Pessoa (UFP), no Porto, no dia 31 do mesmo mês. Para o grupo de media alemão Axel Springer, o
As acções contaram com a presença de Paulo avanço para os países do Centro e Leste europeus
Faustino, coordenador do projecto, para além de já aconteceu. Segundo Florian Nehm, represen-
tante do grupo germânico, a Axel Springer não se
implementa mais fora da Alemanha porque há im-
pedimentos em certos países, como leis anti mo-
Ficha técnica
nopólio. Mas Paulo Faustino assume que a peque-
O inquérito foi realizado pelo IPOM através de um in-
na dimensão de Portugal não deve impedir os
quérito telefónico entre os dias 21 e 23 de Novembro de
empresários de serem ambiciosos e de aproveita-
2005. A amostra recolhida integra 150 entrevistas realiza-
rem as oportunidades emergentes a leste. “Ou se
das a responsáveis de empresas de media ou a profissio-
adaptam ou são aniquilados pelos grupos estran-
nais do ramo. O procedimento para as entrevistas foi ale-
geiros. É tempo de ter uma atitude positiva face às
atório e proporcionalmente estratificado em função da
nossas qualidades”, disse o investigador. Ricardo
variável relativa à especificidade da área de actividade das
Pinto, do Expresso, entende que a internacionali-
empresas dos media, sendo seleccionadas aleatoriamente
zação é mesmo uma das grandes consequências da
de uma lista de empresas existentes em cada distrito.
queda do Muro de Berlim. Para Salvato Trigo, rei-
Para a selecção do elemento amostral, foi solicitada a co-
tor da UFP, a globalização é positiva, mas implica
laboração do responsável pela empresa contactada. A di-
um reforço dos media de proximidade. Podemos
mensão da amostra e o procedimento associado permi-
ter uma atitude virada para fora, mas sem esque-
tem fazer inferências sobre a população, para a maioria
cer o país real.
das questões, com uma margem de erro inferior a 6,9%
A discussão pública está também aberta a todos os
para um nível de confiança associado de 95%.
que nela queiram participar na blogoesfera em eu-
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[Opinião]
Parece inquestionável a constatação de que o novo mente significativa em aspectos tais como a co-
órgão, de acordo com as linhas gerais do regime brança efectiva de taxas e outros créditos, a deter-
jurídico constante da Lei 53/2005 de 8 de minação da prática de infracções e a aplicação das
Novembro de 2005, saiu reforçado nas suas capa- respectivas sanções, directamente e sem necessida-
cidades não só de “supervisão” mas também de “in- de de intervenção de nenhum órgão judicial im-
tervenção” nas várias entidades sujeitas à sua juris- parcial legitimador das suas actuações. Preceito
dição (artigo 6º). que é reforçado com a atribuição aos membros,
É claro sintoma disso que seja erigido a “objectivo funcionários e agentes da ECR e aos seus mandatá-
de regulação do sector”, entre outros, a fiscaliza- rios e outras pessoas “credenciadas”, da qualidade
ção dos “critérios de exigência e de rigor informa- de “agentes da autoridade”, com todas as conse-
tivo”, de modo a tornar efectiva a “responsabilida- quências que daí decorrem (artigos 45º e 53º).
de editorial” (artigo 7º), não se podendo, a este Este poder extraordinário de policiamento da acti-
propósito, deixar de questionar o carácter inteira- vidade da comunicação social está na base das vá-
mente subjectivo e, consequentemente, descricio- rias faculdades que lhe são conferidas em matéria
nário, do que seja a “exigência jornalística”, total- de controle do “rigor in-
mente desconhecida da legislação anterior, em “Os poderes formativo” ( artigo 24º
substituição do critério da “isenção”, bem definida fiscalizatórios do nº3 al. a)), de promoção
na lei e na jurisprudência passadas. novo órgão da”conformidade dos es-
É também significativo do reforço dos poderes de administrativo de tatutos editoriais”
intervenção do novo órgão de supervisão a sua do- controlo da (id.al.u), da aplicação das
tação de um especial poder soberano equiparado comunicação “normas sancionatórias
ao do Estado (artigo 12º), inovação particular- social foram previstas na legislação
consideravelmente
reforçados”
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[Opinião]
sectorial específica” (id. al. f), e até na organização comunicação social foram consideravelmente re-
e manutenção de “bases de dados que permitam forçados, fazendo sobressair a sua natureza policial
avaliar o cumprimento da lei pelas entidade sujei- relativamente ao carácter predominantemente re-
tas à sua supervisão” (id. al. h)) à margem de qual- comendatório e aconselhador do órgão constitu-
quer controle pela entidade com competência es- cional que substituiu.
pecial nesta matéria! É certo que os efeitos práticos do
A isso acrescem prerrogativas especiais “A actividade modelo legal descritos passam fun-
que permitem aos membros do específica de damentalmente pela forma como os
Conselho Regulador, aos funcionários, regulação do novo membros do Conselho Regulador
agentes, mandatários e a pessoas creden- órgão fica sujeita a interpretarem as suas funções e uti-
ciadas entrar nas instalações dos órgãos escrutinio lizarem os meios que o legislador
de comunicação social, convocar os seus permanente da pôs ao seu dispôr.
administradores, directores e diversos Assembleia da Independentemente porém da ra-
responsáveis para depôr, aceder aos República” zoabilidade dos critérios pessoais, a
equipamentos e serviços, proceder a dependência umbilical em que se
averiguações, a exames e a apreensões encontram do poder político, desde
de documentos e divulgar as informações obtidas, a forma da sua nomeação à obrigação regular de
identificar pessoas, levantar autos e até reclamar a dar conta das suas actividades e à possibilidade de
colaboração de autoridades policiais para o desem- serem destituídos a qualquer momento por sim-
penho das suas funções (artigos 45º e 53º). ples decisão desse mesmo poder político, pelo me-
É óbvio, e não merece contestação séria, que, sen- ro incumprimento de qualquer obrigação inerente
do o âmbito específico da ECR a supervisão da co- ao cargo, faz, no entanto, temer que, dificilmente,
municação social (artigo 5º princípio da especiali- a nova entidade se possa eximir às orientações que
dade), serão, decerto, as instalações das redacções o referido poder entenda imprimir no controlo da
e de programação o objecto próprio da interven- comunicação social.
ção musculada dos seus membros, funcionários e A possibilidade de dissolução do órgão, no seu to-
agentes de fiscalização, sendo esse o campo de do, por resolução política tomada pela maioria dos
eleição das actividades de busca, investigação e deputados em efectividade de funções, pela alega-
apreensão. ção de “quaisquer irregularidades”, que não são
O quadro desta nova feição policial do regulador definidas em lugar algum, sem garantias de defesa,
da comunicação social é completado pelos aspec- sem processo contraditório e sem recurso para
tos sancionatórios, destacando-se a possiblidade de qualquer órgão jurisdicional independente, consti-
aplicação de coimas de 5.000 a 250.000 euros pa- tui também motivo de justificada apreensão quanto
ra o não envio atempado de informações ou ele- à sua real independência e isenção.
mentos solicitados, a falta de comparência de um Se se acrescentar a esta possibilidade a idêntica ad-
administrador ou director quando convocado para missibilidade de, pela mesma maioria parlamentar,
declarações (artigo 68º), para a resistência ao aces- ser destituído qualquer membro individualmente,
so às instalações (artigo 69º) ou ainda para a apli- por alegada “violação grave de deveres estatutá-
cação de sanções pecuniárias compulsórias à razão rios”, cuja tipificação se não acha prevista em parte
de 100 Euros ou 500 Euros por dia de atraso no alguma, com base em “prova” que não respeita o
cumprimento de qualquer decisão da ECR (artigo contraditório, sem apreciação por qualquer órgão
72º). jurisdicional independente, estar-se-à perante si-
Parece, assim, inegável que os poderes fiscalizató- tuação a merecer mesmo eventual escrutínio à luz
rios do novo órgão administrativo de controle da das orientações do Conselho da Europa relativas à
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[Opinião]
independência das autoridades de regulação (con- municação social, designadamente, o produto das
forme constava da Recomendação REC (2000) 23 coimas aplicadas, das custas processuais cobradas
de 20 de Dezembro de 2000, e hoje já também em processos contra-ordenacionais, de multas e
prevista em preceito expresso da até de sanções pecuniárias
proposta de directiva que altera compulsórias.
a Directiva Televisão Sem Este simples enuncia-
Fronteiras da UE). do é de molde a al-
Acresce ainda que terar fundamental-
a actividade es- mente a filosofia
pecífica de re- de actuação da no-
gulação do novo va entidade regula-
órgão fica sujei- dora, que terá de
ta a escrutínio se comportar antes
permanente da como “cabo de es-
Assembleia da quadra”, para asse-
República, a quem gurar, pelos pro-
terá não só de reme- cessos que autuar,
ter, anualmente, um re- a sua própria so-
latório das suas activida- brevivência econó-
des de regulação, mas mica, e, assim,
também de, mensalmente, dar conta de todas as subvertendo, no essencial, o sentido da regulação.
suas deliberações e actividades, sendo que aquela Mas, mais grave ainda, é a nova “taxa” a aplicar aos
lhe pode ainda pedir explicações e informações diversos meios de comunicação social, acabada de
concretas sobre cada uma das suas deliberações, o ser fixada, “taxa” essa que, além da sua mais que
que erige a Assembleia da duvidosa constitucionalidade, pela real natu-
República em verdadeiro reza de imposto de que se reveste, traduz
controleiro político de to- “Não são totalmente uma totalmente inadmissível comparticipação
da a actividade de regula- injustificados os dos regulados nas despesas de funcionamento
ção do novo órgão, que, receios dos que temem do regulador. Este é, aliás, um dos aspectos
assim, perde, totalmente, pela liberdade de em que a Recomendação REC (2000) 23 do
a sua independência do imprensa no novo Conselho da Europa é mais crítica como for-
poder político. quadro regulatório ora ma de assegurar a efectiva independência dos
Mas a independência deste vigente” órgãos reguladores.
órgão é também afectada Não são, pois, totalmente injustificados, os
do lado das receitas previstas para o seu funciona- receios dos que temem pela liberdade de imprensa
mento. Com efeito, e independentemente da con- no novo quadro regulatório ora vigente.
sideração dos avultados montantes orçados para a
sua actividade corrente, passam a ser “receitas” do
novo órgão, não só verbas idênticas às provenien- Lisboa, 2 de Junho de 2006
tes do Orçamento Geral do Estado para o funcio-
namento do órgão constitucional que substituiu,
mas ainda, entre outras de carácter eventual, de JORGE PEGADO LIZ*
natureza estranha em relação a um órgão com a ADVOGADO, CONSELHEIRO DO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL
dignidade que é suposto ter um regulador da co- EUROPEU(BRUXELAS)
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o total concorreram 23 peças jornalísticas à vulgado no evento. Rui Marques, alto comissário do
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[Dinâmicas de Comunicação]
Os utilizadores de telemóveis já são 11,56
telemóveis em Portugal
Leitura de livros aumenta 109,8% deste tipo de equipamento, a mais
elevada da União Europeia, cuja média é de
Mais de 2,6 milhões de 101,9%. Os dados apurados pela Autoridade
portugueses lêem Nacional de Comunicações referem-se ao
habitualmente livros, primeiro trimestre deste ano e mostram um
segundo o estudo aumento de 8,6% em relação ao mesmo
“Consumidor” da Marktest. período de 2005. A maioria dos utilizadores
Este valor corresponde a recorre ao sistema dos cartões pré-pagos, e
31,4% do universo de foram eles quem mais contribuiu para o
estudo. Nos últimos anos crescimento do serviço móvel terrestre.
verificou-se uma tendência
crescente, mas lenta. O há-
bito de leitura revela
assimetrias entre a
população: são as mulheres
quem mais lê (35,3%); a
classe média regista o maior índice de leitura; e é na
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visão da própria casa através da Internet Desde o início do mês de Junho que o mercado
para qualquer outro lugar. O Slingbox editorial francês conta com uma nova publicação
suporta diferentes ligações de vídeo e diária gratuita. Com o título de “Direct Soir”, o
requer uma ligação de banda larga para novo jornal assume-se como um vespertino,
funcionar. distribuído a partir das 16h, distinguindo-se dos
Basta ligar o aparelho a um sinal de vídeo e outros dois jornais gratuitos de âmbito nacional
a um computador para o configurar. já existentes no mercado francês: o “20 Minutes”
Depois altera-se a lição do computador pa- e “Metro”.
ra router e volta-se a ligar a Slingbox ao O título arrancou com uma tiragem de 500 mil
computador. O sistema pode ser exemplares, distribuída em doze cidades
controlado remotamente e permite ligar o francesas. A nova publicação, com uma estrutura
Slingbox a um reprodutor de vídeo com editorial de 28 páginas, assume-se como um diá-
um disco rígido para ver programas rio generalista, apesar de dar mais destaque às
gravados na memória. áreas de informação sobre
Esta tecnologia ainda vai demorar uns televisão e cinema.
meses a chegar ao resto da Europa, apesar Propriedade de Vincent
de já se encontrar disponível no Reino Bolloré, a produção de
Unido por 265 euros e nos Estados Unidos conteúdos do diário é
por 195. assegurada por uma equipa de
80 jornalistas que já integram
a redacção do canal Direct8.
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No nosso país, a ideologia burguesa e pequena Algures entre a Cidade Proibida e a grande mura-
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LUÍSA RIBEIRO
aeroportos e passar pelas principais avenidas destas dade de formas que assumem, e os interesses pre-
duas cidades e imediatamente observamos que valecentes observados na sociedade chinesa são
qualquer semelhança entre a realidade destas ave- outros dos obstáculos a ultrapassar. A insuficiência
nidas chinesas e as avenidas das grandes cidades de informação quantitativa e qualitativa, disponível
americanas e ocidentais não é pura coincidência. A é também outro ponto fraco a ter em conta. A
realidade já muda substancialmente quando se ca- própria cultura empresarial baseia-se em modelos
minha para outras zonas do interior das cidades e ideológicos e práticas sociais que, em muitos ca-
que representam mais a verdadeira China: ainda sos, se afastam dos referenciais ocidentais. Nós
abraços com muita pobreza. Mais de 20 anos de (portugueses), costumamos ser criativos a ultra-
reformas e a abertuara ao exterior têm vindo a passar este tipo de obstáculos. Os portugueses,
transformar profundamente a matriz das relações que foram os primeiros povos ocidentais a estabe-
económicas e sociais na China, mas o processo de lecer relações comerciais com a China antiga, não
decisão ainda permanece fortemente dependente devem ser os últimos a estabelecer relações eco-
da vontade política e administrativa de inúmeros nómicas com a China moderna. O legado de mais
departamentos oficiais, o que constitui uma ba- de quatro séculos de presença portuguesa em
rreira à difícil entrada para quem não possuir uma Macau pode ser uma activo comum aos povos por-
boa rede de contactos no terreno, a que os chine- tuguês e chinês, e pode representar uma vantagam
ses designam por guanxi, o que para nós, numa comparativa das empresas portuguesas no acesso
linguagem mais sofisticada, pode significar a arte ao mercado da RPC e das empresas chinesas no
de fazer relações públicas ou numa linguagem mais acesso ao mercado europeu. As empresas portu-
popular “cunha”. guesas devem olhar com mais atenção pare este
As diferenças culturais e linguísticas, na multiplici- mercado e não perder muito tempo e em identifi-
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LUÍSA RIBEIRO
dades de negócio e a transformar ameaças em tação dos chineses já está chegar à gastronomia e
oportunidades. doçaria. Com a velocidade e capacidade de imita-
Quem chegar primeiro tem sempre algumas van- ção dos chineses não será propriamente uma sur-
tagens. Como diria Sun Tzu, a par de Confúcio, presa se um dia destes os cafés e confeitarias por-
um dos grande filósofos Chineses da Antiguidade, tugueses começarem a importar pásteis de nata da
num dos seus livros mais célebres (A Arte da China. Este doce tipicamente português parece ter
Guerra ): “Na paz prepara-se a guerra”. Esta frase sido uma das principais heranças da presença
exprime bem o sentido de antecipação e oportuni- Portuguesa em Macau.
dade que caracteriza o povo chinês. Por conseguinte, como referem Jack e Suzy
O Império do Meio assume-se também cada vez Welch, na edição da revista “Business Week” (22 de
mais como um palco privilegiado para a organiza- Maio, 2006), a China não é para todos. Contudo,
ção de eventos, seminários e conferências, concor- no caso de Portugal, pode fazer sentido explorar
rendo directamente com Portugal. Os portugue- melhor este mercado, inclusivamente na área dos
ses já estão habituados a concorrer em muitos media. A nossa capacidade de adaptação a outras
produtos (calçado e têxteis, por exemplo) com os culturas – e mesmo os laços históricos estabeleci-
chineses. Até nos pastéis de nata já estamos a con- dos com este gigante asiático -, poderão constituir
correr com os Chineses. Um dos mais populares alguns pontos fortes a capitalizar. Na China poderá
doces, que se encontram em várias zonas da China haver lugar para projectos de massa e de nicho,
(Beijing, Hong Kong, Xangai), dá pelo nome muito embora um nicho possa significar um mer-
“Tarte of Eggs from Macau”. A capacidade de imi- cado superior a Portugal. No segmento das revis-
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ed.87 06/06/22 14:19 Page 51
tas e produção audiovisual, áreas onde se começa a pação faz sentido na medida em que, ao nível dos
assistir a uma maior abertura do Governo Chinês, jornais, o sistema de distribuição é muito incipien-
haverá empresas nacionais com capacidades de te. Grande parte dos jornais – que são controlados
triunfar neste mercado (sendo um factor-chave, a pelo Estado – chegam aos cidadãos através de assi-
inevitável sensibilidade para adaptar localmente al- naturas feitas nas estacões de correios e, em mui-
guns produtos de media e entretenimento) através tos casos, podem ser consultados em painéis espa-
de investimentos pouco significativos que não são lhados pelas cidades, localizados em sítios
possíveis noutros mercados internacionais mais estratégicos.
maduros.
Aliás, a recente visita – Maio de 2006 – a Portugal Muralhas de pessoas para os media
de uma delegação liderada pela Vice-Ministra chi- Sem renegar as heranças políticas e sociais (de ins-
nesa para a área dos media, e conforme foi de- piração marxista-leninista) de Mao Tse-Tung e da
monstrado numa reunião com a direcção da sua Revolução Cultural (termo que designa o pe-
Associação Portuguesa de Imprensa, espelha bem a ríodo de liderança do ex – ditador chinês) – um
abertura que as entidades chinesas podem ter para símbolo ainda bem vivo e respeitado pelos chine-
acolher projectos com origem em Portugal. Um ses, nos últimos anos, a Grande Muralha, ou se
dos aspectos que despertou maior interesse por quiseremos na versão anglo-saxónica, a Great
parte dos responsáveis chineses foi a questão da Mall, deixou de representar o ícone de um país
distribuição de jornais/publicações. Esta preocu- conservador e monocultural, para simbolizar uma
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LUÍSA RIBEIRO
China mais aberta e “sedenta” de valores ociden- importante “leitmotiv” para o comércio bilateral
tais. Pode dizer-se que a Grande Muralha repre- entre os EUA e a China, assim como para uma
senta uma nova centralidade desta zona geográfica maior abertura política e econónica ao Ocidente.
face ao mundo. É um local ideal para respirar e fa- Hoje parece claro, para os responsáveis políticos
zer uma pausa de um ambiente totalmente cosmo- chineses, que desenvolvimento e prosperidade
polita e multicultural. Esta nova fase de desenvol- económica e social não são compatíveis com o iso-
vimento da China - a transitar de um regime lacionisto e modelos de governação em que toda a
comunista para uma economia aberta -, tem sido actividade económica é controlada pelo Estado e
tido feita também com a colaboração de grandes onde tudo se fundamenta em princípios ditatu-
consultores internacionais, inclusivamente de ex- riais, como aconteceu num passado recente. Para
-políticos americanos. entenderem, de uma forma prática, essa ideia, os
A passagem do tempo tende a fazer esquecer um responsavéis chineses não necessitaram de se des-
dos mais inesperados anúncios feitos no século locar muito para Ocidente. Basta, mesmo no con-
XX: o relatório do Secretário de Estado america- tinente asiático, analisar os níveis de desenvolvi-
no Henry Kissinger sobre a sua viagem secreta a mento da Coreia do Norte e da Coreia do Sul.
Beijing, em Agosto de 1971. Este relatório prepa- Aqui a conclusão é simples: apesar de serem dois
rou o caminho para o encontro entre os presiden- países situados no mesmo espaço geográfico, em
tes Richard Nixon e Mao-Tsé-Tung. Na sequência igualdade de circunstâncias de partida (com os
deste encontro surgiu o Comunicado de Xangai, mesmos recursos), a disparidade no nível de de-
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Concentration – New Trends in portuguese news- e Educacão para os Media”; “Políticas Públicas para
paper market”. Apresentei também uma proposta os Media e Sociedade da Informacão”.
para a organização da próxima conferência em O tema “Globalização, Media e Diversidade”,
Portugal. Esta candidatura portuguesa saiu vence- adoptado na conferência em Beijing, que reuniu
dora tendo tido como concorrentes países de ou- cerca de 300 pessoas, sendo, mais de metade, pro-
tros contimentes, inclusivamente da Europa, co- venientes de fora da China, de todas as partes do
mo, por exemplo, a Grécia e Suíca. Para a vitória mundo, espelhou bem o ambiente e interesse vivi-
da candidatura portuguesa foram importantes os do neste evento. As palavras-chave foram globali-
apoios oficiais de instituições nacionais, como, por zação, concentração diversidade, regulação e me-
exemplo, do ministro dos Assuntos Parlamentares, dia.Nesta conferência foram apresentadas cerca de
Augusto Santos Silva; do presidente da Câmara 50 comunicações, subdividas em vários painéis.
Municipal do Porto, Rui Rio, assim como das as- Coube a Rober t Picard, director do Media
sociações do sector, nomeadamente: a Management and Transformation Centre da
Confederação de Meios de Comuniação Social, a Jonkoping International Bussiness School (e profes-
Associação Por tuguesa de Radiodifusão e a sor do Master em Gestão Empresarial e Editorial
Associação Portuguesa de Imprensa. dos Media & Entretenimento, na UAL), a presidên-
A 8ª Conferência Mundial de Economia dos Media cia do evento.
será realizada em Portugal, entre 21 e 24 de Maio Como seria de esperar, as comunicações sobre os
de 2008, em Lisboa e no Porto. O tema central da media no contexto da China tiveram um especial
conferência em Lisboa será “Os media como sec- destaque neste evento. Neste âmbito, pode dizer-
tor estratégico das Nações”. Alguns dos temas dos -se que existiu um denominador comum entre es-
painéis previstos são: “Globalizacao e sas comunicações: o enfoque dado às possibilida-
Regionalizacao da Indústria da Comunicação”; des de desenvolvimento, o papel do Estado neste
“Mercados Emergentes para a Indústria e neste sector e os desafios da regulação. A par do
Comunicação”; “Gestão e Estratégias desenvolvimento do mercado dos media na
Empresariais dos Media, China, está a crescer o interesse
Convergência, Inovacão nos pela área de investigação
Media”; “Responsabilidade Social
LUÍSA RIBEIRO
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CASA DA IMAGEM
deste sector. A investigação até agora realizada tem vel que não venha a ser fácil aparecerem nos
sido predominantemente centrada em análises de quiosques títulos com mensagens provocadoras e
inspiração marxista-leninista. Contudo, decorren- hostis ao Governo. Por último, é expectável uma
te da progressiva liberalização do sector dos me- maior preocupação com a questão dos direitos de
dia, começam também a surgir perspetivas de in- autor e aspectos ligados à regulação do sector da
vestigação, realçando os aspectos positivos da comunicação. O tema dos direitos é particular-
economia de mercado. mente sensível neste mercado porque constitui
Em termos de tendências futuras da indústria da uma das principais barreiras a ultrapassar. Como
comunicação, é expectável que a oferta e o consu- se sabe, os chineses copiam tudo – como se viu,
mo de produtos de media cresçam substancial- nem os nossos pastéis de nata escaparam – e não
mente. Por exemplo, ao nível dos filmes, ainda será de admirar encontrar um livro de uma edito-
existe pouca exibição de obras estrangeiras. Outro ra ou autor Ocidental publicado na China sem te-
importante factor é que o Estado deixou de subsi- rem sido adquiridos quaisquer direitos de autor.
diar muitos jornais regionais e locais, muitos deles Foi, por exemplo, o que aconteceu com um livro
ligados ao Partido Comunista. Um prática que re- de Robert Picard: quer o autor quer a editora não
vela também uma tendência de orientação para o faziam a mínima ideia que tinham publicado um li-
mercado é o facto da CCTV (principal canal de te- vro na China. Não obstante algumas dificuldades
levisão) ter previsto a existência de compensações que se possam identificar, a China tem um merca-
para as publicidades inseridas em programas que do de consumidores – muralhas de pessoas – po-
não atinjam as audiências previstas. As publicações tencial para consumir produtos de media. Ainda
impressas irão multiplicar-se, embora seja previsí- está muita coisa por fazer...
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COLECÇÃO mediaXXI
X ANOS A COMUNICAR
“O Voo da Borboleta”
Connosco
e
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“A Imprensa em Portugal
- Transformações e
Tendências”
Paulo Faustino
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Europeia e os Media – MODO DE PAGAMENTO
Impacto no Sector e nas CHEQUE À ORDEM DE FORMALPRESS - PUBLICAÇÕES E MARKETING, LDA
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Paulo Faustino (Coord.) *DEVE ENVIAR O COMPROVATIVO DA TRANSFERÊNCIA
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E EVENTUAL ENVIO DE PROPOSTAS FUTURAS. FICA GARANTIDO O ACESSO AOS DADOS E RESPECTIVA RECTIFICAÇÃO, ALTERAÇÃO OU ANULAÇÃO. CASO NÃO
PRETENDA RECEBER OUTRAS PROPOSTAS NO FUTURO, ASSINALE COM UM X.
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om um dos regimes mais fechados do em que os EUA adoptaram uma postura anti-chi-
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tão sob alçada do Governo, que tem vindo a enco- ço governamental em tornar as televisões chinesas
rajar uma maior comercialização das mesmas e a em organizações com maiores objectivos comer-
sua divisão em grupos de media provinciais. Esta ciais. A medida foi um sucesso, referiram os inves-
alteração não significa a existência de cenários de tigadores, com as audiências da televisão a aumen-
privatização, como sucede por vezes nas democra- tarem consideravelmente.
cias ocidentais: “O Governo encoraja as estações Entre as conclusões do estudo, Jun Lan e Yingzi Xu
de televisão a publicitarem os seus programas e a distinguiram também alguns dos problemas que
terem maior lucro”. Como referiram Jun Lan e afectam o sector e as suas características. Entre os
Yingzi Xu, actualmente as televisões chinesas principais problemas, destacam-se a falta de pesso-
mantém um sistema de dupla-liderança: a da pró- al talentoso nas televisões, o descontentamento
pria televisão e a com ligação ao Par tido dos trabalhadores com a folha salarial, e a redun-
Comunista Chinês, no poder. dância de pessoal com as mesmas funções, que de-
A CCTV é o “player” dominante no sector da tele- vido à particularidade das televisões chinesas e sua
visão chinesa, e os seus lucros têm diminuído em estreita ligação com o Governo, não podem ser
algumas cidades chinesas, nos últimos anos. despedidos.
Contudo, com o início da intervenção americana No “paper” apresentado em Beijing, os investiga-
no Iraque, em 2003, a estação começou a emitir dores também concluíram que o controlo que o
(muitas vezes em directo) peças noticiosas sobre a Governo chinês exerce sobre as televisões está di-
situação naquele país, o que representou um esfor- rectamente ligado ao desenvolvimento económico
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das regiões onde está sedeada a estação: quanto que considera uma “luta” pelos melhores recursos
mais rica a região, mais leve é a influência exercida e conteúdos mais originais entre as televisões chi-
sobre o Governo. nesas, resultado directo da percepção do potencial
Liu Jingyi, da Universidade de Comunicação da que a televisão tem no país.
China, também centrou a sua apresentação nas es-
tratégias da indústria televisiva chinesa. O investi- IPTV na China
gador asiático analisou os padrões de negócio das Da Universidade de Comunicação da China, Zhou
televisões chinesas, identificando o ano de 1988 Yan abordou o mercado da IPTV no território con-
como o ponto de viragem relativamente ao negó- tinental do país. Admitindo que este novo meio é
cio da televisão na China. Até lá, a perspectiva co- virtualmente desconhecido entre os chineses, com
mercial das estações era inexistente. Nesse ano, a excepção a situar-se entre os jovens das classes al-
vários eventos do Partido Comunista Chinês fo- tas. Zhou Yan considerou que a China continental é
ram transmitidos, a par de algumas das competi- um mercado com várias potencialidades relativa-
ções dos Jogos Olímpicos de Seoul, iniciando-se mente à IPTV, resultado do regime existente e da
uma nova era de transmissão de eventos nos canais atracção das poucas novidades permitidas.
chineses. Segundo o investigador, estes eventos Entre os problemas com que se depara uma maior
significaram uma mudança importante, rompendo divulgação da IPTV na China conta-se a legislação
com os habituais eventos televisivos chineses, dado governamental sobre telecomunicações, que entre-
que representavam eventos planeados e publicita- ga a apenas uma companhia a permissão de comer-
dos com antecedência. O resultado foi um aumen- cialização da IPTV, numa clara situação de monopó-
to substancial dos “lucros publicitários e audiências lio. A qualidade dos conteúdos é outro dos aspectos
das estações”. A entrega de Hong Kong e Macau à da IPTV que carece de melhoria, quando se anali-
soberania chinesa e o lançamento do primeiro sa- sam as potencialidades deste meio na China. Para
télite chinês foram alguns dos eventos mediáticos Zhou Yan, uma maior diversidade de conteúdos
com mais sucesso nos televisores chineses. quando comparada com os media já existentes pode
Liu Jingyi manifestou então a sua opinião sobre o significar uma maior atracção para os chineses.
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oferta de serviços de multiple play represen- 29 redes de cabo analisadas oferecem serviços de
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[Aula Aberta]
INVISÍVEIS
16 de Fevereiro de 2005, equipas de prensa portuguesa para demonstrar que, em
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[Instituições do Conhecimento]
em fins lucrativos, a APDC – Associação trangeiras, são outros dos objectivos da associação.
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[Centros de Conhecimento]
endo em vista a profissionalização dos alunos, a no desenvolvimento de uma verdadeira estação ra-
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[Cibercultura]
oje existem “drive ins” sofisticados, com com geradores de campismo, vagueiam pelas cida-
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[Entrevista Sectorial]
zer as projecções sem que os espectadores convida- site para se ter acesso aos mapas de projecção.
dos e os transeuntes sofram quaisquer perturbações Basicamente para se ser um guerrilheiro destas lides
que os impeçam de ver na íntegra as obras projecta- basta ter um veículo, um projector vídeo de boa de-
das. finição, uma aparelhagem estéreo portátil e um ge-
O cenário do projecto “Guerrilla Drive In” é típi- rador que tenha tempo de energia suficiente para
co de uma “rave”. Aliás mais parece uma espécie que os filmes sejam projectados sem estar sujeitos a
de “rave” dos anos 00, em que desta feita os produ- quebras de sinal ou de energia eléctrica. Depois o
tores de cinema independente reclamam as ruas principal é a superfície de projecção, que usualmen-
para projecção das suas obras, uma vez que não te é paredes de edifícios antigos em ruas onde a cir-
conseguem entrar no circuito do cinema comer- culação de veículos não seja um obstáculo. Porém,
cial anglo-saxónico. Por tudo isto as operações de no festival oficial do projecto “Guerrilla Drive In”
guerrilha são tão consideradas secretas que são parece que existem ecrãs gigantes alugados disponí-
apelidadas de “Covert Ops”. No entanto existe to- veis. A ideia é que os espectadores possam conviver
do um calendário, locais específicos e eventos es- livremente com os artistas e desfrutar do espectá-
peciais, nos quais estão envolvidos os produtores, culo. À semelhança de um espectáculo rock mistu-
a organização, os artistas, os espectadores mais rado com espectáculo de cinema “indie” o
chegados, e até novos génios do “marketing” que “Guerrilla Drive In” junta arte e boémia em escalas
encontram no “Guerrilla Drive In” uma inspiração controláveis, já que as multidões que se juntam nos
de sucesso. locais de projecção não são em massa.
Um dos trabalhos a destacar foi o filme experi-
Novo tipo de “Drive In” mental “12” (“twelve”), do escritor-realizador
Para os guerrilheiros do cinema, para todos os artis- Lawrence Bridges, que foi projectado na parede de
tas-vídeo adeptos, o projecto “Guerrilla Drive In” uma loja em Sunset Boulevard. Como regular-
tem actividades hiper-interessantes. O que é neces- mente é feito, membros da organização distri-
sário para entrar no projecto é submeter uma des- buem entre o público “press kits” aos espectadores
crição das obras a projectar e preencher um formu- e aos projeccionistas, sem cujos veículos e equipa-
lário em PDF de candidatura no site para que a mento não seria possível realizar as mostras de fil-
organização consiga estudar o caso de projecção. mes do “Guerrilla Drive In”. A forma como se tem
Claro que também é necessário enviar em VHS, acesso ao som do filme também é interessante
DVD ou qualquer outro suporte os filmes para que porque são os donos dos veículos que sintonizam
a organização do “Guerrilla Drive In” possa ver e rádios como a rádio de música de dança KACD
enquadrar as projecções por ciclos temáticos. (103.1 FM), a fim de se poder escutar a banda so-
Depois é só aguardar as convocatórias e consultar o nora do filme projectado.
Bridges, um dos organizadores, diz que com o
“Guerrilla Drive In” está a “”fazer-se ligações entre
a realidade e ilusão, o que é então projectado de
novo nas paredes da cidade que inspirou isto, ves-
tindo-se a cidade com a sua própria ficção.”
Quem quiser aderir a este “franchise”, o melhor é
mesmo criar o seu próprio “Guerrilla Drive In”, já
que se trata de uma iniciativa “Faça-Você-Mesmo”.
Não se perde nada em consultar o Web site The
Spoon (www.thespoon.com/drivein/start-your-
own.html), pois tem uma secção em que explica o
que é necessário para montar o nosso próprio
“Guerrilla Drive In”.
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[Entrevista Sectorial]
omeçou ao acaso na área da publicidade e por criativo. Estive lá durante dez anos como director
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[Entrevista Sectorial]
Assiste-se a um crescente
uso na
publicidade de meios
interactivos e plataformas
digitais. Os clientes aderem
a estas novas soluções?
R: Publicidade é comunicar. Há
dez anos atrás apresentava-se um
projecto de design, no sentido mais
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[Entrevista Sectorial]
Depois começa o processo lixado que é a raciona- vos precisam de tempo, somos um povo extrema-
lização da campanha. E é isto que destrói a nossa mente desorganizado e agora criou-se a situação
profissão, torna-a cinzenta, de merda, igual a tan- de que é tudo para amanhã. Este ritmo começa a
tas outras que andam por cá. esmagar uma série de competências e a cilindrar o
processo normal de trabalho.
Então há um corte à liberdade criativa? Um criativo precisa de alimento e para isso precisa
R: Sim e isso nota-se nos “spots” produzidos em de sair da agência. Tem de ver filmes, ler livros,
Portugal. São todos iguais, usam todos a mesma viajar, contactar com pessoas com ideias diferentes
fórmula. Não há uma campanha no ar que eu diga: e interessantes. Isso está a deixar de acontecer. Os
“Porra, aqueles gajos tiveram mesmo coragem e criativos parecem funcionários públicos, mas que
conseguiram romper com alguma convenção”. Isso trabalham 24 horas seguidas. É porreiro durante
acontece lá fora. um determiando tempo mas chega a um ponto
que cansa, desgasta muito rapidamente. Os criati-
Mas o receio de arriscar nota-se mais por vos acabam por não ter tempo, nem disponibilida-
parte dos clientes? de mental para repor energias.
R: Pela experiência que tenho vindo a adquirir acho
que é, sobretudo, por parte do cliente. Mas todos Qual a campanha que lhe deu mais gozo
receiam. As agências têm todas muito mais poten- fazer?
cial do que aquilo que se vê efectivamente nos tra- R: Destaco a do Euro2004 por tudo o que envol-
balhos apresentados. Para contrariar esta situação veu. Foi um processo muito engraçado de realizar.
têm de ter mais capacidade de argumentação junto Tens um sonho e consegues com que ele se con-
dos clientes e levá-los a arriscar. O anunciante por- cretize, e é fantástico quando isso acontece. Deu
tuguês é um anunciante com muito medo. muito trabalho mas o resultado foi espectacular.
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[Leituras]
A TV do Futebol
Coordenação de Felisbela Lopes e Sara Pereira
Colecção Comunicação e Sociedade
Assumindo o seu
Campo das Letras pioneirismo na
Numa altura em que o Mundial publicação como
de Futebol já se tornou no obra única de um
fenómeno mais mediático de conjunto de
todos os tempos, a Campo das grande
Letras edita este “A TV do reportagens, em
[Educomunicação]
APRENDER A CONSUMIR
Deco Jovem educa os mais novos
s acções de marketing e publicidade dirigidas gras na publicidade que estão escritas num papel,
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[Educomunicação]
CÁTIA CANDEIAS
No entanto, o docente reconhece que as ini-
ciativas nesta área são insuficientes. Algumas
das experiências pedagógicas mais interessan-
tes nesta matéria, afirma, “nascem da capaci-
dade de auto-gestão dos professores no âmbi-
to do projecto educativo próprio e singular
que cada um representa e que transporta con-
sigo em cada aula, em cada ano lectivo, em
cada escola”.
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[Estatísticas da Comunicação]
World Association of Newspapers – Associação taram as vendas em 54% dos países e a circulação
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[Estatísticas da Comunicação]
No que toca à venda de diários na União Europeia, te onde os gratuitos atingiram a sua maior expres-
registou-se em 2005 um decréscimo de 0,61%, mas são. Em alguns países a expressão dos jornais de
no geral o mercado registou um aumento da circula- distribuição gratuita é impressionante. Em
ção de 1,34% com a expansão dos diários gratuitos. Espanha os gratuitos representaram 51% do mer-
Em termos totais, sete países europeus conseguiram cado. Por cá, os gratuitos já atingiram uma fatia de
aumentar a venda de jornais: Eslovénia (19,44%); 33% do mercado, o que classifica Portugal como o
Polónia (9,80%); República Checa (4,88%); Irlanda segundo país na Europa onde este tipo de impren-
(2,16%); Áustria (0,42%); Reino Unido (0,05%); e sa tem mais destaque. Também na Dinamarca os
Itália (0,03%). Em Portugal houve uma quebra nas gratuitos atingem um terço do mercado (32%) e
vendas em 3,88%. A maior quebra verificou-se na chegam aos 29% da circulação diária em Itália.
Eslováquia (4,17%) e a menor na Estónia (0,39%).
No geral, as vendas de diários na UE diminuíram Jornais online com mais leitores
5,26% nos últimos cinco anos. À semelhança dos jornais impressos, também as edi-
ções online registaram valores positivos em 2005. O
Gratuitos em ascensão consumo de jornais na internet aumentou 8,7% no
O mercado dos jornais de distribuição gratuita ano passado. Durante os últimos cinco anos, a leitura
destaca-se cada vez mais no sector da imprensa. de jornais online subiu 200%. Isto deve-se, ao au-
Chegam a um público cada vez mais alargado e, mento do número de clientes do serviço de acesso à
como consequência do aumento das audiências, as Internet (por exemplo, em Portugal, segundo o
tiragens sobem. Em todo o mundo são publicados ICP-ANACOM, estavam registados1.296.330 clien-
cerca de 170 diários gratuitos. A nível global, a sua tes com acesso à Internet no primeiro trimestre de
circulação é de quase 28 milhões de exemplares, 2005, e no final do ano já eram 1.427.613), mas
dos quais apenas a Europa garante uma tiragem de também ao aumento das edições online. O relatório
18.6 milhões. Estes valores representam 6% da di- da WAN revela que, no ano passado o número de
fusão mundial de diários, mas à escala europeia, os jornais online aumentou 20%. Consequência disto
gratuitos atingem uma fatia de 17% do mercado. foi, ainda, o aumento dos níveis de publicidade na
Efectivamente, em 2005, a Europa foi o continen- Internet, que continua a crescer todos os dias. Em
2005, este tipo de publicidade registou um acrésci-
mo de 24%, o maior em cinco anos.
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[Ibermedia]
Telecinco compra acções
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[Nuestra Opinión]
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[Nuestra Opinión]
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[Europa Lex]
Comissão Europeia delineou uma proposta le- Para a execução do programa durante um período
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[Europa Lex]
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[Lá Fora]
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[Lá Fora]
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[Lá Fora]
quando confrontados com esta doença. Na mecanismo especial dos media, os media
conferência de imprensa em Pequim, a taxa Chineses são principais responsáveis pela
de morte da SARS era um dos tópicos mais estabilidade do país, mas não por noticiar a
requisitados pelos jornalistas estrangeiros. verdade. Os media Chineses são encoraja-
Eles muitas vezes discutiram a circulação dos a noticiar mais notícias positivas e me-
da taxa de mortalidade com os oficiais nos notícias negativas que podem influen-
Chineses. A taxa de mortalidade da SARS ciar a estabilidade da sociedade. Uma
na China foi noticiada como sendo mais notícia como a SARS é suposto aumentar o
baixa que os dados da OMS. Mais ainda, os pânico crescente na China o que vai afectar
media estrangeiros, normalmente, assu- a economia nacional. Até agora, a China
mem maiores perdas para a China na crise não tem uma lei de abertura de informa-
da SARS do que os media Chineses. Os tó- ção, mas tem muitas leis e regulamentos,
picos que os estrangeiros cobriram sobre a que limitam a informação na sociedade. A
SARS na China foram a crise SARS, perdas maioria dos media ocidentais são organiza-
económicas e crise governamental. No en- ções privadas que são independentes dos
tanto, a SARS aparece de forma diferente seus governos. A sua prioridade é reportar
“O principio de nos meios Chineses. A maioria dos artigos as notícias ao público a tempo e correcta-
reportagem dos nos media Chineses elogiavam os esforços mente. Um principio tão reconhecido na
media Chineses dos heróis trabalhadores médicos, e enco- sociedade ocidental começou só agora a ser
é o foco nas rajava o povo Chinês a ganhar a batalha discutido como racionalista no campo aca-
notícias positivas contra a SARS. O principio de reportagem démico Chinês e no campo dos políticos.
que referem as dos media Chineses é o foco nas notícias Para resumir, as diferentes compreensões e
boas novas” positivas que referem as boas novas. Os práticas dos princípios da comunicação e
media na China são abertamente definidos dos mecanismos dos media tornaram dife-
como a voz do Partido Comunista Chinês e rente as aparências das reportagens SARS
do governo Chinês. feitas pelos media Chineses e pelos media
Os estrangeiros insistem em confiar nos estrangeiros. Por isso, não é estranho que
seus próprios media e queixam-se que “os os residentes de Xangai e os estrangeiros
media Chineses são controlados pelo go- tenham diferentes opiniões sobre a credibi-
verno Chinês”, “os media Chineses são usa- lidade dos media Chineses e estrangeiros.
dos para esconder informação”, “os media
estrangeiros são independentes” e que “os
media estrangeiros dizem a verdade”.
A abertura dos media Chineses após 20 de Notas:
Abril mostrou que os media Chineses pre- De acordo com os hábitos dos media
cisam de esforços a longo-prazo para cons- Chineses, todos os media estrangeiros que
truir a sua credibilidade. Enquanto os me- não adoptem o sistema Chinês controlado
dia tiverem um mau cadastro, o público irá pelo Governo são chamados de media es-
suspeitar da sua credibilidade. Devido ao trangeiros neste estudo.
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[Último Olhar]
Realizou-se em Barcelona, entre os
dias 19 e 21 de Junho, um encontro
TV Cabo não renova com SIC Mulher promovido pelo Ayuntamiento da
O canal dirigido ao Catalunha, com o objectivo de
Devido ao
PT e Media Capital preparam crescente
número de
novo canal para o cabo entradas de
As negociações entre as administrações da conteúdos prove-
Portugal Telecom e a Media Capital para o nientes de
lançamento de um novo canal de informa- utilizadores não
ção por cabo já estão em andamento. A registados, a
Wikipedia impede vandalismo no site