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A “MUNICIPALIZAÇÃO PARTIDÁRIA” COMO FATOR DE FORTALECIMENTO DA OPOSIÇÃO

O necessário aumento do número de membros das executivas e comissões provisórias


municipais dos partidos políticos.
O ano de 2010 poderá ficar marcado como o tempo da ruptura de um país democrático alicerçado no
equilíbrio das forças políticas antagônicas para um novo momento de autoritarismo travestido de democracia.

O futuro Congresso Nacional será muito mais um conselho político da Presidente eleita do que cumpridor do
seu verdadeiro papel institucional. Há tempos o governo federal vem tratando o Congresso como uma
repartição do executivo diante das ilimitadas medidas provisórias que trancam a pauta do legislativo e a
descarada manipulação dos poderes constitucionais específicos que, na sua grande maioria, tem servido aos
interesses e conveniência do grupo político que governa e continuará governando o Brasil nos próximos
quatro anos.

O exemplo das lideranças partidárias de oposição foi de total apatia que, de forma equivocada, inicialmente
tentou angariar a simpatia de grande parcela dos eleitores que se alinhava ao presidente Lula, fazendo “vistas
grossas” aos desmandos, denúncias e tantos outros sérios problemas causados ou envolvendo figuras do PT e
seus aliados. Essa postura desencadeou a total perda de coerência propositiva na eleição, refletida na
campanha eleitora de todos os cargos, não só no de Presidente da República.

Especialmente na base, muitos militantes não compreenderam o posicionamento que os levava cada vez mais
para o “abismo político”. Fora isso, simpatizantes dos partidos de oposição, da mesma forma, questionaram a
direção escolhida e a falta de combatividade na defesa das ações pretéritas, com destaque para as grande
conquistas do período do presidente FHC, por exemplo.

Exceções, como o caso do Deputado Federal e candidato ao Senado pelo Paraná Gustavo Fruet, que em todas
as oportunidades na campanha eleitoral não poupou esforços para destacar as conquistas e virtudes da
oposição, denunciando e alertando a respeito da conduta dos governistas e partidos aliados. Tal postura foi
fundamental para ressaltar tal discussão e o que ele próprio chamou de “o perigo do fim da oposição no
Brasil” e os efeitos que isso representaria.

As urnas foram abertas, resultados proclamados e a oposição entrincheirada pela sua própria falta de
posicionamento e altivez, partindo para uma posição de mera expectadora do poder. A balança só não
“despencou” para o mesmo lado, em virtude da vitória de alguns governadores de oposição em estados
importantes que representam mais de cinqüenta por cento da população, porém as manobras necessárias
para o bom relacionamento com o governo federal não será tarefa fácil.

A reorganização dos partidos de oposição depende diretamente da conquista de novas lideranças municipais e
o fortalecimento da estrutura partidária nas cidades. É preciso reforçar as bases dos partidos de oposição,
trazendo para suas fileiras pessoas de bem, representativas dos mais variados setores da sociedade que
compartilhem do mesmo ideal, das mesmas preocupações e, acima de tudo, respeito pela necessidade de se
cultivar a democracia no país através da existência de uma oposição atenta e atuante.
Na prática, hoje os partidos de oposição não se caracterizam pela forte militância, pela manifestação pública
incisiva em torno de uma idéia ou objetivo. São partidos particularizados em que poucos decidem por muitos,
não contemplam e consideram antigas conquistas e inibem o surgimento de novas “cabeças”, que
oxigenariam a agremiação.

Os partidos devem retornar às suas origens de grandes conselhos deliberativos, dando oportunidade de
atuação para novas personalidades, expondo suas idéias, conquistando espaço, fortalecendo a estrutura para,
daí sim, com os nomes e competências definidas, buscarem o espaço eleitoral através do posicionamento
claro e objetivo.

Cada vez mais a política se profissionaliza e a competência técnica será imprescindível para a investidura nos
cargos públicos eletivos e comissionados. Para isso, o partido político e neste caso, a oposição, vive um
momento importante para o aprimoramento dos seus quadros, investindo na formação e na qualificação
daqueles que pretendam ocupar cargos públicos ou se destaquem na organização partidária.

Para tanto, se impõe uma análise urgente por parte dos dirigentes regionais e do comando nacional no
sentido de se ampliar o número de membros das executivas e comissões provisórias municipais. Só assim
novos integrantes surgirão, não só como expectadores de velhas rixas e desentendimentos, mas como
participantes ativos da necessária oxigenação das ações e diretrizes partidárias, sem romper com os atuais
membros e lideranças locais. Havendo a ampliação de “cadeiras” com direito a voto, a alternância do poder
interno ocorrerá naturalmente, sem rupturas ou desgastes desnecessários, mas com o debate de idéias e o
aprimoramento dos princípios do grupo.

Há urgente necessidade da chegada dos “novos nomes” nas executivas e comissões municipais. O tempo se
encarregará de excluir aqueles que se autodenominam proprietários das siglas partidárias, reciclando e dando
vez ao senso comum e a construção de um organismo verdadeiramente representativo em que os melhores
prevalecerão.

É preciso enaltecer as conquistas, aprender sempre e planejar o futuro com honradez e espírito público e esse
talvez seja o momento de se buscar a reconstrução com apoio direto e visão estratégica na base dos partidos.
Com os diretórios municipais comprometidos, unidos e coesos em torno de um ideal, facilita-se a mobilização,
estabilizam-se as ações o que permite melhor governabilidade e o fortalecimento para os novos desafios do
grupo, equacionando interesses com a conseqüente inibição das interferências e recrutamentos externos.

JÚLIO CÉZAR HAUS é advogado, empreendedor e gestor de negócios.


Atuou junto à coordenação de campanha do Dep. Fed. Gustavo Fruet ao Senado.

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