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Poder Judiciário da União
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

Órgão : 1ª TURMA CÍVEL


Classe : APELAÇÃO
N. Processo : 20130710002586APC
(0000292-41.2013.8.07.0007)
Apelante(s) : VALDEMIRO SOARES DA SILVA, DENNER
LUCIANO BATISTA
Apelado(s) : SORAYA MARCIA MATOS DE OLIVEIRA
BEZERRA
Relator : Desembargador TEÓFILO CAETANO
Revisora : Desembargadora SIMONE LUCINDO
Acórdão N. : 888722

EMENTA

CIVIL. DANO MORAL. OFENSAS PESSOAIS. SÍNDICO E


CONDÔMINOS. ASSEMBLÉIA CONDOMINIAL.
DEGRAVAÇÕES. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
INCONFORMISMO COM A GESTÃO DO CONDOMÍNIO.
UTILIZAÇÃO DE ADJETIVOS OFENSIVOS E
ESTIGMATIZANTES. IMPRECAÇÕES OFENSIVAS À
SÍNDICA. MATERIALIZAÇÃO EM CARTAS ENVIADAS AOS
OUTROS CONDÔMINOS E EM ASSEMBLÉIA GERAL.
OFENSA MORAL. CARACTERIZAÇÃO. COMPENSAÇÃO
PECUNIÁRIA. EXPRESSÃO PECUNIÁRIA. REDUÇÃO.
ADEQUAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE
E DA RAZOABILIDADE. AGRAVOS RETIDOS.
INTERPOSIÇÃO DE FORMA ORAL. REITERAÇÃO.
INOCORRÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO. HONORÁRIOS.
ADEQUAÇÃO. REDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
1. O conhecimento do agravo retido interposto no trânsito
processual é condicionado a expressa solicitação manifestada
pela parte por ocasião da formulação de apelo ou do aviamento
de contrarrazões, implicando a omissão quanto à solicitação de
exame a impossibilidade de conhecimento do recurso retido
nos autos (CPC, art. 523, § 1º).
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2. Conquanto tenham caráter restrito, as assembleias


condominiais tem por finalidade tratar questões afetas à
coletividade compreendida pelos condôminos e à administração
da coisa comum, defluindo desta constatação que as
degravações de reuniões assembleares, ainda que sem prévia
autorização do condomínio, não encerram nulidade ou violação
às garantias legalmente protegidas, notadamente em se
considerando que as manifestações nelas explicitadas,
naturalmente registradas em ata e disponibilizadas a todos os
moradores, são aptas a fazerem prova sobre o havido durante
as reuniões registradas.
3. Caracterizam-se como graves ofensas aos predicados
pessoais e direitos da personalidade a qualificação da ocupante
do cargo de síndica de prédio residencial a suscitação de
dúvida, durante reunião assemblear, sobre a higidez e lisura da
gestão que empreendia mediante o alinhamento de assertivas
de que estaria "passando sabão" nas contas condominiais e
teria se beneficiado da administração em proveito próprio e se
locupletado de valores.
4. Agregado ao fato de que as imprecações ofensivas
impregnaram dúvida sobre a retidão moral e ética da afetada,
traduzem seriíssima agressão aos direitos da sua
personalidade, e, afetando sua dignidade, honorabilidade e
intimidade e impingindo-lhe sofrimentos de natureza íntima,
atingem sua auto-estima, expõe o que lhe é íntimo e
desqualificam sua respeitabilidade, ensejando-lhe abatimento
moral e psicológico, caracterizando-se como fatos geradores do
dano moral.
5. O dano moral, afetando os atributos da personalidade do
ofendido e atingindo-o no que lhe é mais caro, se aperfeiçoa
com a simples ocorrência do ato ilícito e aferição de que é apto
a impregnar reflexos em sua personalidade, prescindindo sua
qualificação da germinação de efeitos materiais imediatos,
inclusive porque se destina a sancionar o autor do ilícito e
assegurar ao lesado compensação pecuniária volvida a atenuar
as consequências que lhe advieram da ação lesiva que o
atingira mediante a fruição do que é possível de ser oferecido
pela pecúnia.
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6. A mensuração da compensação pecuniária devida ao


atingido por ofensas de natureza moral, conquanto permeada
por critérios de caráter eminentemente subjetivo ante o fato de
que os direitos da personalidade não são tarifados, deve ser
efetivada de forma parcimoniosa e em ponderação com os
princípios da proporcionalidade, atentando-se para a gravidade
dos danos havidos e para o comportamento do ofensor, e da
razoabilidade, que recomenda que o importe fixado não seja
tão excessivo a ponto de ensejar uma alteração na situação
financeira dos envolvidos nem tão inexpressivo que redunde
em uma nova ofensa à vítima, devendo ser privilegiado,
também, seu caráter pedagógico e profilático.
7. Os honorários advocatícios devidos aos patronos da parte
exitosa como contrapartida pelos serviços que realizaram,
ponderados os trabalhos efetivamente executados, o zelo com
que se portaram, o local e tempo de execução dos serviços e a
natureza e importância da causa, devem necessariamente ser
mensurados em percentual incidente sobre o valor da
condenação em se tratando de ação condenatória, ensejando
que sejam mantidos quando fixados no patamar médio de 15%
(quinze por cento), mormente se aferido que o importe se
coaduna com a regulação legal (CPC, art. 20, §§ 3º e 4º).
8. Apelação conhecida e parcialmente provida. Preliminar
rejeitada. Unânime.

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ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores da 1ª TURMA CÍVEL do


Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, TEÓFILO CAETANO - Relator,
SIMONE LUCINDO - Revisora, ALFEU MACHADO - 1º Vogal, sob a presidência do
Senhor Desembargador ALFEU MACHADO, em proferir a seguinte decisão: NÃO
CONHECER DO AGRAVO RETIDO. CONHECER DO APELO, REJEITAR A(S)
PRELIMINAR(ES) E, NO MÉRITO, DAR PARCIAL PROVIMENTO, UNÂNIME , de
acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.
Brasilia(DF), 19 de Agosto de 2015.

Documento Assinado Eletronicamente


TEÓFILO CAETANO
Relator

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RELATÓRIO

Cuida-se de apelaçãointerposta por Valdemiro Soares da Silva e


Outro em face da sentença que, resolvendo a ação de reparação de danos
morais manejada em seu desfavor por Soraya Márcia Matos de Oliveira Bezerra,
acolhera parcialmente o pedido, condenando-os a pagarem à autora a importância
de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) solidariamente, a título de compensação
pelos danos morais que lhes teriam ensejado ante declarações e assertivas
ofensivas a ela endereçadas quando exercia o cargo de síndica do condomínio no
qual residem, debitando-lhe, ainda, o pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios, que restaram fixados em 15% (quinze por cento) do valor
da condenação 1 . Inconformados, os réus apelaram almejando a reforma da
sentença, defendendo sua integral alforria da condenação ou, alternativamente, a
redução da condenação que lhes fora imposta.
Como lastro da pretensão reformatória, argumentaram os
apelantes, em suma, que, ao contrário do consignado na sentença, as provas
elencadas pela apelada foram impugnadas em sede de contestação. Aduziram que,
no depoimento da apelada em audiência de instrução e julgamento, foram
indeferidas várias perguntas, quando interpuseram agravo retido, porém não fora
conhecido. Assinalaram que solicitaram a oitiva de duas testemunhas importantes
para elucidação dos fatos, a senhora Elza Cabeceira de Queiroz e o senhor Orlando
Luiz Pereira, tendo sido a primeira classificada pelo juízo sentenciante como
“declarante”, motivo pelo qual também fora interposto agravado retido, por entender
o advogado que declarante e testemunha são completamente diferentes, tendo sido
a segunda testemunha devidamente compromissada. Afirmaram que os
depoimentos dessas testemunhas possuem igual e relevante valor, pois ambas
disseram que não ouviram nenhum comentário no sentido de que a apelada estaria
se beneficiando da administração do condomínio ou se locupletando de valores.

1
- Sentença de fls. 245-249.

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Argumentaram que as degravações constantes dos autos eo
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áudio são ilícitos, pois não houvera autorização da assembleia para as
gravações, tendo sido promovidas de forma unilateral. Fizeram referência à “Teoria
dos Frutos Envenenados” aduzindo, para tanto, que sendo aquelas provas ilícitas,
todas as demais estariam contaminadas, causando nulidade ao processo. Aduziram,
ainda, que o ônus da prova no presente caso cabe à apelada, não havendo nos
autos nenhuma prova concreta de fato apto a ensejar o suposto dano moral por ela
sofrido e, portanto, não há falar em sua condenação à reparação civil.
Sustentaram, alfim, que são pessoas simples e com padrão
financeiro médio, auferindo renda apenas para o sustento próprio e de suas famílias
com o mínimo de dignidade e, por isso, o valor dos danos morais arbitrados no
importe de 50.000,00 (cinquenta mil reais) foge dos padrões da razoabilidade.
Anotaram que a apelada alega ser ajudada pelos pais, mas que, na verdade, possui
padrão financeiro razoável. Nesse diapasão, caso seja reconhecido o dever de
indenizar, defenderam que o quantum arbitrado a título de danos morais deve ser
reduzido a patamar também razoável, o que deverá ser feito também em relação aos
honorários de sucumbências, pois arbitrados fora dos padrões razoáveis, fugindo do
4
estipulado pelo art. 20, § 3º, do CPC .
A apelada, devidamente intimada, contrariara o apelo, pugnando
5
pelo seu desprovimento e pela manutenção integral da sentença combatida .
O apelo é tempestivo, está subscrito por advogado regularmente
constituído, fora preparado e corretamente processado.

É o relatório.

2
[3] - Fls. 22/32.
3
[4] - Fl. 105.
4
- Apelação de fls. 261/275.
5
- Contrarrazões de fls. 285/301.
[7] - Instrumentos de mandato de fls. 182/183; guia de preparo de fl. 276 e Certidão de fl. 570.

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VOTOS

O Senhor Desembargador TEÓFILO CAETANO - Relator


Cabível, tempestivo, preparado e subscrito por advogado
regularmente constituído, satisfazendo, pois, os pressupostos objetivos e subjetivos
de recorribilidade que lhe são exigíveis, conheço do apelo.
Cuida-se de apelação interposta por Valdemiro Soares da Silva e
Outro em face da sentença que, resolvendo a ação de reparação de danos morais
manejada em seu desfavor por Soraya Márcia Matos de Oliveira Bezerra, acolhera
parcialmente o pedido, condenando-os a pagarem à autora, de forma solidária, a
importância de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), a título de compensação pelos
danos morais que lhes teriam ensejado ante declarações e assertivas ofensivas a
ela endereçadas quando exercia o cargo de síndica do condomínio no qual residem,
debitando-lhes, ainda, o pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios, que restaram fixados em 15% (quinze por cento) do valor da
condenação. Inconformados, os réus apelaram almejando a reforma da sentença,
defendendo sua integral alforria da condenação ou, alternativamente, a redução da
condenação que lhes fora imposta.
Emerge do alinhado que o cerne da controvérsia reside na
apreensão da subsistência ou não de fatos originários dos apelantes passíveis de
ofenderem a integridade moral da apelada e determinarem a qualificação do dano
moral, e, apreendido o ilícito e a lesão extrapatrimonial ventilada, se a compensação
assegurada à ofendida guardaria ou não conformidade com os princípio da
razoabilidade e da proporcionalidade. Alinhada essa premissa, anoto, inicialmente,
que, conquanto os apelantes tenham interpostos agravos retidos por ocasião da
audiência de instrução e julgamento6, não reclamaram, no apelo, seu conhecimento,
tornando inviável seu conhecimento, conforme a regra inserta no artigo 523, § 1º, do
estatuto processual.
Delimitada a quaestio iuris submetida à apreciação colegiada, e
considerando que os apelantes agitaram preliminar, essa arguição deve ser
elucidada antes das demais matérias que constituem o objeto principal da lide. A
preliminar suscitada fora arguída sob o prisma de nulidade do processo em razão
das degravações havidas em assembleia condominial, promovidas de forma
unilateral, sem que houvesse autorização, encerrando nulidade processual pela

6
- Fls. 245 e v e 246.

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contaminação das demais provas produzidas aos autos, nos termos preceituados
pela 'Teoria dos Frutos Envenenados'. O inconformismo, contudo, desmerece
considerações mais alentadas, uma vez que, a despeito de o alegado restar carente
de lastro jurídico-legal, fato é que o provimento sentencial hostilizado sequer se
baseara nesses documentos para desvendar o desate da controvérsia.
Em primeiro lugar, deve ser assinalado que, conquanto a ação tenha
sido julgada desfavoravelmente aos apelantes, ante a cominação da obrigação
indenizatória a título de danos morais que lhes fora imposta, verifica-se que,
efetivamente, o juízo a quo não estribara sua decisão nos teores contidos nas
degravações colacionadas aos autos, mas sim nas demais provas documentais que
instruíram o processo, em especial as atas de assembleias gerais do condomínio e
cartas enviadas a outros condôminos, com base nas quais, importante frisar,
entendera como caracterizadas as ofensas verbais e escritas lançadas à apelada
pelos apelantes, oportunidade em que reputara os dizeres como pejorativos e
ultrajantes, içando também como fundamento a atribuição desonrosa à apelada
sobre o uso indevido dos bens do condomínio, atingindo diretamente o seu
patrimônio moral.
Ora, a resolução da controvérsia pautara-se tão-só e exclusivamente
do cotejo dos demais documentos, igualmente coligidos aos autos pela apelada, e
da aplicação dos preceitos legais regentes ao caso. De mais a mais, contrariamente
do alegado pelos apelantes, indigitadas degravações não tiveram o condão de
contaminar o subsequente acervo documental reunido, notadamente porque, além
de não poderem ser qualificadas como ilegais - conforme se verá adiante -, restara
inconteste de dúvidas que a resolução da lide demandou simplesmente a
emolduração dos fatos delineados em cotejo às demais provas colacionadas (atas
assembleares e atos convocatórios) aos dispositivos que lhes confere tratamento
normativo, culminando no provimento hostilizado que, segundo a ótica analisada
pelo julgador monocrático, fora empreendido sob o prisma de que a apelada lograra
êxito integral na comprovação de suas alegações e na demonstração de direito que
invocara.
Aliado, ainda, ao fato relevante de que as apontadas
degravaçõesnão tiveram o condão de agregar qualquer elemento relevante à
solução da controvérsia, uma vez que as demais provas lastreadas aos autos foram
bastante para sua elucidação, aventados argumentos acerca da ilegalidade dessas
gravações não implicam qualquer nulidade. Com efeito, o cerne da questão que se
instaurara envolve aparente conflito de interesses jurídicos, à medida em que os
apelantes, a quem fora imputada a prática de ofensa moral, prezam pela

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preservação do direito de inviolabilidade, intimidade, vida privada e imagem dos


condôminos, e a apelada, a seu turno, na condição de síndica que alegara ter sua
moral vilipendiada, busca a produção de provas para a comprovação do direito que
invocara, devendo, portanto, serem ponderados os interesses em demanda.
Em se considerando a relação jurídica travada entre os litigantes,
que dera origem à presente demanda, é importante assinalar que as reuniões
condominiais, ainda que possuam caráter restrito, tem por finalidade tratar de
questões afetas à coletividade, que dizem respeito à totalidade dos moradores do
edifício, sendo certo que os assuntos deliberados em assembleia condominial,
estritos a aspectos relativos à administração e aos rumos dados à coisa comum, não
podem ser enquadrados no conceito de intimidade e vida privada. Dessa forma, não
se verificando ato de vida privada, honra ou intimidade dos condôminos, não há
como se inferir que o registro em áudio ou vídeo das reuniões assembleares sobre
determinado assunto, ainda que sem a prévia autorização do condomínio, possa
encerrar qualquer violação às garantias legalmente protegidas, notadamente em se
considerando que as manifestações explicitadas nas assembleias condominiais são
posteriormente registradas em ata e disponibilizadas a todos os moradores.
Nesta moldura, tratando-se aludidas assembleias, de caráter
eminentemente público, ato de reunião dos condôminos para deliberação de
assuntos comuns a todos os presentes, e, ainda, sopesando os direitos em conflito
no caso em concreto, deve ser preservado o direito de a apelada, síndica do
condomínio, diante os argumentos de ofensas pessoais à honra e moral, realizar a
produção de provas em seu favor, no exercício regular do direito de defesa que lhe
assiste. Sob essa realidade, conquanto apurado alhures que o processo restara
devidamente instruído com outros elementos suficientes ao desiderato
comprobatório do pleito formulado e ao deslinde da controvérsia, não merece, ainda,
prosperar a preliminar de nulidade processual suscitada pelos apelantes, em razão
das degravações havidas em assembleia condominial. Alinhados esses
argumentos e afigurando-se desnecessário o alinhamento de quaisquer outras
considerações, rejeito a preliminar em tela e passo a examinar as questões de
mérito do apelo.
Do cotejo dos elementos de prova reunidos afere-se que os
apelantes, exacerbando-se no exercício do direito que os assistia de participarem da
gestão do condomínio e velar pela regularidade da sua administração, alinhavando,
inclusive, críticas à gestão empreendida, não à pessoa da síndica, amalgamaram as
críticas que formularam com imprecações ofensivas endereçadas à apelada, tendo
sido as assertivas ofensivas aptas a afetarem os atributos da sua personalidade,

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ensejando a qualificação do dano moral. Vejamos.


De conformidade com as provas documentais que foram coligidas
aos autos restara patenteado que efetivamente os apelantes ofenderam a apelada
mediante a utilização de adjetivos ofensivos ante sua insatisfação com a
administração do condomínio do prédio em que residiam durante o período em que a
apelada fora sua síndica. Com efeito, conforme as cópias extraídas da Ata de
Assembléia realizada no condomínio no dia 26/01/2012, coligidas aos autos, afere-
se que o primeiro apelante destinara à apelada as seguintes imprecações: "(...)a
síndica quer passar a imagem de 'Santa Edvirgens', mas que não é", ... "na sua
opinião as contas apresentadas foram 'passadas no sabão' " ... "a transparência
nunca é demais mas lamenta dizendo que isso não ocorreu ao longo do ano no
condomínio"7. E, pelos demais documentos juntados aos autos, ficara assentado que
o derradeiro apelante, Sr. Denner, destinara à apelada menção de que estaria
usando indevidamente os bens do condomínio em proveito próprio, em especial as
câmeras de vigilância para salvaguardar apenas sua vaga no estacionamento,
deixando também a entrever de que a síndica estaria se locupletando indevidamente
de valores, a ponto de, quando eleito síndico, solicitar explicações à apelada acerca
de sua gestão. Obviamente que essas imprecações afetaram a dignidade e a honra
da apelada, causando-lhe abalo pessoal e emocional.
Essas assertivas, a seu turno, conforme já pontuado, foram
registradas em assembleias gerais, a quais são de amplo acesso a todos os demais
condôminos, tornando inexorável o fato de que diversos condôminos certamente
tomaram conhecimento dos termos depreciativos utilizados pelos apelantes em
desfavor da apelada. Demais disso, foram enviadas cartas aos demais condôminos
pelo primeiro apelante, alardeando a todos sobre suposta má gestão do condomínio,
levando dúvidas, inclusive, sobre o sumiço do dinheiro das contas8. Ora, ao ser alvo
de injúria perpetrada mediante declarações ofensivas registradas em instrumentos
acessíveis a todos os outros moradores do condomínio, é inexorável que a apelada
fora atingida no que lhe é mais caro, pois violentada na sua dignidade,
honorabilidade, decoro e conceito pessoais. Esses fatos, evidentemente, ofenderam
os atributos da personalidade, ensejando a caracterização do dano moral.
Ora, as ofensas assacadas contra a apelada caracterizam-se,
evidentemente, como ofensas aos seus predicados pessoais, traduzindo seriíssima

7
- Fls. 26.
8
- Fls. 41/45.

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agressão aos direitos da personalidade que lhe são inerentes que, afetando sua
dignidade, honorabilidade e intimidade e impingindo-lhe sofrimentos de natureza
íntima, afetaram sua auto-estima, desqualificaram sua credibilidade e certamente lhe
ensejaram abatimento moral e psicológico. As agressões que a atingiram, em suma,
provocaram indelével nódoa ao seu nome, à sua honra, à sua dignidade e
intimidade, inclusive porque não ficaram restritas à pessoa da litigante, alcançando
considerável repercussão no âmbito do condomínio em que residira ante a forma
como foram perpetradas, consubstanciando-se, inexoravelmente, como fato gerador
do dano moral.
Com efeito, sob a órbita do estado de direito e da vida em sociedade
não subsiste lastro para se cogitar que as imprecações endereçadas materialmente
pelos apelantes à apelada não são ofensivas e atentadas contra os direitos da sua
personalidade. Restara evidente que, mediante a análise das provas documentais
constante dos autos, em especial as atas de assembleias gerais do condomínio e
cartas enviadas a outros condôminos, ficaram caracterizadas as ofensas verbais e
escritas lançadas à apelada pelos apelantes, com dizeres pejorativos e ultrajantes,
além da atribuição desonrosa a ela sobre o uso indevido dos bens do condomínio,
atingindo diretamente o seu patrimônio moral e, portanto, causando o dever de
indenizar. As assertivas tornadas públicas, em suma, colocaram sob dúvida não só
higidez da conduta social da apelada, mas sua idoneidade como síndica do
condomínio, afetando, pois, sua honorabilidade e dignidade, que restaram
maculadas junto aos demais condôminos, pessoas do convívio social de ambos. O
havido, implicando ataque e ofensa aos direitos da personalidade da apelada,
consubstanciam, pois, fato gerador do dano moral.
Deve ser assegurada à apelada, pois, uma satisfação de ordem
material, que não constitui, como é cediço, pagamento da dor, pois que é esta é
imensurável e impassível de ser ressarcida, ou forma de eliminação das ofensas,
porque já impregnadas no âmago da sua personalidade, mas representa a
consagração e o reconhecimento, pelo ordenamento jurídico, do valor inestimável e
importância dos direitos da personalidade, que devem ser passíveis de proteção
tanto quanto os bens materiais e interesses pecuniários que também são legalmente
tutelados. Assinale-se que a prova do dano, na espécie, se satisfaz com a simples
demonstração dos fatos que teriam ensejado-o e qualificaram-se como sua origem
genética, pois não há como ser negado que as ofensas que lhe foram assacadas
atingiram substancialmente sua honorabilidade, dignidade, intimidade e decoro,
afetaram sua auto-estima e provocaram-lhe abatimento e sofrimento, vulnerando a
intangibilidade da sua personalidade.

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Diante o realce conferido à proteção dos direitos individuais pelo


legislador constituinte, os enunciados constantes do artigo 5º, inciso X, da vigente
Constituição Federal, sepultando controvérsias até então reinantes, içaram à
condição de dogmas constitucionais a possibilidade do dano moral derivado de
ofensa à vida privada, à honra e à imagem das pessoas ser indenizado. A novidade
decorrente desse dispositivo é a introdução do dano moral como fato gerador do
direito à reparação, pois não integrava a tradição do nosso direito a indenização
material do dano puramente moral. O que é relevante é que, em conformação com o
consignado naquele dispositivo constitucional, a responsabilidade civil derivada de
ofensa à integridade física, moral ou à imagem de qualquer pessoa adquirira outro
patamar, uma vez que o cabimento da indenização já não depende da
caracterização ou ocorrência de qualquer prejuízo material efetivo, bastando, para
sua caracterização, tão somente a ocorrência do ato lesivo e seu reflexo na
personalidade do ofendido. E não se trata, ressalte-se, de pagar a dor do lesado,
ainda que não tenha enfrentado qualquer desfalque patrimonial, mas, em verdade,
de outorgar-lhe uma compensação pecuniária como forma de atenuar as dores que
lhe foram impregnadas pela ação lesiva do agente, que, na espécie em cotejo,
materializara-se nas ofensas perpetradas pelos apelantes.
A caracterização do dano moral na espécie, a par de óbvia, encontra
ressonância no uníssono entendimento assentado pela egrégia Casa de Justiça
acerca da matéria, pois, de forma uniforme, assentara que as ofensas endereçadas
a qualquer cidadão de bem afetam sua dignidade e honorabilidade, e, em sendo os
direitos da personalidade legalmente tutelados e preservados, qualificam-se como
dano extrapatrimonial, legitimando que o ofendido seja agraciado com compensação
pecuniária destinada a amenizar as conseqüências derivadas do ilícito que o
vitimara, consoante testificam os arestos adiante ementados:

"APELAÇÃO CÍVEL - INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS -


RELAÇÃO CONDÔMINO-SÍNDICO - MANIFESTAÇÃO -
OFENSA- HONRA E NOME - DANOS MORAIS - QUANTUM -
RECURSO DESPROVIDO
As questões internas advindas da relação síndico-
condômino ultrapassaram a seara de mero aborrecimento
para ensejar a condenação por dano moral. A carta
redigida pelo condômino, além de conter reclamações

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costumeiras em relação à gerência da coisa comum,


extrapolou os limites do direito de manifestar seu
pensamento, afetando, diretamente, os direitos da
personalidade do síndico, uma vez que emitiu juízo
depreciativo em relação a sua pessoa, denegrindo seu
nome e honra.
Não há regra legal que norteie o cálculo do quantum
debeatur e, assim, na fixação da indenização por dano
moral, o magistrado deve avaliar e sopesar a dor do
ofendido, proporcionando-lhe adequado conforto material
como forma de atenuar o seu sofrimento, sem, contudo,
deixar de atentar para as condições econômicas das
partes, levando-se, ainda, em consideração, que a
indenização não seja desproporcional ao dano causado,
bem como o grau de culpa do réu para a ocorrência do
evento."
(Acórdão n.589196, 20100111561630APC, Relator: LECIR
MANOEL DA LUZ, Revisor: TEÓFILO CAETANO, 1ª Turma
Cível, Data de Julgamento: 23/05/2012, Publicado no DJE:
25/05/2012. Pág.: 130)

"DANOS MORAIS - OFENSA EFETUADA NO LOCAL DE


TRABALHO DO AUTOR - XINGAMENTOS DIRECIONADOS
A SUA PROFISSÃO - FATO OFENSIIVO À HONRA - DANO
MORAL CARACTERIZADO - INDENIZAÇÃO DEVIDA.
1."Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outro, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito". (Art. 186 do
Código Civil)
2. Constatando-se que as ofensas verbais praticadas pelo
réu, consistente em xingamentos e direcionado à profissão
do autor, com o claro intuito de rebaixar o seu conceito no

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meio profissional, foram comprovadas, configurada restou


a violação da honra subjetiva, a ser devidamente
indenizada em razão dos danos morais sofridos.
3. Recurso conhecido e provido. Unânime."
(Acórdão n.565874, 20070110369938APC, Relator: ROMEU
GONZAGA NEIVA, Revisor: ANGELO CANDUCCI
PASSARELI, 5ª Turma Cível, Data de Julgamento: 08/02/2012,
Publicado no DJE: 24/02/2012. Pág.: 521)

"CIVIL. DANO MORAL. XINGAMENTOS PROFERIDOS.


FATO COMPROVADO POR TESTEMUNHA. OFENSA À
HONRA SUBJETIVA DA AUTORA CONFIGURADA. DANO
MORAL CARACTERIZADO. INDENIZAÇÃO DEVIDA.
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA
MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.
1. Aexistência de prova testemunhal no sentido de
ocorrência do fato narrado na inicial, consistente em
xingamento proferido pela Ré em ofensa à honra subjetiva
da Autora, autoriza o juiz, no exercício da prerrogativa da
livre apreciação da prova, a formar sua convicção no
sentido da efetiva prática de ato ilícito por aquela, bem
como a condená-la à reparação por danos morais.
2. . Observados os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, sentença que fixa valor de R$ 1.000,00
(mil reais) a título de reparação por dano moral e, ainda,
considera a gravidade do dano, os incômodos e os
constrangimentos experimentados, deve ser confirmada
3. Sentença mantida por seus próprios e jurídicos
fundamentos, com súmula de julgamento servindo de
acórdão, na forma do artigo 46 da lei nº 9.099/95. Condeno
a apelante ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios que fixo no patamar de 10% (dez

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por cento) do valor da condenação."


(Acórdão n.586883, 20110710204270ACJ, Relator: JOSÉ
GUILHERME, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do DF, Data de Julgamento: 27/03/2012,
Publicado no DJE: 18/05/2012. Pág.: 458)

"CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.


DANOS MORAIS. OFENSAS IRROGADAS EM ASSEMBLÉIA
DE CONDOMÍNIO. EXCESSO. ABUSO DE DIREITO. ATO
ILÍCITO. DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO.
1.Nos termos do artigo 187 do Código Civil, "Também
comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes".
2.Verificado que o condômino, ao questionar supostas
irregularidades na condução do condomínio, dirigiu
ofensas ao síndico, aptas a abalar-lhe a reputação e a
honra subjetiva, tem-se por configurado o abuso de direito
e, por conseguinte o ato ilícito passível de dar ensejo à
respectiva reparação civil.
3.Embargos infringentes conhecidos e não providos."
(Acórdão n.460815, 20070610030713EIC, Relator: MARIO-
ZAM BELMIRO, Relator Designado:NÍDIA CORRÊA LIMA,
Revisor: NÍDIA CORRÊA LIMA, 3ª Câmara Cível, Data de
Julgamento: 04/10/2010, Publicado no DJE: 11/11/2010. Pág.:
88)

Aferido que se fazem evidentes os pressupostos necessários à

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caracterização do dano moral e que legitima a contemplação da apelada com


compensação pecuniária compatível com as ofensas que foram direcionadas à sua
honorabilidade, dignidade e intimidade, não podendo, ainda, ser desconsiderado o
desassossego que o havido lhe ensejara, tem-se por irretocável, quanto ao ponto, a
r. sentença vergastada. É que restara evidenciado o ilícito que vitimara a apelada,
ensejando o aperfeiçoamento do silogismo indispensável à germinação da obrigação
indenizatória (CC, arts. 186 e 927).
Outrossim, no que concerne à aferição da adequação do quantum
da indenização que fora assegurada à apelada, deve ser assinalado que
amensuração da compensação pecuniária devida à atingida por ofensas de natureza
moral deve ser efetivada de forma parcimoniosa e em conformação com os
princípios da proporcionalidade, atentando-se para a gravidade dos danos havidos e
para o comportamento do ofensor, e da razoabilidade, que recomenda que o importe
fixado não seja tão excessivo a ponto de ensejar uma alteração na situação
financeira dos envolvidos nem tão inexpressivo que redunde em uma nova ofensa
ao vitimado pelo ilícito. Esses parâmetros, o que decorre da sua própria gênese, são
de natureza eminentemente subjetiva, caracterizando matéria tormentosa para os
juízes e tribunais, pois os atributos da personalidade humana não são tarifados e o
arbitramento da compensação está sujeita, então, à influência da avaliação subjetiva
de cada julgador, o que, aliás, reflete a própria dialética do direito.
Consoante pontuado, a expressão pecuniária da compensação
assegurada à apelada pelos danos morais que experimentara fora mensurada na
importância de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Conquanto aferidos de forma
incontroversa o ilícito em que incorrera os apelantes e os efeitos que irradiara à
apelada, afetando sua dignidade e causando-lhe transtornos, constrangimentos e
dissabores, aludida importância não se coaduna com o havido. Como é cediço, a
mensuração da compensação pecuniária a ser deferida ao atingido por ofensas de
natureza moral deve ser efetivada de forma parcimoniosa e em conformação com os
princípios da proporcionalidade, atentando-se para a gravidade dos danos havidos e
para o comportamento do ofensor, e da razoabilidade, que recomenda que o importe
fixado não seja tão excessivo a ponto de ensejar uma alteração na situação
financeira dos envolvidos nem tão inexpressivo que redunde em uma nova ofensa
ao vitimado pelo ilícito. Não pode ser desprezado, também, seu caráter pedagógico
e profilático, que tem como escopo admoestar o ofensor e levá-lo a repensar sua
forma de atuação e seus procedimentos administrativos objetivando coibir a
reiteração de atos idênticos. Esses parâmetros, o que decorre da sua própria
gênese, são de natureza eminentemente subjetiva, caracterizando matéria

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tormentosa para os juízes e tribunais, pois os atributos da personalidade humana


não são tarifados e o arbitramento da compensação sujeita-se, então, à influência da
avaliação subjetiva de cada julgador, o que, aliás, reflete a própria dialética do
direito.
Alinhados esses parâmetros e levando-se em conta as
circunstâncias que permearam os fatos que afligiram a apelada, em especial, a
capacidade econômica das partes, a natureza média salarial e o peso do sustento
do lar, o desgaste emocional derivado das várias ofensas lançadas, o prazo durante
o qual perduraram tais ofensas, aliado, ainda, à compreensão de que tais
ocorrências se deram única e exclusivamente em razão do cargo exercido pela
apelada, na qualidade de síndica, restando ínsitas às atividades, a importância
arbitrada afigura-se excessiva. Sopesadas as circunstâncias que caracterizam o
caso concreto, a importância de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) se afigura conforme
os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e guarda consonância com os
objetivos nucleares da reparação, que é conferir um lenitivo ao ofendido de forma a
assegurar-lhe um refrigério pelas ofensas que experimentara e penalizar o ofensor
pelo seu desprezo para com os direitos alheios.
Deflui da argumentação alinhada a evidência de que os fatos
vivenciados pela apelada efetivamente conduziram à violação aos atributos da sua
personalidade, principalmente em virtude da considerável desestabilização da sua
convivência no local de moradia e do inequívoco desgaste emocional experimentado
por ofensas de ordem social, ética e profissional. O quantum indenizatório, a seu
turno, deve ser retificado e mensurado no importe apontado, atentando-se para
todas as circunstâncias e peculiaridades do caso e em observância aos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, o que conduz à redução do valor da
indenização fixada em primeira instância.
Alfim, os apelantes argumentaram que, no caso de manutenção da
sentença, os honorários de sucumbência devem ser minorados, uma vez que,
arbitrados em 15% do valor da causa, mostram-se excessivos. Contudo, o
inconformismo manifestado, quanto ao ponto, também é carente de suporte. De
conformidade com os critérios delineados no art. 20, § 3º, do Código de Processo
Civil, os honorários devem ser mensurados em importe apto a compensar os
trabalhos efetivamente executados pelos patronos da parte não sucumbente,
observado o zelo com que se portaram, o local de execução dos serviços e a
natureza e importância da causa, não podendo ser desvirtuados da sua destinação
teleológica.
Nessa premissa, afere-se que, conquanto a ação não tenha

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encartado matéria de alta indagação jurídica, deve-se buscar contemplar o patrono


da causa com retribuição justa e conforme os parâmetros legalmente estabelecidos.
Outrossim, fixados honorários advocatícios no patamar legal, ou seja, no percentual
de 15% (quinze por cento) incidente sobre o valor alcançado pela condenação - que
fora de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) -, conduz-se à apreensão de que a
mensuração da verba honorária revela-se adequada e razoável, coadunando-se
essa apuração com a regulação normativa contida no aludido diploma processual.
Diante do exposto, provejo parcialmente o apelo e, reformando
a ilustrada sentença guerreada, reduzo a compensação pecuniária assegurada
à apelada, mensurando-a na importância de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a
qual deve ser atualizada monetariamente a partir da data da prolação deste
provimento, ficando o decidido singularmente, quanto ao mais, ratificado.
É como voto.

A Senhora Desembargadora SIMONE LUCINDO - Revisora


Com o relator.

O Senhor Desembargador ALFEU MACHADO - Vogal


Com o relator.

DECISÃO

NÃO CONHECER DO AGRAVO RETIDO. CONHECER DO


APELO, REJEITAR A(S) PRELIMINAR(ES) E, NO MÉRITO, DAR PARCIAL
PROVIMENTO, UNÂNIME

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