Você está na página 1de 9

Jurisprudência/STJ - Decisões Monocráticas

Processo
REsp 1356690

Relator(a)
Ministro GURGEL DE FARIA

Data da Publicação
DJe 20/11/2018

Decisão
RECURSO ESPECIAL Nº 1.356.690 - PB (2012/0257314-9)
RELATOR : MINISTRO GURGEL DE FARIA
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL - PR000000O
RECORRIDO : DIAGNOSE CLÍNICA DE ANÁLISES ESPECIALIZADAS LTDA
ADVOGADO : ALFREDO ALEXSANDRO CABRAL LINHARES PORDEUS E OUTRO(S) - PB010804
DECISÃO
Trata-se de recurso especial interposto pela FAZENDA NACIONAL, com
fundamento na alínea "a" do permissivo constitucional, contra
acórdão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região assim ementado
(e-STJ fl. 249):
TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO HOSPITALAR.
SERVIÇOS MÉDICOS E PARAMÉDICOS DE ANÁLISES CLÍNICAS E LABORATORIAIS
EM GERAL. ART. 15, § 1º, II, "a", DA LEI Nº 9.249/95. COMPENSAÇÃO.
PRESCRIÇÃO.
- A Primeira Seção do STJ, reconhecendo o embaraço causado pela
jurisprudência que admitia a contagem do prazo inicial para reaver
os indébitos recolhidos indevidamente a título de tributos sujeitos
a lançamento por homologação a partir do trânsito em julgado da
declaração de inconstitucionalidade de lei pelo STF ou a partir da
Resolução editada pelo Senado Federal, voltou a adotar a já
consagrada tese dos "cinco mais cinco". Afastada a aplicação do art.
3º da Lei Complementar nº 118/05, vez que o ajuizamento da presente
demanda se deu em 09.08.2004. Inteligência do EResp 327043-DF pela
Secretaria da Receita Federal.
- A prestação de serviço concernente à análise clínica e
laboratorial em geral e patologia, enquadra-se no conceito da
expressão serviço hospitalar, a ensejar a aplicação de alíquota
diferenciada quando da aferição da base de cálculo do IRPJ, em
observância ao art. 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/95.
- Cabível, a compensação dos valores que foram recolhidos a maior
com tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, em
observância à legislação de regência que sofreu profunda modificação
com a edição da Medida Provisória n 66, de 29.08.2002, convertida na
Lei n' 10.637, de 30.12.2002, que alterou o art. 74, §§ 10 e 20, da
Lei 9.430/96.
- A limitação inserida pela Lei Complementar nº 104, de 10.01.2201,
que veda a compensação de créditos sob discussão judicial antes do
trânsito em julgado da decisão que resolve a lide, deve prevalecer
para as ações ajuizadas após a entrada em vigência de tal diploma

Página 1 de 9
Jurisprudência/STJ - Decisões Monocráticas
legal.
- Apelação parcialmente provida.
Os embargos de declaração opostos foram rejeitados (e-STJ fls.
261/268).
Foram interpostos dois recursos especiais (e-STJ fls. 273/292 e
294/303).
No primeiro recurso especial (e-STJ fls. 273/292), a recorrente
aponta violação do art. 15, caput, § 1º, III, a, da Lei n.º
9.249/95. Em síntese, entende que o serviço prestado pela recorrida
não pode ser enquadrado como hospitalar.
Para tanto, aduz que (e-STJ fls. 277/278):
Não há como se duvidar de que a atividade desenvolvida pela
impetrante está relacionada com a saúde, valor fundamental em nosso
ordenamento jurídico. Contudo, não se pode ampliar de maneira
descriteriosa a intenção do prescrito pelo artigo 15, §1º, III, "a",
da Lei nº 9.249/95, quando a citada norma se refere a serviços
hospitalares.
Por meio dos sistemas da Receita Federal, verifica-se que a
atividade desenvolvida pela impetrante refere-se às de laboratórios
clínicos, sob o código 8640-2-02, tendo em vista a tabela de
Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CINAE-FISCAL,
embora, na inicial, afirme ser prestadora de serviços de
hemodiálise.
Já as atividades de atendimento hospitalar, constantes da tabela de
Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CINAIE-FISCAL,
estão descritas sob o código 85.11 -1 /00.
A legislação estabelece o percentual de 8% para fins de apuração da
base de cálculo do IRP e da CSLL nos casos de prestação de serviço.
Excetua apenas os serviços hospitalares. Caso a vontade do
legislador fosse abranger qualquer atividade relacionada à saúde,
teria utilizado outra designação e não termo tão específico como
serviços "hospitalares".
Portanto, apesar da impetrante afirmar desempenhar atividade
relacionada á saúde, não se pode enquadrá-la na exceção legal para
aplicação da alíquota reduzida de 8%.
De fato, exatamente nisso se circunscreve a questão aqui debatida. O
legislador foi preciso ao apontar a quem, exatamente, destina-se o
benefício por ele criado: aos prestadores de "serviços
hospitalares". De modo que não se há de ampliar tal conceito a todo
e qualquer serviço relacionado à área de saúde. Se fosse essa a
intenção do legislador, ele certamente teria optado por redação que
abrangesse, genericamente, serviços como os prestados pelo
impetrante. Não foi o caso.
As contrarrazões foram apresentadas às e-STJ fls. 336/347.
O primeiro recurso especial foi admitido às e-STJ fls 358/360. O
segundo recurso não foi conhecido em razão da preclusão consumativa
(e-STJ fl. 361)
Passo a decidir.
Inicialmente, cumpre registrar que "aos recursos interpostos com
fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de
março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade

Página 2 de 9
Jurisprudência/STJ - Decisões Monocráticas
na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça" (Enunciado
Administrativo n. 2 do STJ).
Feito esse esclarecimento, destaco que o presente recurso tem origem
em "ação declaratória de inexistência de obrigação tributária"
(e-STJ fls. 2/11).
O magistrado sentenciante julgou improcedente o pedido (e-STJ fls.
174/182).
O Tribunal de origem, ao apreciar o recurso interposto, consignou
que (e-STJ fls. 240/242):
O ponto nodal da questão aqui analisada trata da verificação do
enquadramento da atividade da Autora, ora Apelante, como prestadora
de serviço hospitalar de forma a possibilitar o recolhimento do IRPJ
em alíquota diferenciada, em consonância ao disposto no art. 15,
§10, 111, "a" da Lei no 9.249/95. Tal dispositivo legal assim
preceitua, in verbis:
"Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será
determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento
sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos
arts. 30 a 35 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995.
§ 1º. Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este
artigo será de:
III- trinta e dois por cento, para as atividades de:
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços
hospitalares;_ ( ... )" (Grifei).
Cabe, aqui, uma digressão história da legislação regulamentar do
referido comando legal. Primeiramente fora editada a Instrução
Normativa no 3 06/2003, que trouxe a seguinte previsão:
"Art. 23. Para os fins previstos no art. 15, § 12 inciso 111, alínea
"a", da Lei n2 9.249, de 1995, poderão ser considerados serviços
hospitalares aqueles prestados por pessoas jurídicas, diretamente
ligadas à atenção e assistência à saúde, que possuam estrutura
física condizente para a execução de uma das atividades ou a
combinação de uma ou mais das atribuições de que trata a Parte 1I,
Capítulo 2, da Portaria GM n2 1.884, de 11 de novembro de 1994, do
Ministério da Saúde, relacionadas nos incisos seguintes:"
Em verdade, a título apenas elucidativo, note-se que o legislador
regulamentar não percebeu que a mencionada portaria do Ministério da
Saúde encontrava-se revogada.
Por sua vez, a Instrução Normativa no 480/2004 mudou o conceito de
serviço hospitalar, passando a considerar o estabelecimento e não
mais a atividade desempenhada pelo prestador de serviço. Eis a
dicção do seu art. 27:
"Art. 27. Para os fins previstos nesta Instrução Normativa, são
considerados serviços hospitalares somente aqueles prestados por
estabelecimentos hospitalares.
§ 12 Para os efeitos deste artigo, consideram-se estabelecimentos
hospitalares, aqueles estabelecimentos com pelo menos 5 (cinco)
leitos para internação de pacientes, que garantam um atendimento
básico de diagnóstico e tratamento, com equipe clínica organizada e
com prova de admissão e assistência permanente prestada por médicos,

Página 3 de 9
Jurisprudência/STJ - Decisões Monocráticas
que possuam serviços de enfermagem e atendimento terapêutico direto
ao paciente, durante 24 horas, com disponibilidade de serviços de
laboratório e radiologia, serviços de cirurgia e/ou parto, bem como
registros médicos organizados para a rápida observação e
acompanhamento dos casos."~
Posteriormente este diploma legal fora alterado pela Instrução
Normativa n' 539/2005, passando a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 27. Para fins do disposto nesta Instrução Normativa, são
considerados serviços hospitalares aqueles diretamente ligados à
atenção e assistência à saúde, de que trata o subitem 2.1 da Parte
Il da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária ni 2 50, de 21 de fevereiro de 2002, alterada
pela RDC ri2 307, de 14 de novembro de 2002, e pela RDC n2 189, de
18 de julho de 2003, prestados por empresário ou sociedade
empresária, que exerça uma ou mais das:
1 - seguintes atribuições:
a) prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência à
saúde em regime ambulatorial e de hospital-dia (atribuição 1);
b) prestação de atendimento imediato de assistência à saúde
(atribuição 2);
ou c) prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de
internação (atribuição 3);
11 - atividades fins da prestação de atendimento de apoio ao
diagnóstico e terapia (atribuição 4).
§ 12 A estrutura física do estabelecimento assistencial de saúde
deverá atender ao disposto no item 3 da Parte 11 da Resolução de que
trata o caput, conforme comprovação por meio de documento competente
expedido pela vigilância sanitária estadual ou municipal.
Como se depreende da leitura dos diplomas legais acima transcritos
muitos foram os enquadramentos dados à expressão "serviços
hospitalares", havendo inclusive a aplicação de contornos que foram
dos mais brandos aos mais rígidos. Neste último ato normativo foram
contempladas as atividades de prestação de atendimento de apoio
diagnóstico e terapia, atividades desempenhadas pela Impetrante como
atestado através de documento constitutivo, acostado aos autos às
fis. 12, que assim dispõe:
"A Sociedade gira sob a denominação social de "DIAGNOSE - CLÍNICAS
DE ANÁLISES ESPECIALIZADAS LTDA" e terá, como principal objetivo, a
prestação de serviços médicos e paramédicos em análises de
bioquímica, hematologia, urinálises, parasitologia, citologia,
anatomia patológica, microbiologia, imunologia e outros tipos de
exames médicos especializados, bem como serviços correlatos
abrangidos pelo campo da Medicina."
Cumpre, ainda, ressaltar que não parece ter sido a intenção da Lei
n.º' 9.249/95 ao estabelecer, em seu art. 15, §1º, III, "a", um
tratamento tributário distinto para as atividades de prestação de
serviços hospitalares levar em consideração, por exemplo, a
estrutura física específica ou a forma societária da empresa
prestadora de serviços. Penso que a natureza dos serviços prestados
é que teve relevância para a previsão dessas alíquotas reduzidas,
independentemente da estrutura física do estabelecimento - muitas

Página 4 de 9
Jurisprudência/STJ - Decisões Monocráticas
vezes desnecessária, como ocorre com as clínicas que realizam
serviços auxiliares da medicina, patologia e análises clínicas e
laboratoriais em geral.
Como bem ressaltou o eminente Ministro do Superior Tribunal de
Justiça, Luiz Fux, ao apreciar a matéria sob comento, "Tributando a
lei os 'serviços em geral' e excluindo os médico-hospitalares, toma
estreme de dúvida que toda e qualquer atividade médica, pessoal ou
instrumental em prol da saúde humana, está encartada no favor fiscal
da redução de alíquota" (Resp 673.033/RS, Rel. Min. Luiz Fux, 1º
Turma, DJ de 12.09.2005).
Verifica-se, portanto, desempenhar a Impetrante serviço hospitalar,
devendo beneficiar-se da benesse fiscal ora em comento.
Nesta esteira de entendimento vem se posicionando o Col. Superior
Tribunal de Justiça, consoante se infere dos recentes julgados a
seguir transcritos, mutatis mutandis:
Pois bem.
A pretensão recursal da Fazenda não merece acolhimento, pois a Corte
de origem, com apoio nos elementos produzidos nos autos, concluiu
que a natureza dos serviços prestados pela recorrida estaria
abrangida pelo conceito de 'serviços hospitalares' a que a lei faz
referência, razão pela qual teria direito ao benefício fiscal
pleiteado.
Esse entendimento não diverge da jurisprudência do STJ, valendo
destacar, ilustrativamente:
PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. IMPOSTO DE RENDA
PESSOA JURÍDICA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. ART.
15, § 1º, III, ALÍNEA "A", DA LEI N. 9.249/95. CONCEITO DE SERVIÇO
HOSPITALAR. MATÉRIA DECIDIDA PELA 1ª SEÇÃO, NO RESP 1116399/BA,
JULGADO EM 28/10/2009, SOB O REGIME DO ART. 543-C DO CPC.
1. A redução das bases de cálculo do IRPJ e da CSSL, nos termos dos
arts. 15 e 20 da Lei nº 9.249/95, é benefício fiscal concedido de
forma objetiva, com foco nos serviços que são prestados, e não no
contribuinte que os executa.
2. A Primeira Seção deste Tribunal Superior pacificou o entendimento
acerca da matéria, no julgamento do RESP 1116399/BA, sob o regime do
art. 543-C, do CPC, em 28/10/2009, que restou assim ementado:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO
AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95.
IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO
"SERVIÇOS HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE
ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA
PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C
DO CPC.
1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão
"serviços hospitalares" prevista na Lei 9.429/95, para fins de
obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL. Discute-se a
possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na
lei, poder-se restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito
de "serviços hospitalares" apenas aqueles estabelecimentos
destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e
assistência médica integral.

Página 5 de 9
Jurisprudência/STJ - Decisões Monocráticas
2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria do
eminente Ministro Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação
anterior, decidiu que, para fins do pagamento dos tributos com as
alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante
do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser
interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da
atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder
o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura
do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do
próprio serviço prestado (assistência à saúde). Na mesma
oportunidade, ficou consignado que os regulamentos emanados da
Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados
não poderiam exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não
previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter estrutura que
permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí
a conclusão de que "a dispensa da capacidade de internação
hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se
mostra irrelevante para tal intento as disposições constantes em
atos regulamentares".
3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que
se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados
diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não
necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento
hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que
não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos
consultórios médicos".
4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08
não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência,
bem como de que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não
se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte
genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita
proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício
fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do
artigo 15 da Lei 9.249/95.
5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa
recorrida presta serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade
diretamente ligada à promoção da saúde, que demanda maquinário
específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou
similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo
pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao
benefício em discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por
cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL,
sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de
prestação de serviços médicos laboratoriais).
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia,
submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
7. Recurso especial não provido.
3. Destarte, restou assentado, àquela ocasião que: "Assim, devem ser
considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às
atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não

Página 6 de 9
Jurisprudência/STJ - Decisões Monocráticas
necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento
hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que
não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos
consultórios médicos".
4. In casu, o Tribunal a quo, com ampla cognição fático-probatória,
assentou que a empresa recorrida presta serviços de diagnóstico por
imagem, compreendendo a radiologia em geral, ultra-sonografia,
tomografia computadorizada, ressonância magnética, densitometria
óssea e mamografia, os quais, consoante fundamentação expendida,
enquadram-se no conceito legal de serviços médico-hospitalares,
estabelecido pela Lei 9.249/95.
5. Agravo regimental provido para dar parcial provimento ao recurso
especial, excluindo-se da base de cálculo reduzida as simples
consultas médicas, consoante a fundamentação expendida, mantendo-se,
no mais, a decisão de fls. 308/323.
(AgRg nos EREsp 883.537/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 23/06/2010, DJe 01/07/2010)
Assim, incide ao caso a Súmula 83 do STJ, segundo a qual "não se
conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do
tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida".
Vale salientar, ainda, que "é firme a jurisprudência desta Corte de
que a Súmula 83/STJ não se aplica apenas aos recursos especiais
interpostos com fundamento na alínea 'c' do art. 105, III, da CF,
sendo aplicável também aos recursos fundados na alínea 'a'" (AgInt
no AREsp 895.402/SP, Rel.Ministro Humberto Martins, Segunda Turma,
julgado em 23/8/2016, DJe 30/8/2016).
De outro lado, a desconstituição do entendimento do acórdão
recorrido, nos moldes pretendidos pela recorrente "identificação
do correto enquadramento da atividade exercida pela impetrante";
e-STJ fl. 277 , demandaria o reexame do material fático-probatório
dos autos, providência vedada em sede de recurso especial em razão
da Súmula 7 do STJ.
Nesse sentido:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO REGIMENTAL
NO RECURSO ESPECIAL. ART. 535 DO CPC/1973. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS.
LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. "SERVIÇOS
HOSPITALARES". AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. REEXAME
FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. . DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL
PREJUDICADO.
1 Constatado que o Tribunal de origem empregou fundamentação
adequada e suficiente para dirimir a controvérsia, é de se afastar a
alegada violação do art. 535 do CPC/1973. 2. O Superior Tribunal de
Justiça, por ocasião do julgamento do recurso especial
representativo de controvérsia n. 1.116.399-BA, fixou orientação
segundo a qual, para fins de recolhimento do IRPJ e da CSLL com
alíquota reduzida, devem ser considerados serviços hospitalares
"aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos
hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que,
"em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas
médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito

Página 7 de 9
Jurisprudência/STJ - Decisões Monocráticas
hospitalar, mas nos consultórios médicos".
3. O Tribunal de origem, com base nos elementos de provas constante
nos autos e na diligência realizada pelo oficial de justiça,
concluiu que a parte recorrente exerce atividades diversificadas,
sendo que somente é devida a redução da alíquota do tributo em
relação às receitas advindas da realização de exames de
imagenologia, serviços ultrassonografia e de radiologia prestados
pela parte autora.
4. Infirmar o entendimento a que chegou o Tribunal de origem, de
modo verificar se as atividades da recorrente são voltadas
diretamente à promoção da saúde de pacientes, demandaria,
necessariamente, o reexame do acervo fático-probatório dos autos, o
que encontra óbice na Súmula 7/STJ. Precedentes: AgRg no REsp
1.146.024/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma,
DJe de 18/5/2012; AgRg no AREsp 192.076/MG, Rel. Ministro Teori
Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 11/10/2012; AgRg no AREsp
520.545/PB, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de
10/10/2014; AgRg no REsp 1471877/RS, Rel. Ministro Og Fernandes,
Segunda Turma, DJe 1/7/2015. 5. A incidência do óbice sumular
prejudica o exame do respectivo dissídio jurisprudencial,
inviabilizando o recurso com fulcro na alínea "c" do permissivo
constitucional. Cite-se: EDcl nos EDcl no REsp 1.065.691/SP, Rel.
Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, Dje 18/6/2015.
6. Agravo interno não provido.
(AgInt no AgRg no REsp 1469736/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/05/2018, DJe 11/05/2018)
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. BASE DE CÁLCULO
DA CSLL. PERCENTUAL DE 12%. SERVIÇO HOSPITALAR. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7 DO
STJ.
1. Trata-se, na origem, de Mandado de Segurança, com pedido liminar,
impetrado pela recorrida contra o Delegado da Receita Federal em
Santo André, com o escopo de recolher a CSLL em percentual de 12%,
por prestar serviços equiparados aos hospitalares, conforme o
disposto na Lei 9.249/1995. 2. Não se pode conhecer da insurgência
contra a ofensa ao art. 15, § 1º, III, "a", da Lei 9.249/1995; aos
arts. 1º, II, 2º e 32, II, "a", da Lei 8.934/1994; ao art. 10, II,
da Lei 6.437/1977; ao art. 28 do Decreto 20.931/1932; ao art. 10,
II, da Lei 6.437/1977; ao art. 462 do CPC de 1973; aos arts. 1º, II,
2º e 32, II, "a", da Lei 8.934/1994 e aos arts. 967, 982 e 1.150 do
CC, pois os referidos dispositivos legais não foram analisados pela
instância de origem. Dessa forma, não se pode alegar que houve
presquestionamento da questão, nem ao menos implicitamente. Ausente,
portanto, o indispensável requisito do prequestionamento, o que
atrai, por analogia, o óbice da Súmula 282/STF: "É inadmissível o
recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida,
a questão federal suscitada".
3. O Tribunal local, soberano na análise do contexto
fático-probatório, apenas analisou o art. 20, caput, da Lei
9.249/1995, tendo concluído que a recorrida exerce atividades de
prestação de serviços hospitalares, portanto faria jus ao benefício

Página 8 de 9
Jurisprudência/STJ - Decisões Monocráticas
da alíquota de 12% no pagamento da CSLL.
4. Apesar do brilhantismo do recurso interposto pelo MPF, o STJ não
pode modificar o entendimento do Tribunal local, reexaminando os
fatos e as provas produzidas nos autos, pois esbarraria no óbice
produzido pela Súmula 7 do STJ.
5. Recurso Especial não conhecido.
(REsp 1670561/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 21/09/2017, DJe 09/10/2017)
Ante o exposto, com base no art. 255, § 4º, I, do RISTJ, NÃO CONHEÇO
do recurso especial.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília (DF), 31 de outubro de 2018.
MINISTRO GURGEL DE FARIA
Relator

Página 9 de 9

Você também pode gostar