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O capítulo oito do livro A História da Arte, de Ernst Gombrich, “A Arte

Ocidental em fase de assimilação”, aborda a história da arte na Europa nos séculos VI à


XI a qual a princípio analisa e compara a arte primitiva cristã que antecede o período da
Idade Média e a arte que a precede. A impressão inicial que temos desta primeira
análise é como a arte parte inteiramente de uma filosofia religiosa como um meio para o
ensino e doutrinação, – ensinar a palavra sagrada – e como era necessário que estivesse
meramente detalhada para o significado ser captado de forma única e mais coesa
possível de acordo com a crença, ou seja, em hipótese alguma a criatividade poderia
aflorar na obra se esta fosse um risco à sua assimilação; para o desenvolvimento de uma
forma de arte diversificada no continente europeu, ainda carregando o caráter religioso,
mas agora mais simples e “sucinta” na passagem da mensagem para seus fiéis.

Na época da Idade Média ou das Trevas, como é mencionada por Gombrich, a


arte ganha mais proporção e mais liberdade de criação, sendo assim as obras aparecem
mais diversificadas entre elas pelo surgimento de vários estilos artísticos, aparecendo
como uma das causas de grandes conflitos e guerras entre os povos na Europa. É
notório apontar e relembrar que é nesse intervalo de tempo da Antiguidade para a Idade
das Trevas que surgem e iniciam-se as rotas comerciais, facilitando o contato direto
entre os povos. Assim, por conseguinte, com a religião carregando em si o simbolismo e
a representação no seu caráter artístico, somando à sua diversidade em diferentes
regiões, eclode uma onda de ataques entre povos, a partir do momento em que um
demonstra repúdio à cultura divergente do outro.

A partir deste contexto histórico no qual Gombrich introduz o capítulo, além do


destaque aos povos cristãos, o autor no decorrer da leitura salienta a existência da
cultura e a manifestação artística das crenças dos povos bárbaros, cuja arte é ignorada,
senão totalmente, de forma relativa quando trata-se do estudo da História da Arte
atualmente. O autor ainda revela que era comum a adaptação de figuras evangelistas
para ilustrações mais exóticas por estes povos (a exemplo a arte dos teutônicos e dos
vikings), assemelhando-se ao Maori, arte originária da Nova Zelândia, comparada à arte
rudimentar das tribos primitivas. Seria a atribuição destas duas culturas pelos bárbaros
que os fez serem omitidos pela história? Ou a globalização da cultura cristã? O que já
sabemos é que a base que foi definida para se entender a História, seja da Arte ou não,
não conta muito sobre este povo.
De forma geral, a Idade Média e apresentou um novo método na arte: “os
egípcios haviam desenhado o que sabiam existir; os gregos o que viam; na Idade Média,
o artista aprendeu também a expressarem seu quadro o que sentia.” (p. 164-165). Com
este fragmento do texto, torna-se mais claro entender como a arte se tornou mais
simples, pois não era mais necessário exigir o belo e o perfeito na arte, era preciso
apenas passar o conteúdo e a história. Para isso, toda forma de arte nessa época era
produzida para ser pura a quem a visse, deixando toda a complexidade e o rebuscado na
Antiguidade, cujas características tornaram-se já dispensáveis.

Não se pode fazer justiça a qualquer obra medieval sem ter em mente
esse propósito. Pois esses artistas não se propunham criar uma
semelhança convincente com a natureza ou fazer belas coisas: eles
queriam transmitir a seus irmãos de fé o conteúdo e a mensagem da
história sagrada.

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