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história

A visão convencional que o século XIX tinha das artes na Itália do


Renascimento pode ser resumida assim: as artes floresceram, e
seu novo realismo, secularismo e individualismo demonstram que a Idade
Média estava encerrada e que o mundo moderno havia começado.

Dizer que as artes "floresceram" em uma determinada sociedade


significa dizer, certamente, que ali se produziu um trabalho melhor do que
em muitas outras sociedades,

as artes medievais são inferiores às do Renascimento

e um movimento importante, o dos "humanistas", definido mais exatamente como o


dos professores de "humanidades". Na educação, vemos a ascensão daquilo que
hoje chamamos de "humanismo" e que era então chamado de "estudos de
humanidades" um pacote acadêmico que enfatizava cinco matérias em particular,
todas referentes à linguagem e à moral: gramática, retórica, poesia, história e ética

Na Itália, os séculos XV e XVI foram, certamente, um período de inovação nas


artes, uma época de novos gêneros, novos estilos, novas técnicas. O período é
cheio de "primeiros". Foi a época da primeira pintura em óleo, da primeira gravura
em madeira, da primeira gravura em metal e do primeiro livro impresso (embora
essas inovações cheguem à Itália: vindas da Alemanha e dos Países Baixos). As
regras da perspectiva linear são descobertas e postas em uso por artistas.

A linha divisória entre novo e velho é mais difícil de traçar nos gêneros do que nas
técnicas, mas as mudanças são bastante óbvias.

A teoria das artes plásticas, a teoria literária, a teoria musical e a teoria política,
todas se tornaram autônomas nesse período.

A inovação era consciente, embora fosse às vezes vista e apresentada como uma
retomada

As inovações geralmente ocorriam em regiões onde a tradição dominante anterior


tinha penetrado menos profundamente do que em outros lugares. A Alemanha, por
exemplo, foi menos profundamente afetada pelo Iluminismo do que a França, e
isso facilitou a transição da Alemanha para o Romantismo. De forma semelhante,
pode ter sido mais fácil desenvolver um novo estilo de arquitetura em
Florença no século XV do que em Paris ou mesmo Milão.

Sua admiração pela Antiguidade clássica permitiu-lhes atacar a tradição medieval


como se fosse ela própria um rompimento com a tradição. Quando, por exemplo, o
arquiteto do século XV, Antônio Filarete, se refere à arquitetura "moderna", ele
querdizer que está rejeitando o estilo gótico

o entusiasmo pela Antigüidade clássica é uma das principais características do


movimento do Renascimento,

Realismo, secularismo e individualismo são três traços comumente atribuídos às


artes da Itália do Renascimento

Pode ser útil distinguir três tipos de realismo: doméstico, enganador e expressivo.

 Realismo "doméstico" refere-se à escolha do que é cotidiano, comum, de


baixa classe, como assunto para as artes, mais do que os momentos
privilegiados de gente privilegiada
 Realismo "enganador", por outro lado, refere-se ao estilo, por exemplo, de
pinturas que produzem ou tentam produzir a ilusão de que não são pinturas.
 Realismo "expressivo" também se refere a estilo, mas à manipulação da
realidade externa para exprimir melhor o que há no interior, como no caso
de um retrato em que a forma do rosto é modificada para revelar o caráter
do retratado ou em que um gesto natural é substituído por outro, mais
eloquente.

alguns artistas dissecavam corpos a fim de entender a estrutura do corpo humano.

Outro traço marcante da cultura italiana do Renascimento é que ela foi, em relação
à Idade Média, uma cultura secular.

Quadros que oficialmente mostram São Jorge (digamos) ou São Jerônimo


parecem dedicar cada vez menos atenção ao santo e mais ao fundo; os santos
ficam menores, por exemplo. Essa tendência sugere uma possível tensão entre o
que os patronos realmente queriam e o que consideravam legítimo. A dificuldade é
que os contemporâneos não faziam as distinções nítidas entre sagrado e profano
que vieram a se tornar obrigatórias na Itália do final do século XVI, depois do
Concilio de Trento.
Uma terceira característica geralmente atribuída à cultura da Itália do
Renascimento é o "individualismo". Assim como "realismo", "individualismo" é um
termo que veio a ter muitos significado usaremos o termo para indicar o fato de
que a obra de arte deste períodos. Era feita em um estilo pessoal

A questão do individualismo e do secularismo não é que eram dominantes, mas


sim que eram relativamente novos, distinguindo o Renascimento da Idade Média

Havia, evidentemente, muita imitação de artistas e escritores clássicos e


modernos. Na verdade, isso provavelmente era a norma.

Outra característica geral da cultura italiana desse tempo era a ruptura de


compartimentos, o cruzamento de disciplinas. O lapso entre teoria e prática em
diversas artes e ciências se estreitou nessa época, e isso foi causa ou
consequência de muitas e famosas inovações.

Na história do pensamento político, Maquiavel, ocasionalmente servidor público


profissional, fez a ponte entre o modo acadêmico de pensamento sobre política,
exemplificado na tradição de tratados que lidam com as qualidades morais do
governante ideal como "espelho dos príncipes", e o modo prático de pensamento,
que pode ser ilustrado nos registros das reuniões de conselho e nos despachos de
embaixadores.

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