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SUMÁRIO

1. Contexto Econômico 02
2. Introdução à Lei 02
3. Conceito de inovação e desenvolvimento 03
3.1. Conceitos trazidos pela Instrução Normativa à interpretação da norma 04
4. Benefícios 05
4.1. Limitações e observações à aplicação do benefício 06
4.2. Dispêndios 07
4.3. Folha de Pagamento 08
4.4. Amortização de intangíveis 09
4.5. Depreciação 11
5. Documentação 11
6. Obrigações Acessórias 12
7. Aplicação 13
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1.CONTEXTO ECONÔMICO

Mercado brasileiro e o usufruto do benefício

Os dados estatísticos mais recentes levantados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações
e Comunicações (MCTIC) e analisados pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento
das Empresas Inovadoras (ANDEI) revelam que as 1.206 empresas que declararam o uso dos
incentivos fiscais da Lei do Bem em 2014 investiram um total bruto de R$ 9,25 bilhões em
atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I).

A renúncia fiscal decorrente totalizou R$ 1,71 bilhão no mesmo período, em valores reais. Assim,
é possível verificar que o efeito multiplicador da Lei do Bem foi de 1 para 4,4. Ou seja, a cada R$
1 incentivado, as empresas participantes investiram mais R$ 4,41 em 2014.

No entanto, apenas pouco mais de mil empresas no Brasil, das 17 milhões ativas, estão
aproveitando hoje este incentivo, o que corresponde a 0,007% das empresas registradas no país.
O dado mais alarmante é registrado quando analisamos o índice de empresas com perfil
inovador que se utilizam deste benefício, que chega a 2,5%.

Ou seja, apenas uma em cada 40 empresas com potencial se utiliza deste benefício.

Os ganhos oriundos da aplicação da Lei do Bem são efetivos, pois, a partir dessa redução no
pagamento de impostos, as empresas podem reinvestir os novos recursos disponíveis nas áreas
de pesquisa e desenvolvimento, em outras áreas consideradas estratégicas para manter o seu
crescimento de forma sustentável ou então nos produtos/serviços levando mais opções ao seu
mercado de atuação.

2. INTRODUÇÃO À LEI

A Lei 11.196/05, chamada de Lei do Bem, se tornou o grande marco legal para o apoio à inovação
no Brasil, e, por meio dele, o governo federal criou variados instrumentos com o objetivo de
incentivar e fortalecer a implementação de uma cultura interna de inovação tecnológica por
parte das empresas. Foi regulamentada por meio do Decreto nº 5.798/2006 e pela Instrução
Normativa RFB nº 1.187/2011.

LEI nº 11.196/2005

HISTÓRICO DECRETO nº 5.798/2006

INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB nº


1.187/2011
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3. CONCEITO DE INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

A Instrução Normativa nº 1.187/2011, elucida a respeito do conceito do que é Inovação


tecnológica:

a concepção de novo
produto ou processo de
fabricação, bem como a
agregação de novas
funcionalidades ou
características ao produto
ou processo que implique
melhorias incrementais e
efetivo ganho de qualidade
ou produtividade,
resultando maior
competitividade no
mercado.

A legislação tributária no Brasil, para fins de pesquisa, desenvolvimento e inovação segue as


definições determinadas pelos seguintes Manuais:

 Manual Técnico de Frascati (elaborado pela OECD) - [www.oecd.org]


 Manual de Oslo

O Manual de Frascati foi escrito por especialistas e é dividido em duas partes:

A primeira composta por oito capítulo que classificam os princípios aplicáveis e as


recomendações para que outros países possam referencial suas políticas.
A segunda parte é composta por onze anexos a fim de facilitar a interpretação e desenvolvimento
dos conceitos apresentados na primeira parte do Manual.

Segundo o Manual, a pesquisa e desenvolvimento (P&D) é dividida em três partes:

PESQUISA PESQUISA DESENVOLVIMENTO


BÁSICA APLICADA EXPERIMENTAL
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Pesquisa básica

Define-se como pesquisa básica os trabalhos experimentais ou teóricos executados com a


intenção de aumentar o conhecimento sobre os fenômenos.
Divide-se em
 Pesquisa básica pura  Executada para avançar conhecimentos, sem intenção de aplicar
os resultados desta em problemas práticos.
 Pesquisa básica orientada  Realizada com a expectativa de que conduzirá uma ampla
base de conhecimento para ser aplicada na resolução de problemas.

Pesquisa aplicada

Tem como objetivo desenvolver a inovação ou tecnologia, buscando dar novas funções às
descobertas ou resultados que virão a ser patenteados.

Desenvolvimento Experimental

Sequência de trabalhos baseados no conhecimento já existente para melhorar a fabricação de


novos materiais, produtos, sistemas, dispositivos e serviços.

3.1 Conceitos trazidos pela Instrução Normativa à interpretação da norma.

PESQUISA APLICADA  os trabalhos executados com o objetivo de adquirir novos


conhecimentos, com vistas ao desenvolvimento ou aprimoramento de produtos, processos e
sistemas;

DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL  os trabalhos sistemáticos delineados a partir de


conhecimentos pré-existentes, visando a comprovação ou demonstração da viabilidade técnica
ou funcional de novos produtos, processos, sistemas e serviços ou, ainda, um evidente
aperfeiçoamento dos já produzidos ou estabelecidos

TECNOLOGIA INDUSTRIAL BÁSICA  aquelas tais como a aferição e calibração de máquinas e


equipamentos, o projeto e a confecção de instrumentos de medida específicos, a certificação
de conformidade, inclusive os ensaios correspondentes, a normalização ou a documentação
técnica gerada e o patenteamento do produto ou processo desenvolvido; e

SERVIÇOS DE APOIO TÉCNICO  aqueles que sejam indispensáveis à implantação e à


manutenção das instalações ou dos equipamentos destinados, exclusivamente, à execução de
projetos de pesquisa, desenvolvimento ou inovação tecnológica, bem como à capacitação dos
recursos humanos a eles dedicados;

PESQUISADOR CONTRATADO  o pesquisador graduado, pós-graduado, tecnólogo ou técnico


de nível médio, com relação formal de emprego com a pessoa jurídica, que atue exclusivamente
em atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica.
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Não se considera como pesquisa tecnológica os trabalhos de coordenação e


acompanhamento administrativo e financeiro dos projetos de pesquisa tecnológica e
desenvolvimento ou inovação tecnológica nas suas diversas fases; e

- os gastos com pessoal na prestação de serviços indiretos nos projetos de pesquisa tecnológica
e desenvolvimento de inovação tecnológica, tais como serviços de biblioteca e documentação.

4. BENEFÍCIOS

Os benefícios da Lei do Bem são elencados pela Lei nº 11.196/2005 e pela Instrução Normativa
RFB nº 1.187/2001.

Os benefícios relativos à Lei do Bem, são os seguintes:

 Os dispêndios realizados no período de apuração com P&D, classificados como despesas


operacionais em conformidade com o art. 299 do RIR/99, poderão ser deduzidos em até
60% para efeitos de apuração de lucro líquido.

 Redução de 50% do IPI incidentes sobre os equipamentos, máquinas e ferramentas que


acompanhem estes bens.

 Depreciação integral, dentro do próprio ano de aquisição de máquinas e equipamentos,


desde que novos, para efeitos de apuração de IRPJ e CSLL no LALUR.

 Amortização acelerada, mediante dedução como custo ou como despesa operacional,


dentro do período de apuração, no que concerne à aquisição de ativos intangíveis,
estritamente vinculados ao P&D.

 Redução a zero da alíquota de IRRF nas remessas destinadas ao exterior concernentes


ao registro de patentes e marcas.

Em suma, os benefícios resumem-se no quadro abaixo.

Benefício Detalhamento Gasto


Exclusão adicional Exclusão do lucro Real da base da CSLL dos Despesas
De até 60% dispêndios com atividades de inovação. operacionais
Dispêndios que poderão ser considerados:
gastos com compra de material de
consumo a serem utilizados como insumo
no desenvolvimento de projetos de
inovação tecnológica, como por exemplo
na realização de testes e montagem de
protótipos. Estes dispêndios, embora não
tenham sido tratados de forma expressa
pela legislação são considerados como
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operacionais pela legislação do imposto de


renda, sendo indispensáveis para a
execução dos projetos de PD&I.
Após o usufruto do benefício, Aumentar até
Exclusão adicional 5%, o número de pesquisadores Despesas
De até 70% contratados, comparados ao ano- operacionais
calendário anterior, em que já gozava do
incentivo.
Exclusão adicional Aumentar em pelo menos 5%, o número de
De até 80% pesquisadores contratados, comparados ao Despesas
ano-calendário anterior, em que já gozava operacionais
do incentivo
Redução do IPI Redução de 50% do IPI incidente sobre Máquinas e
máquinas e equipamentos utilizados para equipamentos
PD&I para PD&I
Depreciação integral Depreciação integral no próprio período da Máquinas e
aquisição de máquinas e equipamentos equipamentos
utilizados para PD&I para PD&I
Amortização Amortização acelerada no próprio período Bens intangíveis
acelerada da aquisição de bens intangíveis utilizados para PD&I
para PD&I
Redução a zero do Redução a zero do IRRF incidente sobre as Remessas para
IRRF remessas ao exterior para manutenção de manutenção de
marcas e patentes marcas e patentes
Quadro 01.

No que concerne à amortização acelerada deverão ser observados os seguintes aspectos:

A soma da A partir do período Sendo


Deverá ser depreciação de apuração em destinado à
controlada contábil e da que superar este atividade
pelo LALUR, depreciação limite, o valor da diversa ou
constituindo acelerada não depreciação será alienado,
como exclusão poderá registrado na também será
do lucro ultrapassar o escrituração adicionado no
líquido. custo de comercial, sendo LALUR.
aquisição do adicionada ao lucro
bem que está líquido para fins de
sendo apuração do Lucro
depreciado. Real.

4.1. Limitações e observações à aplicação do benefício

Para aplicação do benefício alguns pontos deverão ser observados, em disposição ao art. 111 do
Decreto 5.172/1966 (CTN), aplicando-se o usufruto deste em conformidade com a literalidade
da norma.
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4.2. Dispêndios

Sendo assim, o primeiro ponto que deverá ser observado é definição de despesas operacionais
elencada no art. 299 do Decreto 3.000/99 (RIR), conforme abaixo.

“Art. 299 São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à
atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei n° 4.506, de
1964, art. 47).

§ 1° São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações


ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei n° 4.506, de 1964, art. 47, § 1°).

§ 2° As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações,


operações ou atividades da empresa (Lei n° 4.506, de 1964, art. 47, § 2°).

§ 3° O disposto neste artigo aplica-se também às gratificações pagas aos empregados,


seja qual for a designação que tiverem.”

Deste modo, o art. 4º da Instrução Normativa RFB 1.187/2011, enfatiza em seus parágrafos que
poderão ser considerados dispêndios para aplicação da norma:

Não há um tempo determinado para duração da Lei do Bem, sua duração é por tempo
indeterminado.

 Pagamento a universidade, instituição de pesquisa ou inventor independente (pessoa


física, não ocupante de cargo efetivo, cargo militar ou emprego público, que seja
inventor, obtentor ou autor de criação), desde que o contratante assuma a
responsabilidade, o risco empresarial e gerencial, bem como o controle da utilização dos
resultados.

 Não serão considerados os montantes alocados como recursos reembolsáveis por


entidades do Poder Público.

 Importâncias transferidas a empresas com faturamento de até R$ 4.800.000,00, bem


como ao interventor independente quando destinadas à execução de pesquisa
tecnológica, bem como a PJ que promoveu a transferência, ainda que venha a ter
participação no resultado econômico do produto.

OBS1 Essas importâncias recebidas por essas empresas, desde que não optantes pelo Simples
Nacional, não serão computadas como receitas, desde que utilizadas integralmente na
realização do P&D. Também não será computada como rendimento para fins de IRRF ao
interventor independente, seguindo mesma regra acima.

OBS2  as importâncias transferidas a empresas com faturamento de até R$ 4.800.000,00, que


efetuam a apuração com base no lucro real, estes pagamentos efetuados não serão dedutíveis
no LALUR.
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OBS3  Somente para pagamentos efetuados no país, exceto nos casos de pagamentos com
registros de patentes industriais, royalties realizados no exterior, bem como à assistência técnica
científica e assemelhados no exterior, condicionado aos arts. art. 353 e 354 do RIR/99.

OBS4  Não poderá ser utilizado a dedução nos casos transferidos à execução de pesquisa
cientifica sob encomenda ou contratada.

OBS5  prestação de serviços técnicos como exames laboratoriais, testes contratados com
outra PJ poderão ser dedutíveis, desde que não caracterize transferência de execução de
pesquisa.

OBS6  Poderá ser descontado o valor de até 20% do LL da base de cálculo da CSLL, relativo
aos custos de P&D objeto de patente concedida ou cultivar registrado. Somente poderá ser
excluída da Base no mês em que ocorrer efetivamente a concessão da patente ou do registro.
(ainda que do exterior), limitando-se ao valor do Lucro Real e da base de cálculo da CSLL, antes
da própria exclusão, vedado o aproveitamento do excesso em período posterior.

OBS7  Os dispêndios e pagamentos de que tratam esta Instrução Normativa deverão ser
controlados contabilmente em contas específicas.

Não serão dedutíveis a depreciação ou amortização de bens destinados à utilização nas


atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

4.3. Folha de Pagamento

O artigo 5º da Instrução Normativa RFB nº 1.187/2011, caracteriza os encargos sociais e


trabalhistas que poderão ser considerados como dispêndios para fins de aplicação da norma.

Salários e encargos sociais e trabalhistas de pesquisadores e de pessoal


de prestação de serviços de apoio técnico, quando se tratar de
pesquisador contratado e àqueles destinados à implantação e
manutenção das instalações dos equipamentos.

Conforme arts. 22 e 32 da Lei 8.212/91.

- Salários
- Horas extras
PESQUISADORES - Adicional Noturno
- Comissões
- Gratificações e prêmios
- Ajuda de custo e despesas para viagens
- DSR
- Qualquer outro valor pago ao empregado, deve estar relacionado em
sua folha de pagamento, independentemente de ser um montante
que integra seu salário, com consequente tributação de INSS e FGTS.
- Convênios/contribuições/FGTS/SEST/SENAT/INSS Patronal
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Entretanto, a contratação dos pesquisadores ou do pessoal de apoio técnico deverá respeitar as


seguintes condições:

 Não haja dedicação exclusiva e, conste expressamente em seu contrato de trabalho o


desempenho como pesquisador em atividades de inovação tecnológica desenvolvida
pelo empregador; será considerada somente as horas efetivamente trabalhadas no
projeto incentivado.

 a empresa possua, para o projeto incentivado, controle das atividades desenvolvidas e


respectivas horas trabalhadas.

NÃO SERÃO DEDUTÍVEIS

os valores pagos a título de remuneração indireta (benefícios concedidos conforme art. 74 da


Lei 8.333/91; e,

os gastos com pessoal de serviços auxiliares, ainda que relacionados com as atividades de
inovação tecnológica, inclusive as despesas dos departamentos de gestão administrativa e
financeira, bem como da segurança, limpeza, manutenção, aluguel e refeitórios.

No que concerne às condições de contrato dos pesquisadores:

 Serão considerados, somente, os pesquisadores com dedicação exclusiva em projeto de


pesquisa explorado diretamente pela própria pessoa jurídica, e beneficiados pelo
incentivo fiscal.

 Poderão ser considerados empregados já contratados pela empresa, não atuantes em


projeto de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, que
mediante alteração de seus contratos de trabalho, passem a exercer exclusivamente a
função de pesquisador em projeto de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de
inovação tecnológica da pessoa jurídica incentivado.

 No cálculo poderão ser considerados os gastos com P&D pagos às universidades e aos
inventores independentes.

 Caso a empresa dedique-se, tão somente à pesquisa científica, poderão ser


considerados os sócios que atuem com dedicação de pelo menos 20 horas semanais na
atividade de pesquisa tecnológica.

4.4. Amortização de intangíveis

A Lei do Bem salienta a questão da amortização de bens intangíveis e como deverá ocorrer.
Todavia, faz-se necessário determinar o conceito e o reconhecimento de um intangível.

O Pronunciamento Contábil CPC 04 (R1), dá tratamento contábil a esses ativos.


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Conforme o item 05 deste CPC, são definidos como ativos intangíveis àqueles que:

“Aplicam-se aos gastos com propaganda, marcas, patentes, treinamento, início das
operações (também denominados pré-operacionais) e atividades de pesquisa e
desenvolvimento. As atividades de pesquisa e desenvolvimento destinam-se ao
desenvolvimento de conhecimento. Por conseguinte, apesar de poderem gerar um ativo
com substância física (por exemplo, um protótipo), o elemento físico do ativo é secundário
em relação ao seu componente intangível, isto é, o conhecimento incorporado ao
mesmo.”

Para o reconhecimento de um ativo intangível, faz-se necessário que estes sejam:

Geradores de
Benefícios
IDENTIFICÁVEIS CONTROLADOS
Econômicos
futuros

Quadro 02

De acordo com a NBCTG Estrutural, o benefício econômico futuro incorporado a um ativo é o


seu potencial em contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalentes de
caixa para a entidade. Tal potencial pode ser produtivo, como pode também ter a forma de
conversibilidade em caixa ou equivalentes de caixa ou pode ainda ser capaz de reduzir as saídas
de caixa, como no caso de processo industrial alternativo que reduza os custos de produção.

Os benefícios econômicos futuros incorporados a um ativo podem fluir para a entidade de


diversas maneiras, podendo ser:

 Usados isoladamente ou em conjunto com outros ativos na produção de bens ou na


prestação de serviços a serem vendidos pela entidade;
 trocado por outros ativos;
 usado para liquidar um passivo; ou
 distribuído aos proprietários da entidade.

Ressalta-se que que a concepção de benefícios econômicos é tratada pela economia de um


modo diferente do estritamente contábil/financeiro, sendo vinculada ao custo de oportunidade.

Tem como definição, segundo ASSAF NETO, o quanto se deixou de ganhar por não aproveitar
outras oportunidades disponíveis ao se decidir por determinada alternativa financeira.

O reconhecimento de um ativo intangível, deverá seguir os itens 42 e 43 do CPC supracitado.

Os gastos de pesquisa ou desenvolvimento:


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 relativos a projeto de pesquisa e desenvolvimento em andamento, adquirido em


separado ou em combinação de negócios e reconhecido como ativo intangível; e

 incorridos após a aquisição desse projeto, devem ser contabilizados de acordo com os
itens 54 a 62 do mesmo CPC.

Quanto à aplicação das disposições destes itens, significa que os gastos subsequentes de projeto
de pesquisa e desenvolvimento em andamento, adquirido separadamente ou em uma
combinação de negócios e reconhecido como ativo intangível, devem ser reconhecidos da
seguinte maneira:

 gastos de pesquisa - como despesa quando incorridos;

 gastos de desenvolvimento que não atendem aos critérios de reconhecimento como


ativo intangível (viabilidade técnica para conclusão, intenção de concluí-lo e capacidade
par uso e venda deste, forma como gerará benefícios econômicos futuros e a
confiabilidade na mensuração dos gastos atribuíveis ao seu desenvolvimento), previstos
no item 57 - como despesa quando incorridos; e

 gastos de desenvolvimento em conformidade com referidos critérios


supramencionados, adicionados ao valor contábil do projeto de pesquisa ou
desenvolvimento em andamento adquirido.

4.5. Depreciação

Segundo a legislação tributária, "A taxa anual de depreciação será fixada em função do prazo
durante o qual se possa esperar utilização econômica do bem pelo contribuinte na produção de
seus rendimentos", de acordo com o art. 310 do Decreto n° 3.000/1999.

As taxas de depreciação, bem como o prazo de vida útil admissível, aceitas perante a legislação
tributária estão dispostas na Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, na qual a tabela de taxas
de depreciação está disposta no Anexo III.

Salienta-se que o usufruto do benefício da Lei do Bem, serão desconsideradas as taxas anuais
para fins de depreciação das máquinas e equipamentos, tendo em vista que esta ocorrerá
integralmente no período em que for adquirido pela entidade, de acordo com art. 8º da IN RFB
1.187/2011.

5. DOCUMENTAÇÃO

Para usufruto do benefício faz-se necessário que a empresa cumpra os seguintes pré-requisitos:

 Empresas em regime no Lucro Real.


 Empresas com Lucro Fiscal.
 Empresas com regularidade fiscal (emissão da CND ou CPD-EN).
 Empresas que invistam em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento.
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Não se faz necessário que a empresa tenha necessariamente uma área específica de pesquisa e
desenvolvimento para usufruto do benefício. Essas inovações poderão ocorrer em áreas
diversificadas, como o setor de TI, por exemplo.

Para usufruto dos benefícios da Lei não se faz necessário pré-aprovação desses projetos, sendo
necessária, somente, a prestação de contas no ano seguinte à utilização do incentivo fiscal.

No que concerne à documentação apresentada, deverá comprovar regularidade quanto à


quitação de tributos federais e demais créditos inscritos em Dívida Ativa da União mediante
apresentação de Certidão Negativa de Débitos (CND) ou de Certidão Positiva de Débito com
Efeitos de Negativa (CPD-EN) válida referente aos 2 semestres do ano-calendário em que fizer
uso dos benefícios.

Ressalta-se que o descumprimento de qualquer obrigação assumida para obtenção do


benefício, implica na perda do seu direito e o recolhimento do valor correspondente aos tributos
não pagos, acrescidos de multa e de juros, de mora ou de ofício, previstos na legislação
tributária.

6. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS

As empresas que fizerem utilização do incentivo fiscal, terão como obrigação acessória a entrega
do Formulário para Informações Sobre as Atividades de Pesquisa Tecnológica e
Desenvolvimento de Inovação Tecnológica nas Empresas (FORMP&D), até o dia 31.07 do ano
subsequente, por meio do sitio eletrônico: http://formpd.mctic.gov.br/fontes/php/index.php,
conforme dispõe a Portaria MCTIC nº 4.349/2017.
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Caso a empresa feche seu balanço com prejuízo fiscal, não será obrigatório o envio do
FORMP&D, tendo em vista que seu resultado fiscal foi negativo.

7. APLICAÇÃO

Exemplo
DESCRIÇÃO VALOR
Máquina A100 R$ 1.000.000,00
Máquina A200 R$ 1.000.000,00
Instrumento 000 R$ 250.000,00
Instrumento 001 R$ 100.000,00
Instrumento 002 R$ 150.000,00
Despesas operacionais vinculadas à atividade R$ 100.000,00
Gastos com folha de pagamento de pesquisador contratado R$ 40.000,00
Gastos com assistência de apoio técnico R$ 5.000,00
Remessa ao exterior relativo à manutenção de patente R$ 100.000,00
Lucro Liquido antes do IRPJ e CSLL R$ 6.500.000,00
Alíquota de IPI máquinas 10%
Alíquota de IPI instrumentos 5%

Com os ajustes, temos o seguinte cenário:

1 Máquina A100 10% R$ 1.371.571,07


2 Máquina A200 10% R$ 1.371.571,07
3 Instrumento 000 5% R$ 647.178,85
4 TOTAL R$ 3.390.290,38

COM OS AJUSTES DE IPI

1 Máquina A100 10% R$ 1.294.697,90


2 Máquina A200 10% R$ 1.294.697,90
3 Instrumento 000 5% R$ 526.640,10
4 TOTAL R$ 3.116.035,91
5 DIFERENÇA R$ 274.254,47

AJUSTES DE APURAÇÃO

LALUR
Lucro liquido R$ 6.500.000,00
(+) Adições R$ 500.000,00
(-) Exclusões R$ 3.361.035,91
(-) Depreciação R$ 3.116.035,91
(-) Despesas operacionais R$ 60.000,00 (60%)
(-) Gastos com folha de pesquisador R$ 40.000,00
1
4

(-) Gastos com apoio técnico R$ 5.000,00


(-) Remessa ao exterior R$ 100.000,00
(=) Lucro Líquido p/ CSLL R$ 3.598.964,09
(=) CSLL R$ 323.906,77
(=) Lucro Líquido p/IRPJ R$ 3.480.057,32
(=) IRPJ R$ 522.008,60
(=) Lucro do trimestre R$ 2.634.141,96

IMPACTO TRIBUTÁRIO

IMPACTO TRIBUTÁRIO
Custo dos ativos R$ 274.254,47
IRRF R$ 1.500,00
IRPJ R$ 422.857,93
CSLL R$ 299.082,15
REDUÇÃO R$ 997.694,55
CRE 37,88%

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