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Segundo Angle (1907) a oclusão normal é definida como uma relação

dentária harmoniosa e a má oclusão constitui uma anomalia do


desenvolvimento dentário ou dos arcos dentários.
Angle (1899) definiu três tipos de má oclusão, baseadas na relação
ântero–posterior da cúspide mésiovestibular do primeiro molar permanente
superior com o sulco vestibular do primeiro molar permanente inferior, pois
eles são os mais constantes em tomar sua posição normal nas arcadas,
principalmente os superiores. Baseado nesse critério, Angle (1907) classificou
as más oclusões da seguinte maneira:
Classe I ou neutroclusão é a má oclusão na qual a maxila e a
mandíbula possuem uma relação normal (a cúspide mesiovestibular do
primeiro molar permanente superior oclui no sulco mesiovestibular do primeiro
molar permanente inferior), a classe I se caracteriza por apresentarem
desarmonia entre ossos e dentes, podendo provocar apinhamentos na região
anterior. Classe II ou distoclusão é a má oclusão onde a mandíbula está em
uma relação distal com a maxila (o sulco mesiovestibular do primeiro molar
permanente inferior está ocluindo posteriormente a cúspide mesiovestibular do
primeiro molar permanente superior). Porém, a classe II possui divisões:
Divisão 1 é quando os incisivos centrais superiores estão vestibularizados;
Divisão 2 é quando os incisivos centrais superiores estão lingualizados e os
incisivos laterais superiores encontram se vestibularizados. Classe III ou
mesioclusão é a má oclusão que apresenta a mandíbula pra mesial, em
relação a maxila, dessa maneira, a cúspide mesiovestibular do primeiro molar
oclui distalmente ao sulco mesio vestibular do primeiro molar inferior.
Tomita et al. (2000) avaliaram a prevalência de má-oclusão em 2.139
crianças em idade pré-escolar, de 3 a 5 anos e por meio de exame clínico e
questionário socioeconômico, observaram uma prevalência de má-oclusão de
51,3% para as crianças do sexo masculino e 56,9% para as do sexo feminino,
sendo a faixa etária de 3 anos a mais acometida. Já Willems et al. (2001)
examinaram 1477 pacientes e a prevalência da má oclusão de classe I foi 31%,
de classe II 63% e de classe III 6% e não houve nenhuma diferença significante
na prevalência das classes de Angle entre os sexos.
Em um estudo feito com 60 crianças, Gimenez (2008) concluiu que as
más oclusões encontradas na dentadura decídua se encontram na
permanente, assim como o padrão de desenvolvimento e crescimento
continuam iguais e Martins (1998) mostra que as más clusões nos dentes
decíduos são bastante prevalentes, chegam a acometer 80% das crianças.
Silva Filho et al. (1990), afirmaram que a alta prevalência de má-
oclusões na população, fez com que a Organização Mundial de Saúde (OMS)
considerasse a má oclusão como o terceiro problema odontológico de saúde
pública em todo o mundo.
A prevenção da má oclusão é considerada uma alternativa potencial ao
tratamento, uma vez que as mais comuns são condições funcionais adquiridas,
atribuídas a dietas pastosas, problemas respiratórios e hábitos bucais
deletérios (TOMITA et al., 2000).
Valença et al. (2001) afirma que os problemas de oclusão são
provenientes principalmente de hábitos como: bruxismo, respiração bucal,
interposição lingual, habito de morder objetos, morder lábios, além dos mais
típicos hábitos como sucção de dedo, chupeta e mamadeira. O hábito de
sucção contribui como um fator etiológico potente no desenvolvimento da
oclusão e pode transformar-se em hábito nocivo, considerando a frequência, a
intensidade e a duração do movimento (PROFFIT, 2002). Gimenez (2008)
realizou um estudo e a chupeta e revelou a mais significativa para desencadear
as más oclusões em crianças de 24 a 58 meses.
Correia (1994) demonstrou que alguns estudos mostram que a condição
socioeconômica apresenta influência no desenvolvimento das más oclusões.
Cravo (1992) e Maltagliati estudaram o efeito da consistência da dieta
alimentar no crescimento e desenvolvimento da face e concluíram que a dieta
de baixa consistência pode resultar em diversos transtornos: falta de espaço
para a erupção dentária; atresia do arco maxilar, menor estímulo para a
respiração nasal e padrão de crescimento vertical, o que explica o fato do
crescimento dos pólos industrializados ter sido acompanhada por um aumento
na incidência de más oclusões.
Katz et al. (2004) nos mostram que os fatores ambientais são mais
importantes no desenvolvimento das más oclusões que os fatores genéticos.
O diagnóstico precoce e medidas preventivas, como a conscientização
do paciente e responsável, de certa forma ameniza as más oclusões (LEITE et
al., 1999).
Tomita et al. (2000) considera que a prevenção da má oclusão é uma
alternativa de tratamento, sendo que as causas mais comuns são condições
funcionais adquiridas.
Woodside (1969) diz que a indicação de um tratamento precoce deve-se
ao fato das crianças passarem por um pico de crescimento, relacionado a
mudanças pré-puberais. Há um desvio funcional capaz de produzir efeitos
prejudiciais ao desenvolvimento craniofacial e a normalização do
relacionamento oclusal facilita o modelamento dentoalveolar, o que compensa
a desarmonia do crescimento dos arcos.
Medeiros, Souza e Menezes (2003) realizaram uma revisão de literatura
e concluíram que o tratamento precoce da Classe I é mais vantajosa do que a
tardia, principalmente por utilizarmos aparelhos simples, com mecânica pouco
agressiva, que aumentam a satisfação dos pais e a autoestima do paciente,
concluíram também que as extrações seriadas são admitidas para problemas
de espaço maiores que 9mm, e após as extrações, o paciente deve concluir o
tratamento com ortodontista , devido às falhas produzidas pelas extrações.
Na má oclusão de classe II é empregado aparelhos extra ou intrabucais,
que distalizam os molares superiores. Portando, os aparelhos extrabucais
apresentam vários inconvenientes, como por exemplo, a necessidade de
cooperação do paciente. Por conta disso, existem vários aparelhos intrabucais,
o que dá um maior controle por parte do profissional (MARTINS et al., 2004).
Janson et al. (2009) assegura que o tratamento da Classe II pode ser
realizado sem extrações ou com extrações de dois ou quatro pré-molares. Mas,
para que o tratamento da Classe II seja eficaz, Tweed (1966) discorre que
precisamos agir sobre as bases ósseas, não apenas dar um rearranjo nos
dentes, isso permitiria alcançar tanto uma oclusão ideal e estável quanto um
perfil agradável e bem balanceado. Sendo assim, para a completa correção da
classe II, a terapia com forças ortopédicas tornasse necessária (SASSOUNI,
1972).
Já na Classe III, Cozzani (1981) atesta que o tratamento precoce
direciona-se para a maxila, por meio de uma expansão rápida da maxila,
seguida pela protração maxilar. E o tratamento precoce da Classe III tem
mostrado grande efetividade do ponto de vista esquelético (TURLEY, 1988).
Janson et al. (2002) sustentam que o tratamento precoce da Classe III
possibilita um bom relacionamento oclusal, facial e psico-social do indivíduo.
Sustentam também que a correção da Classe III, por meio da expansão rápida
aliada à tração reversa da maxila, resultam em mudanças esqueléticas e
dentárias que produzem a melhora significante do perfil facial. Porém, essa
opção de tratamento só é possível à Classe III com envolvimento maxilar.

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