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Resumo – 1º Bimestre

Introdução ao Direito Processual Penal – como sistema de


persecução penal

Introdução ao Direito Penal


O Direito Penal está indissoluvelmente atrelado ao “princípio da
excepcionalidade”, uma vez que ameaça a própria liberdade do
indivíduo (vide prevê a possibilidade de puni-lo através de penas de
reclusão). Eis seu caráter excepcional, porque ele será considerado
quando todos os outros âmbitos do Direito não bastarem, portanto,
em situações um tanto quanto mais graves, que ameaçam bens
jurídicos constitucionais. Logo, por consequência, infere-se que ele
está intimamente atrelado à proteção ferrenha dos direitos
fundamentais das pessoas (tais como direito a vida; bens
fundamentais para se viver em sociedade).
*Entretanto, vale-se ressaltar que alguns tipos penais não tutelam
bens jurídicos, tais como aqueles que tratam de formação de
quadrilha, ou seja, tutelam organizações criminosas.
Em suma, o Direito Penal, consiste no ramo do Direito encarregado
de definir condutas penalmente relevantes (fatos humanos mais
perturbadores da vida social) e imputar-lhes sanções.
Introdução ao Direito Processual Penal
Inerente à caracterização do Direito do Processo Penal, por sua vez,
é o princípio denominado: “nulla poena sine judicio” que se refere à
premissa de que, não há condenação ou pena sem processo, ou seja,
sem intermédio de um mediador (ou seja, de um juiz imparcial, cujos
poderes sejam juridicamente limitados) e a observação do devido
processo penal. Além disso, uma outra nomenclatura que se remete à
essa ideia, é o princípio da necessidade, que aborda exatamente o
fato de que a existência da pena é condicionada pela existência,
primeiramente, de um processo penal. Portanto, tendo em vista o
exposto, depreende-se que o Processo Penal é um instrumento do
Estado para efetivar o Direito Penal, ou seja, para executá-lo, através
de trâmites, procedimentos, etapas e regras especificas. Por
conseguinte, compreende-se que o Estado detém o direito subjetivo
de punir (aquele que comete um crime), em outras palavras, a
titularidade de penar. Direito, esse, que é sintetizado pela expressão
em latim: “jus puniendi” (persecução penal, reconstrução histórica do
fato), ou seja, o direito à persecução penal, que consiste na atividade
do Estado que busca a repressão das infrações penais. Por fim, esse
direito à pretensão punitiva, bem como sua evolução, está, também,
intimamente ligado à evolução do conceito de pena. Na medida em
que o direito do Estado de punir, surge no momento em que a
definição de pena, extravasa sua ligação errônea com a alusão errônea
à vingança, e passa a ter um caráter muito mais voltado à
ressocialização e reeducação do indivíduo.

Principal diferença entre Processo Penal e Civil


Diferentemente do que se verifica no âmbito do Processo Civil, no
Processo Penal, não há solução do conflito (mediante aplicação de
pena) por via extraprocessual. Enquanto que no Processo Civil, há, por
exemplo a possibilidade (ao tratar de direitos disponíveis) de se
recorrer à uma arbitragem por exemplo, ou seja, uma via
extraprocessual para resolução do conflito. O Direito Penal, portanto,
não se efetiva senão pela via processual.
Por fim, ainda é possível verificar que essa diferenciação se opõe a
“teoria geral do processo”, que congloba todas as definições de
processo no âmbito jurídico, ou seja, de maneira equitativa,
equivalente.

O papel do MP no Processo Penal


Primeiramente o conceito de “objeto” aqui não deve ser confundido
com a finalidade do Direito Processual Penal, nem com o fundamento
(constitucional) à que deve sua existência, tampouco com sua
natureza jurídica. O objeto do processo penal (aquilo que irá originá-
lo, dar causa ao nascimento do processo) é a pretensão acusatória -
ou seja, a faculdade de solicitar tutela jurisdicional, que é uma
condição indispensável para que ao final o juiz exerça o poder de punir.
O titular da pretensão acusatória, por sua vez, é exatamente o
Ministério Público, titular da ação penal.

 Natureza jurídica do processo penal – conceito “extra” para


compreender melhor o Direito Processual Penal
São três as principais teorias que abordam a natureza jurídica do
processo penal, sendo elas, as seguintes:
- Processo como relação jurídica: consiste em uma relação jurídica de
natureza pública (porque envolve um ente a serviço do Poder Público,
mas propriamente da administração da justiça) que se estabelece
entre as partes, e entre as partes e o juiz, dando origem à uma série
de direitos e obrigações processuais. Tendo em vista essa definição,
entende-se que, segundo ela, o acusado não deve ser considerado um
mero objeto do processo, e sim, parte integrante.
- Processo como situação jurídica: consiste no conjunto de conjunto
de situações processuais (ou seja, dos atos processuais) que culminam
na sentença. O idealizador dessa teoria, dá grande importância a esses
procedimentos, a esses atos, considerando que a inobservância de
algum deles, pode culminar em uma sentença injusta.
- Processo como procedimento em contraditório: por fim, essa teoria
define a natureza jurídica do processo penal como “direitos e
obrigações probatórias” que se desenvolvem por meio das “situações
jurídicas”, que geram um maior aproveitamento do processo.

Fundamentação constitucional do DPP - introdução aos princípios


constitucionais do processo penal
Além de estar relacionado com a finalidade de pretensão punitiva,
conforme mencionado anteriormente, o Direito Penal, atua na
proteção das garantias constitucionais, vide que prima exatamente
pela repressão do delito, e por uma observação rigorosa de um devido
processo legal. Logo, entende-se que que a repressão do delito, está
inerentemente atrelada ao respeito às garantias mencionadas, porque
visa suprimir as condutas que se vão contra essas garantias.
A Constituição, portanto, representa uma orientação para as normas
do CPP, e ainda apresenta os limites de atuação do DPP, ao estabelecer
princípios orientadores do processo.

- Princípio do Juiz Natural (art. 5, inciso LIII): estabelece que devem


haver regras objetivas que versem sobre competência jurisdicional,
que garantam a imparcialidade do órgão julgador;
- Princípio do Devido Processo Legal (art. 5, inciso LIV): o processo
deve seguir as etapas e requisitos previstos em lei;
- Princípio do Contraditório e Ampla Defesa (art. 5, inciso LV):
pressupõe que ninguém poderá ser condenado por uma sentença de
um processo do qual não fez parte, ou seja, não teve chances de se
defender;
- Princípio da Presunção de Inocência (art. 5, inciso LVII): “ninguém
será culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”.

Por sua vez, são algumas regras constitucionais orientadoras do


processo, as seguintes:
- Exigência de Publicidade e Fundamentação das Decisões Judiciais
(art. 93, inciso IX): as decisões judiciais devem ser bem fundamentadas
(embasamento legal) e as partes devem ter acesso à essas decisões;
- Titularidade exclusiva da ação penal pública por parte do Ministério
Público (art. 129, I).

Distinção entre: ação, procedimento e processo

- Ação: a ação penal se inicia com a admissão da denúncia ou queixa,


pelo juiz. O magistrado, por sua vez, tem dupla função: autorizar
medidas cautelares e atuar na defesa da garantia de direitos
fundamentais (através de um julgamento justo, imparcial).
- Procedimento: consiste na sequência de atos processuais
encadeados (modo em que se executa os atos processuais).
- Processo: se inicia com a citação do acusado, e consiste no
instrumento através do qual se obtém prestação jurisdicional, que irá
culminar numa sentença.

Etapas do Processo Penal

INQUÉRITO POLICIAL: apura fatos referentes ao crime; perícia; e


apuração de provas (não se pode condenar alguém, tendo em vista
exclusivamente essa fase) – é a primeira fase da persecução penal 
OFERECIMENTO DE DENÚNCIA OU QUEIXA (pelo MP) acusação –
início da segunda fase “jus puniendi”  INÍCIO DA AÇÃO –
RECEBIMENTO DE DENÚNCIA OU QUEIXA (pelo juiz)  OITIVA DE
TESTEMUNHA OU INTERROGATÓRIO DO RÉU  SENTENÇA PENAL
CONDENATÓRIA – encerramento da segunda fase  EXECUÇÃO
PENAL – fase de cumprimento da sentença

Sistemas processuais penais


A ideia de “sistema processual penal” refere-se à estrutura do
processo penal de um país, que por sua vez é bastante condicionado,
por uma orientação ideológica, seja libertária ou punitiva. Além do
exposto, considera-se que a posição (função) aferida ao juiz é o que
funda a estrutura processual.
- Inquisitório: (predominou de meados do século XII até o final do
século XVIII, início do XIX em alguns países) esse sistema concentrava
nas mãos do magistrado inúmeras funções, que são, inclusive,
antagônicas entre si: investigar; acusar; defender e julgar. Esse sistema
tem essa nomenclatura pois decorreu do contexto da Inquisição
(movimento através do qual a igreja perseguia os hereges, ou seja,
aqueles contrários ao catolicismo). Em suma, então, esse sistema
concentra o mister de acusar e julgar, principalmente, nas mãos do
magistrado (naquele contexto denominado inquisidor. Portanto,
verifica-se que nesse sistema não há a proteção do princípio do
contraditório, vide que o acusado, em suma não tem acesso ao
processo, quase todo dirimido pelo juiz, portanto há desigualdade
entre as partes.
- Acusatório: (predominou até o século XII) o juiz tem a função apenas
de julgar, e não de acusar, isso caberá, nesse sistema à outro órgão.
Além disso os atos probatórios (apresentação de provas) são
responsabilidade das partes. Portanto, esse sistema corrobora muito
mais com o princípio do juiz natural, ou seja, a imparcialidade do
mediador, do que o anterior, isso, porque, os pré-julgamentos pelo
inquisidor são muito evidentes (uma vez que os atos probatórios
cabem a ele). Por fim, é importante ressaltar que, também no que se
refere a esse sistema, as partes recebem tratamento igualitário
(reforçando a premissa do princípio do contraditório).
- Misto: (a partir do final do século XVIII, início do XIX) tal sistema
advém principalmente do contexto da Revolução Francesa. Em suma,
dividiu o processo em duas fases: pré-processual e processual, sendo
que a primeira estaria muito mais relacionada ao sistema inquisitório,
enquanto a segunda, ao sistema acusatório (vide que distingue a
função de acusar – aferida do MP – da de julgar – aferida ao juiz). O
sistema brasileiro é considerado misto, porém, essa afirmação é
considerada um tanto quanto redundante, uma vez que todos os
sistemas contemporâneos são mistos. Muitas críticas, são dirigidas a
esse sistema, considerando que as fases enunciadas não são tão claras,
plenas, no sentido de que, na segunda, o juiz, por exemplo, pode
declarar de ofício ato probatório, ou seja, pode trazer à tona prova, o
que é uma característica do sistema inquisitório.

*Princípio da Correlação: ideia de que o juiz não pode condenar o réu


à determinada pena, se o MP, primeiramente, não a solicitar.

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