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12, no 1, 67– 81
Resumo
Investigou-se a influência do Pós-modernismo no desenvolvimento da Psicologia Social contemporânea
através da análise de sua abordagem na Psicologia, o Construcionismo Social. Os pressupostos ontológicos
e epistemológicos do Construcionismo Social têm sua validade lógica e filosófica questionada, uma vez que
defendem as seguintes posições (1) construtivismo social; (2) anti-realismo ontológico; (3) pessimismo e-
pistemológico; (4) anti-fundacionismo; (5) anti-representacionismo; (6) irregularidade do objeto; (7) frag-
mentação teórica; (8) não-neutralidade do conhecimento científico; (9) retroalimentação teórica; (10) prag-
matismo epistemológico, e (11) anti-metodologismo. Este conjunto de pressupostos é incompatível com a
atividade científica, sendo essa conclusão uma derivação necessária de uma escolha anterior de que não
podemos renunciar ao sentido moderno do termo ciência, e de que isto também vale para a Psicologia. Re-
jeita-se a possibilidade de constituição de uma Psicologia pós-moderna como uma contradição em termos, e
aponta-se para a necessidade de uma clara distinção entre Psicologia científica e teoria psicológica pós-
moderna.
Palavras chave: pós-modernismo, construcionismo social, epistemologia, psicologia social, ciência moderna.
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Artigo baseado na dissertação “Pós-modernidade e Psicologia Social: Uma Crítica Epistemológica” da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro, UERJ e apresentado em Sessão de comunicação coordenada Pós-modernidade e Psicolo-
gia Social: Implicações Epistemológicas e Sociais na XXXII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia,
Florianópolis, SC, outubro de 2002.
Pesquisa financiada pelo CNPQ.
Endereço para correspondência: R. Oito de Dezembro, 264 - 606 Rio de Janeiro, RJ - CEP: 20550-200 – E-mail:
gustavocastanon@hotmail.com.
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mo um mapa do mundo, mas como um produto realidade mesma para o sujeito. Não existe
da interação social” (1985, p.266):. Foi assim realidade além da linguagem construída pelo
que a oposição aos pressupostos ontológicos e sujeito através de suas interações sociais. Essas
epistemológicos tradicionais da Psicologia So- manifestações de anti-realismo ontológico es-
cial “modernista”, se tornou a posição que, pe- tão presentes fundamentalmente nos autores
lo caminho da negação, mais contribuiu para o deste movimento mais influenciados pelo des-
estabelecimento de algum sentido de corpo ao construcionismo de Jacques Derrida, como por
movimento construcionista social. exemplo, Richer (1992) ou Shotter (1992).
Construcionismo social e epistemologia Contrasta com a posição “menos radical” de
Com relação às principais características alguns outros autores como Gergen (1985 e
epistemológicas e ontológicas do Construcio- 1992) e Polkinghorne (1992), que consideram
nismo Social, é importante enfatizar que sua que a teoria construída sobre os objetos do co-
delimitação é uma tarefa difícil, porque como nhecimento através da linguagem, intermedeia
afirma Zuriff (1998), essa abordagem consiste a relação entre o sujeito e o mundo de forma
numa grande amostra de posições que não va- impermeável, de forma que a realidade objeti-
lorizam a aderência à coerência interna e con- va, independente do sujeito, pode até existir,
sistência teórica. No entanto, podemos chegar a mas é inacessível. Aqui, não se adere a um an-
algumas caracterizações gerais de suas princi- ti-realismo ontológico estrito, e sim, ao pessi-
pais reivindicações ontológicas e epistemológi- mismo epistemológico.
cas, de forma a se efetuar posteriormente uma (3) Pessimismo Epistemológico: Se o mundo conheci-
crítica conseqüente. Estas seriam: do é o mundo construído socialmente através
(1) Construtivismo Social: É a crença de que ao in- da linguagem, nós não podemos transcender
vés de descobrir uma realidade objetiva e inde- nossas próprias construções e conhecer a reali-
pendente, o ser humano constrói o conheci- dade diretamente. Para o Construcionismo So-
mento através de suas interações sociais. Como cial (Shotter 1992, Stam, 1990), nossas teorias
afirma Zuriff (1998), a essência da posição socialmente construídas não nos aproximam de
ontológica do Construcionismo Social é a pro- uma melhor descrição de uma realidade objeti-
posição de que não há realidade objetiva a ser va, independente do sujeito do conhecimento.
descoberta; seres humanos constróem o conhe- (4) Anti-fundacionismo: A partir da crença de que os
cimento. Held (1998) acrescenta a isso o termo conteúdos do conhecimento são meras constru-
“socialmente”. Para o Construcionismo Social ções sociais, e nada mais, assim também são
nós construímos teorias a respeito do funciona- nossas normas epistêmicas (Gergen, 1989).
mento do mundo ativamente, mas sempre atra- Nós não temos uma fundação epistemológica
vés da interação social. segura sobre a qual o conhecimento possa ser
(2) Anti-realismo: É a crença de que o sujeito do construído.
conhecimento constrói esse conhecimento atra- (5) Irregularidade do Objeto: A realidade é dinâmi-
vés da linguagem e com nada mais que ela, a ca. As regras sociais nunca serão causas do
linguagem se constitui na realidade mesma comportamento humano; antes, determinarão
para o sujeito. Não existe realidade além da somente o que irá contar na hora de uma ação
linguagem construída pelo sujeito através de de certo tipo ser tomada (Harré, 1989). Essa
suas interações sociais. E mesmo que ela exis- ação, uma resposta a alguma questão que se
ta, é inacessível. colocou no campo social, nunca será o resulta-
Aqui encontramos duas posições ligeira- do de um mecanismo causal expresso numa lei,
mente diferentes dentro do Construcionismo mas simplesmente a aplicação de uma conven-
Social, entre as versões ontológicas que Held ção. Assim, o comportamento é indeterminá-
(1998) classifica de “mais radical” e “menos vel. Se tomarmos o objeto da Psicologia como
radical”. A versão ontológica “mais radical” sendo os jogos de linguagem através dos quais
desse movimento considera que uma vez que o a realidade social é construída, também o cará-
sujeito do conhecimento constrói esse conheci- ter mutável e arbitrário da linguagem faz com
mento através da linguagem e com nada além que esse objeto de pesquisa não adira ao princí-
que a linguagem, a linguagem se constitui na pio ontológico da regularidade do objeto.
73 Construcionismo social: crítica epistemológica
(6) Anti-representacionismo: A essência da posição e sim a respeito de como o mundo deve ser; a
anti-representacionista deste movimento é ex- questão central não é epistemológica, é políti-
pressa reiteradamente por Kenneth Gergen ca. É assim que o Construcionismo Social
(1985, 1989, 1992, 1994 e 2001). Por represen- renega a preocupação em se justificar enquan-
tacionismo Gergen (1994) define a doutrina to ciência, preocupando-se em garantir-se en-
que defende existir ou poder existir uma rela- quanto prática transformadora da sociedade.
ção estável entre as palavras e o mundo que (9) Retroalimentação Teórica: Termo cunhado neste
elas representariam. Seguindo Wittgenstein artigo para descrever a posição que defende
(1975) e Rorty (1989), Gergen (1985 e 1994) que o conhecimento tem conseqüências soci-
defende que a linguagem é um convencionalis- ais. Como expôs Gergen (1973), a dissemina-
mo. O significado não se baseia nos objetos, no ção das teorias sobre Psicologia modifica os
processo mental ou em entes ideais. Adquire-se padrões de comportamento acerca dos quais
através do contato social com outros habitantes as teorias foram construídas, por motivos co-
da cultura em questão. Fora da linguagem não mo a emancipação do homem do desconheci-
há ponto de apoio objetivo nem independente mento dos fatores que determinavam seu com-
para o pensamento, portanto, a linguagem não portamento de forma inconsciente ou simples-
representa nada fora dela mesma, é auto- mente a vontade de afirmar os valores huma-
referente e dependente de jogos de linguagem nos da liberdade e individualidade desafiando
particulares. as predições da ciência.
(7) Fragmentação: É a crença de que o real (10) Anti-metodologismo: Se não há uma fundação
(Polkinghorne, 1992) não é um único e integra- epistêmica segura em cima da qual o conheci-
do sistema estático fundamentando o fluxo da mento possa ser construído, então o método é
experiência, é, ao contrário, uma fragmentada e classificado como um mero truque retórico,
desunida acumulação de elementos e eventos que tem por objetivo legitimar certos resulta-
desconexos, um processo de contínua mudan- dos de pesquisas.
ça. O próprio sujeito não é mais visto como um (11) Pragmatismo: Rejeição do princípio da cor-
todo unificado, mas sim como um complexo de respondência como critério de verdade, com a
imagens e eventos desintegrados (Gergen, adoção da posição de que o que importa numa
1991). Assim se abandona a grande narrativa sentença não é se ela corresponde em seu con-
do progresso da ciência rumo a uma ideal ver- teúdo semântico ao real, e sim se ela uma vez
dade objetiva para a adoção de uma concepção adotada conduz com sucesso as ações huma-
fragmentária e socialmente contingente de co- nas para seus propósitos pragmáticos. Polkin-
nhecimento. O conhecimento precisa estar pre- ghorne (1992) acredita que uma característica
ocupado com ocorrências específicas e locais, distintiva entre um pós-modernismo relativista
não com a busca de leis gerais universais. e um pós-modernismo afirmativo, seria a dou-
(8) Não-neutralidade: Uma vez que o conhecimen- trina do neo-pragmatismo. Segundo esta últi-
to é uma construção humana, então valores e ma, a ciência deveria deixar de exigir de si
motivações são componentes necessários de mesma a busca por leis fundamentais e pelas
sua constituição, e a distinção entre valores e verdades do universo, e passar a se ver como
fatos colapsa. A neutralidade desejada para um um processo de coleta, organização e distribu-
entendimento objetivo da realidade não só é ição de práticas que tenham produzido resulta-
um mito como um mito inútil. As explicações dos intencionados.
que se dão de como o mundo é estão mergulha- Crítica epistemológica ao construcionismo social
das em certas práticas sociais (Gergen, 1989), e Como afirma Matthews (1998), embora
por afirmar certas propriedades como realidade a definição e descrição do pensamento pós-
atuarão no sentido de sustentar certas práticas moderno seja relativamente complicado em
sociais e promover a extinção de outras. Para virtude de seu formato ambíguo e mutante,
Gergen (1989), a questão crítica a ser colocada sua refutação não é. Este item buscará inven-
para as várias explicações e narrativas de mun- tariar as posições ontológicas e epistemológi-
do, é que tipo de práticas elas suportam. Não se cas que inviabilizam a atividade científica
deve perguntar a respeito de como o mundo é, baseada em pressupostos pós-modernos. Co-
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meça seguindo pelas características ontológicas mentos são criados ou descobertos. Julgo que
e epistemológicas do Construcionismo Social talvez essa seja uma falsa questão, fruto da
analisando-as criticamente, e conclui com a confusão pós-moderna entre hipótese sobre a
demonstração da inviabilidade conceitual e realidade, verdade, conhecimento e a própria
histórica do estabelecimento de uma Psicologia realidade. O ser humano cria hipóteses sobre a
pós-moderna. realidade, e estabelece conjecturalmente, no
(1) Crítica ao Construtivismo Social: A afirmação de caso da Ciência, quais são provisoriamente
que o conhecimento é construído socialmente, classificadas como falsas. As que sobram e
é óbvia e compartilhada de formas diversas por possuem capacidade explicativa e preditiva são
várias teorias do conhecimento. A questão se conhecimento científico, provisório. O resto é
torna, portanto, que tipo de ‘construção social’ filosofia, mito ou religião: teorias plenamente
está sendo alegada. No caso do Construcionis- significativas e de valor cognitivo, porém de
mo Social, é crença de que ao invés de desco- uma outra categoria epistêmica. A verdade em
brir uma realidade objetiva e independente, o ciência não é alcançável, ela é uma meta ideal.
ser humano constrói o conhecimento única e Temos um conceito de verdade (teoria da cor-
exclusivamente através de suas interações soci- respondência), porém não um critério de verda-
ais, o que é uma crença inconsistente e incom- de, nossas teorias são aproximações da realida-
patível com a razão e a ciência. Esta afirmação de, modelos simplificados dela, não cópias e-
baseia-se em dois motivos. O primeiro é que, xatas.
nas ciências empíricas, conhecimento é conhe- (2) Crítica ao Anti-realismo e Pessimismo Epistemológico:
cimento de algo que tem sua existência no real, O pressuposto de que o sujeito do conhecimen-
num mundo exterior que independe do sujeito to o constrói através da linguagem e com nada
do conhecimento. Se o ser humano constrói mais que a linguagem; de que ela constitui a
suas representações unicamente através de suas própria realidade para o sujeito, é incompatível
interações sociais sem nenhum contato com com a ciência e com a própria atividade filosó-
realidades objetivas que independem, em ao fica. Se não existe realidade além da linguagem
menos algum nível, tanto dele quanto destas construída pelo sujeito através de suas intera-
interações, então estas representações podem ções sociais, então nem a linguagem poderia
ser muitas coisas, mais não são conhecimento. ser objeto de estudo científico ou filosófico,
O segundo motivo é referente à impossi- pois não se referiria a nada além de significan-
bilidade de se atribuir todo o desenvolvimento tes vazios ou indetermináveis. É uma necessi-
do pensamento humano à suas interações soci- dade racional a adoção em ontologia de algum
ais. Para elaborar este argumento, recorro a tipo de realismo crítico para a atividade cientí-
uma crítica à posição de Vygotsky (1984), que fica. Toda atividade de pesquisa pressupõe an-
foi o mais claro e consistente formulador dessa tes de mais nada a existência do objeto que está
posição a respeito do conhecimento em Psico- sendo pesquisado, sua existência num campo
logia. Se todo desenvolvimento fosse resultado do real que independa do observador humano.
de uma aprendizagem que o indivíduo obteve Uma posição um pouco mais prudente
através da mediação de um indivíduo mais ex- que vemos em alguns autores da vertente cons-
periente, da mediação social, então não poderí- trucionista social, tenta evitar os perigos asso-
amos explicar aqueles tipos de desenvolvimen- ciados ao idealismo subjetivista da posição
to que acontecem com o aparecimento de idéi- ontológica radical que nega a existência do
as novas na história da humanidade. Idéias co- fenômeno físico. Não há por ela a negação da
mo a teoria da relatividade generalizada ou a existência do fenômeno físico, o que existe é a
geometria não-euclidiana, não poderiam ser transferência do objeto a ser conhecido e pes-
deduzidas de nenhuma das idéias e pressupos- quisado, da realidade física – considerada in-
tos vigentes na cultura de sua época. Não há cognoscível – para o sentido que ela adquire
como não admitir nestes saltos do conhecimen- para o sujeito. Ao encontrar uma entidade físi-
to um papel ativo e criativo do indivíduo. ca, o significado daquele objeto para o sujeito é
Ryan (1999) acredita que devemos res- criado, e é esse significado, construído pelos
ponder a pergunta sobre se os novos conheci- sujeitos em e através de suas interações sociais
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com a comunidade lingüística onde vivem, que do que qualquer das manifestações dessa dou-
os teóricos pós-modernos chamam de realida- trina impede qualquer acesso – seja direto ou
de. Se a realidade é incognoscível, estamos mediado – à realidade independente do sujei-
diante da espécie construcionista social de pes- to, o que tornaria inócua sua produção teórica.
simismo epistemológico. Uma vez que o mun- (3) Crítica ao Anti-fundacionismo: Precursores da
do conhecido é o mundo construído socialmen- pós-modernidade como Kuhn (1991) e autores
te através da linguagem, nós não podemos pós-modernos como Gergen (1989) e Feyera-
transcender nossas próprias construções e co- bend (1989) argumentam que assim como os
nhecer a realidade diretamente. Esse tipo de conteúdos do conhecimento são construções
assunção é incompatível com a prática científi- nossas, também o são nossas normas epistê-
ca por motivos óbvios. micas. Portanto, nós não teríamos uma funda-
Ainda por uma outra forma de abordar a ção epistemológica segura sobre a qual o co-
questão, Ryan (1999) afirma que é um erro nhecimento poderia ser construído. O detalhe
pensar que o significado que resulta do contato esquecido aqui é o fato de que só a mente hu-
do sujeito do conhecimento com o objeto físico mana tem sido capaz de adquirir conhecimen-
é somente o resultado das interações sociais do to sobre o mundo e aumentá-lo progressiva-
primeiro. O objeto em si tem suas próprias ca- mente. Os fatos evidenciam que a espécie hu-
racterísticas que são trazidas para os encontros mana ascendeu em seu processo de construção
com os sujeitos, e isso independe da interação do conhecimento. Cabe lembrar aqui que as
da comunidade de sujeitos com respeito ao ob- teses epistemológicas de inspiração racionalis-
jeto para o qual o sentido é criado. Como segue ta defendem que as criações mentais teóricas
Ryan (op.cit.), em virtude de o objeto físico ser (exceção da lógica e da matemática) devem
relativamente estável, ele tende a trazer sempre ser testadas no empírico, para que então se
as mesmas características para todo encontro validem enquanto conhecimento. É a distinção
com o sujeito do conhecimento. É por causa entre contexto de justificação e contexto de
disso que os significados que emergem destes descoberta. As regras lógicas e a realidade
encontros entre sujeitos e objetos físicos têm empírica seriam, portanto, dois fundamentos
geralmente uma consistência muito grande en- epistemológicos objetivos para julgarmos nos-
tre sujeitos os mais diversos. sas hipóteses, que não dependem do contexto.
Por fim, Held (1998) observa que os O Construcionismo Social, ao afirmar
construcionistas sociais presumem que um pro- que não temos nenhuma fundação epistemoló-
cesso de conhecimento ativo por parte do sujei- gica segura, além de ignorar deliberadamente
to, que está implícito no próprio termo o fato evidenciado através de todas as con-
‘construcionismo’, necessita de uma ontologia quistas da Ciência Moderna de que nós pode-
anti-realista e uma epistemologia construcio- mos avançar em nosso conhecimento sobre a
nista para se sustentar. Discordando dessa posi- realidade, se compromete implicitamente com
ção, ela lembra que o próprio construtivismo a tese epistemológica de que não podemos
que nasce da epistemologia genética de Jean avançar de teorias inseguras para teorias segu-
Piaget (1975) é um tipo de “construcionismo” ras.
que se baseia numa ontologia e epistemologia Porém podemos certamente avançar de
realistas, ao mesmo tempo em que defende a teorias inseguras para teorias menos insegu-
possibilidade de acesso racional do sujeito a ras. Esta é a posição do Racionalismo Crítico.
uma realidade objetiva e independente. Held, Karl Popper (1975), fundador desta aborda-
assim como Matthews (1998) e também Ri- gem em filosofia da ciência, defende que o
chardson (1998), é uma das críticas do Cons- progresso na ciência é alcançado através de
trucionismo Social que rejeita de forma conclu- um processo de tentativa e erro, conjecturas e
siva os dois tipos de anti-realismo presentes refutações. De acordo com sua posição, que
nas teorias construcionistas sociais apresenta- adoto aqui neste artigo, teorias não podem ser
dos no item anterior. Held (1998) é explícita nunca verificadas ou demonstradas verdadei-
em sua rejeição das formas “mais radical” e ras, elas podem unicamente ser falseadas. O
“menos radical” de anti-realismo, argumentan- fato de esse falseamento poder por sua vez
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sofrer ele próprio falseamento posterior não representacionismo como a base do Constru-
coloca problema para o Racionalismo Crítico, cionismo Social. Este princípio defende, em
somente o confirma e aponta mais uma vez suma, não haver nem poder haver uma relação
para o caráter conjetural e crítico do conheci- fixa ou intrínseca entre as palavras e o mundo
mento científico. De qualquer maneira, é im- que elas representariam. A linguagem seria
portante lembrar que o falseamento de uma somente um convencionalismo. Nada novo há
teoria é sempre mais seguro que sua corrobora- aqui. É só a volta requentada de argumentos
ção, o que aponta novamente para o mesmo medievais nominalistas. Smith (op.cit., p.408)
caminho que o conhecimento humano continua ataca essa concepção classificando-a de “tola e
trilhando desde Sócrates, que é não o de ter desorientada” uma vez que mergulha no relati-
segurança quanto ao que as coisas são, mas vismo radical. Causa surpresa a ele que Gergen
sim de tê-la sobre o que elas não são. não apresente suas posições como “resultado
É necessário dirigir uma outra crítica ao de patológica saturação social” (Smith, op.cit.,
anti-fundacionismo. Uma vez que se admite p.408), mas sim como reivindicações de verda-
que as normas epistêmicas são meras constru- de. Em outro texto no qual replicou a resposta
ções nossas e que portanto nós não teríamos de Gergen (1994), Smith (1995) observa com
uma fundação epistemológica segura sobre a indignação que enquanto os pós-modernistas
qual o conhecimento poderia ser construído, negam qualquer privilégio epistemológico es-
estamos repetindo de uma outra maneira a ale- pecial à ciência se comparada à intuição ou ao
gação kuhniana de incomensurabilidade dos mito, eles reclamam implicitamente para a crí-
paradigmas. Não é possível sustentar a afirma- tica pós-moderna um patamar epistemológico
ção de que mesmo nas mudanças conceituais do qual julgam privilegiadamente a ciência.
mais radicais, possa não existir algo que per- O estudo da linguagem como um con-
maneça o mesmo. Se não existisse esse algo, vencionalismo não deixa lugar para a realida-
os dois paradigmas sequer poderiam ser reco- de. Se a filosofia abandona o projeto de se
nhecidos como referentes a uma mesma deter- “polir” enquanto espelho do mundo como su-
minada ordem de coisas. Mais do que isso, não geriu Rorty, então parece condenada a se tornar
se pode falar em desenvolvimento sem falar uma casa de espelhos lingüísticos onde um es-
em progresso, e progresso é sempre em direção pelho reflete palavras para um outro espelho
a algo. Na ciência, esse algo é a verdade. Por- que reflete palavras para outro infinitamente
tanto, uma vez que reconhecemos uma teoria num “jogo de linguagem” que sempre se referi-
como preferível a uma outra em relação a uma rá a outras palavras mas nunca à coisa em si.
determinada ordem de coisas, não podemos Ora, se as proposições não podem representar a
deixar de reconhecer implicitamente que o de- realidade, então elas se referem unicamente a
senvolvimento da ciência é teleológico. Quan- outras proposições, e assim infinitamente. Pra-
do afirma seu anti-fundacionismo, o Construti- wat (1996) observa que desta maneira Rorty e
vismo Social cai numa contradição, pois obvia- Gergen caem em sua própria armadilha, que é
mente defende que essa é uma posição episte- a assunção de que estamos totalmente confina-
mológica mais correta. No entanto, baseado em dos às palavras.
que ele pode afirmar essa superioridade episte- Em crítica semelhante, John Maze
mológica se não existem fundações epistemo- (2001) expõe as contradições internas do Cons-
lógicas seguras para avaliar qualquer conheci- trucionismo Social. Estas incluem sua incapa-
mento? Ou seja, se não há parâmetro ou prova cidade para afirmar qualquer coisa a respeito
suficiente para garantir a validade de qualquer de qualquer coisa em virtude de seu anti-
conhecimento, como foi possível chegar a essa representacionismo e seu argumento de que o
conclusão acerca da validade do conhecimento, objetivismo é inerentemente autoritário. Maze
(ou seja, a da não validade) entendendo-a como demonstra a vinculação do Construcionismo
válida? Eis mais uma das muitas contradições Social a Derrida e ao desconstrucionismo, vin-
filosóficas que encontramos aqui. culação por meio da qual o Construcionismo é
(4) Crítica ao Anti-representacionismo: Gergen (1994) uma espécie de desconstrucionismo e os enga-
em sua resposta a Smith (1994) defende o anti- nos seguem, portanto, de um no outro. A meta-
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teoria do Construcionismo Social, segundo abstratos. Sem este pressuposto, nem mesmo
Maze (2001), embora aceite que toda teoria o entendimento de minhas palavras neste arti-
epistemológica coerente deva ser auto- go seria possível.
reflexiva, nega que qualquer assertiva possa ser
Psicologia pós-moderna: uma impossibilidade
verdadeira, assim como nega existirem realida-
Depois da demonstração da incompati-
des independentes a serem referidas por essas
bilidade de todas as principais posições episte-
assertivas. No entanto, trata dos discursos co-
mológicas do Construcionismo Social com a
mo tendo existência objetiva e assume que sua
Ciência Moderna, a mais gritante das incoe-
própria assertiva sobre o discurso é verdadeira.
rências do Construcionismo Social aparece no
Assim, o Construcionismo Social se contradiz
fato de ele próprio se caracterizar como uma
em suas premissas básicas. Assumindo o anti-
Psicologia pós-moderna. Essa contradição foi
representacionismo do desconstrucionismo, o
observada com lucidez por ao menos um dos
Construcionismo Social chega ao mesmo ceti-
representantes deste movimento, Steinar Kva-
cismo desesperado do primeiro. Como afirma
le (1992). Usando argumentos predominante-
Maze (2001), o aforisma desconstrucionista de
mente historicistas, ele observa que a época
que não existe nada além do texto se revela
histórica em que vivemos é descrita como u-
como a versão idiossincrática de Derrida para o
ma época pós-moderna na qual os princípios e
idealismo clássico. Diz ele: “o reconhecimento
valores básicos da modernidade foram supera-
da possibilidade e necessidade de objetividade
dos. Ao mesmo tempo, a Psicologia é um pro-
no discurso não é, como alguns construcionis-
jeto da modernidade, entrando em uso como
tas reclamam, autoritário. É sim essencial para
termo durante a era do Iluminismo e fundada
uma crítica efetiva do dogma social” (Maze,
como ciência no fim do século dezenove. Se
op.cit., p.393).
estas duas premissas são verdadeiras, então a
Ainda como observa Matthews (1998),
ciência da Psicologia está fora de sintonia
cada declaração sincera é uma tentativa de dar
com a presente época. Diz Kvale: “Então os
uma explicação verdadeira sobre algo assumi-
dois termos ‘Psicologia’ e ‘Pós-modernidade’
do como real:
são incompatíveis, e uma Psicologia pós-
Quando eu declaro que dirigi meu carro moderna é uma contradição em termos (1992,
para a loja, eu não estou dirigindo nem p.31).
visitando uma representação simbólica Como afirma Kvale (1992), a dicotomia
ou manifestação simbólica de ‘carro’ ou moderna entre o universal e o individual en-
‘loja’. Eu estou dirigindo um veículo controu na Psicologia seu espelho ideal, com a
real de 2000 libras através do tempo e do oposição entre os métodos nomotéticos e idio-
espaço para um lugar. (p.24) gráficos. Isso porque, como sabemos, a mo-
Voltando à questão do realismo ontoló- dernidade não se caracteriza somente pela
gico podemos estabelecer a implicação neces- busca de objetividade e universalidade, mas
sária entre este e o representacionismo. O cora- também pela busca do individual e do particu-
ção da questão, é que o realismo ontológico é lar. Dessa forma, Kvale (op.cit.) lembra que o
assumido por nossa linguagem, sendo na ver- behaviorismo e o humanismo são os dois la-
dade sua própria essência. O ataque ao repre- dos da mesma moeda moderna, assim como
sentacionismo é na verdade o ataque ao realis- respectivamente suas abordagens nomotética e
mo ontológico, à base da metafísica ocidental. idiográfica. Na verdade, a perspectiva idiográ-
É absolutamente irrelevante o caráter arbitrário fica se baseia totalmente na idéia de sujeito,
da relação entre significante e significado. Não um sujeito que aparece não como uma resul-
interessa se nós chamamos a caneta de tante de uma série de coisas, mas como o ini-
“caneta”, ou mesmo a ciência de “ciência”. O ciante de uma série de coisas. Assim, o enfo-
que interessa é o conceito abstrato de caneta e que compreensivo é próprio para o estudo de
o conceito abstrato de ciência. O realismo on- um objeto que é autoconsciente, auto-
tológico que sustenta a atividade científica, orientado e criativo. Esse sem dúvida é um
filosófica e mesmo meramente representacio- objeto rigorosamente oposto ao “objeto” da
nal é baseado na existência real dos conceitos Psicologia de influência pós-modernista. Por
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todos estes motivos, não resta a porta do méto- uma linguagem apropriada – leis generalizá-
do idiográfico de pesquisa para o Construcio- veis e universais, ainda que aproximativas no
nismo Social. Este último se caracteriza pela caso das ciências empíricas, sempre existirá.
defesa da morte do sujeito, sua dissolução na Além do mais, se trata do conceito de uma an-
rede de relações lingüísticas sociais em que tiga e excepcionalmente bem sucedida (no ob-
está inserido. Como afirma Kvale (1992), jetivo de aumentar a compreensão e o poder do
a morte pós-moderna do sujeito pode homem sobre a natureza) tradição cultural. Es-
ser equivalente à morte da Psicologia – a te tipo de atividade, que no mínimo deve ser
ciência moderna do sujeito. Se a Psicolo- aceita como tendo um excepcional poder prag-
gia tem sido o modo privilegiado da mo- mático, certamente continuará a ser uma ativi-
dernidade para entender o homem, uma dade muito bem sucedida e muito requisitada
era pós-moderna também pode significar pela sociedade. Apropriar-se do termo ciência,
uma era pós-Psicologia (p.52). que a representa, e deformá-lo a ponto de não
representá-la mais, não extinguirá a atividade
Concordo com julgamento de Kvale so-
em si. Outro termo mais específico será com o
bre a incoerência da tentativa de teóricos que
tempo associado a ela, talvez ciência moderna,
conscientemente assumem o caráter pós-
e então o prestígio e os recursos que o sucesso
moderno de sua produção acadêmica, de carac-
deste tipo de atividade traz farão os teóricos
terizarem sua obra como produção científica. A
pós-modernos buscar desconstruir o novo ter-
ciência, uma vez reconhecida como um projeto
mo para se apoderar dele, indefinidamente. A
anacrônico da modernidade, deveria ser deixa-
única atitude coerente que os teóricos pós-
da em paz, e não utilizada enquanto fachada
modernos poderiam adotar aqui é estabelecer
designativa por aqueles que querem sorver os
um novo termo para seu tipo de atividade, que
recursos e o prestígio usualmente destinados
certamente é muito diversa da ciência. E é di-
pela sociedade ao desenvolvimento científico.
versa, por tantos motivos quanto já expressos
Afirmar que é preciso se encontrar um
neste artigo, e ainda outros que o espaço redu-
novo significado para o termo ciência é um
zido da exposição não permite abordar.
sofisma e uma incoerência. É uma incoerência
porque se seguissem conseqüentemente seus A psicologia não pode renunciar à ciência
princípios relativistas culturais, os teóricos pós- Os pressupostos filosóficos nos quais se baseia
modernos teriam que respeitar os padrões de a Psicologia Social de orientação pós-moderna,
um contexto cultural diverso do seu, no caso o o Construcionismo Social, são inválidos logi-
modernismo, com seu sistema de valores e suas camente em virtude de seu caráter contraditório
“verdades contextualizadas cultural e historica- e incompatível com aquele tipo de atividade
mente” como querem eles. Mas ao contrário, humana que busca formular, mediante lingua-
procuram autoritariamente dissolver e descons- gens rigorosas e apropriadas, leis por meio dos
truir a ciência como a conhecemos denuncian- quais se regem os fenômenos, e que denomina-
do-a como executora de um código cultural mos Ciência. O Construcionismo Social rejeita
autoritário, principalmente por defender a exis- todos os pressupostos necessários à atividade
tência de uma realidade objetiva e de verdades científica. Rejeita o realismo ontológico e ado-
universais. Baseado em quê uma pessoa que ta um anti-realismo ontológico; rejeita o princí-
parta de pressupostos relativistas éticos e epis- pio da necessidade de algum nível de regulari-
temológicos pode denunciar a validade de um dade do objeto e adota o princípio de irregula-
outro sistema de valores morais ou epistêmi- ridade absoluta do objeto; rejeita o otimismo
cos, a não ser no mais contraditório autoritaris- epistemológico adotando um pessimismo epis-
mo? temológico; rejeita a capacidade representativa
Por outro lado, afirmar que é preciso se da linguagem adotando um anti-
encontrar um novo significado para o termo representacionismo; rejeita a teoria da corres-
ciência é também um sofisma, porque o con- pondência como critério de verdade; rejeita os
ceito de um tipo de atividade humana que bus- pressupostos lógicos fundamentais com a acei-
ca alcançar – através da observação controlada tação de incoerências e contradições teóricas
e mensurada da realidade e da utilização de como elementos naturais de seu corpo teórico;
79 Construcionismo social: crítica epistemológica
rejeita o método como sendo um “truque retó- mana um amplo aumento de sua liberdade
rico”, rejeita o pressuposto axiológico do co- frente às limitações que o meio-ambiente im-
nhecimento como algo de valor intrínseco com punha sobre sua existência na Terra. Da mes-
a afirmação que as reivindicações de conheci- ma forma, o ser humano procura descobrir
mento objetivo são politicamente opressoras proposições seguras sobre sua própria nature-
em virtude de seu próprio código. za como forma de ampliar sua liberdade frente
Na verdade, a conclusão de que o Cons- aos condicionamentos biológicos, psicológi-
trucionismo Social é incompatível com a ciên- cos e culturais que lhe são impostos.
cia deriva necessariamente de uma conclusão Necessitamos estabelecer, todos nós
anterior de que não podemos renunciar ao sen- que respeitamos o legado da ciência moderna,
tido tradicional do termo ciência na Psicologia. uma distinção teórica clara entre a Psicologia
Temos grandes problemas e limitações em nos- científica e a visão psicológica pós-moderna.
sa disciplina, principalmente de caráter ontoló- Esta distinção cumpriria a função, hoje vital
gico. No entanto, não devemos alterar o signi- para a reputação da Psicologia como ciência e
ficado do termo ciência para adequar a Psicolo- como profissão no Brasil, de explicitar a dife-
gia a ele, antes, precisamos limitar o escopo da rença entre esses dois tipos de atividade tão
Psicologia para adequá-la à ciência. O respeito díspares em princípios, métodos, objetivos e
aos cânones – não “positivos” como afirmam resultados. Enquanto esta distinção não for
os detratores, mas críticos – da ciência moder- bem clara para os órgãos de fomento científi-
na tem começado a render finalmente bons fru- co, a academia, os outros campos profissio-
tos para nossa disciplina. Seria injustificável nais e principalmente o público leigo, creio
renunciar a esse caminho, tão bem sucedido que a tão combalida imagem de nossa profis-
para outras ciências, neste momento de nosso são e ciência no Brasil continuará acentuando
desenvolvimento. seu processo de erosão perante a sociedade,
A Ciência nos permite estabelecer con- que espera de todo conhecimento que se apre-
sensos não porque é imposta autoritariamente sente como ‘científico’ poder descritivo, pre-
por um “código opressor”, e sim porque apesar ditivo e conseqüentemente pragmático. Caso o
do autoritarismo, opressão e irracionalismo de desprezo pela metodologia científica, a ideo-
alguns grupos ideológicos, fundamentalistas ou logização extrema, a obscuridade conceitual e
dogmáticos, consegue impor-se com a força a esterilidade pragmática que caracterizam as
dos fatos empíricos, da clareza, consistência e idéias básicas do Construcionismo Social se
coerência teórica e dos resultados pragmáticos estabeleçam como a imagem predominante da
de sua aplicação. Apesar de não ser a única, Psicologia, não haverá prestígio anteriormente
como queria o Positivismo, a ciência tem sido emprestado a ela pela ciência moderna que
nos últimos quatrocentos anos a maior força não venha a ser, em pouco tempo, completa-
emancipatória da humanidade, e creio que con- mente dilapidado.
tinuará a ser. Mas essa ciência libertadora do
jugo da ignorância e autoritarismo é a que per- Referências bibliográficas
mite ao menos uma aproximação do conheci-
mento universalmente válido e empiricamente Berger, P. L. e Luckmann, T. (1973). A
comprovável, que transcenda as idiossincrasias construção social da realidade. Petrópolis:
pessoais e culturais por ser reproduzível por Vozes.
todos. É aquele modo de obtenção de conheci- Castañon, G. (2001). Pós-modernidade e psi-
mento que aspira a formular, mediante lingua- cologia social: uma crítica epistemológica.
gens rigorosas e apropriadas (e sempre que Dissertação de mestrado da Universidade
possível matemática), leis universais que expli- Estadual do Rio de Janeiro.
quem, ainda que probabilisticamente, fenôme- Collier, G.; Minton, H. e Reynolds, G.
nos da realidade objetiva. Este ideal descrito (1996). Escenarios y tendencias de la
acima não é meramente um ideal modernista psicología social. Madri: Tecnos.
de ciência. É um ideal de conhecimento seguro Farr, R. M. (1998). As raízes da psicologia
sobre os fenômenos que permitiu à espécie hu- social moderna. Petrópolis: Vozes.
80 G. A. Castañon
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