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A Expansão Missionária paulina

Inegavelmente o Apostolo dos gentios desempenhou um papel fundamental na


expansão missionária da Igreja de Jesus até os confins da terra, cumprindo as
Palavras do Mestre: ’sereis minhas testemunhas até os confins da terra’.
Texto Bíblico: Atos 13 a 21.16.
Como já dissemos,tão logo Paulo se converteu,recebeu a revelação de um
chamado apostólico na esfera do espiritual de Deus, numa profundidade e
alcance que outros apóstolos talvez não tenham vivenciado em seus
ministérios.

1-O Chamado Apostólico:


Após se converter, Paulo passa um período de reclusão, em profunda
comunhão e conhecimento de Deus na Arábia, por período de três anos (Gl.
1.17). Deste período não há maiores esclarecimentos acerca de como ele se
deu,mas,sabemos que era uma preparação espiritual para o desenrolar do
intento de Deus que se daria na vida dele.Já iniciado esse novo período,o
apostolo dos gentios volta para Damasco e começa sua interação com os
demais apóstolos e com a Igreja.Como o chamado de Paulo não consentia em
ser uma peça social no quadro de membros da Igreja,a Pessoa do Espírito
Santo,que é o direcionador das estratégias e da caminhada do Corpo de Jesus
na terra(Jo.3.8),elegeu a Paulo confiando-o o Evangelho da incircuncisão,tendo
como auxiliar a Barnabé(13.2).

2-A Primeira Viagem (13.4 a 14.28):


Antioquia da Síria, que era capital de governadores gregos e romanos, possuía
um dos mais importantes santuários da época, o de Apolo, era uma importante
cidade, da qual Paulo partiu para todas as suas três viagens missionárias.
Saindo de Antioquia Paulo e Barnabé partiram para: Seleucia (13.4),Salamina
(13.5),Pafos (13.6),Perge da Panfilia (13.13) e Antioquia da Pisidia.Saindo da
cidade de Atioquia,Paulo partiu juntamente com Barnabé para o porto marítimo
de Seleucia,partindo para Salamina,em Chipre,onde tinham como cooperador a
João Marcos,ali pregavam normalmente o Evangelho de Cristo nas sinagogas
dos judeus(v.5).
Atravessando a ilha de Chipre, os missionários partiram para o extremo
daquele lugar, ali sua fé e a confirmação do envio divino sobre aqueles homens
estava por si cumprir. Pafos era a capital da província de Chipre,portanto uma
cidade chave na propagação da mensagem cristã,chegando nela o interesse
de Sérgio Paulo,o governador,de ouvir a ministração da Palavra logo se
acendeu,trazendo consigo a resistência do encantador Elimas(ou
Barjesus),amigo de Paulo Sérgio e alguém de estima naquela cidade.O
governador tinha um interesse genuíno de ouvir as Palavras da vida eterna
e,seu ‘amigo’ Elimas,tentava de todas as formas apartá-lo da fé,seja por meio
de seus encantamentos ou por palavras(13.8b). No cumprimento do chamado
apostólico é impossível ao obreiro entrar no campo sem a devida cobertura
espiritual e seus devidos armamentos, é o que vemos no próprio pedido do
apostolo posteriormente quando, em Corinto, pede a intercessão da Igreja
(2Ts. 3.1).
Esse revestimento, que visa confirmar a pregação, por meio de sinais,
prodígios e maravilhas, logo se manifestou a favor da obra trazendo juízo
àqueles que se opunham a justiça de Deus que estava sendo conhecida pelo
governador. Elimas trouxe para si a ira e a condenação de Deus pela
resistência à propagação do Evangelho algo que era garantido por Cristo aos
apóstolos que toda resistência seria quebrada por causa da unção derramada
sobre nós pelo Espírito Santo(Lc.21.14-15),a unção do Espírito permite quebrar
todo e qualquer jugo(Is.10.27),foi exatamente o que ocorreu com Estevão,seus
opositores não lhe podiam resistir(6.10).O resultado,no caso de Sérgio
Paulo,foi a confirmação da inegável manifestação do braço do SENHOR a
ele,e ele creu,obviamente(v.12).

2.1-O Discurso na Sinagoga: ’O Deus deste Povo de


Israel escolheu nossos Pais’
Cumprido o propósito de Deus em salvar o governador e anunciar o tempo
aceitável do Senhor em Chipre, tiveram uma passagem rápida em Perge e
partiram para Antioquia da Pisídia desta vez sem o auxílio de João Marcos, que
volta a Jerusalém. Seguindo o teor básico de pregação,ensinado por Cristo,de
ensino,poder e pregação(Mt.9.25),a ida da primeira viagem missionária
empreendida oficialmente pela Igreja não poderia negligenciar a pregação
expositiva da Palavra de Jesus por meio dos apóstolos Paulo e
Barnabé.Antioquia da Pisídia tinha outro significado nesta viagem pois
possuía,ao contrario de outras visitadas,uma colônia de judeus que,inclusive,
dispunham de uma sinagoga para sua religião.A ida à sinagoga pelos
apóstolos ocorreu,normalmente no sábado,onde os demais judeus,prosélitos e
lideres da religião neste local certamente estavam(13.14-15).
A liturgia da sinagoga ocorreu normalmente com a leitura da lei e dos Profetas
e, na ocasião do salmo, fora dada a oportunidade a quem, porventura tivesse
alguma Palavra de consolação. O culto israelita ocorreria
normalmente,mas,dada a oportunidade Paulo se levanta e procura voltar toda a
atenção dos congregados para si e suas palavras. Proclamando um discurso
simples aos judeus, o apostolo prega poderosamente, acompanhemos o que
Paulo pregou naquele sábado na sinagoga de Antioquia:

 Deus elegeu e Livrou (v.17): Todos ou pelo menos a maioria dos


discursos direcionados aos judeus trazia à memória deles o período de
opressão no Egito e o glorioso livramento realizado por Deus num tempo
que Israel nem era reconhecida como nação, mesmo ali Deus apostou
no povo que havia elegido como luz para as nações
 Deus suportou (v.18-22): A desobediência a Deus sempre marcou Israel
bem como sua facilidade de seguir a outros pensamentos e religiões,
como resposta a isso, Deus sempre suportou em amor, continuamente
enviando uma voz profética a fim de redimir seu povo;
 Deus prometeu (v.23-25): Diante de toda a insubmissão de Israel
àqueles que traziam a mensagem do arrependimento, Deus promete um
libertador capaz de não somente encobrir os erros outrora cometidos,
mas, também, purificar de toda iniqüidade;
 Deus consumou (v.26-32): Todas as profecias anunciavam e apontavam
para um messias que restauraria a glória do Trono de Davi, que havia
sido quebrada, em Cristo, todo o propósito divino de redenção é
consumado;
 Deus confirmou (v.27-37): As alianças estabelecidas por Deus antes de
Cristo convergem perfeitamente para ele e se encaixam perfeitamente
naquilo que está escrito, a Palavra do próprio Deus é o que confirma a
pessoa de Jesus como sendo o próprio redentor prometido;
 Deus adverte (v.38-41): Conhecendo a nossa incapacidade de assimilar
as coisas de Deus, o SENHOR nos adverte a fim de que não deixemos
de vislumbrar as obras de Dele.

A pregação, para aqueles que realmente estavam ligados ao Trono de Deus,


foi um total deleite, ao ponto de clamarem aos homens de Deus que se
fizessem presentes na sinagoga para outro momento como aquele de
exposição da Palavra. Como em todas as pregações,a perseguição veio logo
em seguida.

2.2-O Resultado: ’Eis que nos voltamos para os


gentios’:
O trabalho desempenhado no campo missionário é totalmente diferenciado,
pois a oposição que se levanta contra o mover apostólico é totalmente
imprevisível e bastante característico. Cada lugar que é alcançado tem seus
próprios apelos e resistências e o que motiva a cada grupo é bem diferente.A
oposição que surgiu em Antioquia não seguiu o modelo daquilo que
incomodava os judeus de Jerusalém,o zelo pela Lei,muito pelo contrario,foi
justamente uma Palavra atrativa,que trazia as multidões para ouvir,que os
judeus não possuíam que mais incomodou os religiosos locais.
Uma semana se passou até que Paulo voltou a pregar, era o que todos
daquela cidade esperavam com muita sede. Quando falamos que a mensagem
do Evangelho é atrativa,é gostosa,não estamos,de modo nenhum,aniquilando a
porta estreita,as perseguições,a cruz,etc. apenas estamos evidenciando aquilo
que a própria definição daquilo que é evangelho nos propõe,que é uma boa
noticia.Fica fácil de entender quando,em Mateus 11.5,diz que aos pobres é
anunciado o evangelho.Ora,sendo pobre,não há esperança muitas vezes que
Deus esta atento às necessidades,ninguém atende,é como se estivesse morto
para todos os outros e o evangelho,ou seja,a boa noticia,era anunciado com o
propósito de animar aqueles que se encontravam nesta situação.Era essa
Palavra de animo e esperança que os judeus não dispunham,era tão somente
a Lei,que tentava operar,sem eficácia,como agente regenerador de caráter e
nada mais.
Ver seu curral eclesiástico migrar e afluir alegremente para um grupo que não
fazia parte daquele que dominava a área incomodou os líderes de tal modo que
o agente motivador foi a inveja por tudo aquilo que eles queriam receber, não
do povo, mas, de confirmação do chamado e demonstração de poder espiritual,
que era o que estava ocorrendo por meio de Paulo e Barnabé. Tamanha era a
resistência que,em meio a pregação,contradiziam a tudo que era proferido pelo
apostolo,tentando,a todo modo, desmerecer aquilo que era pregado às
multidões de Antioquia e arredores.
A multidão que se formou não era apenas de judeus e prosélitos, mas,
constava também de gentios que entenderam que faziam parte do grupo de
salvação que Deus tinha por propósito alcançar. Muitos dos judeus presentes
resistiram abundantemente aos missionários,ao ponto de os expulsarem da
cidade.Por sua rejeição uma palavra de benção pôde ainda ser liberada aos
gentios que valorizaram a mensagem,que assegurava o acesso a Deus por
meio de um caminho que somente os judeus poderiam trilhar,mas que agora
não estava restrito a este grupo.

2.3-Perseguição, Idolatria e Apedrejamento:


Na reta final da primeira viagem de Paulo eles saem fugidos de Antioquia e
chegam a Icônio e foram, logo que pregaram na sinagoga, perseguidos e
atribulados pelos judeus que usaram os gentios a fim de não dar credito a
mensagem apostólica. Tamanha foi a perseguição que logo seguiram para
Listra pois queriam o apedrejamento dos apóstolos.O que vemos de diferente
no evangelismo em Listra é uma situação diferente daquilo que ocorreu em
outros locais,pois os opositores da obra seguiram os sinais do mover de Deus
e na cidade de Listra buscam consumar seu plano,paralelo a isso,vemos os
frutos se manifestando numa esfera até então desconhecida.Trata-se da fé que
um coxo possuía para ser curado.Algo que somente é visto em Jerusalém
pelos apóstolos e visto antes com Jesus.Fora dos limites de Jerusalém é a
primeira menção de alguém que, mesmo, aparentemente, desconhecendo a
mensagem cristã, crê para cura.
A prova de que Deus provê manifestações do poder dele mesmo quando não
possuímos os dons são reais quando estamos realizando a obra de Deus,
quando estamos no campo. Mesmo não possuindo dons de cura,Paulo realiza
o milagre pois havia nele revestimento capaz de entender que havia naquele
homem uma fé diferenciada que o possibilitava ser curado e libera essa cura
milagrosa.O problema viria quando uns religiosos buscariam transformar os
dois em deuses vindos dos céus(14.11-13).Estrategicamente os dois pregam e
apontam suas próprias fraqueza e sua impossibilidade de serem tratados como
dignos de honrarias deste tipo,dizendo que mesmo seguindo suas próprias
vaidades Deus não desamparou-os à própria sorte(14.16,17).Estando em Listra
os judeus de Antioquia e Icônio incitaram as multidões com propósito de
apedrejar aos que estavam anunciando a salvação.
Paulo é apedrejado e arrastado para fora da cidade e pensam que está morto.
Os discípulos que estavam seguindo a Paulo e Barnabé neste propósito
rodearam o corpo do apostolo e ele voltou a si,indo para a cidade de
Derbe(14.20).Concluído o plano de evangelização eles voltaram estabelecendo
presbíteros para o cuidado das Igrejas plantadas(v.23).

2.4-Exercendo o Cuidado Pastoral:


A primeira viagem de missões de Paulo e Barnabé evidenciou claramente
que,quando a Igreja se reporta ao Calvário e refaz o caminho até o
Cenáculo,com Pentecoste, ela cumpre cabalmente sua missão apostólica e
profética em meio esse mundo de dores e horrores que jaz no maligno. É a
prova daquilo que o próprio Cristo falou que estando nele damos frutos
gloriosos(Jo.15.5).Os cuidados pastorais não foram negligenciados pelos
missionários vindos de Jerusalém,logo na volta de sua viagem estabeleceram
presbíteros,ou anciãos,que exerceriam o ministério pastoral cuidando dos
novos crentes.
No intervalo entre atos 14, que narra o fim da primeira viagem e atos 15, que
trata do concílio de Jerusalém, Paulo escreve a epístola aos Gálatas, destinada
à nova Igreja em Antioquia, Listra, Derbe e Iconio, tais Igrejas eram conhecidas
como as Igrejas da Galácia (Gl. 1.2). Paulo não descuidou da assistência às
Igrejas que fundou e visitou precisamente porque era parte integrante do
ministério apostólico contemplar todas as demais áreas de atuação do Corpo
de Cristo.A incumbência de ser testemunha da ressurreição englobava
demonstrar tudo aquilo que,junto de nós,Cristo realizou.

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