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ANDERSON AMARAL DE AGUIAR

EDYANE RODRIGUES COUTO


KLEBER JOSÉ BRAYER BAZZI
RONALDO JULIO DA SILVA RUFINO

Diagnóstico rural participativo e estratégia de intervenção

COLORADO DO OESTE
2019
ANDERSON AMARAL DE AGUIAR
EDYANE RODRIGUES COUTO
KLEBER JOSÉ BRAYER BAZZI
RONALDO JULIO DA SILVA RUFINO

Diagnóstico rural participativo e estratégia de intervenção

Diagnóstico rural participativo do Curso de


Engenharia Agronômica do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de
Rondônia – campus Colorado do Oeste,
apresentado como requisito para nota parcial
à disciplina de Sociologia e Extensão Rural.
Docentes: Jordana de Araujo Flôres
Magda Oliveira Pinto

COLORADO DO OESTE
2019
SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DA ATIVIDADE ......................................................................... 3


2 REVISÃO TEÓRICA ................................................................................................ 4
2.1 Agricultura Familiar ............................................................................................... 4
2.2 Burocracia no Crédito Rural .................................................................................. 4
2.3 Tecnificação das Pequenas Propriedades Rurais ................................................. 6
3 DIAGNÓSTICO ........................................................................................................ 7
4 INTERVENÇÃO ....................................................................................................... 9
5 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO ........................................................................... 9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 11
1 APRESENTAÇÃO DA ATIVIDADE

Entende-se por extensão rural a atuação de técnicos no campo para a


transferência de conhecimentos aos produtores para a melhoria de sistemas de
produção, visando atuar no bem-estar econômico, técnico e social dos proprietários
rurais. O conjunto de informações coletadas durante uma atividade extensionista
permite a visualização do funcionamento como um todo da propriedade.
Para a realização desta atividade proposta, as informações coletadas foram
oriundas de um diálogo promovido entre os alunos, que se passaram por
extensionistas e o proprietário rural juntamente com sua família, as informações
técnicas, sociais e econômicas foram levantadas de acordo com a realidade da
propriedade e da família.
Com a produção familiar exercida na propriedade as informações referentes
as atividades técnicas foram coletadas de acordo com o manejo realizado, como o
uso de tecnologias que promovem aumentos na produtividade final.
As informações sociais levantadas se trataram dos indivíduos componentes
da família, visando a importância de cada componente, relacionados com as
atividades exercidas e tomadas de decisão.
De acordo com as atividades técnicas realizadas para a comercialização de
produtos levantou-se informações financeiras da propriedade, analisando a
lucratividade com as vendas e investimentos realizados.
O presente trabalho objetivou realizar a extensão rural em uma propriedade
da região, coletando informações relacionadas com seu funcionamento,
visualizando uma dificuldade encontrada pelos produtores e resolvendo a
problematização.

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2 REVISÃO TEÓRICA

2.1 Agricultura Familiar

A agricultura familiar para o estado de Rondônia é realizada em propriedades


com até 4 módulos fiscais, onde predomina-se a execução das atividades rurais
pelos próprios componentes familiares que residem na propriedade. Os agricultores
familiares em sua maioria buscam se vincular a organizações sindicais a fim de
promoverem a cultura local com variações na produção, atribuindo atividades a toda
família, com intuito de superar a condição de inferioridade atribuída aos produtores
(Picolotto, 2014).
A agricultura familiar atualmente exerce um papel de extrema importância
devido ser responsável de entregar na mesa da população cerca de 70% dos
alimentos que são consumidos e compõem a dieta básica da alimentação. Através
da tecnificação e do trabalho de extensão que possibilita a chegada de
conhecimento técnico nessas propriedades, tem se observado uma maior
produtividade que refletiu em uma diminuição de importação de alguns produtos
(Triches & Schneider, 2010).
A prática de extensão rural no Brasil vinculado aos produtores rurais que
trabalham com a agricultura familiar visa promover o incentivo a realização de
projetos para melhorar a tecnificação da propriedade, auxiliando na aprendizagem
de técnicas utilizada para maximizar a produção. Entretanto os produtores possuem
algumas dificuldades na realização das atividades proposta pelos extensionistas,
visto que o sistema de aquisição de crédito rural possui grande burocracia.

2.2 Burocracia no Crédito Rural

Um dos grandes fatores que possibilita o crescimento rural e é a obtenção de


crédito, uma vez que o recurso financeiro permite um melhor planejamento e
execução de atividade almejadas pelos produtores. Esse problema certamente foi
o que impediu o desenvolvimento mais acelerado das atividades rurais (Santos &
Toneto Júnior, 2012). O Brasil demorou muito pra perceber essa questão, que até

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no ano de 1990 não existia qualquer política pública voltada para a agricultura
familiar (Ribeiro, 2018).
O crédito rural é uma ferramenta que permite o produtor realizar
investimentos, desde em insumos básicos necessários na atividade exercida até a
incorporação de novas tecnologias que facilitam e permitem o aumento da
produção. Entretanto a dificuldade de obtenção de informações e da burocracia
envolvida, leva a uma restrição de concessão do crédito rural (Santos & Toneto
Júnior, 2012).
Para Oliveira et al. (2018), um dos grandes problemas que dificultou o acesso
a financiamentos no meio rural, foi a falta de políticas públicas que facilitasse esse
acesso e a desburocratização envolvida nessa questão.
O processo burocrático envolvido, bem com a documentação implicada até
a liberação do crédito rural leva a um desestímulo do produtor a ir atrás desse
recurso, e acaba preferindo realizar investimento conforme os rendimentos obtidos
na propriedade (Ribeiro, 2018).
Uma das alternativas para tentar minimizar essa carência de acesso a crédito
rural foi o desenvolvimento de programas como a Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF, este que visa atender a pequenos
produtores e lhes conferem alguns benefícios atraentes.
Programas anteriores ao PRONAF já possibilita o produtor rural obter crédito
de maneira mais facilitada, entretanto este programa proporciona vantagens como,
uma taxa de juros mais reduzida, prazos de pagamentos mais atrativo, além de ter
uma avaliação menos criteriosas dos bancos financiadores em relação a
capacidade de pagamento (Ribeiro, 2018).
Dentro deste programa diferentes linhas de financiamento foram criadas para
o benefício como um todo, englobando não só o produtor mas também todos
familiares envolvidos que trabalham na propriedade e, também atividades que o
governo almeja fomentar para maior desenvolvimento, sendo elas: PRONAF Mais
Alimentos – investimento, PRONAF Agroindústria, PRONAF Agroecologia,
PRONAF Eco, PRONAF Floresta, PRONAF Semiárido, PRONAF Mulher, PRONAF
Jovem, PRONAF Custeio e Comercialização de Agroindústrias Familiares,
PRONAF Cota-Parte e PRONAF Microcrédito Rural (Ribeiro, 2018).

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Toda essas linhas de financiamento, associada a uma assistência técnica de
qualidade, seja pública ou privada, como por exemplo a Emater no estado de
Rondônia, que faz uma ponte do produtor com o financiamento e o auxilia nesse
processo, não só na parte técnica mas também na parte burocrática, facilita o
agricultor a obter esses recursos que é um dos principais pontos que impede o
crescimento da atividade na propriedade familiar, evitando assim a descapitalização
do produtor e permitindo que tenha um capital giro maior.

2.3 Tecnificação das Pequenas Propriedades Rurais

A ocorrência de um melhor desenvolvimento local em um ambiente em que


as famílias estão inseridas baseia-se principalmente no fator econômico da região.
A própria natureza familiar, os grupos agrícolas e o parentesco local exercem uma
estabilidade com razões em que permite a persistência e sobrevivência dos grupos
familiares locais. Com um viés econômico essas famílias visam estratégias em
pontos cruciais, podendo assim definir a relação do futuro e seu crescimento da
atividade exercida (Triches & Schneider, 2010).
Associado ao crédito rural, está a tecnificação das propriedades rurais, e
pensando nessa questão Triches & Schneider (2010), veem a tecnologia
empregada no meio rural como uma alternativa para a segurança alimentar, para
que o crescimento da produção agroalimentar seja cada vez mais sustentáveis, e
financeiramente atrativa.
Um dos principais pontos para alavancar as atividades agrícolas é a
utilização de tecnologias no campo, esta pode ser obtida através da compra
equipamentos e inclusão do mesmo na propriedade, assim, o produtor estará
intensificando a produção e facilitando o processo da mesma.
Outro ponto ligado ao emprego da tecnologia nas propriedades é a
implementação de tecnologias, uma vez que interfere diretamente na persistência
das atividades exercidas. Com pouco disponibilidade de terra, a modernização
tecnológica mostra-se uma alternativa muito interessante, aumenta a capacidade
de concorrência, traz um aumento de renda, e evita a procura de outras atividades
que não esteja ligado ao meio rural, e também de abandono definitivo do campo
(Schneider, 2003).

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O avanço tecnológico da propriedade permite a redução do tempo gasto para
exercer uma determinada atividade, e assim possibilita o aumento de produção da
mesma, ou então a introdução de novas atividades, o que leva a aumento da renda
familiar (Schneider, 2003).

3 DIAGNÓSTICO

A propriedade a qual foi visitada está localizada na cidade de Colorado do


Oeste na Avenida Amazonas Nº 5979. O proprietário Paulo Sérgio Rosa e sua
família (Tabela 1), apresentaram a pequena propriedade de 7 ha a qual leva o nome
de “Chácara Nossa Senhora Aparecida”. Nesta chácara foi possível observar a
diversidade dos produtos que são produzidos pela agricultura familiar, em uma
entrevista com o produtor ele nos disse os principais produção que são produzidos
na propriedade, sendo eles: Polpas de frutas, ovos, peixes, doce de goiaba, goiaba
in natura, laranja, banana, mandioca, maracujá, manga. Além disso ele nos contou
que está plantando outras mudas de frutíferas como o caju, graviola, acerola, araçá-
boi e o cupuaçu.

Tabela 1 – Descrição do quadro familiar.


Ocupação Nível de Relação com
Nome Idade Sexo
Principal Escolaridade o Proprietário

Ensino
Paulo Sérgio
49 M Agricultor Fundamental Proprietário
Rosa
incompleto

Cristileuza Ensino
Ribeiro de 42 F Agricultora Fundamental Esposa
Freitas Rosa incompleto

Mateus Ensino Superior


24 M Agricultor Filho
Ribeiro Rosa completo

Sávio Ribeiro Ensino Superior


21 M Estudante Filho
Rosa incompleto

A principal fonte de renda da família é a produção e comercialização de


goiaba in natura e a produção de polpas de frutas (maracujá, goiaba, laranja,
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manga, caju, graviola, acerola, abacaxi, carambola). Esses produtos são
comercializados na própria região de Colorado do Oeste, sendo vendidos de porta
em porta ou comercializados nos supermercados da cidade. O produtor nos contou
ainda que na região ele é um dos poucos produtores que produz goiaba e por
apresentar um pouco de conhecimento consegue produzir os frutos durante o ano
inteiro, podendo assim se manter no mercado.
O produtor e sua família realizam as atividades há aproximadamente 4 anos
e segundo o que nos apresentou em poucos momentos foi necessário pagar uma
diária para desenvolver as atividades, assim a principal mão de obra utilizada é a
familiar.
Quando interrogamos a respeito das tecnologias que utiliza, ele nos
apresentou a despolpadeira e o sistema de irrigação utilizado na lavoura de
maracujá. Esses equipamentos foram adquiridos com recursos da própria
produção, pois ele relatou da dificuldade em conseguir um financiamento para
tecnificação da propriedade.
Outro ponto abordado na entrevista foi em relação a assistência técnica,
segundo o sr. Paulo a Emater não participa de forma conjunta com a atividade,
porém o IFRO nos últimos meses tem atuado nos futuros projetos da chácara da
família Rosa. Além de projeto de extensão no qual será implantado uma unidade
em iLPF na propriedade, a família nos conta que houve trabalhos de pesquisa e
tecnologia que foram desenvolvidos em parceria com o IFRO de colorado, sendo
um deles o projeto de carneiro hidráulico juntamente com o professor Vicente da
área de física.
Esse contato do IFRO com a propriedade não é recente, isso porque os dois
filhos do casal estudaram o ensino médio no campus de Colorado do Oeste,
cursando técnico agrícola e posteriormente na graduação Agronomia, sendo que o
filho mais velho já formou e o mais novo está cursando o 7º período do curso. Assim
além do conhecimento adquirido em sala de aula e aplicado na prática os filhos
contam com o apoio da instituição no desenvolvimento de pesquisa e extensão.
O produtor nos contou que possui um pequeno sítio na cidade de
Corumbiara, onde possui uma plantação de goiaba, assim juntando a produção das
duas propriedades a renda familiar se concentra próxima dos 4 a 5 salários
mínimos.

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4 INTERVENÇÃO

Diante dos relatos na conversa com o produtor, ficou evidente que a principal
problemática apontada na propriedade, é a dificuldade financeira e a burocracia dos
bancos para conseguir a aprovação de financiamentos. Limitando então o
planejamento da projeção futura da propriedade que é de investimento em
estruturas, como uma agroindústria de polpas de frutas e um curral adequado para
gado leiteiro com ordenhadeira mecânica. Consequentemente estas atividades
previstas correm risco de não serem executadas, justamente pelo fato de a família
Rosa não conseguir recursos financeiros para realizar estes investimentos. Em
alguns momentos o Sr. Paulo Sérgio também comentou sobre a dificuldade de
conseguir o selo de comercialização de suas polpas de frutas, e que planeja
conseguir o selo estadual.
Diante disso, listamos algumas alternativas para superar estas problemáticas
(Quadro 1), no caso indicaremos ao agricultor a vincular- se a uma associação de
membros que realizam da mesma atividade ou possuem interesses semelhantes,
sendo especificamente de agroindústrias. Levar adiante o desejo de conseguir o
selo estadual de comercialização juntamente com a associação, mitigando um
pouco a burocracia relacionada a liberação do selo. Outra possível opção seria
também procurar o órgão público de assistência técnica, tal como a EMATER, que
possui excelentes extensionistas que podem prestar consultoria e elaborar projetos
juntamente com o produtor, facilitando assim a aprovação de projetos rurais diante
dos bancos e em seguida a liberação de verbas para investimento na propriedade.

5 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

O cronograma de execução elaborado para a propriedade da família Rosa é


proposto a seguir, onde deve ser realizado uma instalação de uma agroindústria de
polpa de frutas, que segundo os proprietários é um dos futuros projetos de
implantação que pretendem desenvolver. Assim a produção poderá ser
comercializada a nível estadual e ficará dentro dos padrões de produção. O
cronograma e a instalação têm duração de 1 ano.

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Quadro 1 – Cronograma da instalação de agroindústria de polpa.
2019 2020

Atividade dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov

1 X X X X X X

2 X X

3 X X X X X

4 X X

5 X X X

6 X X X

Atividades:
1 - Acompanhamento de assistência técnica realizada pela Emater;
2 - Elaboração de projeto da agroindústria junto a Emater;
3 - Obtenção de crédito rural e construção de agroindústria;
4 - Vincular-se a uma associação de agroindústrias;
5 - Obter o selo estadual de comercialização de polpas;
6 - Comercialização das polpas a nível estadual.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, S. V., OLIVEIRA, L. B., PAULI, R. I. P., Disponibilidade e acesso ao


crédito rural: a percepção dos produtores rurais do município de São Pedro das
Missões (RS). SINERGIA-Revista do Instituto de Ciências Econômicas,
Administrativas e Contábeis, v. 22, n. 1, p. 51-64, 2018.

PICOLOTTO, E. L. Os Atores da Construção da Categoria Agricultura Familiar no


Brasil. RESR, Piracicaba-SP, Vol. 52, Supl. 1, p. S063-S084, 2014.

RIBEIRO, E. S. Agricultura familiar e o crédito rural: algumas considerações


sobre o financiamento público para a agricultura familiar. Boletim DATALUTA
n. 128. ago. de 2018.

SANTOS, E. G., TONETO JÚNIOR, R. Uma análise do acesso ao crédito rural


para as unidades produtivas agropecuárias do Estado de São Paulo: um estudo a
partir do LUPA. Planejamento e Políticas Públicas, n. 38, 2012.

SCHNEIDER, S. Teoria social, agricultura familiar e pluriatividade. Revista


brasileira de ciências sociais. São Paulo. Vol. 18, n. 51 (fev. 2003), p. 99-122,
2003.

TRICHES, R. M., SCHNEIDER, S. Alimentação escolar e agricultura familiar:


reconectando o consumo à produção. Saúde e Sociedade, v. 19, p. 933-945,
2010.

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