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Nº 69332
Turma: GB5
O CONSUMO TEM
SEXO?
4ª Conferência Fórum do Consumo
Na passada terça-feira, dia 8 de Março os alunos de Gestão assistiram ao Fórum do
consumo, na unidade curricular Marketing Operacional. A primeira parte da conferência teve
como objectivo principal perceber se o consumo tem sexo, analisando estudos de mercado. O
Fórum contou com a presença de Pedro Camarinha e Diogo Pereira do Observatório Cetelem,
António Gomes da Gfk e por fim Marta Santos da consultora Kantar Worldpanel.
Cetelem é um banco especializado em crédito ao consumo, faz parte do grupo BNP
Paribas pertence a uma organização internacional, realiza estudos internacionais no âmbito
do crédito ao consumo. Em Portugal apresenta várias áreas de negócio: crédito automóvel,
crédito a particulares e crédito na distribuição.
No mercado automóvel, 54% das mulheres são mais sensíveis à poluição, por sua vez estão
mais adeptas a automóveis, num universo que se associa mais aos homens. São as mulheres
que não conseguem imaginar a partilhar automóvel, pois relacionam o carro a liberdade e
independência- conceito muito valorizado pelo género feminino, uma vez que os homens
tomam isso como garantido. Segundo a base de dados do observatório Cetelem, as mulheres
são menos poupadas que os homens, mas a nível geral tanto homens e mulheres poupam com
pouca regularidade, relativamente ao modo como se pesquisa informação, 58% dos homens
vai à loja e 40% pesquisam por via internet, as mulheres usam as lojas como fonte de
pesquisa.
A Cetelem preocupa-se muito em comunicar para o público feminino, uma vez que
sabe que este tem um peso bastante relevante na decisão do crédito.
O financiamento é uma alavanca de crescimento e aumento de vendas, nas várias
insígnias, tem uma taxa de penetração nas vendas muito elevada nas várias áreas do mercado.
Na área do retalho varia entre 10%, no mercado da electrónica 25% e no mercado do
imobiliário 20%. É um meio para chegar aos vários bens que a pronto os consumidores
poderiam não conseguir adquirir. A Cetelem não tem uma decisão pessoal de ser homem ou
mulher a tomar este serviço. Já no consumo espontâneo das insígnias de especialidade, fala-se
de consumo direccionado para homens ou mulheres, dependendo do mercado que se vai falar.
No mercado alimentar é o género feminino, o mais predominante, no mercado de desporto há
prevalência do sexo masculino. É de mencionar que nas análises do retalho o produto que se
está a examinar é o cartão de crédito, através deste instrumento a Cetelem consegue
compreender a frequência de utilização do cartão, e durante a vida deste, que quantia de
dinheiro é aplicada para perceber que bens são adquiridos.
O bem é que define qual o género que está associado ao consumo, mas há outros
elementos que dizem se será homem ou mulher a adquirir o serviço de financiamento: o
rendimento (mais elevado nos homens) e a profissão (nas mulheres- empregadas de
escritório, função pública, nos homens- empregados de escritório operários, quadros médios/
superiores).Os homens são mais sensíveis a preços, focalizados nas taxas, cashback e na oferta
de mensalidade, as mulheres são mais motivadas a ofertas de bens, member e get member-
convidar uma amiga, ideia de compre um e leve dois.
O homem tem uma relevância significativa, porque é o titular do contrato de crédito- porque
tem o rendimento mais alto. Contudo a parcela feminina de clientes tem uma enorme
relevância porque são elas que determinam a decisão final.
De seguida, o consultor António Gomes apresentou um estudo efetuado a 1200 portugueses,
analisou mais as percepções, o que as pessoas dizem fazer (relativamente a hábito de
consumo). Definiram-se três estilos de comportamento de compra dos homens: grab and go-
compra com rapidez e de forma a passar o menor tempo possível na loja, dentro das
superfícies comerciais, wait and or whine – acompanha a mulher na compra mas não intervém
no processo e fear of the feminine tag- homem que acredita que gosta de compras mas que
isso representa uma ameaça à sua própria masculinidade, provocando algum receio em
assumir que lhe dá algum prazer, o acto de comprar.
Os hábitos de compra são como uma adaptação de competências de necessidades
ancestrais. Há muitos anos, os homens caçavam e as mulheres colectavam aquilo que
conseguiam trazer da natureza. Hoje há nos homens alguns valores no modo como consomem
que apontam para aqueles hábitos de caça, reflectindo assim a habilidade de consumir
rapidamente, de manhã e sozinhos. As mulheres têm instintos colectores, são mais cuidadosas
no processo de decisão e na pesquisa. As competências nas colheitas conferem-lhes
capacidades para assimilar mais opções, voltam sempre ao mesmo local.
Relativamente à frequência de compra e tempo médio, as mulheres dizem que vão 8 vezes por
mês às compras e que dedicam 60 minutos, enquanto os homens dizem que o fazem por 4
vezes por mês, destinando 30 minutos- 1/3 reconhece que não tem a responsabilidade da
tarefa. Então, os homens são tendencialmente mais buyers e as mulheres mais shoppers, pois
os homens entram na loja já com um propósito, compram o que têm planeado, a mulher avalia
a loja toda e por isso demora mais tempo.
Em suma os homens encaram a compra como uma competição, compram bens de
qualidade superior para marcar o seu status. As mulheres compram com emoção, fazem
compras para a família, deixam-se influenciar pelo seu estado de espírito e esta tem efeito de
recompensa. No inquérito, a Gfk perguntou a homens e mulheres quem é que comprava o quê
em casa, por exemplo no vinho, as mulheres disseram que compravam mais do que o seu
conjugue e os homens afirmavam o contrário, ora conclui-se que a percepção é diferente do
que realmente acontece.
Seguiu-se à apresentação de Kantar Worldpanel, focada na distinção entre homens e mulheres
enquanto shoppers e nas diferenças de target.
Apenas 2/3 dos homens fazem compras em FMCG (Fast-moving consumer goods)
quando 95% das mulheres efectuam compras para a sua casa, assim a mulher está mais
desenvolvida e é mais viciada nas compras quer para si quer nas compras para o lar. Logo no
que representa 100% das compras, aquilo que elas adquirem representa 75% versus 1/4 das
compras que são efectuadas por homens.
O shopper homem está muito mais inserido num contexto de lar, mais individual, de produtos
familiares, são basicamente adultos independentes e casais adolescentes sem filhos, as
mulheres por outro lado, estão inseridas em casais com filhos.
O homem não altera o seu padrão de compra, como está menos presente e acaba por
ser menos dedicado a cestas (de compra) maiores. As promoções produzem um maior
impacto na mulher, planificando mais e comprando cestas com maiores. Todavia, o número
médio de lojas diferentes visitadas pelo homem é de três (a preferida é o Lidl) face a uma
média de 5 lojas visitadas por mulheres- as mais procuradas são Continente e Intermarché. O
top três de marcas no grande consumo que os homens dão mais destaque, encontra-se a água
da marca Luso, em segundo lugar leite Gresso, Sagres e Superbock em primeiro. A Mimosa e
Matinal ocupam o primeiro lugar no ranking, e ainda a Coca-Cola e a Activia- são todas marcas
de FCMG que a mulher dá mais importância.
Na categoria de beleza e de higiene pessoal, apenas 30% do valor deste mercado é dedicado
ao homem. As mulheres gastam mais do que os homens, porém é surpreendente que 80% dos
homens afirmam comprar produtos de beleza. As categorias que acabam por estar mais
desenvolvidas no caso do homem envolvem produtos para uso pessoal: desodorizante,
shampoo, já na mulher são produtos como maquilhagem, cremes de rosto, amaciadores para
cabelo. Nas compras de vestuário, ao contrário da mulher, as promoções acabam por ser um
impulso adicional para o homem. Nesta área há uma aproximação entre o gasto realizado pelo
homem e a mulher despende- padrão de compra semelhante, as diferenças estão no que cada
um adquire. A área em que o shopper homem sai a ganhar, é a dos combustíveis, pois são eles
que vão mais vezes abastecer as viaturas, gastam mais porque levam mais quantidade, e
compram um tipo de gasolina mais cara.
O homem tem evoluído a nível de presença em lojas, em 2015, 27% das ocasiões de compra
em FCMG são feitas pelo homem. Aumenta o gasto quando a mulher não está a fazê-lo. É muito
mais sensível à informação da internet- canal potenciador. Em contrapartida, a mulher no
momento da compra acaba por achar que a marca da loja tem quase a mesma qualidade que a
marca do fabricante, o preço é uma condicionante importante nas suas compras.
A grande questão é que uma avaliação apenas pelas variáveis socioeconómicas e
demográficas, não é por si só suficiente para suportar estratégias de marketing, pois pode-se
escolher targets que são mais multidimensionais com base no que é o comportamento de
compra. O perfil pode ser semelhante, mas as realidades não. Aprofundar o target
comportamental de compra para posicionar uma marca, desenvolver uma campanha, planear
e avaliar a publicidade dessas estratégias, são as soluções mais eficazes num universo tão
diverso que é o consumo. Os targets têm diferentes dimensões por detrás, e por isso deve-se ir
mais além da questão se o consumo tem sexo.