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A Comunicação Política na Era da Internet

João Canavilhas
Universidade da Beira Interior

Índice de selecção e codificação assente em valo-


res jornalísticos que tendem a retirar à men-
Introdução 1 sagem inicial parte da sua carga persuasiva.
1 Comunicação política 2 Nesta negociação entre interesses, princípios
2 Dispositivos 4 e objectivos, surge naturalmente o conflito,
2.1 Dispositivos Tradicionais . . . . 5 com ambas as partes a procurarem formas de
2.2 Novos dispositivos . . . . . . . 6 reduzir a dependência mútua.
3 Os novos dispositivos de comunicação Os cidadãos não ficam alheios à contenda
política 11 entre política e jornalismo, valorizando mais
Bibliografia 13 uma das partes envolvidas ou, como acon-
tece nos últimos anos, pondo ambas em
causa. Desfeita a confiança entre os três
Palavras-chave: e-política, marketing, vértices deste triângulo, cada uma das par-
novos meios. tes procura novas formas de legitimação, no
caso dos dois primeiros, ou alternativas de
Introdução acesso à informação, no caso dos cidadãos.
Um dos exemplos deste divórcio ocorreu
Os sistemas político e mediático têm um per- nas eleições norte-americanas de 1992, en-
curso comum pautado por interesses diver- tre George Bush, Bill Clinton e Ross Perot:
gentes. Se os políticos encontram nos media pela primeira vez, cidadãos e políticos deixa-
a forma mais eficaz para chegarem aos cida- ram de confiar na imprensa com intermediá-
dãos, os media procuram na política os acon- rio (Salgado, 2002). A solução encontrada
tecimentos que interessam às audiências, o foi procurar formatos que não implicassem a
que por vezes contraria os interesses dos po- mediação jornalística, como os talk shows e
líticos. Neste jogo de equilíbrios, políticos os town hall meetings televisivos, dois for-
e media tentam retirar mais-valias da rela- matos que agradam aos cidadãos porque têm
ção. Os políticos pretendem fazer chegar a oportunidade de colocar perguntas directa-
uma determinada mensagem ao público, pro- mente aos candidatos.
curando formas de anular ou reduzir a inter- Outra alternativa aos meios tradicionais é
ferência do jornalismo no conteúdo. Porém, a Internet. Graças a este novo meio, a polí-
a mensagem tem de passar por um processo tica parece ter encontrado uma forma de re-
2 João Canavilhas

tomar o contacto directo com o eleitorado, seu lançamento, o vídeo de apresentação no


evitando assim uma intermediação jornalís- Sapo Vídeos registava já 3264 visitas.
tica que não controla. Nas Presidenciais A presença na Internet não é uma novi-
americanas de 2004, a blogosfera foi um fe- dade para os cinco maiores partidos políti-
nómeno em foco, com Howard Dean, candi- cos portugueses, mas só muito recentemente
dato à nomeação democrata, a ser o primeiro começaram a oferecer algo mais do que um
a criar um blogue1 : esta aposta na Internet site com textos e fotos. O sucesso da blo-
permitiu-lhe abrir vias directas no contacto gosfera, a partir de 2003, demonstrou que
com o eleitorado e arrecadar 15 milhões de as novas aplicações (a que chamaremos dis-
dólares para apoio à campanha. Na corrida positivos) não eram um fenómeno exclusivo
à Casa Branca, Bush e Kerry também apos- das novas gerações, mas o início de um fenó-
taram neste novo dispositivo, criando diários meno com potencial para se alargar a toda a
de campanha na blogosfera. sociedade. A adesão às redes sociais e, mais
Na mais recente campanha norte- recentemente, ao Twitter, confirmaram essa
americana a Internet foi de novo um tendência, e hoje estes novos dispositivos on-
elemento importante na manobra de um line fazem parte do quotidiano de milhões de
candidato, Barack Obama, que utilizou cidadãos em todo o mundo.
quase todas as aplicações online disponíveis Apesar deste sucesso, subsistem algumas
no momento. Obama criou espaços nas dúvidas em relação à eficácia destes meios
várias redes sociais, (Obama Everywhere) na comunicação política, ou à forma como
e só no Facebook chegou aos 320 mil uti- devem ser usados no mix de comunicação
lizadores. Para além deste contacto directo dos partidos. Estas aplicações informáticas
com o eleitorado, o candidato arrecadou substituem a forma tradicional de contactar
ainda 28 milhões de dólares de apoio, o que os eleitores ou devem complementar as ac-
lhe permitiu manter alguma distância em ções de campanha tradicionais? E como ge-
relação aos grupos de pressão. rir cada uma destas aplicações para que fun-
Também em Portugal está a crescer a ade- cionem como um ecossistema eficaz e não
são dos partidos aos novos dispositivos. O como uma amálgama de dispositivos sem
exemplo mais recente ocorreu no início de função? A resposta a estas perguntas é o
2009, com a Presidência da República a objectivo deste trabalho, recorrendo-se para
anunciar o reforço da sua presença na In- isso à análise da bibliografia e à observação
ternet. Foram criados canais no YouTube da realidade portuguesa.
e no Sapo Vídeos, presença na comunidade
Flickr e na rede Twitter, “com o objectivo de
1 Comunicação política
disponibilizar informação actualizada sobre
as actividades do Presidente da República”2 . O conceito de comunicação política tem evo-
No dia 30 de Janeiro, quatro dias depois do luído ao longo dos tempos. Do estudo das
1
relações entre governos e eleitorado, o seu
http://www.blogforamerica.com
2
http://www.presidencia.pt/?idc=10&idi=23706 objecto progrediu para um campo mais vasto
que inclui tudo o que está relacionado com
o papel da comunicação na vida política, no-

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meadamente o estudo dos discursos e com- zem ter conseguido algum reconhecimento
portamentos dos três actores envolvidos: po- público (53%), materializado em convi-
líticos, jornalistas e opinião pública, através tes para comentar acontecimentos nos me-
das sondagens (Wolton,1995). diatradicionais (58,8%), na transcrição de
A comunicação política assumiu assim um postsnos jornais (76,5%) ou na abordagem
papel importante no funcionamento dos sis- de cidadãos que os interpelam por causa dos
temas democráticos por centrar a sua aten- postspublicados (76,5%). O maior efeito
ção em alguns fundamentos das democracias dos blogues parece ser a criação de ligações
como a cidadania do conhecimento, enten- a pessoas com interesses comuns (94,1%),
dida como o acesso a informação relevante confirmando-se assim a natureza eminente-
não distorcida, ou o livre acesso aos espaços mente social desta aplicação. Para con-
de debate onde os cidadãos podem deliberar cluir, os bloguers referem que escrever posts
e desenvolver os seus próprios argumentos continua a ser uma actividade gratificante
(Barnett, 1997). (82,4%).
Se o acesso à informação não distorcida Se na perspectiva dos bloguers tudo parece
é condicionado pela intervenção do terceiro funcionar, no campo das audiências os dados
elemento do sistema - a comunicação so- são algo contraditórios. De acordo com o re-
cial - o acesso aos espaços de debate tem latório Bloguers e Blogosfera.pt (Obercom,
vindo a melhorar graças à Internet. Os blo- 2008), quase um quinto da população portu-
gues, por exemplo, são um dispositivo de su- guesa (79,9%) desconhece o que é um blo-
cesso junto dos cidadãos. Trata-se de um gue. Mesmo entre os utilizadores da Inter-
novo terreno onde os cidadãos, individual- net, a blogosfera está longe de ser conhecida,
mente ou em grupo, apresentam opiniões, re- pois apenas metade dos inquiridos (44,9%)
agem a posições políticas, trocam argumen- respondeu saber o que é um blogue. De
tos e questionam a acção dos políticos (Cor- acordo com o mesmo relatório, os blogues
reia, 1998). políticos são procurados apenas por 3,7%
Num inquérito3 realizado a cidadãos com dos habituais leitores de blogues, o que re-
blogues ligados à política, as razões mais duz ainda mais a importância da blogosfera
apontadas para a continuação da actividade política. Como se explica então a força que
foram a participação cívica na sua comuni- alguns blogues têm? A resposta parece clara:
dade (76,5%), constituir uma alternativa aos pela visibilidade que lhes é dada pelos media
media tradicionais(70,6%) e a vontade de in- tradicionais (Canavilhas, 2004) em notícias,
formar os leitores (82,4%). transcrição de textos e convites para partici-
Em relação aos efeitos, os bloguers di- pação em programas. Para além disso, como
3
bem notam Drezner & Farrell (2004), é ine-
Foram enviados questionários aos blogues parti-
cipantes no estudo Blogues Políticos: o dispositivo gável que existe uma forte ligação entre as
criou novo actores? (Canavilhas, 2004). Dos 35 de “elites dos media” (editores, repórteres e co-
2004, sobreviveram apenas 19 e destes responderam lunistas) e a blogosfera política, com estas
17. Em relação ao estudo anterior, em 35% dos blo- elites a procurarem nos blogues as informa-
gues entraram novos autores e em 25% saíram alguns
ções e opiniões que precisam para os seus
elementos.
trabalhos.

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Directa ou indirectamente, os novos dis- é uma vantagem, mas está sujeito a uma
positivos começam a ter um papel impor- reacção imediata imprevisível. O problema
tante no processo de comunicação política, não é tanto a reacção do cidadão, mas o facto
porque dão voz aos cidadãos. Veja-se o caso de ela ser presenciada por jornalistas o que,
da blogosfera: ao funcionar como watchdog sendo uma reacção negativa, prejudicaria a
do jornalismo„ os blogues reforçam a impor- imagem do político. A notícia desta reacção
tância da sociedade civil, reduzindo a possi- enquadra-se já no campo do acesso indirecto
bilidade do sistema político influenciar o sis- à mensagem, pois os cidadãos têm contacto
tema informativo (Gomes, 2004), um dado com o acontecimento através de conteúdos
importante se tivermos em conta que os mass codificados por jornalistas que, devido às
media ainda são o dispositivo mais poderoso. condições do meio e à intermediação, podem
reflectir melhor ou pior a realidade.
2 Dispositivos
b) Características: refere-se à forma
A percepção que os cidadãos têm dos po- que assume a mensagem. Dependendo do
líticos é condicionada por aquilo que lhes formato (vídeo, áudio, papel) e do suporte
é transmitido pelos vários dispositivos de (televisão, rádio, imprensa escrita ou Inter-
comunicação, nomeadamente os media. A net), a mensagem terá diferentes impactos
imagem projectada é previamente estudada junto dos cidadãos, não só pela força dos
pelas assessorias, com o objectivo de explo- conteúdos junto dos receptores, como pela
rar convenientemente as diferentes caracte- dimensão da audiência.
rísticas de cada dispositivo de comunicação.
Torna-se assim evidente a importância des- c) Dimensão da audiência: quantidade
tes “palcos” na construção da imagem de um de pessoas que, potencialmente, pode rece-
político, e por isso tem crescido o recurso ber a mensagem. Por razões óbvias, esta é
aos chamados spin-doctors, verdadeiros cri- a variável mais valorizada pelos políticos.
adores de imagens que utilizam todas as es- A maior parte das acções de campanha são
tratégias e dispositivos ao seu dispor com o programadas de acordo com as agendas dos
intuito de favorecerem o político para quem media, garantindo-se assim a cobertura do
trabalham. acontecimento, o que aumenta a audiência.
Por dispositivo entendemos qualquer ele- A dimensão está intimamente ligada com o
mento que permite ao político ter contacto suporte de distribuição.
com os eleitores, seja individualmente ou em
grupo. As diferenças entre estes dispositivos e) Distribuição: Forma como a mensa-
verificam-se a seis níveis: gem chega aos cidadãos. A distribuição
pode ser em massa ou pessoal. Os meios de
a) Acesso: o acesso à mensagem pode ser comunicação integram-se no primeiro caso,
directo ou indirecto. Dizemos que é directo enquanto as acções de rua e as sessões de
quando não há qualquer mediador entre esclarecimento, por exemplo, se inscrevem
emissor e receptor. Nesta situação, o político na distribuição pessoal.
tem o controlo total sobre o conteúdo, o que

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f) Tempo de emissão/recepção: trata-se casos perderam a importância do passado.


do espaço temporal que decorre entre a
produção da mensagem e a sua chegada ao i) Meios de comunicação social.
destino. É simultânea no caso dos comícios Pela capacidade que têm para influenciar
e das acções de rua, e diferida no caso da a opinião pública, os media são o disposi-
transmissão via media ou dos panfletos, por tivo mais poderoso, e por isso o mais procu-
exemplo. A simultaneidade tem a vantagem rado pelos políticos, mas é também o dispo-
do político receber um feedback directo e sitivo que os políticos menos podem influen-
imediato, um aspecto importante no decurso ciar. A legitimidade dos meios de comunica-
de campanhas, pois é uma oportunidade ção advém justamente do direito à informa-
para repensar estratégias. ção livre e à crítica (Wolton, 1995), pelo que
ao fiscalizarem os políticos procuram justa-
g) Custos de produção: despesas relati- mente marcar a sua posição de independên-
vas à criação e distribuição das mensagens. cia. O jornal Expresso é um bom exemplo
Meios baratos, como os cartazes que eram disso mesmo, ao ter ganho parte do seu pres-
colados por militantes, tornaram-se mais tígio no período em que manteve uma pos-
caros, devido à profissionalização das estru- tura crítica em relação ao primeiro-ministro
turas de campanha, e algo ineficazes, devido Pinto Balsemão (1981-83), dono do próprio
à crescente preocupação dos eleitores com jornal.
questões ecológicas. Já o recurso aos meios É neste contexto que surgem os asses-
audiovisuais é mais caro, pois ainda que sores, profissionais que procuram criar as
a exibição seja integrada nos tempos de melhores condições para que a actividade
antena, a produção é cara. Apesar disso, dos políticos mereça a atenção dos media.
os custos devem ser estudados em termos Marcam-se conferências de imprensa nos
de custo por contacto e não em termos horários dos telejornais para se conseguir um
absolutos. directo, programam-se acções de campanha
em função das horas de fecho dos jornais
Estas seis características, combinadas de ou contactam-se militantes para fazerem in-
diferentes formas, transformam cada dispo- tervenções nos fóruns radiofónicos, como se
sitivo num suporte de campanha único que fossem meros cidadãos. Tudo para ganhar
serve objectivos específicos no mix de comu- espaço nos meios de comunicação, conse-
nicação dos políticos. guindo assim atingir uma audiência ampla
e heterogénea com custos muito reduzidos
2.1 Dispositivos Tradicionais e sem a marca de uma acção de campanha
eleitoral. Os spin-doctors são hoje uma peça
Neste trabalho chamamos dispositivos tradi- fundamental em qualquer estrutura de po-
cionais aos vários mecanismos de campanha der, assegurando que a informação sobre a
utilizados pelos políticos na era pré-Internet. sua organização veiculada pelos mass media
São, evidentemente, dispositivos que con- maximiza as facetas positivas e minimiza ou
tinuam a ser utilizados, mas que nalguns omite os aspectos negativos.

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Para além da informação, os meios de função muito específica. Nos mais recentes
comunicação são ainda o suporte dos tempos actos eleitorais, os tradicionais cartazes têm
de antena, conteúdos cujas audiências são vindo a ser substituídos pelos mupis (mo-
interessantes, mas que perdem importância biliário urbano), uma forma mais ecológica
por se enquadrarem num espaço identificado de divulgar a mensagem. Para além de pro-
pelos cidadãos como “propaganda”, com moverem o político/partido, os cartazes têm
toda a carga negativa que lhe está subjacente ainda um efeito psicológico junto dos mili-
tantes do respectivo partido, pois mostram
ii) Acções de campanha no terreno uma presença forte e funcionam como cata-
Neste grupo enquadram-se os comícios, lizador.
colóquios, sessões de esclarecimento e vi- Os panfletos, autocolantes e brindes ser-
sitas a locais públicos. Se inicialmente es- vem fundamentalmente para criar uma liga-
tas acções tinham como objectivo primordial ção entre os candidatos e os eleitores. A
o contacto com as populações, actualmente oferta permite a aproximação, pois quebra o
são vistas como uma forma de garantir a tão gelo inicial e dá ao candidato a possibilidade
ansiada cobertura mediática, aumentando as- de se apresentar. São ainda uma forma de
sim a dimensão da audiência. multiplicar a divulgação da mensagem, uma
Dependendo do tipo de campanha, estas vez que as pessoas usam essas ofertas. Ape-
acções podem ter mais ou menos impor- sar destas vantagens, o recurso a brindes é
tância: numas eleições autárquicas, as ac- um dispositivo caro e tende criar ruído no
ções de rua são importantes porque existe momento da distribuição, com os cidadãos
grande proximidade entre candidatos e elei- a ignorarem completamente a mensagem.
tores, aproveitando estes últimos para colo-
car ao candidato problemas mais pessoais. 2.2 Novos dispositivos
Já os comícios têm vindo a perder impor-
tância. Mais do que divulgar a mensagem, A partir da segunda metade da década de
estes eventos serviam para demonstrar a 90, os partidos encontraram na Web uma
força das candidaturas em determinadas nova ferramenta para o processo de comu-
localidades. A partir do momento em que os nicação política. Após uma fase inicial algo
partidos começaram a disponibilizar trans- incipiente, em que os sites serviam apenas
portes e a convidar músicos para actuações, para disponibilizar os programas eleitorais,
este dispositivo perdeu importância: as as- a oferta diversificou-se, com novos conteú-
sistências nada dizem acerca da capacidade dos e novas aplicações. Esta diversidade per-
de mobilização dos partidos e por isso os mite dizer que actualmente os dispositivos
comícios são mais um espectáculo montado online reúnem quase todas as características
para os media. dos dispositivos tradicionais, permitindo um
acesso directo ou indirecto, em tempo real
iii) Suportes de propaganda ou diferido, assumindo qualquer formato e
Cartazes, panfletos, autocolantes e brin- tendo uma audiência global sem perder a
des são alguns dos suportes utilizados pelos possibilidade do contacto pessoal.
políticos nas campanhas, cada um com uma Face às enormes potencialidades destes

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dispositivos, os partidos apostaram na dispositivos permitem anular o espaço e o


Internet e a investigação encontrou uma tempo, colocando os cidadãos em contacto
nova área de estudos, a chamada Computer- com outros de regiões diferentes;
Mediated Political Communication (Morris
and Ogan, 1996). Os primeiros estudos em- c) Acesso à informação sem qualquer tipo
píricos divergiam nas abordagens ao tema, de constrangimento: contrariamente ao que
mas tinham algo em comum: concluíam sucede nos media tradicionais, os cidadãos
que os sites partidários têm uma função podem aceder à informação quando e como
informativa, fornecendo dados biográficos desejam, sem necessidade de se sujeitarem
do candidato ou do partido, programas a horários ou programações previamente
eleitorais e agendas dos candidatos, mas estabelecidas;
desprezando a interactividade com os elei-
tores (Schweitzer, 2005). Negligenciava-se d) Acesso universal com a presença
assim uma das características mais pode- simultânea desde qualquer local com uma
rosas da Internet - a interactividade - que ligação à rede.
permite a cidadãos e políticos uma relação
simétrica, entendida como um processo de Apesar da importância destas caracterís-
comunicação bidireccional em que ambos ticas no processo de comunicação política,
influenciam e são influenciados (Lilleaker, Barnett (1997) refere que o sucesso de uma
2006): os políticos fazem chegar a sua men- democracia baseada nos dispositivos online
sagem directamente aos cidadãos, e estes depende de factores como o acesso univer-
colocam algumas das suas preocupações sal à Internet, a formação dos cidadãos com
na agenda dos políticos. A esta importante as competências necessárias para utilizarem
vantagem dos novos dispositivos online correctamente os novos dispositivos e a qua-
podemos ainda juntar quatro características lidade e variedade da informação disponibi-
que podem influenciar o processo de co- lizada no meio. As preocupações do autor,
municação política e o funcionamento das muito pertinentes em 1997, têm hoje me-
democracias (Barnett, 1997). nos importância nalgumas zonas do globo.
Nas democracias ocidentais, as taxas de pe-
a) Capacidade tendencialmente ilimi- netração da Internet atingiram já valores
tada de reunir e distribuir informação: ao muito interessantes4 , estando excluídos des-
contrário dos meios tradicionais, que estão tes números as zonas de acesso público gra-
condicionados pelos espaços destinados a tuito. Em termos de competências verifica-se
determinado tipo de informação, na Web igualmente uma melhoria assinalável, com
é possível disponibilizar a informação em as novas gerações perfeitamente familiariza-
bruto, fornecendo aos cidadãos todos os das com as tecnologias online e uma oferta
dados; formativa gratuita muito alargada ao resto da
4
(De acordo com a Internet World Stats, em
b) Possibilidade dos cidadãos poderem Dezembro de 2008, as taxas são as seguintes: Eu-
comunicar entre si, independentemente ropa (48,3%), América do Norte (73,1%), Oceânia
da sua localização geográfica: os novos (59,9%))

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população. Por fim, a variedade e qualidade fende que os bloguers de maior sucesso são
da informação tem crescido graças ao apa- os que já tinham o seu espaço nos media tra-
recimento de novas ferramentas – como os dicionais, pelo que não há nada de verdadei-
blogues – que fogem ao controlo dos media, ramente novo no sistema. Embora essa si-
oferecendo novos pontos de vista à informa- tuação se verifique nalguns casos, há tam-
ção mainstream. bém inúmeros exemplos de desconhecidos
Estas alterações socioeconómicas estão que chegaram aos media tradicionais pela
na origem do recente sucesso dos novos via dos blogues. No inquérito já referido
dispositivos online junto dos cidadãos, o neste trabalho, 58,8% dos bloguers dizem ter
que chamou a atenção dos media tradici- sido convidados para comentar acontecimen-
onais e de alguns políticos, que aderiram tos nos mediatradicionais e 76,5% confir-
imediatamente ao movimento, lançando mam a transcrição de postsseus nos jornais,
blogues ou criando contas nas redes soci- comprovando-se assim que a blogosfera tem
ais. Já os partidos demonstram uma certa potencial para lançar novos opinion makers.
indiferença, em relação a estes novos dis- A importância da blogosfera pode ainda ser
positivos, continuando a usar os sites como aferida nos meios tradicionais, como o jornal
uma mera brochura electrónica (Lilleaker, Público, que criaram espaços próprios para
2006) para mostrar uma certa afinidade com citarem blogues. Ou ainda pela utilização
a modernidade5 . Na maioria dos casos, de aplicações como o Twingly, que ligam os
os sites partidários limitam-se a juntar as posts a determinadas notícias, criando-se as-
informações distribuídas noutros meios e a sim uma rede de opinião que gera mais infor-
agenda do partido num mesmo espaço, pelo mações passíveis de desencadear novas no-
que neste trabalho falaremos apenas dos tícias sobre o tema. A blogosfera funciona
dispositivos nascidos com a Web 2.0. assim como um espelho da sociedade (Ca-
navilhas, 2004), alimentando-se da imprensa
i) Blogues e microblogues e, simultaneamente, alimentando-a como no-
O sucesso da blogosfera está intimamente vos casos e dados.
ligado com a sua natureza democratiza- É neste contexto de visibilidade que os
dora. Pela primeira vez, o espaço mediático políticos passam a olhar para a blogosfera
tornou-se completamente acessível a todo e como uma forma de emitir opinião mais sus-
qualquer cidadão, independentemente da sua tentada e não sujeita às pressões do momento
condição política, religiosa, económica e so- em que o jornalista os questiona. Nas Le-
cial. Embora todos possam dizer tudo a to- gislativas de 2005, os líderes dos maiores
dos, a realidade demonstra que são poucos os partidos, excepto Francisco Louçã, lançaram
que se conseguem fazer ouvir. Serra (2005) blogues pessoais. O líder do Bloco de Es-
defende que a visibilidade na blogosfera está querda não o fez por considerar que não te-
reservada aos autores que pertencem às eli- ria tempo para o actualizar pessoalmente e
tes sociais, culturais e políticas. O autor de- por duvidar que os outros líderes o fizessem
5
(Rodrigues, 2006). Dois anos mais tarde, em
http://technology.timesonline.co.uk/tol/news/tech
_and_web/article1295165.ece Agosto de 2007, Luís Filipe Menezes viu-se
envolvido num caso de plágio no seu blogue

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pessoal, confessando que afinal não era ele acordo com o Hitwise7 , o Twitter parece es-
o autor, mas sim um seu assessor6 . Esta si- tar a ser usado como uma rede social e como
tuação chamou a atenção para algo de que uma forma de distribuição de informação o
já se suspeitava: os políticos não utilizavam que, a confirmar-se, poderia transformar o
os blogues como um diário, tal como seria Twitter na ferramenta ideal para políticos em
de esperar, mas apenas como mais um dis- acções de campanha ou no decurso de mis-
positivo de campanha entregue aos assesso- sões governamentais. De uma forma rápida,
res. Perdia-se assim uma das grandes van- pessoal e permanente, eleitores e jornalistas
tagens dos blogues: a capacidade para criar podem seguir qualquer político a par e passo.
proximidade com os eleitores, num registo
muito semelhante ao dos panfletos pessoais ii) Redes sociais
enviados por ocasião das campanhas eleito- Aplicações como o Hi5, o Facebook ou o
rais. A pouca importância dada à blogos- Linkedin exploram o conceito de rede. Cas-
fera pode ainda constatar-se pelo facto de ne- tells (1996) considera que nas ligações em
nhum destes blogues de 2005 permitir co- rede há um certo distanciamento pelo que
mentários, ainda que moderados, e apenas as questões sociais perdem importância e
um, o de Paulo Portas, publicar mensagens as pessoas não bloqueiam a comunicação,
enviadas pelos leitores. Perdeu-se assim uma criando-se “laços débeis” que tendem a pro-
oportunidade para aumentar a participação porcionar boas trocas de informações, ge-
dos cidadãos no processo democrático e para rando um precioso e descomprometido feed-
os políticos receberem um feedback prévio back aos políticos.
ao acto eleitoral (Salgado, 2002), uma ajuda Estas aplicações prometiam ser uma ala-
importante para uma eventual correcção de vanca para movimentos cívicos, facilitando
estratégias. a constituição de redes de pressão ancoradas
O aparecimento do Twitter provocou numa relação virtual sem custos para os par-
novas alterações na forma de comunicar ticipantes, mas a prática demonstra que as
online. O chamado microblogging permitiu redes sociais estão a ser utilizadas para ou-
ultrapassar algumas das fragilidades que os tras finalidades mais lúdicas. De acordo com
blogues tinham na sua utilização política, alguns estudos, (Boyd, 2008), a maioria das
reduzindo o espaço de reflexão a 140 carac- pessoas entra nestas redes simplesmente para
teres e permitindo ainda ao político ter uma contactarem amigos ou conhecidos de quem
percepção mais real da sua audiência no estão geograficamente afastados. Embora a
grupo de “seguidores”. As dezenas de apli- adesão a este tipo de redes seja um sucesso
cações (apps) desenvolvidas para o Twitter (só o Facebook tem cerca de 175 milhões de
têm enriquecido o dispositivo, facilitando o utilizadores), as redes acabam por funcionar
acesso e a disponibilização de informação mais como espaços de convívio informal e
a partir de qualquer dispositivo móvel. De menos como palcos para o debate de ideias.
6
Também neste caso têm surgido novas apps
http://dn.sapo.pt/2007/08/23/nacional/luis_filipe
_menezes_alega_assessor_m.html 7
http://weblogs.hitwise.com/us-heather-hopkins/
2009/03/where_to_from_twitter.html

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que facilitam a constituição de redes dentro iii) Videocast e podcast


da própria rede, procurando aglutinar as pes- A disponibilização de vídeos e sons para
soas em torno de causas. Pretende-se desta visionamento/audição imediata ou download
forma aproveitar a escala oferecida pela fer- é outro dos dispositivos com enorme sucesso
ramenta para disseminar a informação, mas junto dos utilizadores. A partilha de fichei-
o facto do conteúdo ser público não implica ros, alguns dos quais copiados dos media tra-
necessariamente que o público esteja interes- dicionais, esteve na origem de um fenómeno
sado nele (Boyd, 2008). Haverá, por isso, que muito rapidamente evoluiu para utiliza-
muito a fazer para explorar as particulares ções mais profissionais. Embora os chama-
das redes sociais no campo da comunicação dos vídeos caseiros constituam ainda a maio-
política. ria dos conteúdos disponibilizados em locais
As grandes vantagens destas redes são a como o Youtube, a qualidade dos trabalhos
escala e a proximidade, dois conceitos muito publicados tem melhorado. Actualmente, é
caros aos políticos. A aposta nestas ferra- possível distinguir perfeitamente dois mun-
mentas tem por base a ideia de que o acesso dos radicalmente diferentes: um dominado
virtual tranquiliza tanto como o acesso real pelos vídeos caseiros e outro onde predomi-
(Kerbel, 1998), o que em grande escala tende nam empresas e organizações que encontram
a transformar estas ferramentas num disposi- aqui forma de divulgar os seus conteúdos
tivo mais poderoso do que os meios tradici- junto de um público mais vasto.
onais, pois permitem codificar a mensagem Pelas suas semelhanças com o meio mais
em vários formatos (multimedialidade), têm poderoso, a televisão, o videocast desper-
uma abrangência global (ubiquidade), possi- tou a cobiça das organizações políticas, bem
bilitam a personalização da informação, dão como o interesse das empresas em adaptar o
ao utilizador a sensação de que é ele quem serviço à comunicação política, oferecendo
controla todo o processo (interactividade) e espaços como o CitizenTube8 . Um outro
escapam ao controlo dos media tradicionais. exemplo aconteceu nas mais recentes elei-
As redes sociais têm um enorme potencial ções norte-americanas, com a CNN a pedir
como ferramenta individual de contacto en- aos seus telespectadores que colocassem no
tre candidatos e eleitores, mas podem ainda Youtube vídeos com perguntas que seriam
ser exploradas na vertente interna dos par- depois mostradas aos candidatos num pro-
tidos, pois funcionam como um espaço vir- grama transmitido em directo.
tual de encontro com os militantes e simpati- Se do lado das empresas e dos cidadãos o
zantes. A participação numa rede com estas dispositivo parece funcionar, do lado dos po-
características facilita o desenvolvimento de líticos há igual interesse. Um exemplo disso
sentimentos de pertença em relação ao par- mesmo é a aposta dos partidos na criação de
tido e tende a criar aquilo a que Jones (1998) canais de vídeo na Web, alguns dos quais já
chama uma “comunidade genuína” pela sua com sucesso no seu objectivo primeiro que é
ligação a uma determinada acção política fu- fazer chegar a mensagem ao maior número
tura. possível de cidadãos. No dia 18 de Dezem-
8
http://www.youtube.com/citizentube

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A Comunicação Política na Era da Internet 11

bro, a RTP exibiu uma peça com excertos 3 Os novos dispositivos de


da Mensagem de Natal9 de Manuela Ferreira comunicação política
Leite, colocada no site do PSD no dia ante-
rior. Embora o vídeo tenha registado ape- Numa sociedade em rede caracterizada pela
nas cerca de 850 visitas, um número pouco mobilidade, o recurso aos novos dispositivos
significativo, a projecção que lhe foi dada de comunicação é uma enorme oportunidade
pela RTP permitiu que a líder do maior par- para a política. Embora subsistam algumas
tido da oposição conseguisse fazer chegar a dúvidas em relação à sua eficácia junto de
sua mensagem de Natal ao eleitorado, num algumas franjas do eleitorado, sobretudo
registo semelhante ao do primeiro-ministro, as gerações mais velhas, é indiscutível
embora com menor duração. que estes novos dispositivos apresentam
O Partido Socialista faz uma utilização di- vantagens importantes:
ferente do vídeo: no seu site, a PS TV com-
pila as notícias televisivas relacionadas com Em primeiro lugar, aumentam a percep-
o partido ou com o Governo. O PP tem tam- ção de participação cívica dos cidadãos, pois
bém um canal no Sapo, com vídeos da AR um factor que afasta os cidadãos da polí-
TV e alguma produção própria, justamente tica é a ideia generalizada de que a sua opi-
os trabalhos que registam melhores audiên- nião conta apenas nos momentos eleitorais.
cias. O PCP disponibiliza ficheiros em ví- O contacto regular com os políticos nas re-
deo e áudio com intervenções em iniciati- des sociais, ainda que virtual, devolve aos
vas do partido, e o Bloco de Esquerda ofe- cidadãos a importância que sentem mere-
rece os tempos de antena. Estes dados per- cer, reaproximando-os da política. Acresce
mitem afirmar que o videocast é o disposi- o facto da Internet ser um meio especial-
tivo mais usado pelos partidos políticos por- mente apreciado pelas gerações mais novas,
tugueses, uma situação que poderá estar re- o que pode funcionar como uma motivação
lacionada com a semelhança deste conteúdo extra para chamar os jovens à vida política.
com aquele que é o meio tradicional mais po- Como refere Lilleaker, “the «wired genera-
deroso: a televisão. Outro facto que pode tion», those computer-literate activists, feel
estar a contribuir para este sucesso é a possi- they gain representation from participating
bilidade de carregar estes ficheiros em dispo- in e-politics” (2006, 74).
sitivos móveis (PDAs, leitores de MP4, etc), E as vantagens não se esgotam neste
o que permite o visionamento em qualquer ponto: em termos de novas tecnologias, os
local e a qualquer hora. jovens são os influenciadores e os deciso-
res no seio da família. Por isso é natural
9
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98 que a informação recebida através da Inter-
&visual=25&article=378485&tema=28
net passe de filhos para pais, aumentando as-
sim a audiência das mensagens difundidas
pelos novos dispositivos.

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12 João Canavilhas

Recomendação: Criar contas nas diversas gar a mensagem directamente aos eleitores
redes sociais, procurando criar “grupos” sem qualquer tipo de cortes. Os media tradi-
com interesses e preocupações comuns. cionais são muito condicionados pelo factor
Estes grupos podem ser os destinatários das tempo, por isso declarações longas são ne-
actividades desenvolvidas pelo político, mas cessariamente cortadas e resumidas. Um es-
funcionam também como forma de sentir as paço que permita explicar detalhadamente as
preocupações da opinião pública em relação propostas pode ser uma ajuda para os eleito-
a temas muito específicos. Podem ainda res, mas também para os opinion makers.
ser exploradas as aplicações oferecidas por Este tipo de canais tem ainda uma outra
essas redes – como os leitores de RSS - vantagem: devido a questões financeiras,
para compilar num mesmo espaço toda a televisões e rádios estão impossibilitadas de
informação publicada no blogue do político, acompanhar todas as acções dos políticos.
por exemplo. Se a informação for disponibilizada pelo
partido para videocast/podcast, há a possi-
Em segundo lugar, estes dispositivos per- bilidade dos canais tradicionais utilizarem
mitem fazer uma segmentação do eleitorado esses vídeos/sons nos seus serviços informa-
de acordo com os mais variados critérios. tivos.
Desta forma, é possível responder a ques-
tões específicas, dando expressão a mais um Em quarto lugar, alguns destes disposi-
anseio do eleitorado, que vulgarmente acusa tivos permitem um contacto mais próximo
os políticos de serem demasiado generalistas e periódico com os cidadãos, demonstrando
nas suas intervenções. disponibilidade do político para atender aos
Recomendação: Criar uma rede de problemas das pessoas.
blogues temáticos que abordem as diver- Recomendação: Abertura de uma conta
sas áreas de interesse dos cidadãos. A no Twitter, um dispositivo que permite a
alternativa é ter apenas um blogue, mas criação de uma rede de proximidade através
fazer uma correcta utilização de etiquetas, dos seguidores. A utilização deste dispo-
facilitando a pesquisa de respostas. Estes sitivo é especialmente recomendada em
blogues devem permitir comentários, ainda campanhas eleitorais ou eventos especiais,
que moderados.A possibilidade de comentar funcionando ao estilo de um directo.
é muito apreciada pelos leitores e aumenta
o tráfego, pois quem comenta regressa ao As quatro situações referidas comprovam
blogue para ler as reacções à sua posição. a existência de um enorme potencial de co-
municação política nestes dispositivos de co-
Em terceiro lugar, estes dispositivos po- municação online, no entanto a sua utiliza-
dem ser usados como forma indirecta de che- ção deve obedecer a um conjunto de regras
gar ao eleitorado, ao ser disponibilizada in- para que não exista uma desadequação entre
formação em formatos que sirvam as carac- o meio e a mensagem.
terísticas dos media tradicionais. Tratando-se de dispositivos de comunica-
Recomendação: Criação de um canal no ção pessoal dirigidos a públicos muito diver-
Youtube ou no Sapo Vídeos para fazer che- sos, é importante que as mensagens utilizem

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uma linguagem que vá de encontro às carac- mocracia Deliberativa: medios, son-


terísticas do público-alvo: escrever para jo- deos y urnas. Ediciones Istmo: Madrid.
vens dos 10 aos 25 anos não é o mesmo que
escrever para pessoas com mais de 60 anos, Boyd, D. (2008). Can Social Network Sites
pelo que a diferença de temáticas e interesses Enable Political Action? Disponível em
deve também verificar-se ao nível da lingua- http://rebooting.personaldemocracy.com
gem utilizada. /node/5493, visitado a 10 de Março de
Outra variável a ter em conta é a dimen- 2009.
são da mensagem, especialmente no caso Castells, M. (1996). La era de la informa-
do texto. Na Web, escrever bem é escrever ción (Vol. I): La sociedad en red. Ma-
pouco, pelo que deve ser utilizado um estilo drid: Alianza Editorial.
semelhante ao do texto jornalístico: claro,
preciso e conciso. Também no caso do ví- Correia, J. (1998). Jornalismo e espaço Pú-
deo deve haver alguma moderação na dura- blico. Covilhã: UBI.
ção das peças disponibilizadas na Web. Drezner, D, W. e Farrel, H. (2004) The
Por fim, é de referir que apesar do poten- power and politics of blogs. Disponível
cial destes novos dispositivos, o seu sucesso em http://www.utsc.utoronto.ca/∼farre
dependerá muito da forma como a comuni- ll/blogpaperfinal.pdf, consultado a 7 de
cação política os integrar no mix de comuni- Janeiro de 2009.
cação. São meios que complementam os dis-
positivos tradicionais e que só cumprem os Ferry, J. M, Wolton, D. e outros (Eds)
seus objectivos quando essa complementari- (1995). El nuevo espacio público. Ge-
dade é explorada naquilo que são os pontos disa: Barcelona.
fortes destes novos dispositivos: a personali-
zação e a interactividade. São, por isso, fer- Gomes, W. (2004). Transformações da polí-
ramentas que se adaptam melhor a uma uti- tica na era da comunicação de massa.
lização pessoal dos candidatos. Aos partidos S. Paulo: Paulus.
compete fazer a integração desta participa- Jones, S. G. (1998). Cybersociety 2.0: re-
ção pessoal nos seus sites, demonstrando as- visiting Computer-Mediated-Communi-
sim que um partido é um conjunto de pessoas cation and Community. Thousand
unidas no objectivo de responder aos anseios Oaks: Sage.
dos cidadãos, e não um mero grupo de inte-
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