Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
João Canavilhas
Universidade da Beira Interior
www.bocc.ubi.pt
A Comunicação Política na Era da Internet 3
meadamente o estudo dos discursos e com- zem ter conseguido algum reconhecimento
portamentos dos três actores envolvidos: po- público (53%), materializado em convi-
líticos, jornalistas e opinião pública, através tes para comentar acontecimentos nos me-
das sondagens (Wolton,1995). diatradicionais (58,8%), na transcrição de
A comunicação política assumiu assim um postsnos jornais (76,5%) ou na abordagem
papel importante no funcionamento dos sis- de cidadãos que os interpelam por causa dos
temas democráticos por centrar a sua aten- postspublicados (76,5%). O maior efeito
ção em alguns fundamentos das democracias dos blogues parece ser a criação de ligações
como a cidadania do conhecimento, enten- a pessoas com interesses comuns (94,1%),
dida como o acesso a informação relevante confirmando-se assim a natureza eminente-
não distorcida, ou o livre acesso aos espaços mente social desta aplicação. Para con-
de debate onde os cidadãos podem deliberar cluir, os bloguers referem que escrever posts
e desenvolver os seus próprios argumentos continua a ser uma actividade gratificante
(Barnett, 1997). (82,4%).
Se o acesso à informação não distorcida Se na perspectiva dos bloguers tudo parece
é condicionado pela intervenção do terceiro funcionar, no campo das audiências os dados
elemento do sistema - a comunicação so- são algo contraditórios. De acordo com o re-
cial - o acesso aos espaços de debate tem latório Bloguers e Blogosfera.pt (Obercom,
vindo a melhorar graças à Internet. Os blo- 2008), quase um quinto da população portu-
gues, por exemplo, são um dispositivo de su- guesa (79,9%) desconhece o que é um blo-
cesso junto dos cidadãos. Trata-se de um gue. Mesmo entre os utilizadores da Inter-
novo terreno onde os cidadãos, individual- net, a blogosfera está longe de ser conhecida,
mente ou em grupo, apresentam opiniões, re- pois apenas metade dos inquiridos (44,9%)
agem a posições políticas, trocam argumen- respondeu saber o que é um blogue. De
tos e questionam a acção dos políticos (Cor- acordo com o mesmo relatório, os blogues
reia, 1998). políticos são procurados apenas por 3,7%
Num inquérito3 realizado a cidadãos com dos habituais leitores de blogues, o que re-
blogues ligados à política, as razões mais duz ainda mais a importância da blogosfera
apontadas para a continuação da actividade política. Como se explica então a força que
foram a participação cívica na sua comuni- alguns blogues têm? A resposta parece clara:
dade (76,5%), constituir uma alternativa aos pela visibilidade que lhes é dada pelos media
media tradicionais(70,6%) e a vontade de in- tradicionais (Canavilhas, 2004) em notícias,
formar os leitores (82,4%). transcrição de textos e convites para partici-
Em relação aos efeitos, os bloguers di- pação em programas. Para além disso, como
3
bem notam Drezner & Farrell (2004), é ine-
Foram enviados questionários aos blogues parti-
cipantes no estudo Blogues Políticos: o dispositivo gável que existe uma forte ligação entre as
criou novo actores? (Canavilhas, 2004). Dos 35 de “elites dos media” (editores, repórteres e co-
2004, sobreviveram apenas 19 e destes responderam lunistas) e a blogosfera política, com estas
17. Em relação ao estudo anterior, em 35% dos blo- elites a procurarem nos blogues as informa-
gues entraram novos autores e em 25% saíram alguns
ções e opiniões que precisam para os seus
elementos.
trabalhos.
www.bocc.ubi.pt
4 João Canavilhas
Directa ou indirectamente, os novos dis- é uma vantagem, mas está sujeito a uma
positivos começam a ter um papel impor- reacção imediata imprevisível. O problema
tante no processo de comunicação política, não é tanto a reacção do cidadão, mas o facto
porque dão voz aos cidadãos. Veja-se o caso de ela ser presenciada por jornalistas o que,
da blogosfera: ao funcionar como watchdog sendo uma reacção negativa, prejudicaria a
do jornalismo„ os blogues reforçam a impor- imagem do político. A notícia desta reacção
tância da sociedade civil, reduzindo a possi- enquadra-se já no campo do acesso indirecto
bilidade do sistema político influenciar o sis- à mensagem, pois os cidadãos têm contacto
tema informativo (Gomes, 2004), um dado com o acontecimento através de conteúdos
importante se tivermos em conta que os mass codificados por jornalistas que, devido às
media ainda são o dispositivo mais poderoso. condições do meio e à intermediação, podem
reflectir melhor ou pior a realidade.
2 Dispositivos
b) Características: refere-se à forma
A percepção que os cidadãos têm dos po- que assume a mensagem. Dependendo do
líticos é condicionada por aquilo que lhes formato (vídeo, áudio, papel) e do suporte
é transmitido pelos vários dispositivos de (televisão, rádio, imprensa escrita ou Inter-
comunicação, nomeadamente os media. A net), a mensagem terá diferentes impactos
imagem projectada é previamente estudada junto dos cidadãos, não só pela força dos
pelas assessorias, com o objectivo de explo- conteúdos junto dos receptores, como pela
rar convenientemente as diferentes caracte- dimensão da audiência.
rísticas de cada dispositivo de comunicação.
Torna-se assim evidente a importância des- c) Dimensão da audiência: quantidade
tes “palcos” na construção da imagem de um de pessoas que, potencialmente, pode rece-
político, e por isso tem crescido o recurso ber a mensagem. Por razões óbvias, esta é
aos chamados spin-doctors, verdadeiros cri- a variável mais valorizada pelos políticos.
adores de imagens que utilizam todas as es- A maior parte das acções de campanha são
tratégias e dispositivos ao seu dispor com o programadas de acordo com as agendas dos
intuito de favorecerem o político para quem media, garantindo-se assim a cobertura do
trabalham. acontecimento, o que aumenta a audiência.
Por dispositivo entendemos qualquer ele- A dimensão está intimamente ligada com o
mento que permite ao político ter contacto suporte de distribuição.
com os eleitores, seja individualmente ou em
grupo. As diferenças entre estes dispositivos e) Distribuição: Forma como a mensa-
verificam-se a seis níveis: gem chega aos cidadãos. A distribuição
pode ser em massa ou pessoal. Os meios de
a) Acesso: o acesso à mensagem pode ser comunicação integram-se no primeiro caso,
directo ou indirecto. Dizemos que é directo enquanto as acções de rua e as sessões de
quando não há qualquer mediador entre esclarecimento, por exemplo, se inscrevem
emissor e receptor. Nesta situação, o político na distribuição pessoal.
tem o controlo total sobre o conteúdo, o que
www.bocc.ubi.pt
A Comunicação Política na Era da Internet 5
www.bocc.ubi.pt
6 João Canavilhas
Para além da informação, os meios de função muito específica. Nos mais recentes
comunicação são ainda o suporte dos tempos actos eleitorais, os tradicionais cartazes têm
de antena, conteúdos cujas audiências são vindo a ser substituídos pelos mupis (mo-
interessantes, mas que perdem importância biliário urbano), uma forma mais ecológica
por se enquadrarem num espaço identificado de divulgar a mensagem. Para além de pro-
pelos cidadãos como “propaganda”, com moverem o político/partido, os cartazes têm
toda a carga negativa que lhe está subjacente ainda um efeito psicológico junto dos mili-
tantes do respectivo partido, pois mostram
ii) Acções de campanha no terreno uma presença forte e funcionam como cata-
Neste grupo enquadram-se os comícios, lizador.
colóquios, sessões de esclarecimento e vi- Os panfletos, autocolantes e brindes ser-
sitas a locais públicos. Se inicialmente es- vem fundamentalmente para criar uma liga-
tas acções tinham como objectivo primordial ção entre os candidatos e os eleitores. A
o contacto com as populações, actualmente oferta permite a aproximação, pois quebra o
são vistas como uma forma de garantir a tão gelo inicial e dá ao candidato a possibilidade
ansiada cobertura mediática, aumentando as- de se apresentar. São ainda uma forma de
sim a dimensão da audiência. multiplicar a divulgação da mensagem, uma
Dependendo do tipo de campanha, estas vez que as pessoas usam essas ofertas. Ape-
acções podem ter mais ou menos impor- sar destas vantagens, o recurso a brindes é
tância: numas eleições autárquicas, as ac- um dispositivo caro e tende criar ruído no
ções de rua são importantes porque existe momento da distribuição, com os cidadãos
grande proximidade entre candidatos e elei- a ignorarem completamente a mensagem.
tores, aproveitando estes últimos para colo-
car ao candidato problemas mais pessoais. 2.2 Novos dispositivos
Já os comícios têm vindo a perder impor-
tância. Mais do que divulgar a mensagem, A partir da segunda metade da década de
estes eventos serviam para demonstrar a 90, os partidos encontraram na Web uma
força das candidaturas em determinadas nova ferramenta para o processo de comu-
localidades. A partir do momento em que os nicação política. Após uma fase inicial algo
partidos começaram a disponibilizar trans- incipiente, em que os sites serviam apenas
portes e a convidar músicos para actuações, para disponibilizar os programas eleitorais,
este dispositivo perdeu importância: as as- a oferta diversificou-se, com novos conteú-
sistências nada dizem acerca da capacidade dos e novas aplicações. Esta diversidade per-
de mobilização dos partidos e por isso os mite dizer que actualmente os dispositivos
comícios são mais um espectáculo montado online reúnem quase todas as características
para os media. dos dispositivos tradicionais, permitindo um
acesso directo ou indirecto, em tempo real
iii) Suportes de propaganda ou diferido, assumindo qualquer formato e
Cartazes, panfletos, autocolantes e brin- tendo uma audiência global sem perder a
des são alguns dos suportes utilizados pelos possibilidade do contacto pessoal.
políticos nas campanhas, cada um com uma Face às enormes potencialidades destes
www.bocc.ubi.pt
A Comunicação Política na Era da Internet 7
www.bocc.ubi.pt
8 João Canavilhas
população. Por fim, a variedade e qualidade fende que os bloguers de maior sucesso são
da informação tem crescido graças ao apa- os que já tinham o seu espaço nos media tra-
recimento de novas ferramentas – como os dicionais, pelo que não há nada de verdadei-
blogues – que fogem ao controlo dos media, ramente novo no sistema. Embora essa si-
oferecendo novos pontos de vista à informa- tuação se verifique nalguns casos, há tam-
ção mainstream. bém inúmeros exemplos de desconhecidos
Estas alterações socioeconómicas estão que chegaram aos media tradicionais pela
na origem do recente sucesso dos novos via dos blogues. No inquérito já referido
dispositivos online junto dos cidadãos, o neste trabalho, 58,8% dos bloguers dizem ter
que chamou a atenção dos media tradici- sido convidados para comentar acontecimen-
onais e de alguns políticos, que aderiram tos nos mediatradicionais e 76,5% confir-
imediatamente ao movimento, lançando mam a transcrição de postsseus nos jornais,
blogues ou criando contas nas redes soci- comprovando-se assim que a blogosfera tem
ais. Já os partidos demonstram uma certa potencial para lançar novos opinion makers.
indiferença, em relação a estes novos dis- A importância da blogosfera pode ainda ser
positivos, continuando a usar os sites como aferida nos meios tradicionais, como o jornal
uma mera brochura electrónica (Lilleaker, Público, que criaram espaços próprios para
2006) para mostrar uma certa afinidade com citarem blogues. Ou ainda pela utilização
a modernidade5 . Na maioria dos casos, de aplicações como o Twingly, que ligam os
os sites partidários limitam-se a juntar as posts a determinadas notícias, criando-se as-
informações distribuídas noutros meios e a sim uma rede de opinião que gera mais infor-
agenda do partido num mesmo espaço, pelo mações passíveis de desencadear novas no-
que neste trabalho falaremos apenas dos tícias sobre o tema. A blogosfera funciona
dispositivos nascidos com a Web 2.0. assim como um espelho da sociedade (Ca-
navilhas, 2004), alimentando-se da imprensa
i) Blogues e microblogues e, simultaneamente, alimentando-a como no-
O sucesso da blogosfera está intimamente vos casos e dados.
ligado com a sua natureza democratiza- É neste contexto de visibilidade que os
dora. Pela primeira vez, o espaço mediático políticos passam a olhar para a blogosfera
tornou-se completamente acessível a todo e como uma forma de emitir opinião mais sus-
qualquer cidadão, independentemente da sua tentada e não sujeita às pressões do momento
condição política, religiosa, económica e so- em que o jornalista os questiona. Nas Le-
cial. Embora todos possam dizer tudo a to- gislativas de 2005, os líderes dos maiores
dos, a realidade demonstra que são poucos os partidos, excepto Francisco Louçã, lançaram
que se conseguem fazer ouvir. Serra (2005) blogues pessoais. O líder do Bloco de Es-
defende que a visibilidade na blogosfera está querda não o fez por considerar que não te-
reservada aos autores que pertencem às eli- ria tempo para o actualizar pessoalmente e
tes sociais, culturais e políticas. O autor de- por duvidar que os outros líderes o fizessem
5
(Rodrigues, 2006). Dois anos mais tarde, em
http://technology.timesonline.co.uk/tol/news/tech
_and_web/article1295165.ece Agosto de 2007, Luís Filipe Menezes viu-se
envolvido num caso de plágio no seu blogue
www.bocc.ubi.pt
A Comunicação Política na Era da Internet 9
pessoal, confessando que afinal não era ele acordo com o Hitwise7 , o Twitter parece es-
o autor, mas sim um seu assessor6 . Esta si- tar a ser usado como uma rede social e como
tuação chamou a atenção para algo de que uma forma de distribuição de informação o
já se suspeitava: os políticos não utilizavam que, a confirmar-se, poderia transformar o
os blogues como um diário, tal como seria Twitter na ferramenta ideal para políticos em
de esperar, mas apenas como mais um dis- acções de campanha ou no decurso de mis-
positivo de campanha entregue aos assesso- sões governamentais. De uma forma rápida,
res. Perdia-se assim uma das grandes van- pessoal e permanente, eleitores e jornalistas
tagens dos blogues: a capacidade para criar podem seguir qualquer político a par e passo.
proximidade com os eleitores, num registo
muito semelhante ao dos panfletos pessoais ii) Redes sociais
enviados por ocasião das campanhas eleito- Aplicações como o Hi5, o Facebook ou o
rais. A pouca importância dada à blogos- Linkedin exploram o conceito de rede. Cas-
fera pode ainda constatar-se pelo facto de ne- tells (1996) considera que nas ligações em
nhum destes blogues de 2005 permitir co- rede há um certo distanciamento pelo que
mentários, ainda que moderados, e apenas as questões sociais perdem importância e
um, o de Paulo Portas, publicar mensagens as pessoas não bloqueiam a comunicação,
enviadas pelos leitores. Perdeu-se assim uma criando-se “laços débeis” que tendem a pro-
oportunidade para aumentar a participação porcionar boas trocas de informações, ge-
dos cidadãos no processo democrático e para rando um precioso e descomprometido feed-
os políticos receberem um feedback prévio back aos políticos.
ao acto eleitoral (Salgado, 2002), uma ajuda Estas aplicações prometiam ser uma ala-
importante para uma eventual correcção de vanca para movimentos cívicos, facilitando
estratégias. a constituição de redes de pressão ancoradas
O aparecimento do Twitter provocou numa relação virtual sem custos para os par-
novas alterações na forma de comunicar ticipantes, mas a prática demonstra que as
online. O chamado microblogging permitiu redes sociais estão a ser utilizadas para ou-
ultrapassar algumas das fragilidades que os tras finalidades mais lúdicas. De acordo com
blogues tinham na sua utilização política, alguns estudos, (Boyd, 2008), a maioria das
reduzindo o espaço de reflexão a 140 carac- pessoas entra nestas redes simplesmente para
teres e permitindo ainda ao político ter uma contactarem amigos ou conhecidos de quem
percepção mais real da sua audiência no estão geograficamente afastados. Embora a
grupo de “seguidores”. As dezenas de apli- adesão a este tipo de redes seja um sucesso
cações (apps) desenvolvidas para o Twitter (só o Facebook tem cerca de 175 milhões de
têm enriquecido o dispositivo, facilitando o utilizadores), as redes acabam por funcionar
acesso e a disponibilização de informação mais como espaços de convívio informal e
a partir de qualquer dispositivo móvel. De menos como palcos para o debate de ideias.
6
Também neste caso têm surgido novas apps
http://dn.sapo.pt/2007/08/23/nacional/luis_filipe
_menezes_alega_assessor_m.html 7
http://weblogs.hitwise.com/us-heather-hopkins/
2009/03/where_to_from_twitter.html
www.bocc.ubi.pt
10 João Canavilhas
www.bocc.ubi.pt
A Comunicação Política na Era da Internet 11
www.bocc.ubi.pt
12 João Canavilhas
Recomendação: Criar contas nas diversas gar a mensagem directamente aos eleitores
redes sociais, procurando criar “grupos” sem qualquer tipo de cortes. Os media tradi-
com interesses e preocupações comuns. cionais são muito condicionados pelo factor
Estes grupos podem ser os destinatários das tempo, por isso declarações longas são ne-
actividades desenvolvidas pelo político, mas cessariamente cortadas e resumidas. Um es-
funcionam também como forma de sentir as paço que permita explicar detalhadamente as
preocupações da opinião pública em relação propostas pode ser uma ajuda para os eleito-
a temas muito específicos. Podem ainda res, mas também para os opinion makers.
ser exploradas as aplicações oferecidas por Este tipo de canais tem ainda uma outra
essas redes – como os leitores de RSS - vantagem: devido a questões financeiras,
para compilar num mesmo espaço toda a televisões e rádios estão impossibilitadas de
informação publicada no blogue do político, acompanhar todas as acções dos políticos.
por exemplo. Se a informação for disponibilizada pelo
partido para videocast/podcast, há a possi-
Em segundo lugar, estes dispositivos per- bilidade dos canais tradicionais utilizarem
mitem fazer uma segmentação do eleitorado esses vídeos/sons nos seus serviços informa-
de acordo com os mais variados critérios. tivos.
Desta forma, é possível responder a ques-
tões específicas, dando expressão a mais um Em quarto lugar, alguns destes disposi-
anseio do eleitorado, que vulgarmente acusa tivos permitem um contacto mais próximo
os políticos de serem demasiado generalistas e periódico com os cidadãos, demonstrando
nas suas intervenções. disponibilidade do político para atender aos
Recomendação: Criar uma rede de problemas das pessoas.
blogues temáticos que abordem as diver- Recomendação: Abertura de uma conta
sas áreas de interesse dos cidadãos. A no Twitter, um dispositivo que permite a
alternativa é ter apenas um blogue, mas criação de uma rede de proximidade através
fazer uma correcta utilização de etiquetas, dos seguidores. A utilização deste dispo-
facilitando a pesquisa de respostas. Estes sitivo é especialmente recomendada em
blogues devem permitir comentários, ainda campanhas eleitorais ou eventos especiais,
que moderados.A possibilidade de comentar funcionando ao estilo de um directo.
é muito apreciada pelos leitores e aumenta
o tráfego, pois quem comenta regressa ao As quatro situações referidas comprovam
blogue para ler as reacções à sua posição. a existência de um enorme potencial de co-
municação política nestes dispositivos de co-
Em terceiro lugar, estes dispositivos po- municação online, no entanto a sua utiliza-
dem ser usados como forma indirecta de che- ção deve obedecer a um conjunto de regras
gar ao eleitorado, ao ser disponibilizada in- para que não exista uma desadequação entre
formação em formatos que sirvam as carac- o meio e a mensagem.
terísticas dos media tradicionais. Tratando-se de dispositivos de comunica-
Recomendação: Criação de um canal no ção pessoal dirigidos a públicos muito diver-
Youtube ou no Sapo Vídeos para fazer che- sos, é importante que as mensagens utilizem
www.bocc.ubi.pt
A Comunicação Política na Era da Internet 13
www.bocc.ubi.pt
14 João Canavilhas
Missika, J.L e Wolton, D. (1983). La Folle J.M. Ferry, D. Wolton e outros (1995).
du Logis. Paris : Gallimard. El nuevo espacio público (pp. 28-46).
Gedisa: Barcelona.
Morris, M. & Ogan, C. (1996). The Internet
as mass medium. Journal of Communi- (Texto apresentado no VIII Lusocom)
cation, 46:39-50.
www.bocc.ubi.pt