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SUBMARINOS
Rio de Janeiro
Agosto de 2011
ANÁLISE DE CONFIABILIDADE EM FLAMBAGEM LATERAL DE DUTOS RÍGIDOS
SUBMARINOS
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Fernando Alves Rochinha
________________________________________________
Prof. Daniel Alves Castelo
________________________________________________
Prof. Murilo Augusto Vaz
iii
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Carlos Roberto Serrão Haddad e Verônica Manso Haddad, pela instrução,
carinho e atenção fornecidos não apenas durante a execução deste trabalho, mas ao
longo de toda a minha vida.
A meus irmãos, Marcela Manso Haddad e Guilherme Manso Haddad, tão presentes e
unidos quanto eu poderia desejar.
Aos meus primos mais próximos, Rafael, Diego, Jéssica, Joyce, Ytalo, Joany e João
Pedro, pelos quais a companhia me é valiosa.
Aos meus amigos, em especial àqueles que tantas vezes me ouviram negar propostas de
pedalada, caminhada, escalada ou viagens, em função da dedicação que estes anos de
estudo me exigiram.
Ao meu orientador, Fernando Rochinha, pelos sábios conselhos e pela objetividade com
que tratamos da construção desta dissertação.
iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.)
Agosto/2011
Com a demanda crescente por dutos rígidos submarinos submetidos a uma alta
pressão interna e alta temperatura, torna-se vigente a preocupação com o projeto
termomecânico da tubulação. Quando aquecido e pressurizado, um duto rígido tende a se
expandir axialmente. O atrito existente entre duto e solo, contudo, proporciona certa
resistência contrária à tendência de deslocamento axial do duto, gerando compressão. A
compressão, quando excedida para além de um limite, pode levar ao fenômeno de
flambagem lateral do duto. O método adotado neste trabalho, com o intuito de controlar a
flambagem lateral, foi o uso de sleepers. No intuito de se definir o espaçamento entre
sleepers, procedeu-se para a realização do cálculo do VAS tolerável. Uma vez que este
tenha sido definido, estimou-se diferentes VAS de projeto, a partir dos quais se
fundamentaram as análises de confiabilidade, executadas pelo método de Monte Carlo.
As curvas de falha do estudo de confiabilidade foram produzidas por análises detalhadas
em elementos finitos.
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M. Sc.)
August/2011
Due to a growing demand for subsea rigid pipelines subjected to a high internal
pressure and high temperature, it becomes current the preoccupation with the thermo
mechanical design of pipelines. When heated and pressurized, a rigid pipe tends to
expand axially. The friction between pipe and soil, however, provides some resistance
against the tendency of pipe to displace axially, causing compression. This compression,
when exceeded beyond a limit, can lead to the phenomenon of lateral buckling of the
pipeline. The method adopted in this thesis, intending to control the lateral buckling, was
the use of sleepers. In order to define the spacing between sleepers, it was performed the
calculation of the tolerable VAS. Once this has been defined, it was estimated different
design VAS values, from which the reliability analyses were based on, performed by the
Monte Carlo method. The failure curves of the reliability study were produced by detailed
analysis with finite element models.
vi
SUMÁRIO
1. Introdução 1
2. Revisão Bibliográfica 5
3. Flambagem Global 9
3.1. Conceito 9
3.2. Flambagem Vertical 9
3.3. Flambagem Lateral 10
3.4. Técnicas de Controle da Flambagem Lateral 12
3.4.1. Introdução 12
3.4.2. Técnicas de Inibição 12
3.4.3. Snake-Lay 13
3.4.4. Módulo de Bóias 14
3.4.5. Sleepers 14
4. Expansão de dutos 17
4.1. Conceito 17
4.2. Formulação da Força Axial Efetiva 17
4.3. Dutos Curtos e Dutos Longos 19
4.4. VAS - Virtual Anchor Spacing 21
4.5. VAS tolerável 23
4.5.1. Definição 23
4.5.2. Critérios limitantes 24
4.6. VAS de projeto 27
4.7. Formulação de Hobbs para Flambagem Lateral 28
4.8. Força Crítica de Flambagem 32
5. Modelo Numérico 34
5.1. Elemento e Malha 34
5.2. Elementos Finitos x Formulação de Hobbs 36
6. Análise de Confiabilidade 41
6.1. Variáveis Randômicas 42
vii
6.2. Métodos de Confiabilidade 44
6.2.1. FORM 44
6.2.2. SORM 45
6.2.3. Monte Carlo 46
7. Análise e Resultados 49
7.1. Bases do Projeto 52
7.1.1. Método de Iniciação 52
7.1.2. Dados de Entrada 55
7.2. Cálculo do VAS tolerável 60
7.2.1. Dados Gerais 60
7.2.2. Elementos Finitos 63
7.2.3. Resultados 64
7.3. VAS de projeto 67
7.4. Determinação da Curva de Falha 67
7.5. Simulações por Monte Carlo 73
7.6. Resultados 76
7.7. Interação entre alças de flambagem 85
7.7.1. Metodologia 85
7.7.2. Resultados 88
8. Conclusão 90
8.1. Síntese 90
8.2. Trabalhos Futuros 94
Referências Bibliográficas 95
Apêndice B - Detalhamento das análises sobre dutos curtos e dutos longos 103
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
Figura 7-8 – Refinamento de malha do modelo ............................................................... 64
Figura 7-9 – Vista de topo de uma análise de VAS tolerável............................................ 65
Figura 7-10 – Vista lateral de uma análise de VAS tolerável ............................................ 66
Figura 7-11 – Seqüência de carregamento térmico ......................................................... 66
Figura 7-12 – Determinação da força crítica de flambagem ............................................. 69
Figura 7-13 – Variação da força crítica de flambagem com δL ......................................... 70
Figura 7-14 – Curva, superfície ou hiper-superfície de falha, apenas ilustrativo............... 71
Figura 7-15 – Fcrit em função de µa para vários valores de µL, dado que δL=600mm ...... 72
Figura 7-16 – Fcrit em função de µa para vários valores de µL, dado que δL=1000mm .... 72
Figura 7-17 – Fcrit em função de µL para vários valores de µa, dado que δL=600mm ...... 72
Figura 7-18 – Fcrit em função de δL para vários valores de µa, dado que µL =0.60 .......... 73
Figura 7-19 – Força axial efetiva para força residual na alça de flambagem igual a 0...... 75
Figura 7-20 – Força axial efetiva para força residual na alça de flambagem igual a 0.5... 75
Figura 7-21 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=3km, µa, µL=uniforme, δL=normal .............. 77
Figura 7-22 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=3km, µa, µL=normal, δL=normal ................. 77
Figura 7-23 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=2km, µa, µL=uniforme, δL=normal .............. 78
Figura 7-24 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=2km, µa, µL=normal, δL=normal ................. 79
Figura 7-25 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=1,5km, µa, µL=uniforme, δL=normal ........... 79
Figura 7-26 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=1,5km, µa, µL=normal, δL=normal .............. 80
Figura 7-27 – Pf x Iterações, VAS=1,5km, µa, µL=normal, δL=normal ............................... 80
Figura 7-28 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=1km, µa, µL=uniforme, δL=normal .............. 81
Figura 7-29 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=1km, µa, µL=normal, δL=normal ................. 81
Figura 7-30 – Pf x Iterações, VAS=1km, µa, µL=normal, δL=normal .................................. 82
Figura 7-31 – Distribuição das ocorrências de Pf ............................................................. 83
Figura 7-32 – Alça de flambagem não planejada ............................................................. 85
Figura 7-33 – Fcrit em função de µa para vários valores de µL, dado que δL=200mm ...... 87
Figura 7-34 – Fcrit em função de µL para vários valores de µa, dado que δL=1000mm .... 88
Figura 7-35 – Fcrit em função de δL para vários valores de µL, dado que µa = 0,6 ............. 88
Figura 7-36 – Fcrit(solo) e Fcrit(sleeper), VAS=1,5km, µa, µL=normal, δL=normal ........................ 89
Figura B-1 – Modelo numérico e condições de contorno ............................................... 104
Figura B-1 – Vista geral do modelo para cálculo do SNCF ............................................ 113
Figura B-2 – Malha adotado no modelo para cálculo do SNCF...................................... 114
Figura B-3 – Deformação longitudinal no duto (apenas o aço está sendo mostrado) ..... 115
Figura B-4 – Variação da deformação na fibra mais externa do lado compressivo ........ 115
x
LISTA DE TABELAS
xi
ABREVIATURAS
xii
SIMBOLOGIA
Caracteres Latinos
Ac Área do revestimento
dT Variação de temperatura
E Módulo de elasticidade
fo Ovalização inicial
g Gravidade
h Lâmina d’água
Lp Comprimento da tubulação
xiii
N Número total de simulações
pe Pressão externa
Pf Probabilidade de falha
Pf -sistema Probabilidade de falha do sistema
pi Pressão interna
xiv
So Força axial efetiva de um duto totalmente restrito
tc Espessura do revestimento
Z, Z1 e Z2 Funções de falha
Caracteres Gregos
β Índice de confiabilidade
∆Feff Diferença na Feff entre o local planejado (sleeper) e o não planejado (sobre o solo)
εΑ Deformação acidental
xv
εΕ Deformação ambiental
εF Deformação funcional
εΙ Deformação de interferência
µ Média
ρc Densidade do revestimento
ρs Densidade do aço
ν Coeficiente de Poisson
σ Desvio padrão
σy Tensão de escoamento
xvi
1. Introdução
Um crescente número de dutos rígidos submarinos vêm sendo instalados na costa
brasileira, principalmente nas Bacias de Campos e Santos. Dutos rígidos são tubulações
pelos processos de extrusão (tubo sem costura) ou UOE. Possuem um fina camada
Alguns dutos de exportação de óleo e gás com comprimento total variando, muitas
20m. Por ocuparem um longo trecho do leito marinho, o duto está sujeito a diferentes
Um duto submarino pode ser lançado ao mar por meio de diferentes técnicas de
método S-Lay, a soldagem e o revestimento dos tubos são realizados no próprio navio, e
o lançamento do duto ocorre por sua popa, à medida que este avança. Neste método o
duto deixa o navio praticamente na horizontal, e sua forma geral se assemelha a um “S”
até tocar o leito marinho, daí o seu nome. O método J-Lay é similar ao S-Lay, com a
soldado onshore, ou seja em uma base de operações em terra. Tramos de 10 a 30km são
1
comumente enrolados no carretel do navio a cada viagem, sendo necessário o seu
dos tubos não é realizada no navio, este ganha maior velocidade de lançamento, podendo
com isto aproveitar curtas janelas de tempo bom. O método de rebocamento, por sua vez,
trata do reboque do duto soldado em terra até o seu local de abandono. Este é um
etc.
flambagem lateral de dutos rígidos submarinos do tipo HP/HT (High Pressure / High
contudo, não está associado à ruptura ou colapso de uma estrutura, mas tão somente ao
2
não cumprimento de um dado objetivo que se pretendia alcançar. Para o presente estudo,
a falha estará relacionada à não verificação da flambagem lateral do duto sobre algum
duto sob uma determinada condição operacional. Nesta tese, estes parâmetros serão
parâmetros. Com isto em mente, a ferramenta Abaqus [2] será utilizada na intenção de
gerar o grande volume de modelos numéricos necessários para cumprir com objetivos
aqui descritos.
lateral, assim como aborda técnicas usuais para mitigação ou controle destes fenômenos.
3
No capítulo 4, uma vez que os conceitos gerais tenham sido apresentados, uma
assunto.
adotada nos modelos numéricos desta tese, assim como do software utilizado. Ainda,
presente tese. Aqui será apresentada com detalhe toda a metodologia das etapas que se
4
2. Revisão Bibliográfica
Referências apresentando o fenômeno da flambagem termomecânica são
conhecidas desde a década de 40, conforme trabalho de MARTINET [31], embora seja de
grande consenso que a primeira contribuição efetiva para o desenvolvimento deste estudo
tenha tido início com a publicação de KERR [30], em 1978, sobre o fenômeno de
flambagem lateral aplicado em trilhos de trem. Neste trabalho, o autor parte de equações
diferenciais que representam o problema para gerar formulações que retratam diferentes
Com base nos estudos de KERR [30], surge em 1984 uma das mais importantes
trabalhos atuais. Neste primeiro trabalho de HOBBS, contudo, não se distingue o atrito
entre solo e duto entre as direções axial e lateral, tão pouco apresenta-se o efeito de
lateral são os de ocorrência mais provável não só para trilhos de trem mas também para o
[33] constataram haver considerável influência, tanto de natureza lateral quanto vertical,
Em 1989, HOBBS e LIANG [13] publicam um segundo grande trabalho, desta vez
5
uma cabeça de poço) e dutos com grande atrito localizado em curtos trechos (tal como
o trabalho de BENJAMIN e ANDRADE [18], que toma como base o princípio de KERR
[30] e HOBBS [12] e propõe uma metodologia onde se considera a influência do grau de
penetração do duto no solo. Ainda com base nestes trabalhos pioneiros, REIS [15]
Uma vez que se constate que um determinado duto tenha tendência à flambagem
lateral sobre o solo, um estudo mais detalhado precisa ser iniciado. Metodologias
como a DNV-OS-F101 [3] e a DNV-RP-F110 [25]. Embora estas metodologias não sejam
de livre acesso, pode-se recorrer, por exemplo, a CARR et al [14] e RONEID et al [32],
visto que são trabalhos publicados pelos próprios autores que participaram das indicações
mencionadas.
podem ser utilizados com este intuito com similar precisão, conforme se constata em
6
elementos finitos como por exemplo o descrito por SOLANO [11], o qual o utiliza para
expansão termomecânica, o primeiro passo para dar início a todo o projeto envolve a
principais triggers utilizados globalmente são o snake lay, o módulo de bóias ou o sleeper.
projeto específico do Golfo do México, onde por fim se adotou o uso de sleepers por ser,
Exemplos de outros projetos ao longo do mundo que adotaram com sucesso o uso de
Angola.
seguido pelo sleeper e por último o snake lay. Por grau de confiabilidade para o estudo
confiabilidade.
Não existe hoje no mercado uma base sólida, clara e consolidada, sobre como
flambagem lateral sobre o leito marinho, com uso da técnica de Monte Carlo. BROWN et
al [23] vai mais além e desenvolve um estudo com resultados numéricos para a
7
flambagem sobre sleepers, com uso da técnica de FORM para estimativa da
confiabilidade.
8
3. Flambagem Global
3.1. Conceito
Conforme será visto adiante, o nível de compressão axial na qual um duto
interna e da temperatura atuantes sobre ele após seu assentamento no leito marinho.
Quando esta força compressiva excede um determinado limite, o duto irá se deformar
globalmente em uma nova configuração de equilíbrio, aliviando com isto parte do esforço
chamado de flambagem global e a força para atingir este estado é a força crítica de
flambagem.
vertical é a direção preferencial para o seu deslocamento. O cenário mais comum onde
este tipo de flambagem se mostra presente é quando o duto está submetido a restrições
aquecido. Esta técnica, contudo, é de baixa utilização no Brasil em função de seu alto
custo não justificar os benefícios que ela proporciona, especialmente quando tratamos de
águas profundas. Em países onde a pesca profissional envolve o arraste de redes, onde
imensas âncoras correm sobre o leito marinho por quilômetros, o enterramento dos dutos
9
é uma opção quase obrigatória. Outra comum aplicação do enterramento de dutos se
aplica em águas de forte correnteza, caso esta seja uma opção menos custosa do que o
Duto enterrado
Solo marinho
Flambagem vertical
complexidade e riscos.
maior tendência de que o duto flambe lateralmente, visto que a força de atrito lateral na
maioria dos casos é menor do que o peso próprio do duto. Este problema foi estudado
10
para dutos rígidos pela primeira vez por HOBBS [12], usando métodos analíticos
atrito axial e lateral e imperfeição inicial. Um dos fatores que gera esta mencionada
constatações diversas por projetos executados ([12], [14]) têm mostrado que os modos
Embora estes sejam os modos mais comuns, outros modos podem também surgir.
axial efetiva ao longo do duto. Este ponto será mais bem abordado adiante.
11
3.4. Técnicas de Controle da Flambagem Lateral
3.4.1. Introdução
ou soluções estratégicas. Muitas técnicas podem ser propostas para ambos os intuitos,
propiciar ou suprimir, e uma parcela destas soluções serão apresentadas neste capítulo.
Muitas alternativas simples podem ser aqui propostas. A mais simples de todas
seria reduzir a força compressiva no duto, ou pela redução da temperatura e/ou pressão
interna, ou pela redução na espessura de parede do tubo. Contudo, muitos outros fatores
estão envolvidos na operação de uma linha submarina e estas duas opções são
praticamente inviáveis.
permitirem algum deslocamento axial da linha, reduzindo assim a força axial efetiva. Esta
12
Alguns outros métodos baseiam-se puramente no impedindo espacial do duto ao
deslocamento. Com isto não há alívio, mas sim o desenvolvimento de grandes esforços
3.4.3. Snake-Lay
Dentre as três principais técnicas para iniciação da flambagem lateral, sendo elas
flambagem. Por ser muito dependente das propriedades do solo, onde em geral reside
grande incerteza, esta técnica é tida como pouco confiável. Outra fonte de incerteza seria
o fato de não termos absoluto controle no raio de curvatura promovido a cada zig-zag.
Contudo, este raio pode ser relativamente bem controlado com o uso de dispositivos
instalação.
Duto
Flambagem
Esta técnica foi utilizada com sucesso em alguns projetos, conforme retratado em
[21].
13
3.4.4. Módulo de Bóias
Conforme o próprio nome indica, por este processo são instalados módulos
não são projetadas para afastar o tubo do solo, mas tão somente reduzir em 80% a 90% o
seu peso submerso em operação nas regiões em que foram aplicadas. Com isto, reduz-
força crítica de flambagem neste ponto. Além disto, as imperfeições geométricas verticais
Bóias
Duto
Solo
Figura 3-5 – Representação de um módulo de bóias
3.4.5. Sleepers
uma redução na resistência lateral do duto ao deslocamento, tendo em vista que grande
trecho deste permanece suspenso sobre o solo. Isto, por sua vez, reduz localmente a
14
Figura 3-6 – Representação de um duto apoiado sobre um Sleeper, [16]
em TANSCHEIT et al [16].
Em função de afastar o duto do solo, o sleeper gera dois vãos livres, ou seja,
trechos suspensos de duto. A ação das correntes oceânicas sobre estes vãos podem
propiciar um processo de fadiga de alto ciclo por Vibração Induzida por Vórtice (VIV).
Logo, quanto maior a altura do sleeper, maior o trecho de duto suspenso e, portanto, pior
em termos de fadiga. Com isto em mente, surge o conceito de dual sleeper, que trata de
reduzir a altura suspensa e com isto os comprimentos dos vãos, por meio da aplicação de
15
Figura 3-7 – Diferença entre um single sleeper e um dual sleeper, [16]
16
4. Expansão de dutos
4.1. Conceito
A expansão de dutos submarinos pode ser induzida por alta pressão interna (HP,
high pressure) e por alta temperatura (HT, high temperature). Neste contexto, os dutos
não resulta em falha do duto. Tubulações para escoamento de óleo são os mais
não precisam ser projetadas contra flambagem, embora uma breve verificação seja
necessária.
à restrição axial oferecida pelo atrito entre solo e duto durante a sua expansão, surgem
totalmente restrito pode ser descrita conforme a equação 4.1. Esta equação é aplicável
quando se pretende encontrar a força axial efetiva desenvolvida em uma viga totalmente
S o = H − ∆pi ⋅ Ai ⋅ (1 − 2 ⋅ v) − As ⋅ E ⋅ α ⋅ ∆T (4.1)
Onde,
17
∆pi = Variação de pressão interna relativa ao lançamento
∆T = Variação de temperatura relativa ao lançamento
α = Coeficiente linear de expansão térmica
E = Módulo de elasticidade
As = Área da seção transversal de aço do duto
Ai = Área da seção transversal interna do duto (referente ao fluido)
ν = Coeficiente de poisson
So = N res + Nθ + N p + N v + N nl (4.2)
tração estática de fundo, gerada pelo peso distribuído do duto e pela forma da
catenária do duto suspenso. Por ser muitas vezes complicado de se obter este
maior que zero, uma solução conservadora algumas vezes adotada seria
Nθ ∆L
( ∆L = Lo ⋅ α ⋅ ∆T ) unida ao conceito de tensão σ = E ⋅ ε ⇒ = E⋅ ;
As Lo
18
pressão de operação. Repare que esta componente é independente da
pressão externa;
duto. A priori esta força é desconhecida, mas pode ser estimada localmente
alças de flambagem. Esta força é a máxima força de atrito possível de ser desenvolvida
Onde,
19
finitos foram realizadas e comparadas com os resultados das equações. Uma breve
caracterizar o cenário que iremos tratar. Usualmente os classificamos como dutos “curtos”
ou dutos “longos”.
Dutos curtos são aqueles nas quais a força de atrito total desenvolvida é
insuficiente para restringir por completo o duto. Isto significa que praticamente todo o duto
irá se deslocar sobre o solo, se expandindo nas direções conforme mostram as setas na
Figura 4-1, onde se apresenta uma distribuição típica de força efetiva em um duto curto.
20
Em dutos longos observa-se que a resistência máxima de atrito do solo é superior
à força requerida para restringir por completo o duto. Com isto, certa porção dele está
estão parcialmente livres para expandir. Neste caso há a formação de todo um trecho
21
apresentado na Figura 4-3 a distribuição da força axial efetiva em um duto de
A distância entre duas âncoras virtuais (Virtual Anchor) é definida como VAS.
Observa-se nesta figura que no ponto de flambagem, i.e. onde há formação da alça de
flambagem, constata-se um baixo valor de força efetiva, que se mantém baixo à medida
que a flambagem se desenvolve. Toda esta região cuja força efetiva sofre redução pode
deslocamento axial sobre o solo. Neste caso, o trecho de duto entre as duas âncoras
mostrado na Figura 4-4. Na figura, o VAS para cada flambagem é nomeado de D1 a D3.
22
Figura 4-4 – Força axial efetiva em duto com vários pontos de flambagem
seqüencia de linhas curtas restritas em suas extremidades. Com isso, a resposta da linha
entre duas âncoras virtuais é a mesma do que seria entre duas âncoras reais.
Quanto mais próximas estão as alças de flambagem, i.e. menores os VAS, menor
será o deslocamento axial que alimenta cada alça de flambagem. Com isso, menor será
Como visto acima, quanto mais pontos de flambagem estiverem sido induzidos à
linha, menores serão os valores de VAS correspondentes. Contudo, quanto mais pontos
Portanto, faz-se importante que seja calculado o maior valor seguro de VAS que deva ser
23
Para se estimar este valor, conhecido por VAS tolerável, deve-se gerar um modelo
inicialmente no modelo e re-executar a análise. Esta operação deve ser repetida até que
algum dos critérios seja excedido, pois o maior comprimento de duto aceitável é o valor
interna e temperatura), atritos do duto com o solo, método de iniciação (sleepers, módulo
de bóias, ...) e parâmetros da seção do tubo. Como alguns destes parâmetros variam ao
vários pontos ao longo da rota. Geralmente este valor é menor na extremidade do duto
24
Onde,
estima-se que este sofrerá algumas paradas de operação (shutdown), o que o induz a re-
estabelecer uma nova configuração de equilíbrio entre a forma inicial pré flambagem e a
forma pós flambagem. Estes sucessivos ciclos térmicos, que podem ser gerados por
paradas parciais ou totais, geram ciclos de alta tensão, sendo portanto necessária a
Esta avaliação assume que a fadiga irá ocorrer na solda circunferencial de união
entre os tubos, e não no material de base. Ela se baseia na utilização de curvas SN com o
objetivo de se calcular o dano total sofrido pelo duto durante a operação, que não pode
projeto e no percentual de dano permitido para a fase operacional, tendo em vista que
parte do dano de fadiga foi previamente consumido, por exemplo, na fase de instalação
da linha rígida. Esta verificação pode ser realizada com base na norma DNV-RP-C203,
[27].
(Engineering Criticality Assessment) e realizado com base na norma BS-7910 [28]. Com
base nos ciclos de tensão, gerados pelos ciclos térmicos na qual se sujeitará a linha, este
25
verificar este ponto por um critério de flambagem local por deslocamento controlado, cuja
ε c (t 2 , pmin − pe )
ε Sd ≤ quando pi ≥ p e (4.5)
γε
0 ,8
ε Sd +
pe − pmin
≤1 quando pmin < pe (4.6)
ε c (t2 ,0 ) pc (t2 )
γε γ sc .γ m
Onde,
26
t2 p − pe −1,5
ε c (t 2 , pmin − pe ) = 0,78. − 0,011 + 5,75. min .α h .α gw (4.7)
D pb (t 2 )
Onde,
ε Sd = ε F ⋅ γ F ⋅ γ C + ε E ⋅ γ E + +ε I ⋅ γ F ⋅ γ C + +ε A ⋅ γ A ⋅ γ C (4.8)
Onde,
εF = deformação funcional
γF = fator de segurança da parcela funcional
γC = fator de segurança da condição de carregamento
εE = deformação ambiental
γE = fator de segurança da parcela ambiental
εI = deformação de interferência
εA = deformação acidental
γA = fator de segurança da parcela acidental
que o VAS tolerável. Alguns motivos que justificam esta afirmação estão expostos abaixo:
distância entre eles inferior à calculada, pois o VAS tolerável encontrado em geral não é
desenvolvidas, conforme constatado em [15], [17] e [18], sendo elas em grande parte
deslocamentos pós flambagem de um duto reto. O duto é tratado como uma viga sob
carregamento axial, a partir do qual se gera uma equação diferencial linear que,
descrita como:
2
A ⋅ E ⋅ µ L ⋅ Ws ⋅ L5
Po = P + k3 ⋅ µ A ⋅ Ws ⋅ L ⋅ 1 + k2 ⋅ s − 1 (4.9)
µ A ⋅ (E ⋅ I ) 2
Onde,
28
Ws = Peso submerso distribuído
L = Comprimento da alça de flambagem, definido conforme Figura 4-5
I = Momento de inércia da seção do tubo
E = Módulo de elasticidade
E⋅I
P = k1 ⋅ (4.10)
L2
µ L ⋅ Ws
y = k4 ⋅ ⋅ L4 (4.11)
E⋅I
M = k5 ⋅ µ L ⋅ Ws ⋅ L2 (4.12)
Modo: k1 k2 k3 k4 k5
1 80,76 6,39E-05 0,5 0,002407 0,06938
2 39,48 0,000174 1 0,005532 0,1088
3 34,06 0,000167 1,294 0,01032 0,1434
4 28,2 2,14E-04 1,608 1,05E-02 0,1483
29
Figura 4-5 – Definição do comprimento da alça de flambagem, L, [12]
intuito de se verificar a diferença nos perfis de forças para cada um dos principais modos,
30
Figura 4-7 – Força distante da alça de flambagem, Po, para os quatro primeiros modos
sendo elas:
reto;
- A formulação toma como base que o duto tem comprimento suficiente para
SRISKANDARAJAH [19].
31
4.8. Força Crítica de Flambagem
A força crítica de flambagem está diretamente relacionada à susceptibilidade à
flambagem lateral, sendo portanto de extrema importância que seja aqui definida. Define-
se que o duto não está susceptível à flambagem caso a seguinte equação seja
verdadeira:
Smax ≤ Sc (4.13)
Onde,
relacionada ao quão pouco retilíneo está o duto, medido pela curvatura residual de
Onde,
32
SHobbs é a mínima força de acordo com as formulações de Hobbs para o qual a
flambagem em um duto reto deve ocorrer. Esta força deve ser obtida a partir do ponto de
mínimo das curvas presentes na Figura 4-7. Muito embora se possa estimar este valor de
forma analítica, derivando e igualando a derivada a zero para se encontrar o ponto crítico,
iterativos, visto a complexidade das equações. Para o modo infinito de Hobbs, tem-se:
E⋅I
S Hobbs = 2.29 ⋅ 2
(4.17)
Lcrit
0.125
( E⋅I)
3
Lcrit = 2 (4.18)
( µ L min ⋅ W ) ⋅ E ⋅ A
33
5. Modelo Numérico
Análises em elementos finitos para a concretização deste estudo poderiam ser
executadas em diferentes softwares comerciais, como por exemplo, Abaqus, Ansys, Sage
Profile 3D (SP3D) e ADINA, sendo este último ainda pouco utilizado no Brasil para esta
aplicação.
os softwares Abaqus, Ansys e Sage Profile 3D. A principal conclusão obtida foi de que os
deslocamento lateral, força axial efetiva e momento fletor, com diferenças inferiores a
O software adotado ao longo de todo este estudo será o Abaqus FEA [2]. Este é
um software de aplicações gerais que pode ser usado para análises de elementos de
viga, casca ou sólidos, em espaços 2D ou 3D. Possui um módulo dedicado para pré-
destes, utilizando-se apenas linhas de comando, o que o torna altamente capaz de ser
34
Figura 5-1 – Elemento PIPE31H, dois nós e 12 graus de liberdade [2]
aplicar pressão interna e externa, portanto apropriados para a aplicação que se deseja.
esbeltas e problemas de contato, tal como uma tubulação sendo lançada no solo marinho.
alguns casos uma pequena diferença nas posições nodais pode causar grandes forças
outras direções. Os elementos híbridos superam esta dificuldade pela utilização de uma
formulação mais geral onde forças axiais e cisalhantes são incluídas no elemento como
variáveis primárias junto aos deslocamentos e rotações. Embora esta formulação gere
uma demanda maior de cálculo, tornando a análise mais demorada, ela em geral
converge mais rápido, especialmente em casos onde o duto sofre grandes rotações.
tamanho do elemento, de tal forma que a alça de flambagem não possua elementos
[20]. Ainda, para garantir a suavidade da malha e com isso a acurácia dos resultados,
35
comprimentos superior a cinco vezes o do outro. Este nível de refino proposto foi testado
nas análises utilizadas para a presente tese e mostrou de fato ser adequado.
linearidade, visto as diversas fontes de não linearidade contidas nos modelos, onde se
lateral de dutos retos obtidos por Hobbs com análises em elementos finitos para algumas
um deslocamento induzido no ponto central do duto, de tal forma que a flambagem ocorre
quando a flambagem ocorre sobre o solo, sendo também observado nos resultados
36
O duto tem comprimento suficiente para desenvolver restrição axial completa fora
da zona de flambagem, conforme pode ser evidenciado na Figura 5-3. Para isto foi
Figura 5-3 – Força axial efetiva ao longo do duto para várias temperaturas
37
Tabela 5-1 – Dados de entrada das análises comparativas
Parâmetro Valor
Diferencial de pressão -
deslocamento lateral prescrito no ponto central e podem ser observadas nos gráficos
adiante.
38
Figura 5-4 – Força axial efetiva na alça de flambagem, EF x Hobbs
39
crítica, a estrutura experimenta uma grande deformação até uma diferente configuração
40
6. Análise de Confiabilidade
Confiabilidade, de forma bastante sucinta, está relacionado à probabilidade de um
falha, Pf, pode ser descrita como a probabilidade de R ser menor do que S, o que
Z=R–S (6.2)
gráfica da função de falha é uma reta (Figura 6-1), mas em problemas diversos esta
R
R≤S Região
ou
segura
Z≤0
R>S
ou
S Z>0
R
Figura 6-1 – Representação da função de falha no espaço das variáveis físicas
41
Para o exemplo acima, diz-se que o sistema ‘falha’ quando ocorre a ruptura do
cabo, ou seja, quando a carga S é superior à resistência R. O termo ‘falha’, contudo, não
está associado à ruptura ou colapso de uma estrutura, mas tão somente ao não
cumprimento de um dado objetivo que se pretendia alcançar. Para o estudo desta tese, a
falha estará relacionada à não verificação da flambagem lateral do duto sobre algum dos
acordo com a técnica de iniciação utilizada. Métodos diversos, em sua maioria utilizando
variação possa ser considerada desprezível ou apenas irrelevante para o dado problema.
Por outro lado, uma variável de natureza probabilística (ou randômica) é aquela cuja
incerteza na consideração de seu valor nos obriga a representá-la não de forma absoluta,
mas através de uma função de distribuição onde se associam seus possíveis valores com
42
Na Figura 6-2 pode-se observar um exemplo onde se apresenta a PDF de uma
variável x. A probabilidade da variável x assumir valores entre x1 e x2, dado que fx(x) é a
x2
P [ x1 ≤ x ≤ x2 ] = ∫
x1
f x ( x)dx (6.3)
Na literatura existem muitas funções teóricas que podem ser utilizadas para
representar a PDF de uma variável. A escolha de uma ou outra para representar uma
trabalho, utilizam-se apenas dois tipos de função, a uniforme e a normal (ou gaussiana),
43
Figura 6-3 – Distribuição uniforme (esquerda) e normal (direita)
seguintes etapas:
ii. procura, no espaço transformado, pelo ponto pertence à superfície de falha que
esteja mais próximo à origem do sistema. Este ponto é conhecido como ponto de
projeto, U*;
iii. ajusta a superfície de falha por um plano (ou hiperplano) tangente ao ponto de
projeto.
A partir da execução das três etapas acima, representadas na Figura 6-4, pode-se
Pf = Φ(− β ) (6.4)
44
Onde Φ é a função cumulativa normal padrão e β é o índice de confiabilidade,
transformadas.
Se a superfície de falha for linear, o método retorna com solução exata. Caso não
falha. Portanto, sempre que o método de FORM for utilizado em algum projeto pela
6.2.2. SORM
pelo método de FORM não for suficiente para retratá-la com precisão, pode-se utilizar
consistem das mesmas três etapas apresentadas para o método de FORM, com a
exceção de que o ajuste da superfície deixa de ser por uma superfície linear e passa a ser
45
U2
Aprox.
Aprox. Quadrática Região de
Linear (SORM) falha
(FORM)
U*
Região β Superfície de Falha
segura
U1
probabilidade das variáveis envolvidas. A simulação pelo método de Monte Carlo consiste
metodologia:
i. Gerar números aleatórios para cada variável analisada de acordo com suas
funções de distribuição;
simulações. Este valor deve convergir uma vez que sejam gerados um número
suficiente de casos.
46
Para a geração dos valores das variáveis básicas, recorre-se a um algoritmo
Nf
Pf = (6.5)
N
Para que se saiba o momento em que a probabilidade de falha convergiu para um valor
aceitável, pode-se medir em paralelo a sua variância. Para pequenos valores de Pf, pode-
se expressá-la como:
(1 − Pf ) Pf
Var ( Pf ) = Pf ⋅ ≅ (6.6)
N N
para Pf de 10-3 a 10-5 (DNV-OS-F101, [3]), de acordo com a classe de segurança. Como a
47
Figura 6-6 – Avaliação de confiabilidade por Monte Carlo
Por ser possível definir a probabilidade de falha com suficiente precisão mesmo
freqüentemente, adotado para validar outras técnicas aproximadas, tal como FORM e
SORM.
48
7. Análise e Resultados
O presente capítulo irá apresentar todas as bases de cálculo e premissas,
tópicos deste capítulo foi organizada de tal forma a se orientar a partir do cronograma
Bases
do
projeto
Rever método
de iniciação
Verificação de não
susceptibilidade
Sistema
confiável
VAS de não
projeto
Probabilidade sim
Determinação de falha
da curva de aceitável?
falha
Simulações
por Monte
Carlo
Tal como qualquer projeto ou estudo, o desenvolvimento deste processo tem início
com a reunião das bases de projeto, ou seja, com a definição dos valores de cada
variável importante ao estudo e também com a definição do cenário geral que se pretende
49
abordar. Aqui se apresenta também o método de iniciação proposto para tornar suscetível
Uma vez que se tenha reunido os dados de entrada do projeto, caminha-se para o
Esta primeira verificação é imprescindível no projeto de quase todo duto rígido, pois neste
apresentadas para cálculo da força axial efetiva ao longo do duto e as compara com as
termomecânico.
garantida.
a confiabilidade de cada um deles. Quanto menor o VAS de projeto, se espera que menor
50
O próximo passo consiste na construção dos modelos em elementos finitos cujo
duto possua comprimento igual ao VAS de projeto. Uma grande quantidade de análises
em elementos finitos será realizada a partir das possíveis combinações das variáveis
análise de confiabilidade.
que se caracterizarem como falhas, mediante sua comparação com o valor crítico dado
Monte Carlo.
de falha de todo o sistema for confiável, tem-se o fim do processo. Caso não o seja, pode-
mas que obviamente respeite o valor de VAS tolerável. Caso não haja a possibilidade de
rever o valor de VAS de projeto, resta apenas a re-avaliação do método utilizado para a
iniciação da flambagem.
51
projeto proposto de iniciação.
Verifica-se se o duto estará sujeito, em uma ou mais regiões ao longo
Verificação de de sua extensão, ao fenômeno da flambagem. Com isso se determina
Susceptibilidade
a necessidade de se prosseguir com o projeto termo-mecânico.
Utilização de modelos em elementos finitos para cálculo do VAS
Cálculo do VAS
tolerável tolerável.
duto submarino sobre o sleeper, dois trechos de duto suspensos se formarão um de cada
lado. Este afastamento do solo proporciona localmente uma redução na força de atrito
pela passagem do duto sobre o sleeper são os principais motivos que proporcionam a
flambagem.
52
Figura 7-2 – Exemplo de sleepers (cortesia Subsea 7)
do duto sobre este, ou em outras palavras, o desvio lateral ocorrido na rota durante o
se a figura abaixo, onde a título de ilustração consta um corredor de +/- 20m de tolerância.
Rota de
projeto Duto lançado,
com seus
desvios laterais
+20m
-20m
Figura 7-3 – Uma das origens da imperfeição lateral sobre o sleeper
53
Esta imperfeição lateral inicial contribui na determinação da força crítica de
flambagem e será, portanto, considerada. Como seu valor é altamente impreciso na fase
pode ser estimada com base em projetos passados. Para o presente projeto, imperfeições
laterais típicas medidas serão utilizadas para manter a coerência do estudo, mas deve-se
notar que estas não possuem correlação direta com um projeto real.
−3
µ = 600mm
3×10 σ = 100mm
−3
2×10
−3
1×10
0
3
200 300 400 500 600 700 800 900 1×10
x
Atrito lateral
0,2 - Determinística
(Duto x Sleeper)
Atrito axial
0,2 - Determinística
(Duto x Sleeper)
µ = 600 Função de
Imperfeição lateral do duto distribuição
mm
sobre o sleeper σ = 100 normal
54
7.1.2. Dados de Entrada
Tabela 7-3.
API 5L X65
Material -
(Aço C-Mn)
questões econômicas. Estes dutos são em geral fabricados segundo a especificação API
5L, [10], para diferentes graus. Como pôde ser visto na tabela acima, o material do duto
55
Para caracterização do regime elástico do aço, faz-se necessário definir dois
contexto das análises de VAS tolerável, onde se verifica o estado pós-flambagem do duto,
e tendo em vista que nesta condição o duto pode sofrer deformação plástica, faz-se
representação da curva tensão x deformação do aço. Este modelo está alinhado com
térmica aumenta com o aumento da temperatura. Não se pretende aqui representar esta
representada e pode ser vista na Tabela 7-4 (em acordo com a norma DNV-OS-F101 [3]).
Temperatura Redução na
[ºC] tensão [MPa]
50 0
100 30
200 70
intermediários de temperatura.
7-5.
56
Tabela 7-5 – Dados dimensionais do tubo e revestimento
A título de cálculo do VAS de projeto, se suporá que o duto possui apenas 18km
57
Tabela 7-7 – Parâmetros e coeficientes dos critérios
determinação. O motivo para esta escolha é fundamentada no fato de que um alto atrito
58
lateral aumenta a curvatura na alça de flambagem, e ao mesmo tempo quanto menor o
atrito axial, maior será a região de alimentação da alça formada, ou seja, maiores serão
Atrito µ 0,75
Caso 1 - axial σ 0,10
Distribuição
Normal Atrito µ 1,20
lateral σ 0,15
Atrito a 0,40
Caso 2 - axial b 1,10
Distribuição
Uniforme Atrito a 0,60
lateral b 1,70
59
condições de duto em operação e local de flambagem com mais de 500m de distância de
aplicável, indicando, por conseguinte, uma máxima probabilidade de falha de 10-4 (ou
cada 10000 poderia falhar para que o critério seja cumprido. Em suma, aplicar-se-á neste
OS-F101 [3]. Contudo, apenas como informação, valores inferiores a este já foram aceitos
As análises de VAS tolerável devem a princípio ser geradas para vários trechos do
duto. Contudo, o objetivo aqui é apenas estimar um valor em uma dada região onde será
posicionado o sleeper.
análises serão rodadas até que o critério limite seja alcançado. A análise imediatamente
anterior à que excedeu o critério conterá o maior comprimento permitido de duto, sendo
apenas os de limite de plasticidade e de flambagem local (seção 4.5.2), visto que uma
avaliação de fadiga de baixo ciclo envolveria algumas outras disciplinas não possíveis de
serem abordadas nesta tese. Para aplicação do critério de flambagem local, captura-se da
60
verificada no ápice da alça de flambagem. A deformação mecânica é calculada a partir da
deste fator objetiva contemplar o efeito local de concentração ocasionado tão somente
modelo utilizado pode ser vista na Figura 7-5, enquanto que detalhes desta análise estão
presentes no Apêndice D.
Deformação Longitudinal
Compressiva
SNCF
Distante da
Valor máximo
concentração
61
O modelo numérico de VAS será primeiramente executado com um duto de
será aumentado ou diminuído e nova análise será executada. Uma sucessão de análises
Figura 7-6.
Geração
do modelo
em EF
Executar
análise
Independe (*)
62
7.2.2. Elementos Finitos
Extremidade
Ampliação da fixa
Extremidade imagem
fixa
solo plano
sleeper
atrito de Coulomb foi utilizada para representar o contato entre solo e duto, tendo sido
especificado o mínimo fator (LB) de atrito axial residual junto ao máximo fator (UB) de
atrito lateral.
Aplicou-se o peso do duto por meio de carregamento distribuído, de tal forma que
63
conforme definido na seção 5.1. Nesta figura, os nós dos elementos estão representados
7.2.3. Resultados
em termos de colapso local. Ainda, multiplica-se este valor por um fator de concentração
Vale notar que todos os valores de deformação obtidos do modelo numérico são
64
Foi gerada uma planilha no software Mathcad [39] para cálculo dos critérios, a qual
tolerável como sendo o maior VAS possível que atenda os critérios requeridos.
Apresentam-se, nas figuras abaixo, imagens obtidas das análises para um dos
casos analisados. Observa-se pela Figura 7-9 e Figura 7-10 as imperfeições aplicadas,
lançamento).
65
Duto sobre o sleeper
sleeper
Leito marinho
A Figura 7-9 mostra também que o modo 1 de flambagem foi verificado, sendo
este o de ocorrência mais comum quando se trata de flambagem lateral sobre um sleeper,
dT=0°C dT=20°C
dT=40°C dT=70°C
66
7.3. VAS de projeto
Conforme já definido, VAS de projeto é a distância de fato adotada entre duas
âncoras virtuais, mas por conseqüência acabará sendo também a distância usada no
Comprimento
18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18
do duto
Quantidade
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
de sleepers
VAS de
3 2,6 2,3 2,0 1,8 1,6 1,5 1,4 1,3 1,2 1,1 1,1 1,0
projeto
Nota: Valores arredondados para uma casa decimal
projeto adotado, espera-se que menor seja a confiabilidade do sistema, fato este que será
axial efetiva desenvolvida no duto não exceder a força crítica de flambagem. Nesta
67
Utilizando-se do conceito de função de falha, define-se que a falha ocorre sempre
Onde,
A força axial efetiva será obtida a partir da fórmula de duto parcialmente restrito,
ou seja:
sendo função de três variáveis probabilísticas: a imperfeição lateral inicial sobre o sleeper
68
A função Fcrit(µa, µL, δL) será obtida a partir de uma grande seqüência de análises
de elementos finitos, cada qual com uma determinada combinação de µa, µL e δL. O que
resposta do sistema no tempo. Esta figura apresenta dados reais obtidos de uma
69
Figura 7-13 – Variação da força crítica de flambagem com δL
como determinísticas não significa que estas três sejam as únicas cujas variações
primeira figura ilustra o caso onde a força crítica de flambagem é função de apenas um
parâmetro cuja variação é relevante. Sendo função de uma variável, pode-se desenhá-la
como uma curva no plano, Fcrit(µa) x µa . Quando se adiciona outra variável, porém, parte-
se para a representação de uma superfície, visto que Fcrit(µa, µL) x µa x µL. Com a inclusão
70
Figura 7-14 – Curva, superfície ou hiper-superfície de falha, apenas ilustrativo
discretizada em 200mm. Com isto, oito diferentes valores de atrito axial foram
Tabela 7-14.
seguir foram gerados fixando-se outros termos, de forma a capturar o efeito isolado de
uma variável para uma dada condição, ao mesmo tempo facilitando a visualização através
de curvas no plano. Estes gráficos foram gerados a partir das análises contendo um VAS
de 2km.
71
Figura 7-15 – Fcrit em função de µa para vários valores de µL, dado que δL=600mm
Figura 7-16 – Fcrit em função de µa para vários valores de µL, dado que δL=1000mm
Figura 7-17 – Fcrit em função de µL para vários valores de µa, dado que δL=600mm
72
Figura 7-18 – Fcrit em função de δL para vários valores de µa, dado que µL =0.60
Apenas alguns gráficos foram apresentados, pois não caberia aqui apresentar toda
e qualquer variação de uma variável em função das outras. Estes, contudo, são
lateral sobre o sleeper possui grande peso na resposta do problema frente às outras
variáveis.
Scientific Library [40], rotina gratuita e de livre distribuição capaz de gerar variáveis
aleatórias de acordo com aproximadamente 32 diferentes PDFs. Esta rotina funciona por
À medida que cada conjunto de variáveis µa, µL e δL vai sendo gerado, calcula-se
seu valor correspondente de força axial efetiva através da equação 7.2. A princípio, a real
aparência desta equação deveria contabilizar a força axial residual pós-flambagem (Fres)
sobre os sleepers vizinhos, para os casos de flambagem onde o sleeper não seja nem o
73
primeiro e nem o último ao longo da rota. A equação, portanto, poderia ser re-escrita da
seguinte forma:
que teríamos agora outra incógnita, de natureza não linear, que a princípio poderia ser
estimada a partir de análises em elementos finitos. Uma alternativa simples para evitar
tamanha complexidade, que está sendo adotada neste tese, é de desconsiderar esta
parcela, supondo que Fres= 0. O conservadorismo desta premissa pode ser constatado
pelo comparativo apresentado na Figura 7-19 e Figura 7-20. Nestas figuras, os locais de
desenvolver uma força axial efetiva superior na condição em que Fres>0, o que acarretaria
como conseqüência uma mais alta chance de propiciar a flambagem nestes pontos, visto
que maior será a probabilidade de flambagem quanto maior for a força axial efetiva.
74
Figura 7-19 – Força axial efetiva para força residual na alça de flambagem igual a 0
Figura 7-20 – Força axial efetiva para força residual na alça de flambagem igual a 0.5
A força crítica de flambagem, por outro lado, é interpolada a partir dos resultados
interpolar valores previamente calculados, gerar uma análise em elementos finitos para
cada amostra gerada por Monte Carlo. Contudo, como em geral são necessárias mais de
trabalho, e supondo que cada análise demorasse em torno de dois minutos para ser
75
7.6. Resultados
Para cada VAS de projeto a ser analisado, foram executadas 480 análises em
parâmetros de µa, µL e δL. Como foram rodados um total de três diferentes VAS de
projeto, sendo de 1,5km, 2km e 3km, multiplicando-se este valor por três chega-se ao
resultados gerados constatou-se que a força crítica de flambagem, para uma mesma
diferentes VAS. Pode-se concluir deste fato que, ao menos para o cenário analisado, a
Caso não se queira obter dos modelos qualquer resposta pós flambagem, como
amplitude da alça ou força axial efetiva residual no ápice da alça, pode-se utilizar um
único comprimento de duto como base para realização da grande quantidade de análises
necessárias no intuito único de gerar a tabela com as forças críticas de flambagem (Fcrit),
o que poupa considerável esforço. Com isto em mente, utilizou-se a tabela com dados de
Fcrit gerada a partir das análises de VAS=1,5km nas avaliações por Monte Carlo de uma
condição de VAS=1km.
Em todos os casos, a confiabilidade foi estimada pelo método de Monte Carlo. Por
similares ([38], [15]) mostraram que um total de 107 simulações tem sido suficientes para
relacionada aos maiores valores de VAS de projeto. Abaixo estão apresentados gráficos
76
com os histogramas de força efetiva e força crítica para quatro valores de VAS de projeto,
sendo eles 3km, 2km, 1,5km e 1km. Há dois gráficos para cada caso de VAS por terem
sido realizadas avaliações supondo as curvas densidade de probabilidade dos atritos ora
77
As figuras acima, tal como outras mostradas adiante, indicam que se encontrou
uma probabilidade de falha igual a zero. Isto apenas significa que, dentro do universo
analisado, não se encontrou uma única condição que indicasse uma falha. Caso fosse
aumentado o número de simulações para muito além de 107, poderíamos vir a ter casos
indicando falha, o que nos resultaria em Pf>0. Contudo, por se tratar de um valor muito
baixo e já muito distante do critério estabelecido de 10-4, esta não é uma preocupação
vigente.
78
Figura 7-24 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=2km, µa, µL=normal, δL=normal
valores de força efetiva e força crítica, mas ainda sem constatação de casos de falha em
79
Figura 7-26 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=1,5km, µa, µL=normal, δL=normal
normais. O valor foi apresentado no gráfico como sendo aproximado em função da baixa
ocorrência de cenários com falha, tendo sido constatados apenas duas falhas em 107
simulações, o que torna duvidosa a adoção deste resultado como sendo um resultado
80
pelos dois gráficos abaixo indicam extrapolação do critério pré-definido, onde se deve
respeitar a relação Pf < 10-4. Com isso, conclui-se que o caso de VAS = 1km não é
81
Figura 7-30 – Pf x Iterações, VAS=1km, µa, µL=normal, δL=normal
apresenta uma análise onde se calcula a média (µ) e o desvio padrão (σ) das últimas 106
simulações, para posteriormente calcular a média mais dois desvios padrões (µ + 2.σ) e
compará-la ao valor da última iteração. O cálculo proposto é citado na literatura ([36], [37])
amostral. No entanto, a forma da distribuição de Pf, presente na Figura 7-31, indica que
para o presente caso uma distribuição normal não representaria o ajuste mais adequado.
82
Tabela 7-15 – Análise de convergência da probabilidade de falha
Pf
Ultima iteração 1,53715E-04
Média (µ) 1,53733E-04
Desvio padrão (σ) 4,08843E-07
µ + 2.σ 1,54551E-04
sleeper “i”, define-se a probabilidade de falha de seu evento complementar, que indica
83
Logo, a probabilidade de que a falha não ocorra em nenhum dos sleepers,
ns ns
Pf -sistema = ∏ Pf -sleeper i =∏ (1− Pf -sleeper i ) (7.7)
i i
Onde,
Pf -sistema = (1 − Pf -sleeper ) s
n
(7.8)
Ou ainda,
Pf - sistema = 1 − (1 − Pf -sleeper )
ns
(7.9)
cada um dos casos analisados. Para os casos onde não se verificou nenhuma falha ou
não houve chance de se convergir a um valor de falha confiável, será suposto muito
apenas para prevenir que o total de simulações não mascare alguma falha que poderia vir
84
Tabela 7-16 – Resumo da probabilidade de falha estimada para o sistema
VAS
Pf sleeper ns Pf sistema Critério Status
[km]
Não
1,0 3,80E-03 17 6,27E-02 1,0E-04
Confiável
Nota 1: Conservadoramente, supõe-se a ocorrência de cinco casos de falha
fora do local planejado, ou seja, diretamente sobre o leito marinho e não sobre o sleeper,
Alça não
Sleeper planejada Sleeper
Embora este evento possa ser indesejável, este não necessariamente é um evento
inaceitável, visto que a sua probabilidade de ocorrência pode ser baixa ou mesmo a sua
85
Uma função de falha complementar é proposta por BROWN et al [23] no intuito de
Onde,
Mediante a incerteza do local onde poderia ocorrer uma flambagem não planejada
sobre o solo, pode-se assumir conservadoramente que este local seria próximo a um dos
sleepers, de tal forma que a diferença na força axial efetiva destes locais possa ser
Portanto, o estudo passaria a ter duas funções de falha, Z1 e Z2, tal como resumido
abaixo.
Esta nova função, Z2, indica que se a força crítica para flambagem sobre o solo for
menor do que a força crítica para flambagem sobre o sleeper, então o duto irá flambar
86
numéricos igualam-se aos anteriormente executados, cujas condições de contorno são
apresentadas na Figura 7-7, com a única diferença de que nenhum sleeper foi
elementos finitos realizadas sem o sleeper. Pode-se constatar que para este caso o atrito
Figura 7-33 – Fcrit em função de µa para vários valores de µL, dado que δL=200mm
87
Figura 7-34 – Fcrit em função de µL para vários valores de µa, dado que δL=1000mm
Figura 7-35 – Fcrit em função de δL para vários valores de µL, dado que µa = 0,6
7.7.2. Resultados
Com base em um modelo de VAS de 1,5km, foram realizadas 107 simulações por
Monte Carlo para se gerar amostras aleatórias de quatro parâmetros, sendo eles µa, µL,
sleeper por variáveis independentes, embora sejam representadas por uma mesma curva
falha através da nova verificação, i.e. por Z2 < 0 (Fcrit(solo) < Fcrit(sleeper)).
88
Como esta nova condição de falha é independente da força axial efetiva, basta
resultados analíticos (por Hobbs) e numéricos da força crítica de flambagem sobre solo,
embora maior espalhamento dos resultados tenha sido verificado nas análises numéricas.
Outro fato é sobre a distância entre os valores calculados para Fcrit(solo) e Fcrit(sleeper),
responsável por não gerar um único caso de falha, o que reforça a segurança do projeto.
89
8. Conclusão
8.1. Síntese
No cenário atual de projeto de dutos rígidos, a economia relacionada à instalação
de dutos rígidos torna cada vez mais presente o planejamento de dutos rígidos
produtos como óleo e gás sob alta pressão e alta temperatura. No caso particular das
linhas de óleo, é muito freqüente que se escoe o fluido oriundo do poço sob alta
em torno de 50mm mas podendo alcançar, em alguns casos, até 100mm de espessura,
garantem que a temperatura seja mantida alta por praticamente toda a extensão do duto,
essencial para garantir, em contra-partida, uma baixa viscosidade do óleo, o que reduz a
Com a sujeição do duto rígido a uma alta temperatura e alta pressão, este tende a
se expandir. A sua expansão, contudo, sofre certa restrição por parte do leito marinho
compressão axial no duto. Altos níveis de compressão axial, por sua vez, sujeitam o duto
global.
ocorre comumente em tubulações enterradas, condição esta não muito usual no contexto
dos dutos rígidos no Brasil, mas relativamente comuns em projetos da Noruega para
90
de óleo no Brasil, visto grande parte delas estarem não enterradas e terem sido
haver controle das alças de flambagem e com isso garantirmos que a flambagem ocorra
dentro de parâmetros seguros. Dentre os métodos mais comuns, que são o snake-lay, o
Sleepers são estruturas de baixo custo e baixo risco, visto serem de fácil
fabricação e fácil implementação. Estes foram utilizados nesta dissertação para tratar da
Uma vez que se tenham definidas as bases do projeto, i.e. todos os dados de
Uma vez constatada a resposta que se esperava, ou seja, que o duto estará
cálculo do VAS tolerável. Conforme conceituado por algumas vezes no corpo desta
âncoras virtuais, sendo esta aceitação sujeita aos critérios definidos na seção 4.5.2. Uma
91
vez que se tenha vencido esta etapa, pode-se determinar um ou mais valores de VAS de
Abaqus, foram utilizadas para traçar as possíveis forças críticas de flambagem dadas as
diversas combinações entre os parâmetros tidos como não determinísticos, sendo eles o
atrito axial, o atrito lateral e a imperfeição lateral inicial sobre o sleeper. A partir de então,
gerou-se uma tabela com estas forças críticas em função dos três parâmetros
probabilísticos mencionados.
Com a ajuda de uma rotina gratuita em Excel, chamada de GNU Scientific Library,
pôde-se gerar amostras aleatórias das variáveis probabilísticas que obedecessem a suas
curvas densidade de probabilidade. Para cada conjunto de variáveis geradas desta forma,
calculou-se a força axial efetiva e a força crítica de flambagem, esta última interpolada a
partir da tabela construída com os resultados das análises de elementos finitos. Mediante
a comparação entre a força axial efetiva (Feff) e a força crítica de flambagem (Fcrit),
puderam-se determinar os casos de falha, ou seja, os casos em que a Feff < Fcrit. Segundo
probabilidade de falha de todo o sistema, i.e. a probabilidade de que não houvesse falha
20,6mm. O VAS tolerável encontrado foi de 3,4km, limitado pelo critério de flambagem
local por deslocamento controlado, onde a máxima deformação mecânica permitida foi
92
calculada como sendo 1,35%. Com a realização das análises de confiabilidade, verificou-
se uma probabilidade de falha não aceitável apenas para o caso onde o VAS de projeto
Além destes, casos considerando um VAS de 2 e 3km também foram analisados, mas
complementar, alguma consideração sobre interação entre uma alça de flambagem sobre
o sleeper e uma alça não planejada sobre o solo. Para isto foram novamente realizadas
inúmeras análises em elementos finitos, mas desta vez com a intenção de se construir
uma tabela com valores críticos de flambagem em função da variação dos mesmos três
flambagem diretamente sobre o solo. Os valores de força crítica assim gerados foram da
ordem de três vezes os valores de força crítica gerados para a flambagem sobre o
aleatoriamente em alguma das milhões de simulações condizia com uma força crítica de
flambagem sobre o solo inferior à força crítica de flambagem sobre o sleeper, o que
poderia significar que o duto flambaria preferencialmente em local não planejado, o que
se constituiria numa falha. Nenhum caso de falha foi constatado nesta nova verificação,
rígidos. A constatação do alto nível de confiabilidade neste estudo de caso fornece boa
93
8.2. Trabalhos Futuros
Uma série de simplificações foi realizada ao longo das análises apresentadas na
distinguir diferentes fontes de contribuição para uma dada resposta. Uma possível
por exemplo, considerar algum valor para a força axial efetiva na alça de flambagem
(Fres), tida como nula na seção 7.5. Um valor diferente de zero poderia relacionar a alça
estudada com as alças vizinhas, o que implicaria em, eventualmente, analisar o problema
efeito de sistemas de dual sleeper seria uma boa alternativa para os casos onde se
necessite de comprimentos de vãos suspensos menores, por questões de fadiga por VIV.
94
Referências Bibliográficas
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[38] SOLANO, R.F., AZEVEDO, F.B., CARR, M., ET AL., “Thermo-mechanical Design
98
Apêndice A - Planilha com critérios para cálculo do VAS
tolerável
99
100
101
102
Apêndice B - Detalhamento das análises sobre dutos curtos
e dutos longos
Neste apêndice serão apresentados detalhes das análises em elementos finitos
assunto de dutos curtos e dutos longos. Não serão aqui apresentados os parâmetros de
entrada tal como diâmetro e espessura do tubo, fatores de atrito etc, que foram adotados
nas análises, pois o objetivo destas foi de apenas introduzir o conceito e o comportamento
programa Abaqus [2]. Duas análises foram feitas, uma para representar um duto curto e
outra para representar um duto longo, sendo que a única distinção entre ambas foi o
lineares do tipo PIPE31H. Elementos do tipo PIPE são elementos de viga modificados
O solo, por sua vez, foi modelado como uma superfície analítica rígida. O contato
vertical entre duto e solo foi estabelecido como de comportamento rígido, enquanto que
103
Extremidade
livre Duto
Extremidade
livre
Solo
104
Apêndice C - Programa construído para aplicação do método
de Monte Carlo
Application.Calculation = xlManual
min_Feff = 100000000
max_Feff = 0
min_Fcrit = 100000000
max_Fcrit = 0
'Posicionamentos no Excel
lDist = Range("dist").Row
cDist = Range("dist").Column
cFeff = Range("Feff").Column
'*************************
'Dados para cálculo da Feff
Wsub = Worksheets("DadosEntrada").Range("Wsubfull").Value * 1000
L = Worksheets("DadosEntrada").Range("vasL").Value
CoefK = Worksheets("DadosEntrada").Range("CoefK")
Area = Worksheets("DadosEntrada").Range("Area")
105
Inercia = Worksheets("DadosEntrada").Range("Inercia")
E = Worksheets("DadosEntrada").Range("E")
Falha_FEAsle = 0
Range("D11:P60000").ClearContents
Range("J7:M8").ClearContents
Range("A25:B25").ClearContents
Range("P4:R5").ClearContents
'***********************************
'Função FOR que varre cada iteração
'***********************************
'***********************************
'Cada variável probabilística é gerada
'Atrito Axial
i=1
Select Case Cells(lDist, cDist + i).Value
Case "Uniforme"
vari_prob = GetUniform(r, media(i), desv(i)) 'variavel
Case "Normal"
vari_prob = GetGaussian(r, desv(i)) + media(i) 'variavel
End Select
ua = vari_prob
'Atrito Lateral
i=2
Select Case Cells(lDist, cDist + i).Value
Case "Uniforme"
vari_prob = GetUniform(r, media(i), desv(i)) 'variavel
Case "Normal"
vari_prob = GetGaussian(r, desv(i)) + media(i) 'variavel
End Select
uL = vari_prob
'Imperfeição inicial
i=3
Select Case Cells(lDist, cDist + i).Value
Case "Uniforme"
vari_prob = GetUniform(r, media(i), desv(i)) 'variavel
Case "Normal"
vari_prob = GetGaussian(r, desv(i)) + media(i) 'variavel
End Select
Imperf = vari_prob
106
'***********************************
'Força efetiva - INICIO
'************************************
'************************************
'Força efetiva - FIM
'************************************
'******************************************
'Fcrit por tabela de falha (FEA) - INICIO
'******************************************
For i = 0 To (n_uL - 1)
If uL < rangeuL(i) And i > 0 Then
uL_inf = rangeuL(i - 1)
uL_sup = rangeuL(i)
Exit For
ElseIf uL < rangeuL(i) Then
uL_inf = rangeuL(i)
uL_sup = rangeuL(i + 1)
Exit For
ElseIf i = (n_uL - 1) Then
uL_inf = rangeuL(i - 1)
uL_sup = rangeuL(i)
End If
Next
For i = 0 To (n_imp - 1)
If Imperf < rangeImp(i) And i > 0 Then
Imperf_inf = rangeImp(i - 1)
Imperf_sup = rangeImp(i)
Exit For
107
ElseIf Imperf < rangeImp(i) Then
Imperf_inf = rangeImp(i)
Imperf_sup = rangeImp(i + 1)
Exit For
ElseIf i = (n_imp - 1) Then
Imperf_inf = rangeImp(i - 1)
Imperf_sup = rangeImp(i)
End If
Next
'realizando interpolações
x1 = Fcrit(ua_inf * 100, uL_inf * 100, Imperf_inf / 100)
x2 = Fcrit(ua_inf * 100, uL_inf * 100, Imperf_sup / 100)
x3 = Fcrit(ua_sup * 100, uL_sup * 100, Imperf_inf / 100)
x4 = Fcrit(ua_sup * 100, uL_sup * 100, Imperf_sup / 100)
x5 = Fcrit(ua_inf * 100, uL_sup * 100, Imperf_inf / 100)
x6 = Fcrit(ua_inf * 100, uL_sup * 100, Imperf_sup / 100)
x7 = Fcrit(ua_sup * 100, uL_inf * 100, Imperf_inf / 100)
x8 = Fcrit(ua_sup * 100, uL_inf * 100, Imperf_sup / 100)
108
'Probabilidade de falha nesta iteração
Pf_FEAsle = Falha_FEAsle / (lin + 1)
'******************************************
'Fcrit por tabela de falha (FEA) - FIM
'******************************************
'******************************************
'Plota resultados a cada N_plota iterações
109
Range("P4") = max_ua
Range("Q4") = max_uL
Range("R4") = max_imp
Range("P5") = min_ua
Range("Q5") = min_uL
Range("R5") = min_imp
End If
Next lin
Application.Calculation = xlAutomatic
Application.ScreenUpdating = True
End Sub
Sub FcritFEA()
Falha = 0
PriLinFa = 4 'Primeira linha com valor da tabela de falha
'************************************
'Carregando toda a tabela de falha na array Fcrit
n_ua = 0
n_uL = 0
n_imp = 0
110
Worksheets(TabFalha).Range("AE" & PriLinFa & ":AG1000").ClearContents
i = PriLinFa
Do While Worksheets(TabFalha).Range("U" & i).Value <> ""
i=i+1
Loop
111
:=xlSortNormal
With Worksheets(TabFalha).Sort
.SetRange Range(range_sort)
.Header = xlNo
.MatchCase = False
.Orientation = xlTopToBottom
.SortMethod = xlPinYin
.Apply
End With
range_sort = "AF4:AF100"
Worksheets(TabFalha).Sort.SortFields.Clear
Worksheets(TabFalha).Sort.SortFields.Add Key:= _
Range(range_sort), SortOn:=xlSortOnValues, Order:=xlAscending, DataOption _
:=xlSortNormal
With Worksheets(TabFalha).Sort
.SetRange Range(range_sort)
.Header = xlNo
.MatchCase = False
.Orientation = xlTopToBottom
.SortMethod = xlPinYin
.Apply
End With
range_sort = "AG4:AG100"
Worksheets(TabFalha).Sort.SortFields.Clear
Worksheets(TabFalha).Sort.SortFields.Add Key:= _
Range(range_sort), SortOn:=xlSortOnValues, Order:=xlAscending, DataOption _
:=xlSortNormal
With Worksheets(TabFalha).Sort
.SetRange Range(range_sort)
.Header = xlNo
.MatchCase = False
.Orientation = xlTopToBottom
.SortMethod = xlPinYin
.Apply
End With
'***************
For i = 0 To (n_ua - 1)
rangeua(i) = Worksheets(TabFalha).Range("AE" & (i + PriLinFa))
Next
For i = 0 To (n_uL - 1)
rangeuL(i) = Worksheets(TabFalha).Range("AF" & (i + PriLinFa))
Next
For i = 0 To (n_imp - 1)
rangeImp(i) = Worksheets(TabFalha).Range("AG" & (i + PriLinFa))
Next
End Sub
112
Apêndice D - Cálculo do SNCF devido à presença do
revestimento da junta
A presença do revestimento na região da junta entre os tubos resulta em um
considerável aumento no valor de deformação local, aumento este que precisa ser
materiais foram consideradas no modelo, sendo eles o duto (aço), o revestimento do duto
Revestimento Revestimento da
Duto
do duto (PP) junta (IMPP)
(Aço)
Linha da solda
nós com integração reduzida (C3D8R). Um refino mais acentuado foi realizado na porção
central do duto, local de onde se extrairá o resultado de SNCF. Detalhes gerais de refino
podem ser visualizados na Figura B-2, onde se notará pelo menos três elementos ao
113
A
B
A B
suficiente para afastar a região de interesse dos resultados espúrios provenientes das
condições de contorno.
curvatura pré-definida suficiente para curvá-lo até atingir uma deformação longitudinal
1%.
não estão sendo citados em nenhum outro local desta tese, mas apenas na Tabela D-1.
E v σy
Material
[MPa] [-] [MPa]
114
PP 1000 0,4 15
Figura B-3 – Deformação longitudinal no duto (apenas o aço está sendo mostrado)
estimado a partir da divisão entre a deformação de pico, i.e. 1,39%, com a deformação
longitudinal fora da concentração, i.e. 0,97%. Portanto, SNCF para este caso vale 1,43.
-0,97%
-1,39%
115
Apêndice E - Planilha para verificação da susceptibilidade do
duto à flambagem
116
117
118
119