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1.1. Biologia - Teoria - Livro 1 PDF
1.1. Biologia - Teoria - Livro 1 PDF
FRENTE 1 Citologia
com muito mais detalhes do que ao 5. TEORIA CELULAR interior das células. Assim, quando um
microscópio comum, é chamada atleta está correndo, toda a atividade
ultraestrutura celular. Uma das mais importantes ge- muscular envolvida no processo tem
neralizações da Biologia é a teoria lugar no interior da célula muscular.
4. UNIDADES DE MEDIDA celular, que afirma:
❑ As células originam-se
❑ Todos os organismos vivos
A unidade habitualmente usada unicamente de células
são formados por células
para exprimir dimensões celulares é preexistentes
Tal generalização estende-se
o micrômetro (μm), que é a milésima Não existe geração espontânea
desde os organismos mais simples,
parte do milímetro. de células. Por meio de processos de
como bactérias, amebas, até os mais
Ao descrever as estruturas celu- divisão celular, as células-mães
complexos, como um homem ou uma
lares, usamos o nanômetro e o produzem células-filhas, provocando
frondosa árvore. Os vírus são exce-
angström. a reprodução e o crescimento dos
ção, pois não apresentam estrutura
O nanômetro (nm) é a milésima organismos.
celular.
parte do micrômetro. O angström (Å)
é a décima parte do nanômetro. ❑ Todas as reações ❑ As células são portadoras
metabólicas de um de material genético
Assim, temos: organismo ocorrem em As células possuem DNA (ácido
1mm = 10.000.000Å = nível celular desoxirribonucleico), por meio do qual
= 1.000.000nm = 1.000μm Em qualquer organismo, as rea- características específicas são trans-
ções vitais sempre acontecem no mitidas da célula-mãe à célula-filha.
1. ESTRUTURA
A membrana plasmática ou celu-
lar é uma película delgada e elástica
que envolve a célula. Formada por
lípides e proteínas (lipoproteica), esta
membrana fica em contato, através
da face externa, com o meio extra-
celular e, pela face interna, com o
hialoplasma da célula. Sua espessura
é da ordem de 75Å e, como tal, só
pode ser observada com o auxílio da Fig. 1 – O modelo do mosaico fluido.
microscopia eletrônica, em que apa- • Regular as trocas de substân- para aumentar a superfície de ab-
rece como duas linhas escuras cias entre a célula e o meio, conforme sorção (Fig. 2).
separadas por uma linha central cla- uma propriedade chamada de per-
ra. Esta estrutura trilaminar é comum meabilidade seletiva. ❑ Invaginações de base
às outras membranas encontradas na As células dos canais renais pos-
célula, sendo designada por unidade • Intervir nos mecanismos de re- suem, na base, profundas invagina-
de membrana. O modelo teórico, conhecimento celular, através de re- ções relacionadas com o transporte
atualmente aceito para a estrutura da ceptores específicos, moléculas que da água reabsorvida pelos canais
membrana, é o do mosaico fluido, pro- reconhecem agentes do meio, como, renais (Fig. 2).
posto por Singer e Nicholson. por exemplo, os hormônios.
De acordo com o modelo, a mem-
brana apresenta um mosaico de mo- 3. ESPECIALIZAÇÕES
léculas proteicas que se movimentam DA MEMBRANA
em uma dupla camada fluida de Existem especializações da mem-
lípides (Fig. 1). brana plasmática ligadas a diferen-
ciações celulares. Assim, temos:
2. FUNÇÕES DA MEMBRANA
• Manter a integridade da estru- ❑ Microvilosidades
tura celular. Com a ruptura da mem- São delgadas expansões da Esquerda: célula do epitélio intestinal com
microvilosidades.
brana, provocada por estímulos físi- membrana plasmática, na superfície Direita: célula do canal renal com inva-
cos ou químicos, o citoplasma extra- livre da célula. Estão presentes nas ginações de base.
vasa e a célula desintegra-se (citólise). células do epitélio intestinal e servem Fig.2 – Especializações da membrana.
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❑ Desmossomos ❑ Cutículas
São espécies de “botões ade- As cutículas são camadas delga-
sivos” que aparecem nas membranas das (películas), que em muitos casos
adjacentes de células vizinhas. Estão recobrem externamente a membrana
presentes nos epitélios e aumentam a plasmática. A composição química
adesão entre as células (Fig. 3). dessas películas geralmente é glico-
proteica. A cutícula também recebe o
❑ Interdigitações nome de glicocálix. As cutículas não
Correspondem a dobras da mem- são indispensáveis à integridade da
brana, que se encaixam para aumen- célula, mas estão relacionadas com a
tar a adesão; também ocorrem em associação celular na constituição
células epiteliais (Fig. 3). Fig. 3 – Desmossomo e interdigitações. dos tecidos.
2. TIPOS DE TRANSPORTE
Fig. 3 – Hemácias em
O transporte de substâncias, feito meios de concentrações diferentes.
pela membrana, pode ser ativo ou
passivo. No transporte passivo, um 4. PROTEÍNAS
soluto move-se espontaneamente a TRANSPORTADORAS
favor do gradiente de concentração,
sem gasto de energia. Neste tipo de Na estrutura da membrana plas-
transporte, moléculas e íons deslo- mática aparecem várias proteínas
cam-se do meio mais concentrado transportadoras, macromoléculas es-
Fig. 2 – A osmose. pecializadas no transporte de subs-
para o meio menos concentrado, isto
é, no sentido do gradiente de con-
centração, sem usar a energia for-
necida pela hidrólise do ATP (ATP →
→ ADP + P + Energia). No transporte
ativo, íons e moléculas são trans-
portados contra o gradiente de con-
centração, ou seja, da região menor
para a mais concentrada com o
consumo de energia (Fig. 1).
3. OSMOSE, UM
TRANSPORTE PASSIVO
Em condições normais, a água
entra e sai continuamente da célula,
difundindo-se por meio de um proces-
so designado osmose. A membrana Fig. 1 – Os tipos de transporte.
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8. TRANSPORTE
EM QUANTIDADE
1. MITOCÔNDRIAS
❑ Estrutura
As mitocôndrias são corpúsculos
esféricos ou em forma de bastonetes
que aparecem imersos no hialoplas-
ma em número variável, segundo o
tipo celular. Vista ao microscópio ele-
trônico, a mitocôndria apresenta uma
ultraestrutura típica, sendo delimitada
por duas unidades de membrana, a
externa e a interna, separadas por um
espaço, a câmara externa. A mem-
Fig. 1 – A estrutura de uma mitocôndria.
brana interna limita a matriz mito-
condrial e forma, para o interior desta, que se apresentam sob a forma de endoplasmático associam-se a fila-
uma série de invaginações deno- partículas globulares com 15 a 20 nm mentos de RNA mensageiro, consti-
minadas cristas mitocondriais (Fig. 1). de diâmetro. São constituídos por tuindo os polissomos ou polirribos-
A matriz é uma substância amorfa duas subunidades de tamanhos dife- somos.
em que aparecem moléculas de DNA, rentes, formadas por RNAr e proteí- Os ribossomos originam-se do
RNA, ribossomos e granulações den- nas (Fig. 2). nucléolo, sendo a sede da síntese
sas com 500 Å de diâmetro. As mito- proteica. Os aminoácidos são enca-
côndrias formam-se a partir da divi- deados ao nível dos ribossomos para
são de outras preexistentes. constituir uma proteína. A biossíntese
proteica será estudada mais adiante
❑ Função (Fig. 3).
No interior das mitocôndrias,
ocorrem duas etapas da respiração
aeróbica: o ciclo de Krebs, desenvol-
vido na matriz mitocondrial, e a ca-
deia respiratória, realizada nas cristas
mitocondriais.
Fig. 2 – O ribossomo.
3. MICROTÚBULOS
❑ Função
Cílios e flagelos determinam a motilidade de espermatozoides, bactérias, algas e protozoários. Epitélios ciliados
promovem a movimentação de partículas, como é o caso das vias respiratórias. O estudo da fisiologia animal evidencia
um grande número de exemplos de estruturas ciliadas.
MÓDULO 6 O Núcleo
MÓDULO 7 Os Cromossomos
1. CROMATINA E Além da constrição primária, cer- sentado pelo DNA. Cada nucleos- -
CROMOSSOMOS tos cromossomos apresentam estrei- somo é um octâmero, por ser formado
tamentos que aparecem sempre no por 8 moléculas de histonas, nas
No início da divisão celular, os mesmo lugar; são as chamadas cons- quais se enrola, helicoidalmente, o
cromossomos organizam-se a partir trições secundárias, muito utilizadas DNA. Uma histona, situada por fora
da cromatina do núcleo interfásico. no reconhecimento e caracterização de cada nucleossomo, controla a
A cromatina e os cromossomos dos cromossomos no cariótipo. condensação da cromatina (Fig. 4).
representam dois estados diferentes Na extremidade de um dos bra-
de um mesmo material. A cromatina é ços, em certos cromossomos há uma
constituída por filamentos delgados e pequena esfera presa por fina trabé-
longos que se espiralizam no mo- cula; trata-se do satélite, importante
mento da divisão, formando espiras na caracterização do cromossomo.
cerradas, que constituem os cromos-
somos (Fig. 1). 3. NÚMERO
O número de cromossomos é
constante para indivíduos de uma
mesma espécie. Assim, o homem pos-
sui 46 cromossomos; o gado, 60; a er-
vilha, 14; o feijão, 22; o tabaco, 48 etc.
Esse número de cromossomos,
encontrado nas células do corpo ou
células somáticas, é representado por
2n e chamado diploide. Isso se dá
porque cada cromossomo se apre-
senta em duplicata, designando-se o
par de cromossomos idênticos como
Fig. 4 – A organização
Fig. 1 – A condensação cromossômica. cromossomos homólogos. molecular da cromatina.
As células sexuais ou gametas,
2. FORMA que contêm a metade do número de 5. CICLO CROMOSSÔMICO
cromossomos das células somáticas,
A observação de um cromossomo são designadas haploides (n) (Fig. 3). Na interfase, o cromossomo apa-
condensado mostra-nos que este, em rece descondensado e sofre o pro-
geral, apresenta uma região estran- cesso de duplicação. A condensação
gulada que o divide em duas partes começa na prófase e atinge o grau
chamadas braços. Esse estrangula- máximo na metáfase. A divisão do
mento serve para fixação do cro- centrômero ocorre na anáfase e a
mossomo nas fibras do fuso durante a descondensação na telófase (Fig. 5).
mitose e recebe o nome de constrição
primária, centrômero ou cinetocoro
(Fig. 2).
Fig. 3 – Células diploides e haploides.
4. ORGANIZAÇÃO
MOLECULAR DOS
CROMOSSOMOS
Quimicamente o cromossomo é
constituído pelo DNA associado a pro-
teínas básicas denominadas histonas.
Observada ao microscópio eletrônico,
a cromatina aparece constituída por
fibras de, aproximadamente, 30 nm de
diâmetro, com uma estrutura que lem-
bra um “colar de contas”. As contas
representam os chamados nucleos-
Fig. 2 – Organização de um cromossomo. somos, sendo o fio que as une repre- Fig. 5 – O ciclo cromossômico.
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7. TIPOS
Conforme a posição do centrô-
mero, distinguem-se quatro tipos de
cromossomos (Fig. 7).
MÓDULO 8 A Mitose
1. A DIVISÃO CELULAR Ocorre em células haploides e diploides. Na meiose, ocorre a chamada
Existem dois processos de divisão redução cromática, ou seja, o material genético é reduzido à metade. Na
celular: a mitose e a meiose, cada meiose, uma célula diploide origina quatro células haploides. A meiose ocorre
um deles com objetivos específicos. na formação de gametas em animais e de esporos em vegetais (Fig. 2).
Mitose é o processo de divisão
celular que permite a distribuição dos
cromossomos e dos constituintes cito-
plasmáticos da célula-mãe igualmen-
te entre as duas células-filhas. Tal pro-
cesso é responsável pela multipli-
cação dos indivíduos unicelulares,
pelo crescimento dos pluricelulares e
pelo aumento do número de células
(Fig. 1). Fig. 1 – Mitose. Fig. 2 – Meiose.
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❑ Prófase
A prófase começa com o aumen-
to do volume nuclear e com a con-
densação da cromatina, formando os Fig. 7 – A anáfase.
cromossomos.
Verifica-se que cada cromosso- ❑ Telófase
mo é constituído de duas cromátides Agora os cromossomos chegam
unidas pelo centrômero, o que sig- aos polos e sofrem o processo de
nifica que a duplicação dos cromos- Fig. 5 – Fim da prófase. descondensação. A membrana nu-
somos ocorreu antes da prófase, ou clear reconstitui-se a partir do retículo
seja, na interfase (Fig. 3). ❑ Metáfase endoplasmático. Os nucléolos tornam
Os cromossomos atingem seu a se formar na altura da constrição
grau máximo de condensação e co-
secundária de certos cromossomos,
locam-se no equador do fuso. Através
os chamados cromossomos orga-
do centrômero, os cromossomos es-
nizadores nucleolares. Assim termina
tão ligados às fibras do fuso. Há dois
a divisão nuclear ou cariocinese,
tipos de fibras no fuso: as contínuas,
produzindo dois novos núcleos com
que vão de centríolo a centríolo, e as
cromossômicas, que vão de centríolo o mesmo número cromossômico da
a centrômero. célula-mãe. A seguir, acontece a di-
É a melhor fase para estudo do visão do citoplasma ou citocinese. Na
cariótipo. região equatorial, a membrana plas-
Cariótipo é o conjunto de dados mática invagina-se, formando um
Fig. 3 – Início da prófase. relativos ao número, à forma e ao ta- sulco anular cada vez mais profundo e
manho dos cromossomos de uma de- terminando por dividir totalmente a
No citoplasma, o início da prófase terminada espécie (Fig. 6). célula (Figs. 8 e 9).
é marcado pela duplicação dos cen-
tríolos, que se envolvem radialmente
pelas fibras do áster. Cada um dos cen-
tríolos resultantes vai migrando para
os polos opostos da célula (Fig. 4).
Fig. 6 – A metáfase.
❑ Anáfase
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Fig. 2 – A tetraploidia.
❑ Inibidores da citocinese
A cisteamina e a citocalasina
inibem a divisão do citoplasma e pro-
Gráfico da variação da vocam a formação de células binu-
quantidade de DNA no ciclo mitótico. cleadas. Fig. 3b – Mitose acêntrica e anastral.
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MÓDULO 10 A Meiose
Fig. 1 – A meiose.
2. IMPORTÂNCIA
FRENTE 2 Genética
2. OS OBJETIVOS
DA GENÉTICA
O DNA é formado por duas siste em duas cadeias enroladas uma purinas e pirimidinas (Fig. 5).
cadeias de polinucleotídeos, enrola- sobre a outra de maneira regular,
requerendo cerca de dez nucleotí- 7. OS TIPOS DE RNA
das helicoidalmente e ligadas trans-
Existem três tipos de RNA: o
versalmente através de pontes de hi- deos pareados em cada volta com-
RNAr, o RNAm e o RNAt.
drogênio, existentes entre uma purina pleta dessa hélice dupla.
O RNA ribossômico (RNAr), asso-
e uma pirimidina. A adenina forma A distância entre as bases é de
ciado a proteínas, forma os ribosso-
duas pontes de hidrogênio com a 3,4Å e o diâmetro da molécula é de
mos, organoides celulares responsá-
timina, e a guanina forma três pontes cerca de 20Å (Fig. 4).
veis pela síntese de proteínas.
com a citosina. O que diferencia dois DNAs de O RNAr constitui a maior porção
Os pareamentos A–T e C–G fa- origens diferentes é o valor caracte- do RNA celular.
zem com que, na molécula de DNA, rístico da relação (A + T) / (C + G), O RNA mensageiro (RNAm) leva
tenhamos A = T e C = G. Graças ao que é constante dentro de uma deter- a mensagem genética do DNA para
citado pareamento, as cadeias são minada espécie. os ribossomos; a mensagem consiste
denominadas complementares. Existem vírus com DNA formado na sequência de aminoácidos da
Também se observa que, em razão por uma cadeia de nucleotídeos; evi- proteína.
da complementaridade, as cadeias dentemente, neste caso, há diferen- O RNA transportador (RNAt) ou
são orientadas em sentidos opostos, tes quantidades de A e T, bem como RNA solúvel (RNAs) é o de menor
ou seja, são antiparalelas, fato evi- de C e G. cadeia, apresentando de 80 a 100
denciado pela posição das pentoses. O RNA é constituído por uma nucleotídeos. A sua função é o trans-
De acordo com o modelo pro- única cadeia de nucleotídeos, inexis- porte de aminoácidos do hialoplasma
posto por Watso e Crick, o DNA con- tindo as relações de igualdade entre para os ribossomos.
1. A REPLICAÇÃO
Replicação é o processo de duplicação da molécula do DNA. Sob a ação de uma enzima específica, a DNA-
-polimerase, ocorre a quebra das pontes de hidrogênio e a consequente separação das duas cadeias. Ao mesmo
tempo, cada cadeia vai formando a sua cadeia complementar, através do encadeamento de novos nucleotídeos,
sempre observando o pareamento de A com T e de G com C. O resultado é a formação de duas novas cadeias que
conservam, na sua estrutura, uma metade da molécula-mãe; daí a designação de semiconservativa, dada a tal forma
de replicação.
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2. A TRANSCRIÇÃO
Transcrição é o processo através
do qual o DNA serve de modelo para
a síntese de RNA. Apenas uma cadeia
de DNA é usada nesse processo, ati-
vado pela enzima RNA-polimerase.
Numa determinada região, terminal ou
intercalar, da molécula do DNA, ocorre
a separação das cadeias. Uma delas
forma o RNA através do encadea-
mento de nucleotídeos complementa-
res. Assim, pareiam-se A do DNA com
U do RNA, T do DNA com A do RNA,
C do DNA com G do RNA e G do
DNA com C do RNA.
3. AS NUCLEASES
Nucleases são as enzimas que
hidrolisam os ácidos nucleicos. Assim,
a desoxirribonuclease (DNAase)
e a ribonuclease (RNAase) são en-
zimas pancreáticas que hidrolisam,
respectivamente, o DNA e o RNA,
transformando-os em nucleotídeos.
DNAase
DNA ⎯⎯⎯⎯→ nucleotídeos
RNAase
RNA ⎯⎯⎯⎯→ nucleotídeos
4. A LOCALIZAÇÃO
DOS ÁCIDOS NUCLEICOS
O DNA existe principalmente no
núcleo das células, presente na
constituição química dos cromos-
somos. Também aparece nos cloro-
plastos e nas mitocôndrias.
O RNA é encontrado nos cromos-
somos, no nucléolo, nos ribossomos,
nas mitocôndrias, nos cloroplastos e Fig. 1 – Replicação semiconservativa do Fig. 2 – A transcrição.
no hialoplasma. DNA.
1. DE QUE MANEIRA O GENE não acontece, porém, com as proteí- Os componentes celulares são
DETERMINA O FENÓTIPO? nas e com os ácidos nucleicos, subs- estruturados principalmente a partir
tâncias específicas para cada orga- de proteínas. Sendo mediadores e re-
nismo. Os milhares de organismos guladores metabólicos, agem como
Sabemos que na estrutura celular
que existem na natureza são, geral- enzimas e hormônios.
dos seres vivos existem quatro tipos
mente, representados por diferenças
de macromoléculas: açúcares, lipí-
proteicas. Podemos afirmar que as
dios, proteínas e ácidos nucleicos. As
proteínas determinam o fenótipo. Pa- 2. O CONCEITO DE GENE
duas primeiras não são caracterís-
ra tanto, desempenham duas funções
ticas e específicas dos diversos
gerais, atuando como O gene, ou seja, o DNA, determi-
organismos. Assim, a glicose de um
fermento é a mesma existente no ho- (1) materiais estruturais e na o fenótipo do organismo, espe-
mem; o panículo adiposo de um rato (2) mediadores e reguladores cificando a síntese de determinadas
é similar ao de um elefante. O mesmo metabólicos. moléculas de proteínas.
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}
UAU UGU
quência de aminoácidos de uma Phe Tyr Cys
UUC UCC UAC UGC C
proteína. U Ser
UGA → Sem sentido A
3. O CÓDIGO GENÉTICO
UUA
UUG } Leu
UCA
UCG
UAA
UAG } Sem
sentido UGG → Tryp G
}
} }
CUU CCU CAU CGU
}
U
His
Um código é um sistema de C
CUC CCC CAC CGC C
Leu Pro Arg
símbolos, usado para transmitir uma CUA CCA CAA
} CGA A
Primeira letra
Terceira letra
GluN
determinada informação. A lingua- CUG CCG CAG CGG G
gem escrita, por exemplo, é um tipo
AUU
} ACU
} }
}
de código inventado pelo homem. AAU AGU U
Leu AspN Ser
AUC ACC AAC AGC C
Usando 23 símbolos (letras), pode- A Thr
mos formar um número ilimitado de
palavras, que só tem significado para
AUA
AUG } Met
ACA
ACG
AAA
AAG } Lys
AGA
AGG } Arg
A
G
}
U
comparar o código genético a um al- Asp
G GUC Val
GCC
Ala
GAC GGC
Gly
C
fabeto de quatro letras que são as ini-
ciais das quatro bases nitrogenadas:
GUA
GUG
GCA
GCG
GAA
GAG } Glu
GGA
GGG
A
G
A (adenina), C (citosina), G (guanina)
e T (timina). Com as quatro letras, são
formadas palavras de três letras de- 4. AS PROPRIEDADES que todas as formas de vida têm uma
nominadas códons. Portanto, cada DO CÓDIGO GENÉTICO origem comum.
códon é uma sequência de três ba-
ses que codificam um aminoácido O código genético apresenta 5. O CÓDIGO
específico. Os códons do DNA são duas propriedades: a degeneração e GENÉTICO COMPLETO
transcritos para códons do RNAm, a universalidade. O código existente no DNA é
como se observa na tabela abaixo. O código genético é degenerado, transcrito para o RNA que comumen-
CÓDONS CÓDONS AMINOÁCIDOS ou seja, cada aminoácido é codifi- te aparece nas tabelas, como a que
DNA RNAm CODIFICADOS cado por dois ou mais códons. Ar- apresentamos acima.
ginina, por exemplo, é um aminoácido Observe que três dos códons
CCA GGU Glicina codificado por seis códons: CGU, existentes não têm sentido, o que sig-
AGA UCU Serina CGC, CGA, CGG, AGA e AGG. O có- nifica que não codificam qualquer
digo é universal, o que significa que tipo de aminoácido. É o caso de UAA,
CGA GCU Alanina parece ser o mesmo em todos os UAG e UGA, chamados de códons
organismos estudados. Esta é mais terminais por indicarem o término de
AAA UUU Fenilalanina uma evidência evolutiva mostrando um cístron.
270 –
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Fig. 2 – O RNAt.
Fig. 4 – A síntese de proteínas.
No citoplasma, enzimas especí-
ficas ativam as moléculas de ami- O próximo esquema é a correspondência entre códons do DNA e RNAm,
noácidos que se associam com as do bem como dos anticódons do RNAt.
RNAt, formando os complexos
AA–RNAt (Fig. 3).
4. A TRADUÇÃO
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A relação fenotípica em F2 é 1 : 2 : 1.
vamente das condições de tempera- cia do meio ambiente. Em Drosophila, A fenocópia evidentemente não
tura ambiental. o corpo amarelo é determinado por afeta o gene, ou seja, não altera o
No coelho, as extremidades são um gene recessivo a, cujo alelo domi- genótipo e, consequentemente, não é
sempre as regiões mais frias do corpo, nante, A, condiciona corpo cinzento. transmitida à geração.
o que justifica a presença de pelos Larvas com genótipo para cinzento
pretos. (AA ou Aa) que recebem nitrato de
❑ Hortênsias prata, na alimentação, evoluem para 4. ANÁLISE DE GENEALOGIAS
As hortênsias produzem flores adultos amarelos. A carta genealógica é a repre-
azuis, se plantadas em solo ácido, ou O corpo amarelo, determinado sentação de indivíduos relacionados
róseas em solo alcalino, determinadas pelo tipo de alimento, é uma fenocó- por ascendência comum. Na repre-
por interação dos produtos gênicos pia do amarelo produzido por ação do sentação gráfica, observam-se vários
com o meio ambiente. gene a. símbolos que indicam características
Galinhas com asas e pernas cur-
❑ Melanina de importância genética, de modo
tas são chamadas rastejantes, sendo
No homem, a quantidade de me- que o exame de um Pedigree permite
essa característica atribuída a um
lanina existente na pele varia em fun- reconhecer o tipo de parentesco exis-
gene dominante. A injeção de ácido
ção da exposição ou não à luz do sol. bórico em ovos galados, no período tente entre seus membros e relacionar
apropriado do desenvolvimento, pro- esse parentesco com a presença ou
3. FENOCÓPIA duzirá aves com membros curtos que ausência de determinadas doenças
Trata-se da cópia de uma condi- representam fenocópias da caracte- ou anomalias de origem hereditária.
ção hereditária produzida por influên- rística rastejante.
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276 –
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PPVV 100% PV
PPvv 100% Pv
Corpo cinzento e asa vestigial
Ppvv 50% Pv e 50% pv
ppVV 100% pV
Corpo preto e asa normal
ppVv 50% pV e 50% pv
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2. PORÍFEROS
Os seres vivos do reino animal
que não possuem tecido verdadeiro
pertencem ao filo dos Poríferos ou
Espongiários.
Os Poríferos vivem na água doce
ou salgada. São sedentários (fixos) e
bentônicos (vivem no fundo).
Desenho esquemático da planária.
5. ASQUELMINTOS
7. MOLUSCOS
OU NEMATELMINTOS
Os animais moluscos são de cor-
Os animais Asquelmintos são po mole, viscoso e não segmentado.
vermes que possuem o corpo cilín- Vários deles são utilizados pelo ho-
drico, filamentoso e não segmentado. mem como alimento, exs.: lula, polvo,
Alguns apresentam vida livre, na água marisco, escargô, ostra e berbigão.
e no solo. Outros são parasitas de O caracol é de hábitat terrestre, e
animais e de vegetais. o caramujo aquático.
A lombriga, o ancilóstomo, o ne- A pérola é secretada pelo manto,
Aspecto geral de uma esponja.
cátor, o bicho-geográfico e o oxiúro dobra da pele, da ostra.
3. CELENTERADOS são patogênicos.
OU CNIDÁRIOS Os animais Asquelmintos são
Os animais celenterados (exs.: vermes que possuem o corpo cilín-
anêmona, água-viva, hidra e coral) drico, filamentoso e não-segmentado.
são os primeiros a possuir um tubo Alguns apresentam vida livre, na água
digestório (cavidade intestinal) na e no solo. Outros são parasitas de
evolução. animais e de vegetais.
São urticantes (cnidários), poden- A lombriga, o ancilóstomo, o ne-
Helix – morfologia externa.
do ocasionar reações alérgicas aos cátor, o bicho-geográfico e o oxiúro
banhistas. Apresentam cnidoblastos, são patogênicos.
8. ARTRÓPODES
células urticantes.
O grupo de maior biodiversidade
do globo terrestre é o dos artrópodes.
Apresentam várias classes, como a
Enterobius vermiculares, dos insetos (exs.: gafanhoto, abelha),
vermes causadores da oxiuríase. a dos crustáceos (exs.: camarão, ca-
6. ANELÍDEOS ranguejo), a dos aracnídeos (exs.:
Os animais Anelídeos são vermi- aranha, escorpião), a dos quilópodos
Cnidoblastos, células formes e apresentam o corpo seg- (ex.: centopeia) e a dos diplópodos
urticantes dos cnidários. mentado (metamerizado). (ex.: piolho-de-cobra).
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1. SISTEMA ESQUELÉTICO dos recifes outros celenterados e al- re ao esqueleto uma resistência con-
gas marinhas. sideravelmente maior.
A finalidade primária do esquele- Na formação dos recifes, com o Os artrópodes apresentam exo-
to é fornecer suporte para as partes crescimento das colônias, vai aumen- esqueleto quitinoso (possuem quitina,
do corpo do animal ou para o animal tando a extensão da massa calcária que é um polissacarídeo). O tegu-
como um todo, pois sob a ação da constituída pelos exoesqueletos. As mento é secretado (produzido) pelo
gravidade o corpo do animal entraria principais condições que concorrem animal e contém lipoproteínas, ceras
em colapso (se não tivesse elemen- para a formação dos recifes são: (lipídios impermeabilizantes), pro-
tos esqueléticos). água límpida, pouco movimentada e teínas, quitina e CaCO3.
Além de sustentar o animal, o bem oxigenada, temperatura acima Os cordados, filo do qual o ho-
esqueleto tem outras funções: prote- de 20°C e profundidade média de mem faz parte, têm endoesqueleto.
ção mecânica (para parte do corpo 40 m (inferior a 100 m). São exemplos de cordados: anfioxo,
ou para todo o animal); suporte para Os vermes achatados (platelmin- feiticeira, tubarão, lambari, sapo, ja-
a musculatura, garantindo, assim, os tes), filamentosos (nematoides) e ane- caré, galinha e cachorro.
movimentos e a locomoção do ani- lados (anelídeos) geralmente não A medula óssea humana apre-
mal; proteção contra dessecação apresentam esqueletos. Porém, deve- senta um tecido conjuntivo hemato-
(perda de água), como é o caso mos lembrar os anelídeos tubícolas poético (produtor de sangue) mie-
especial dos artrópodes, com a sua (marinhos), que segregam materiais loide. Ela produz glóbulos vermelhos
cutícula esquelética. ao redor de seus corpos, com reten- (hemácias), glóbulos brancos (leucó-
O esqueleto dos animais pode ção de elementos do meio ambiente, citos) e plaquetas. A radioatividade
ser classificado em dois tipos, con- e assim adquirem tubos protetores pode afetar a medula óssea, ocasio-
forme sua localização: exoesqueleto, (têm função esquelética, mas não são nando leucemia, ou seja, câncer de
que se forma e se situa na parte mais esqueletos verdadeiros). sangue.
externa do corpo do animal, e endo- Nos equinodermas (ex.: ouriço- A coluna vertebral protege a
esqueleto, que se forma e se situa na do-mar), o esqueleto é interno (en- medula espinhal ou raquidiana, que é
parte interior do corpo do animal. doesqueleto). Origina-se da meso- formada por tecido nervoso cuja
derme e situa-se abaixo do tegu- lesão pode acarretar paralisias (ex.:
❑ Ocorrência de mento do animal. poliomielite).
esqueleto em Nos moluscos (ex.: mexilhão), ar-
alguns grupos de animais trópodes (ex.: insetos) e vertebrados
Nas esponjas (espongiários ou (ex.: homem), os esqueletos são mui-
poríferos), para a sustentação, existe to desenvolvidos.
um endoesqueleto orgânico (fibras da A distinção entre eles pode ser
proteína espongina) ou inorgânico feita em termos do material de que
(espículas silicosas ou calcárias). são formados ou da posição anatômi-
Nos celenterados, os corais (an- ca do esqueleto em relação aos diver-
tozoários) são famosos por seus exo- sos órgãos.
esqueletos, que constituem os recifes Nos moluscos, salvo exceções
de coral (secretados por colônias de (lulas, que têm concha interna, e les-
antozoários). É bastante famosa a mas, que não têm esqueleto), o es-
grande barreira de coral que se es- queleto é externo (exoesqueleto),
tende ao longo da costa nordeste da composto principalmente por carbo-
Austrália, em uma extensão de cerca nato de cálcio (CaCO3). A concha
de 2 000 km. (esqueleto) é secretada pelas células
Os principais antozoários forma- tegumentares em camadas, à medi-
dores dos recifes de coral são os re- da que o animal cresce. Também são
presentantes da ordem Madreporaria. depositadas fibras de proteínas entre Espinho de equinoderma
Também contribuem para a formação as camadas de CaCO3, o que confe- com revestimento epidérmico.
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❑ Respiração filotraqueal
ou pulmotraqueal
Ocorre nas aranhas e nos escor-
Respiração na planária. piões. Consiste num conjunto de tu-
bos que se comunicam com capilares
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1. GENERALIDADES dula, transmite os impulsos que che- tecidos, já que a solubilidade deste
gam aos músculos respiratórios. gás no sangue é muito baixa.
O homem apresenta respiração O centro respiratório é, na ver- Os pigmentos respiratórios são
pulmonar. dade, constituído pelo centro inspira- proteínas que em suas moléculas
tório e pelo centro expiratório. A apresentam um átomo de metal. A
❑ Aparelho respiratório oscilação contínua dos impulsos ner- maioria dos pigmentos respiratórios
O ar, no aparelho respiratório hu-
vosos originados nestes centros contém ferro em suas moléculas. É
mano, percorre o seguinte trajeto: fos-
controla os ciclos respiratórios. ao metal da molécula que o oxigê-
sas nasais ou boca → faringe →
laringe → traqueia → brônquios → nio se liga para ser transportado.
bronquíolos → alvéolos pulmonares. 2. TRANSPORTE
Nos alvéolos pulmonares, ocorre DE GASES
a entrada de O2 e a saída de CO2, RESPIRATÓRIOS K Transporte de
com a consequente passagem do PELO SANGUE dióxido de carbono
sangue venoso a arterial (hematose). Nos tecidos, na respiração intra-
O oxigênio inspirado difunde-se celular, as células estão produzindo
❑ Mecanismo da respiração nos pulmões através das membranas continuamente CO2, que se difunde
Os pulmões podem sofrer ex- respiratórias e cai na corrente sanguí- finalmente para o sangue. O CO2 ago-
pansão e retração e consequen- nea para os demais tecidos do orga- ra é transportado, pelo sangue, até os
temente sofrer diminuição ou aumento nismo. O oxigênio é transportado pelo pulmões, onde se difunde para o ar
de sua pressão interna, em relação à sangue de duas maneiras diferentes: alveolar.
pressão atmosférica. Deste modo, – em solução no plasma (cerca O dióxido de carbono é transpor-
quando os pulmões se expandem, de 3%); tado pelo sangue de três maneiras
aumentam de volume, há queda de – em combinação química com a diferentes:
pressão interna (em relação à pressão hemoglobina das hemácias – em solução no plasma (cerca
atmosférica) e assim o ar se desloca de 7%);
(cerca de 97%).
do exterior, através das vias res - – em combinação com a hemo-
Tem maior importância fisiológica
piratórias, para o interior dos pul- globina e proteínas plasmáti-
mões — é a INSPIRAÇÃO. Quando o o transporte do oxigênio ligado à he- cas, formando compostos car-
pulmão entra em retração, diminui o moglobina (oxiemoglobina), porém, baminas (de 3% a 33%);
volume, aumenta a pressão interna antes de tratar deste transporte do oxi- – na forma de íon bicarbonato
(em relação à atmosférica) e assim o gênio, estudaremos pigmentos respi- (cerca de 60% a 90%).
ar se desloca do interior dos pulmões, ratórios em geral. Como se vê, a maior importância
através das vias respiratórias, para o A finalidade do pigmento respira- fisiológica é o transporte do dióxido
exterior — é a EXPIRAÇÃO. tório é aumentar a capacidade do san- de carbono na forma de íon bicar-
gue em transportar oxigênio para os bonato.
1. GENERALIDADES furada (placa madrepórica), pela qual lares nos tecidos (sínus, lacunas ou
O sangue (fluido circulante) apre- penetra a água do mar. Nem este sis- hemocelas), nos quais o sangue se
senta, nos mamíferos, as seguintes tema ambulacrário nem qualquer ou- move lentamente (coração pouco
funções: tro sistema de canais do animal de- musculoso: desenvolve pressão san-
– Transporte de substâncias ali- sempenham papel de sistema circu- guínea baixa) e realiza troca de subs-
mentares da região de absorção (in- latório verdadeiro. tâncias com as células dos tecidos
testino) para as demais partes do adjacentes. Este sangue é coletado
corpo (células). por outros vasos ou lacunas que o
– Transporte de excretas para os trazem de volta ao coração. Como o
órgãos excretores (rins) a partir das sangue circula por lacunas, além de
demais partes do corpo. vasos, o sistema é denominado aber-
– Transporte dos gases respira- to ou lacunar.
tórios (oxigênio e dióxido de carbono)
entre os pulmões e as demais partes
do corpo.
– Transporte de hormônios (subs-
tâncias controladoras da atividade de
certos órgãos).
Estas funções são desempenha-
das pelo sistema circulatório (ou sis-
tema de transporte) com eficiência e
precisão nos animais vertebrados. Aparelho circulatório
de mexilhão (molusco).
Observação
No caso dos insetos, o sangue O coração dos artrópodes (ex.:
não participa do transporte de gases, inseto) é um tubo muscular longo. Em
pois eles apresentam respiração tra- cada segmento do corpo, ele apre-
queal e não possuem pigmentos res- senta dois ostíolos (aberturas) provi-
piratórios no sangue. dos de válvulas.
O sangue dos insetos não apre-
2. TIPOS DE SISTEMAS senta função no transporte de gases
Circulação do sangue nos mamíferos.
CIRCULATÓRIOS respiratórios.
Protozoários (ex.: ameba), porífe- Entre os moluscos, o sistema cir-
❑ Aberto ou lacunar
ros (ex.: esponja), celenterados (ex.: Nos moluscos e artrópodes, o sis- culatório é muito desenvolvido nos
hidra), platielmintos (ex.: planária) e tema circulatório está presente e é do cefalópodes (lula, polvo etc.).
asquelmintes (ex.: lombriga) não pos- tipo aberto. Neste tipo de sistema Os protocordados (ex.: anfioxo)
suem um verdadeiro sistema de trans- circulatório, os vasos sanguíneos também apresentam sistema circula-
porte. saem de um ou mais espaços irregu- tório aberto ou lacunar.
Nos celenterados (nas medusas),
encontra-se um sistema gastrovascu-
lar que não é um sistema circulatório Sistema circulatório Sistema circulatório
lacunar (aberto) fechado
verdadeiro: trata-se de um sistema de
canais, junto à cavidade gástrica, Coração pouco musculoso muito musculoso
pelos quais circula (entra e sai) a
água do mar.
Hemocelas presentes ausentes
Os equinodermas (ex.: estrela-do-
mar) constituem um grupo de animais
de relativo grande porte, mas sem sis- Capilares ausentes presentes
tema circulatório verdadeiro. Eles
apresentam sistema de vasos e la- Pressão sanguínea baixa alta
cunas pelo corpo, porém neles não
circula sangue. Na estrela-do-mar, por Velocidade de fluxo baixa alta
exemplo, há três sistemas de canais
diferentes. Um deles é o sistema am- Quantidade de alimentos
bulacrário, que é aberto livremente transportados por pequena grande
para o exterior por uma placa per- unidade de tempo
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mente alta, que varia de 30 a 45 mmHg. querdo para todo o organismo através
O sistema circulatório fechado do sistema arterial e, a seguir, o
está presente nos anelídeos e verte- retorno deste sangue ao átrio direito
brados. através do sistema venoso.
A circulação dupla pode ser com-
pleta ou incompleta. Nos anfíbios
3. CIRCULAÇÃO e nos répteis, é incompleta, porque a
NOS VERTEBRADOS anatomia do coração permite a
mistura do sangue venoso com o
Os vertebrados apresentam circu- arterial. Nas aves e nos mamíferos, a
Circulação simples de peixe.
lação fechada, que pode ser simples circulação é completa, porque o co-
❑ Fechado ou dupla. ração é completamente dividido em
Pressão arterial relativamente alta duas metades (a direita, onde passa o
e sustentada é característica dos ver- ❑ Circulação fechada simples sangue venoso, e a esquerda, onde
tebrados superiores. Depende da Nos vertebrados de respiração passa o sangue arterial).
contração poderosa dos ventrículos, branquial, a circulação é simples,
da elasticidade das paredes das arté- porque pelo coração só passa um tipo
4. CORAÇÃO
rias principais e da resistência peri- de sangue (venoso). O sangue
DOS MAMÍFEROS
férica dos vasos de menor calibre venoso que sai do coração é levado
(arteríolas). Nota-se, portanto, que ani- às brânquias, onde é oxigenado e daí
Contém dois átrios e dois ventrí-
mais de circulação aberta não distribuído pelas artérias para todo o
culos com separações completas. No
podem desenvolver pressões maiores corpo, retornando, a seguir, pelo sis-
embrião, os dois átrios se comunicam
e também constantes, pois seu co- tema venoso ao coração. É o caso
pelo forâmen oval ou forâmen de
ração é pouco musculoso e faltam as dos ciclostomados (ex.: lampreia) e
Botal, uma abertura no septo intera-
artérias de paredes elásticas e a re- peixes.
trial, que normalmente se fecha du-
sistência periférica (pois não há o sis- rante o desenvolvimento. Como nas
tema de arteríolas e capilares). ❑ Circulação fechada dupla aves, o seio venoso aparece só na
Entre os invertebrados, as pres- Nos vertebrados de respiração fase embrionária. No átrio direito, che-
sões sanguíneas mais altas foram en- pulmonar, a circulação é dupla (por- gam uma ou duas veias cavas an-
contradas em polvos e outros cefa- que pelo coração passam dois tipos teriores e uma veia cava posterior. Do
lópodes. As lacunas sanguíneas es- de sangue, o venoso e o arterial, ventrículo direito, parte um tronco
paçosas, características de outros fazendo dois ciclos ou circulações pulmonar que logo se bifurca em duas
moluscos, são nestes animais repre- pelo corpo). O ciclo ou circulação artérias pulmonares. Do ventrículo
sen- tadas por vasos definidos: arté- pulmonar (pequena circulação) é o esquerdo, parte a aorta, que se curva
rias, arteríolas, capilares, vênulas e trajeto do sangue entre o ventrículo para a esquerda. A válvula do orifício
veias, como nos vertebrados. Contra direito e o átrio esquerdo, passando atrioventricular direito é chamada
a resistência oferecida pelos vasos pelos pulmões. O ciclo geral (gran- tricúspide (três lâminas). O orifício
periféricos, o coração é capaz de es- de circulação ou sistêmica) é o per- ventricular esquerdo é guarnecido
tabe- lecer e manter pressão relativa- curso do sangue do ventrículo es- pela válvula bicúspide ou mitral.
Ciclostomados (ex.:
Iampreia), Circulação fechada e simples; pelo
1 1 1 1
condrictes (ex.: tubarão) coração, só passa sangue venoso.
e osteíctes (ex.: roncador)
Coanictes ou dipnoicos
2 incom-
(ex.: piramboia) e anfíbios
1 pletamente 1 1 Circulação fechada, dupla e incompleta.
urodelos perenebranquiados
divididos
(salamandra)
2 comple-
1
Demais anfíbios (ex.: sapo) 1 tamente 1 Circulação fechada, dupla e incompleta.
reduzido
divididos
núcleo, mitocôndria, sistema golgien- nhos que atinjam os tecidos. Essa formando um tampão que contribui
se e lisossomo. Elas não se dividem, defesa se faz por meio de duas para a obstrução do vaso. As plaque-
têm metabolismo baixo e vida aproxi- propriedades dos glóbulos brancos: tas participam da formação da trom-
mada de quatro meses. a diapedese, que é a propriedade boplastina, que é um fator indispen-
As hemácias dos demais verte- que têm os glóbulos brancos de, por sável para a coagulação do sangue.
brados (exceto mamíferos) são nu- movimento ameboide, atravessar a Além disso, contêm serotonina, subs-
cleadas. parede do capilar e deslocar-se atra- tância de ação vasoconstritora.
A hemácia é discoide, circular e vés do tecido conjuntivo; a fagoci-
bicôncava, apresentando cerca de 7 tose, que consiste em englobar no 2. COAGULAÇÃO DO SANGUE
micrômetros de diâmetro. seu citoplasma o elemento estranho.
Um homem apresenta aproxima- Os linfócitos, ao contrário dos O mecanismo da coagulação
damente 5,5 milhões de hemácias demais leucócitos, são pouco ativos sanguínea é muito complexo, sofren-
por milímetro cúbico de sangue, en- na fagocitose e são mais importantes do a ação de várias substâncias con-
quanto na mulher a quantidade é de na produção de anticorpos. No tecido tidas no plasma, nas plaquetas e nos
5 milhões. conjuntivo, os linfócitos transformam-se tecidos.
As hemácias são produzidas na em plasmócitos (células produtoras Em linhas gerais, a coagulação
medula óssea e destruídas principal- de anticorpos) e dão origem às cé- envolve a formação da tromboplastina
mente no baço. lulas rejeitadoras de enxerto, que in- pela ação dos fatores do plasma, das
Elas transportam gases respira- vadem órgãos transplantados entre plaquetas ou do tecido.
tórios (O2 e CO2). indivíduos. A tromboplastina, em presença
Os acidófilos, também chama- do íon Ca++ e de outros fatores plas-
❑ Leucócitos ou dos eosinófilos, são células fagocitá-
glóbulos brancos máticos, transforma a protrombina do
rias (porém menos ativas que os plasma na enzima trombina.
São células produzidas pelo teci- neutrófilos e monócitos), que aumen-
do hematopoético mieloide e linfoide. A trombina transforma o fibrino-
tam em número no sangue quando há gênio em fibrina.
São esféricas, quando mergulhadas manifestação de doenças alérgicas.
no plasma, e capazes de apresentar A fibrina, sendo uma proteína in-
Os basófilos têm função pouco
movimentos ameboides. solúvel, precipita-se, formando uma
conhecida. Como os mastócitos (cé-
Classificam-se em granulócitos, rede de filamentos. A deposição da
lulas de tecido conjuntivo), possuem
quando apresentam granulação cito- rede de fibrina na extremidade lesada
heparina e histamina. Além dessas
plasmática (neutrófilos, basófilos e no vaso retém os glóbulos sanguí-
substâncias, os basófilos contêm se-
acidófilos), e agranulócitos, quando neos, formando-se assim um tampão
rotonina. A serotonina e a histamina
não apresentam granulação citoplas- que obstrui o vaso lesado.
têm, respectivamente, ação vaso-
mática (monócitos e linfócitos). A protrombina forma-se no fígado,
constritora e vasodilatadora, e a he-
Os granulócitos são produzidos sendo necessária a vitamina K para a
parina tem papel anticoagulante.
na medula óssea; os agranulócitos, sua síntese, e, consequentemente,
Os neutrófilos constituem a pri-
nos gânglios linfáticos (principalmente para que haja a formação do coágulo.
meira linha de defesa contra a ação
no baço). A vitamina K é normalmente sin-
de micro-organismos. São bastante
ativos na fagocitose. tetizada por bactérias do intestino dos
Os monócitos, como os neutró- mamíferos, tornando-se deficitária,
filos, são muito ativos na fagocitose. portanto, quando a sua absorção for
Transformam-se em macrófagos, prejudicada.
que são células fagocitárias do tecido Uma substância de ação anticoa-
conjuntivo. Normalmente, o homem gulante é o dicumarol, produzido
apresenta de 4.300 a 10.000 leucó- por folhas de alguns trevos (trevo-
citos por mm3 de sangue. doce). O dicumarol age no fígado,
competindo com a vitamina K na for-
❑ Plaquetas ou trombócitos mação da protrombina (impede a for-
São corpúsculos citoplasmáticos mação desta última) e pode matar o
(anucleados) produzidos na medula gado, ocasionando hemorragias.
óssea. Sua forma é variável, e me- Como os íons cálcio são neces-
dem cerca de 3 micrômetros. Seu sários para a ação da tromboplastina,
Leucócitos humanos. número normal por mm3 de sangue a coagulação pode ser impedida pela
é de 150 mil a 500 mil. remoção desses íons, possibilitada
A principal função dos leucócitos Têm função na obstrução de va- pela adição de oxalato de sódio ou de
é a defesa do organismo contra a sos sanguíneos: quando há rupturas citrato de sódio (ou mesmo de amô-
ação de bactérias ou corpos estra- de vaso, as plaquetas aí se aglutinam, nio ou potássio).
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1. CARACTERÍSTICAS plasma filtrado é o líquido intersticial, lular, há uma maior pressão osmótica
GERAIS pelo qual há o fornecimento de subs- no interior do vaso. Em consequên-
tâncias às células. É evidente que es- cia dessa diferença, tem-se movimen-
Está presente nos vertebrados e se líquido é modificado posterior- to de líquido dos espaços intercelu-
tem a mesma finalidade em todos mente em consequência das ativida- lares para o interior através da parede
eles. No homem, o sistema linfático des celulares. capilar (semipermeável). A pressão
está representado por um sistema de É mantido um equilíbrio desse flui- osmótica das proteínas plasmáticas é
vasos revestidos por endotélio, que do entre o sangue e os tecidos: não da ordem de 25mmHg. Desse modo,
recolhe o líquido intercelular e o de- chega a se formar excesso desse lí- observa-se um equilíbrio dinâmico do
volve ao sangue. O líquido, assim co- quido nos tecidos, porque ele é conti- movimento de líquido entre o sangue
lhido e transportado, recebe o nome nuamente reconduzido à corrente dos capilares e do líquido intercelular
de linfa e, ao contrário do sangue, sanguínea pelo sistema de vasos linfá- dos tecidos.
circula apenas num sentido, isto é, da ticos. O fluido, agora dentro dos vasos A pressão sanguínea força o flui-
periferia para o coração. linfáticos, é chamado linfa. O sis- te- do para fora do capilar, de maneira
De acordo com o calibre, os ca- ma linfático funciona como um receptor decrescente, da terminação arterial
nais do sistema são chamados capi- do excesso de líquido intersticial. para a terminação venosa. A pressão
lares (menor calibre), vasos e du- osmótica das proteínas (coloidosmóti-
tos linfáticos (maior calibre). ca ou oncótica) força o fluido dos es-
O duto ou canal torácico de- 2. HIPÓTESE DE STARLING paços intercelulares para o interior do
semboca na veia subclávia esquerda, capilar. Na terminação arterial do ca-
e a grande veia linfática ou duto As proteínas plasmáticas desem- pilar, sai mais fluido do que entra e, na
linfático direito desemboca na veia penham um papel importante na terminação venosa, verifica-se o con-
subclávia direita. A parede dos dutos transferência de líquido através da trário.
linfáticos tem estrutura semelhante à parede capilar. O líquido pode sair da
das veias. corrente sanguínea para o líquido
No trajeto dos vasos linfáticos, en- intercelular e também pode passar
contram-se dilatações denominadas dos espaços intercelulares para a cor-
gânglios linfáticos ou linfono- rente sanguínea. O sentido de passa-
dos. Tais gânglios são constituídos de gem do líquido é determinado pela
tecido conjuntivo hematopoético lin- pressão sanguínea dos capilares e
foide. Na sua parte interna, medular, pela pressão osmótica das proteínas
encontra-se uma trama reticular à qual do plasma.
se agregam células reticuloendoteliais Pressão sanguínea: em razão da
e ainda passagens denominadas si- sístole ventricular, o sangue é bom-
nusoides, revestidas por células fago- beado pelo sistema arterial sob alta
citárias. Por sua riqueza em macrófa- pressão. Essa pressão decresce à
gos, os linfonodos representam filtros medida que o sangue se distancia do
para a linfa, fagocitando elementos coração, de tal modo que, ao passar
estranhos. Neles, formam-se glóbulos das arteríolas para os capilares, atin-
brancos do tipo monócitos e, princi- ge valores de cerca de 35 mmHg. Na
palmente, linfócitos. Além disso, por saída dos capilares, o valor da pres-
sua riqueza em plasmócitos, represen- são sanguínea é de apenas 15 mmHg,
tam locais de formação de anticorpos. em média. Desse modo, a pressão
O líquido intersticial é também de- sanguínea média nos capilares é da
nominado líquido intercelular. É seme- ordem de 25mmHg. Esta pressão é
lhante ao plasma sanguíneo, embora suficiente para fazer extravasar o plas-
contenha bem menos proteínas. A ma sanguíneo (sem a maior parte das
pressão sanguínea faz com que o plas- proteínas) e chegar aos espaços inter-
ma atravesse as paredes dos ca- celulares.
pilares, com exceção das proteínas Em virtude da maior concentração
de grande peso molecular, e passe do plasma sanguíneo (apresenta pro-
para os espaços intercelulares. Esse teínas) em relação ao líquido interce- Hipótese de Starling.
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1. CRITÉRIOS DE 3. OS CICLOS
CLASSIFICAÇÃO REPRODUTORES
As classificações dos vários gru- Nos vegetais, os ciclos de vida ou
pos vegetais baseiam-se em: reprodutores são classificados ba-
• tipos de reprodução e estru- seando-se no momento da meiose
turas reprodutoras; ou divisão reducional.
• homologias, isto é, estruturas A meiose é o processo em que a
de mesma origem embrionária. partir de uma célula diploide (2N) ob-
têm-se quatro células haploides (N).
2. AS CLASSIFICAÇÕES A meiose é dividida em três tipos: ❑ Seres haplodiplobiontes
VEGETAIS – Meiose inicial ou zigótica. (haplônticos – diplônticos)
O Reino Plantae (Vegetalia ou Apresentam meiose intermediária
– Meiose final ou gamética.
Metaphyta) atualmente é dividido em ou espórica. O ciclo é típico dos ve-
– Meiose intermediária ou espó-
quatro grupos: getais: algas, briófitas, pteridófitas,
1. Briófitas: musgos e hepáticas. rica. gimnospermas e angiospermas. Nes-
2. Pteridófitas: samambaias, aven- se ciclo de vida, surgem dois or-
cas, licopódios e selaginelas. ❑ Seres haplobiontes ganismos adultos: um diploide, cha-
3. Gimnospermas: pinheiros, ci- (haplônticos) mado esporófito e outro haploide,
cas e Ginkgo biloba. São aqueles que apresentam chamado gametófito.
4. Angiospermas: milho, arroz, meiose inicial ou zigótica. Algumas O esporófito, através da meiose,
trigo, feijão, soja e ervilha. espécies de algas são haplobiontes. produz células assexuadas: esporos.
Esses grupos apresentam em A alga possui um corpo haploide que O gametófito, através de mitoses,
comum: parede celular formada por produz gametas. Os gametas unem- produz células sexuadas, os gametas.
celulose; embriões protegidos por se para formar a única célula diploide Podem-se reconhecer, no ciclo
tecidos originados do corpo materno; do ciclo, o zigoto. Este, durante a haplodiplobionte, duas fases bem
cloroplastos contendo as clorofilas germinação, produz, por meiose, cé- distintas: uma haploide, produtora de
a e b, carotenos e xantofilas; reserva lulas haploides que darão, por mito- gametas, chamada geração game-
constituída por amido e reprodução ses consecutivas, novas algas ha- tofítica e outra diploide, produtora
por alternância de gerações (meta- ploides. de esporos, chamada geração
gênese), na qual a meiose é espórica esporofítica. Essas fases alternam-
(intermediária). se entre si para completar o ciclo de
Pelo fato de produzirem embriões, vida, constituindo a alternância de
são classificados como embriófitos. gerações ou metagênese. Quan-
Os embriófitos podem ou não de- do se analisa a metagênese, nos di-
senvolver tecido condutor (vascular), versos grupos vegetais, reconhece-
daí a classificação: rem-se diferenças quanto à duração
• Embriófitos avasculares: das fases esporofítica e gametofítica
representados pelas briófitas. e quanto à complexidade do espo-
rófito e gametófito. Assim, entre as
• Embriófitos vasculares ou ❑ Seres diplobiontes
algas, é muito comum o aparecimento
traqueófitos: são incluídas as pteri- (diplônticos)
de gametófitos e esporófitos igual-
dófitas, gimnospermas e angiospermas. São aqueles que apresentam
mente desenvolvidos.
Produzem sementes apenas as meiose final ou gamética. O ciclo
gimnospermas e angiospermas, por ocorre em algumas espécies de al-
isso recebem o nome de espermá- gas, é raro entre os vegetais, sendo
fitas ou espermatófitas. típico dos animais. A alga possui um
As únicas plantas que produzem corpo diploide que produz gametas,
flores e frutos são as angiospermas. através da meiose. Os gametas
As gimnospermas produzem es- unem-se e formam o zigoto. Este,
tróbilos (pinhas) e sementes. Não através de mitoses consecutivas,
formam verdadeiras flores. produz uma nova alga diploide.
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Nas briófitas, o gametófito é de- A figura a seguir mostra a evolução do esporófito e a involução do
senvolvido e duradouro, e o esporófito gametófito, nos diversos grupos vegetais.
é reduzido e dependente do ga-
metófito.
Nas pteridófitas, o gametófito é re-
duzido e transitório, enquanto o es-
porófito passa a ser vegetal desen-
volvido, complexo e duradouro. Nes-
tas plantas, ambos, gametófito e espo-
rófito, são verdes e independentes.
Nas fanerógamas (gimnospermas
e angiospermas), o esporófito é o
vegetal verde, complexo, duradouro e
visível, enquanto o gametófito é muito
reduzido e dependente do esporófito.
3. REPRODUÇÃO fitas), isto é, desenvolvem tecidos es- vezes, possui raízes, caules e folhas.
NAS PTERIDÓFITAS pecializados para o transporte de Não forma flor, fruto nem semente.
As pteridófitas são plantas plu- seiva bruta (lenho ou xilema) e de As folhas produzidas pelo espo-
ricelulares, autótrofas, que vivem em seiva elaborada (líber ou floema). rófito recebem denominações con-
ambientes terrestres úmidos e som- Apresentam meiose intermediária forme a sua função. Assim, as folhas
breados, sendo a Mata Atlântica o há- ou espórica e uma alternância de verdes, que exercem apenas a fun-
bitat da maioria das espécies. Exis- gerações (metagênese) muito nítida, ção de fotossíntese, são chamadas
tem algumas espécies que vivem em ou seja, possuem gametófito e espo- trofofilos; as folhas férteis, que se
água doce, como as dos gêneros rófito macroscópicos e verdes. encarregam apenas da produção de
Salvinia e Azolla. Não existem espé- O esporófito é o vegetal comple- esporos, são esporofilos, e as fo-
cies marinhas. xo, com vida duradoura (permanen- lhas que exercem as duas funções
São plantas vasculares (traqueó- te); é autótrofo e, na maioria das são os trofoesporofilos.
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O esporófito produz esporângios, Pteridófitas isosporadas são aque- Quando os esporos germinam,
em cujo interior ocorrem a meiose e a las que produzem esporos morfolo- dão origem aos gametófitos ou próta-
produção de esporos. Em relação ao gicamente iguais, como as samam- los. O gametófito (prótalo) é um ve-
esporo produzido, existem dois baias, avencas, licopódios etc. getal verde (autótrofo), reduzido e
grupos de pteridófitas: isosporadas transitório, que aparece normalmente
e heterosporadas. como uma estrutura achatada (la-
minar), provida de rizoides na sua
face inferior. Os rizoides fixam o pró-
talo ao substrato, de onde retiram
água e íons minerais. A face inferior
do prótalo produz os órgãos repro-
dutores (gametângios), representados
pelos arquegônios e anterídios.
Cada arquegônio produz uma
Trofoesporofilos de samambaias. oosfera e cada anterídio produz mui-
Já as pteridófitas heterosporadas tos anterozoides, os quais, geralmente
produzem dois tipos de esporos: mi- dotados de muitos flagelos, são atraí-
Báculos de uma samambaia. crósporos, pequenos e numerosos, e dos para o arquegônio graças a subs-
Os báculos desenrolam-se macrósporos (megásporos), grandes e tâncias que este produz. O fenômeno
para formar a folhagem típica. em número de quatro. Ex.: selaginella. é conhecido por quimiotactismo.
CICLO DE VIDA DE UMA PTERIDÓFITA ISOSPORADA As pteridófitas dependem de
água para a fecundação.
A reprodução sexuada é chama-
da de oogamia (união de gametas
diferentes na forma e na função).
Quanto à classificação, as pteri-
dófitas são divididas em quatro clas-
ses:
1) Psilofitinea (Psilopsida): plantas
do gênero Psilotum.
2) Esquisetinea (Sphenopsida):
plantas do gênero Equisetum (cavali-
nha).
3) Lycopodinea (Lycopsida): plan-
tas dos gêneros Lycopodium e Sela-
ginella.
4) Filicinea (Pteropsida): é a clas-
se mais numerosa e corresponde às
plantas genericamente conhecidas
CICLO DE VIDA DE UMA PTERIDÓFITA ISOSPORADA como samambaias e avencas.
Alguns gêneros conhecidos:
Zigoto Esporófito Soro Esporângio
2n 2n 2n
• Davallia: renda portuguesa.
2n
• Dicksonia: samambaia-açu ou
Meio
n n • Nephrolepsis: paulistinha.
• Platycerium: chifre-de-veado.
Prótalo Esporo
n n • Polypodium: samambaia de
metro.
Anterozoide Anterídio
n n • Adiantum: avenca.
Foto ampliada da face inferior de uma folha mostrando os soros. Esporófito de samambaia.
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O gametófito (么) chama-se tubo do estruturas compactas denomina- quegônios muito rudimentares, dentro
polínico ou microprótalo. Em algumas das esporofilos, cones ou pinhas. dos quais aparecem oosferas.
gimnospermas primitivas, os gametas Esses estróbilos são unissexuados: há
(么) ainda são os anterozoides; nas os cones 么 e os cones 乆. ❑ Polinização
mais evoluídas, como os pinheiros, os A polinização é feita pelo vento
gametas são as células espermá- ❑ Estróbilo 么 (anemofilia). O grão de pólen é trans-
ticas ou núcleos espermáticos. O estróbilo masculino é formado portado até a câmara polínica, onde
O gametófito (乆) chama-se sa- por um eixo, em torno do qual se in- germina.
co embrionário ou megaprótalo serem os microesporofilos produtores
e forma-se no interior do óvulo. O me- de microesporângios (sacos políni- ❑ Formação do tubo
cos), em cujo interior encontramos os polínico
gaprótalo produz arquegônios bas-
grãos de pólen (micrósporos). O grão de As células acessórias envolvem
tante rudimentares, no interior dos
pólen é pluricelular: tem duas mem- as células do grão de pólen e formam
quais se encontram os gametas fe-
branas (exina e intina). A exina forma a parede do tubo polínico. A célula ge-
mininos chamados oosferas. Cada ar-
expansões cheias de ar (sacos aé- ratriz divide-se, formando dois núcleos
quegônio produz apenas uma oosfera.
reos, em cujo interior encontramos a espermáticos (gametas masculinos).
2. CLASSIFICAÇÃO célula geratriz, a célula vegetativa e as
Há quatro classes com represen- células acessórias). ❑ Fecundação
tantes atuais: A presença de várias oosferas no
1°.) Cicadinae: são dotados de um ❑ Estróbilo 乆 óvulo permite a fecundação por vários
tronco não ramificado, com folhas ge- O estróbilo feminino também é núcleos espermáticos de vários tubos
formado por um eixo, em torno do qual polínicos, formando vários zigotos;
ralmente penadas no ápice e dioicas.
se inserem os megasporofilos (folhas contudo, apenas um embrião se de-
Exemplo: Cycas.
carpelares), responsáveis pela produ- senvolve. Nas gimnospermas é fre-
2°.) Ginkgoinae: há um único re-
ção de óvulos em número variável. quente a poliembrionia, mas, dos vá-
presentante atual: Ginkgo biloba,
rios embriões formados, apenas um
encontrado na China e no Japão.
❑ Estrutura do óvulo se desenvolve.
3°.) Coniferae: grupo mais impor-
O óvulo é revestido por um único Após a fecundação, o tecido do
tante atualmente. Exemplos: Araucaria,
integumento. Abaixo da micrópila megaprótalo (N) forma o endosper-
Pinus, Cedrus, sequoia, Cupressus etc.
situa-se a câmara polínica, destinada ma primário, tecido cuja função é
4°.) Gnetinae: há dois representan-
a receber os grãos de pólen. acumular reserva. Essas plantas não
tes: Ephedra e Gnetum.
O integumento reveste o nucelo dependem de água do meio ambiente
3. REPRODUÇÃO (megasporângio). Uma célula do nucelo para a fecundação.
As gimnospermas produzem es- sofre meiose, dando origem a quatro O embrião das gimnospermas
tróbilos e sementes, mas nunca pro- células haploides, das quais três de- tem muitos cotilédones.
duzem frutos. ge neram. A célula que persiste (me- O óvulo fecundado evolui e forma
gásporo) divide-se por mitose e acaba a semente, mas não forma fruto;
❑ Estróbilos por formar o megaprótalo (gametófito daí a designação que estas plantas
Os estróbilos reúnem-se, forman- 乆), que, por sua vez, dá origem a ar- recebem: gimnosperma = semente nua.
CICLO DE VIDA DO PINHEIRO
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❑ Heterostilia
É a existência, nas flores, de es- Borboleta
tames com filetes curtos e estiletes polinizando flor
de composta.
longos.
❑ Ornitofilia
❑ Autoesterilidade É a polinização realizada por
Neste caso, a flor é estéril em rela-
pássaros, como os beija-flores. Estes
ção ao pólen que ela mesma produz.
Estrutura do tubo polínico. animais são atraídos para as flores co-
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Os morcegos podem se
alimentar de néctar e de
frutos, entre outros tipos de alimentação.
❑ Hidrofilia
É a polinização realizada pela
água. Trata-se de um fenômeno raro.
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1. PAREDE CELULÓSICA
2. PLASTOS OU PLASTÍDEOS
1. FOLHA – ÓRGÃO permitir a passagem da luz. do solo, e floema (líber), que trans-
DA FOTOSSÍNTESE Na estrutura da folha, observam-se: porta os açúcares, produzidos na
• Epiderme com estômatos, fotossíntese, para outras partes do
A folha é o órgão da planta adap-
para a realização de todas as trocas corpo da planta. Esses tecidos vas-
tado para a função de fotossíntese,
gasosas, e cutícula, película im- culares formam as nervuras da folha.
isto é, a produção de matéria orgâ-
permeável que impede a excessiva • Parênquimas clorofilianos
nica a partir de inorgânica (CO2 e
perda de água por transpiração. (paliçádico e lacunoso), cujas
H2O), utilizando energia luminosa.
• Tecidos vasculares: xile- células são ricas em cloroplastos,
Para tanto, a folha apresenta grande
ma (lenho), que chega à folha con- onde se realizam todos os fenômenos
superfície para aumentar a captação
duzindo água e minerais absorvidos da fotossíntese.
de luz e pequena espessura para
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Fenômeno da fotossíntese.
Estrutura do cloroplasto
Ao microscópio eletrônico, o cloro-
plasto mostra a seguinte organização:
Corte transversal da folha. – Membrana
plastidial externa Vista frontal
❑ Cloroplastos Membrana que reveste externa- da epiderme com estômatos.
São plastos verdes, em razão da mente o plasto, contínua e de compo-
presença das clorofilas. Neles, reali- sição química lipoproteica.
zam-se todas as etapas da fotossín- – Membrana
tese. plastidial interna
A fotossíntese é a transformação Membrana situada abaixo da plas-
da energia luminosa em energia quí- tidial externa, de composição química
lipoproteica.
– Estroma ou
matriz
Região amorfa do Corte transversal da folha com estômatos.
cloroplasto formada prin- – Estrutura
cipalmente por proteínas, O estômato é constituído por duas
na qual foi observada a células-guarda ou células esto-
presença de ácidos máticas, que delimitam entre elas
nucleicos (DNA e RNA) e uma fenda chamada ostíolo. Ao lado
de ribossomos e grânu- das células estomáticas, aparecem
los de amido. duas ou mais células conhecidas por
Corte transversal da folha vista ao microscópio óptico.
– Lamelas anexas, companheiras ou sub-
Membranas duplas, sidiárias. As células-guarda são pro-
lipoproteicas, que divi- vidas de cloroplastos e a parede vol-
dem a matriz e se origi- tada para o ostíolo apresenta um forte
nam por invaginações da espessamento, enquanto a parede
membrana plastidial in- oposta é delgada.
terna. O ostíolo abre-se, no interior da fo-
– Granum lha, numa grande cavidade denomi-
Formado por pilhas nada câmara subestomática.
de tilacoides. Cada tila- – Função
coide é uma unidade dis- Os estômatos controlam todas as
coidal e achatada, no trocas gasosas que ocorrem entre o
interior da qual se encon- vegetal e o meio ambiente. Através deles
tra a pigmentação do ocorrem a perda de água no estado
plasto: clorofilas A e B, de vapor, fenômeno denominado
carotenos e xantofilas. transpiração, e a entrada e saída de
Esquema mostrando a ultraestrutura
CO2 (dióxido de carbono) e O2 (oxigênio).
de um cloroplasto ao microscópio eletrônico.
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