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Avaliação da atividade mutagênica e antimutagênica da solução aquosa

do Ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa)

Assessment of mutagenic and antimutagenic activity of the aqueous


solution of Ipê-purple (Tabebuia impetiginosa)

Paulo Sávio Paim de Moraes1


Maria Alice Montes de Sousa2*
Susy Ricardo Lemes3
Amilton Sousa Bastos4
Paulo Roberto de Melo-Reis5

1 Mestrado em Genética. Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Área IV, Campus I,
Primeira Avenida, nº 656, Setor Universitário CEP: 74.605-020 CEP 74605-010, Goiânia, GO,
Brasil.
2 Mestrado em Ciências Ambientais e Saúde. Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).
Área V, Campus I, Rua 232, n° 128, 3° andar, Setor Universitário, CEP 74605-140, Goiânia, GO,
Brasil
3 Doutorado em Biotecnologia e Biodiversidade. Universidade Federal de Goiás. Av. Esperança
Vila Itatiaia, Campus II – Samambaia. CEP 74001-970, Goiânia, GO, Brasil.
4
Escola de Ciências Médicas, Farmacêuticas e Biomédicas, Pontifícia Universidade Católica de
Goiás, Rua 232, n° 128, Setor Universitário, CEP 74605-140, Goiânia-GO, Brasil.
5 Laboratório de Estudos Experimentais e Biotecnológicos, Pontifícia Universidade Católica de
Goiás, Rua 232, n° 128, 3° andar, Setor Universitário, CEP 74605-140, Goiânia-GO, Brasil.

*Autor correspondente: mariaalice08@hotmail.com


Resumo: O Ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa), família Bignoniaceae, é uma importante
planta brasileira com propriedades farmacológicas que incluem a ação anti-inflamatória,
analgésica, antibiótica e anti-neoplásica. Neste estudo, o objetivo foi investigar a possível
presença de atividade mutagênica e antimutagênica da solução aquosa da casca do ipê roxo
mediante o teste de micronúcleo na medula óssea de camundongos. Para tanto, a casca do
ipê roxo foi adquirida comercialmente e utilizada no preparo de três diferentes doses da
solução aquosa, através do processo de infusão. Os resultados de mutagenicidade
demonstraram que a aquosa do ipê roxo nas concentrações de 10, 20 e 30 mg/kg p. c.,
apresentou uma frequência no número de micronúcleos em eritrócitos policromáticos
semelhante (p>0,05) aos valores detectados no grupo controle negativo. Na
antimutagencidade, os resultados apontaram que a solução aquosa do ipê roxo nas três
concentrações testadas não reduziu a frequência no número de micronúcleos causados pela
Mitomicina C, sendo os valores detectados semelhantes (p>0,05) ao do grupo controle
positivo. Concluiu-se que a solução aquosa da casca do ipê-roxo, nas condições testadas
neste estudo, não apresenta as atividades mutagênica e antimutagênica.

Palavras-chave: Mutagênica. Antimutagênica. Tabebuia impetiginosa. Micronúcleo. Commented [fr1]: Rever palavras-chave para não repetir com o
título.

Abstract: Ipe-purple (Tabebuia impetiginosa), family Bignoniaceae, is an important


Brazilian plant with pharmacological properties that include the anti-inflammatory,
analgesic, antibiotic and anti-neoplastic action. In this study, the objective was to
investigate the possible presence of mutagenic and antimutagenic activity of the aqueous
solution of the purple ipê shell by means of the micronucleus test in the bone marrow of
mice. For this purpose, the purple peel was commercially acquired and used in the
preparation of three different doses of the aqueous solution through the infusion process.
The mutagenicity results showed that the aqueous of the purple Ipea at the concentrations
of 10, 20 and 30 mg / kg p. C., Showed a frequency in the number of micronuclei in
polychromatic erythrocytes similar (p> 0.05) to the values detected in the negative control
group. In antimutagenicity, the results showed that the aqueous solution of the purple ipê in
the three concentrations tested did not reduce the frequency in the number of micronuclei
caused by Mitomycin C, the values detected being similar (p> 0.05) to that of the positive
control group. It was concluded that the aqueous solution of the ipê-purple bark, under the
conditions tested in this study, does not present the mutagenic and antimutagenic activities.

Keywords: Mutagenic. Antimutagenic. Tabebuia impetiginosa. Micronucleus. Formatted: Portuguese (Brazil)


1. Introdução

A utilização de plantas usadas para o tratamento de doenças data de uma história


de 3000 a. c.1. Seguindo este viés, o conhecimento do poder medicinal das plantas tem a
capacidade de se ligar com a história da humanidade 2, 3. As principais atividades
farmacológicas de vegetais já comprovadas cientificamente incluem atividades como:
analgesia, atividade antitérmica, anti-inflamatória, antialérgica, antibacteriana,
antiparasitária, antifúngica, cicatricial e antiúlcera 4-7. No entanto, a toxicidade causada
pelo uso indiscriminado de plantas medicinais constitui um importante problema de
saúde pública. Os efeitos adversos de medicamentos naturais, possíveis adulterações e
toxicidade, assim como a interação com outros medicamentos, são comuns 9-10.
Apesar da confirmação de determinada atividade farmacológica de um dado
vegetal, uma importante ação que deve ser investigada é o processo de mutagenicidade.
Este efeito ocorre quando as células ficam expostas a um agente mutagênico
provocando em seguida, danos ao material genético o qual não sofre reparo durante o
processo de replicação celular 11,12. Muitos compostos mutagênicos e carcinogênicos
podem ter relação na formação de espécies reativas ao oxigênio (ERO) as quais
possuem importante papel em processos degenerativos, lesões do DNA, mutações
relacionadas ou não ao câncer, problemas cardíacos e envelhecimento 13, 14.
Atualmente, muitos estudos têm dado ênfase nas substâncias provenientes de
plantas que apresentam propriedades antimutagênicas e anticarcinogênicas 15-19. Muitos
compostos vegetais apresentam propriedades antimutagênicas como os beta carotenos
(Vitamina A), ácido ascórbico (Vitamina C), o tocoferol (Vitamina E), polifenóis,
compostos sulfídricos, cálcio, fibras, etc. 13, 19, 20.
Estudos, por exemplo, com o extrato da Aloe vera (babosa) verificam o potencial
efeito antimutagênico por meio da redução da atividade mutagênica de substâncias
como a Aflatoxina B, Benzo[a]pireno, Peróxido de Hidrogênio, Azida Sódica (AZS) e
Mitomicina C (MMC)21. Também, outros compostos antigenotóxico, presentes em
vegetais, têm função antioxidante e atuam sequestrando os radicais livres de oxigênio 22-
25.

Uma importante planta brasileira com propriedades farmacológicas e


pertencente à família Bignoniaceae é a Tabebuia impetiginosa, popularmente conhecida
por ipê-roxo, pau d'arco-roxo, e ipê-roxo-de-bola 26. O Ipê-roxo ocorre em quase todo o
território brasileiro, além de países como Paraguai e Argentina 27, 28.
O constituinte mais estudado e responsável por atividades farmacológicas do ipê
roxo, já descritas na literatura, é o Lapachol. Esta substância é um produto natural,
quimicamente identificado como uma naftoquinona, isolada de diversas espécies
vegetais da família Bignoniaceae. Suas atividades incluem: ação anti-inflamatória,
analgésica, antibiótica e anti-neoplásica 29-32.
Alguns testes não confirmados demonstraram que a casca do ipê roxo estimula
as células do sistema imunológico, macrófagos, a agirem, além de eliminar células de
câncer de pulmão e de fígado cultivadas em tubos de ensaio e reduzir a taxa de
propagação de câncer de pulmão em ratos após cirurgia para remoção de tumor
canceroso 33. Além disso, com a síntese de substâncias químicas tóxicas e genotóxicas,
o extrato desta planta possui defesas contra ataques de bactérias, fungos, insetos e
animais predadores 34.
Neste sentido, o objetivo deste estudo foi investigar a possível presença de
atividade mutagênica e antimutagênica da solução aquosa da casca do ipê roxo mediante
realização de experimento “in vivo”, pelo tratamento simultâneo da solução aquosa da
planta e de composto sabidamente genotóxico Mitomicina C (MMC), utilizando-se o
teste de micronúcleo em camundongos.

2. Material e Métodos

2.1. Solução aquosa da Tabebuia impetiginosa (Ipê roxo)

A casca do ipê roxo foi adquirida no mercado central de Goiânia,


CNPJ 15.610.962/0001-30, apresentando data de validade até junho de 2015. Foi
utilizada uma balança de precisão para pesar 10, 20 e 30 gramas da casca.
Posteriormente, para obtenção de três diferentes doses da solução aquosa do ipê roxo,
foi adicionado 1 litro de água destilada em balão volumétrico junto a 10, 20 e 30 gramas
da casca da planta. Deste modo, foi realizado o processo de infusão (chá) em
temperatura de 100 C° durante 10 minutos, seguido de repouso por 10 minutos.
Ressalta-se que na avaliação da atividade angiogênica, foi utilizada apenas a infusão
obtida com 10 gramas da casca do ipê roxo.
2.2. Procedimento experimental das atividades mutagênica e antimutagênica pelo
teste do micronúcleo

Na avaliação da mutagenicidade, os camundongos foram divididos em 5 grupos


de cinco animais cada. Foram tratados, intraperitoneal (ip), com as doses de 10, 20 e 30
mg/kg por peso corpóreo (p. c.) da solução aquosa do ipê roxo. O grupo controle
negativo foi tratado com água destilada estéril, enquanto que o grupo controle positivo
recebeu dose única, via ip, de 4 mg/kg correspondendo a 80% da DL50 de mitomicina C
(MMC).
Para a avaliação da antimutagenicidade, foi administrada as doses de 10, 20 e 30
mg/kg da solução aquosa do ipê roxo concomitantemente com uma dose de 4 mg/kg
de MMC. Decorrido um período de 24 horas, os animais foram eutanasiados por
deslocamento cervical. Commented [fr2]: E quanto aos aspectos éticos?

Os fêmures foram removidos e sua epífise proximal foi seccionada para


aspiração da medula óssea hematopoiética com uso de soro bovino fetal. Após a
homogeneização da medula no soro, o material foi centrifugado a 300 x g por cinco
minutos. O sobrenadante foi descartado e a preparação de laminas foi realizada com o
precipitado. Após a secagem das lâminas, estas foram coradas em soluções de Giemsa
tamponada e depois foram analisadas avaliando-se 1000 EPC e computados
concomitante à frequência dos ENC em duas lâminas para cada animal e sendo estas
examinadas em objetivas de imersão 35, 36.

2.3. Análise de Dados

Para analisar as atividades mutagênicas e antimutagênica da solução aquosa do


ipê roxo foi realizada a comparação das frequências dos resultados obtidos dos grupos Commented [fr3]: Frequências de quê?

tratados com os grupos de controle positivos pelo teste de analise de variância


(ANOVA). Esses resultados também foram comparados ao grupo de controle negativo
pelo mesmo teste.
O valor de pP foi considerado significativo quando menor ou igual aque 0,05 Formatted: Font: Italic

(p<0.05). Para avaliação de efeito citotóxico, foi considerada a relação de EPC/ENC Formatted: Font: Italic

da solução aquosa do ipê roxo em diferentes concentrações e comparado aos controles


positivos pelo teste ANOVA. Commented [fr4]: Indicar software estatístico utilizado para
realizar as análises.
Na análise da atividade angiogênica da solução aquosa do ipê roxo, utilizou-se o
teste análise de variância (ANOVA). Os valores de p< 0,05 foram estatisticamente Formatted: Font: Italic

considerados significativos nos grupos comparados.

3. Resultados

Na avaliação da atividade mutagênica da solução aquosa do ipê roxo, utilizou-se


o teste de micronúcleo na medula óssea hematopoiética de camundongos. Os resultados
da frequência de Eritrócitos Policromáticos Micronucleados (MNEPC), média, desvio
padrão e a relação EPC/ENC detectados neste ensaio, estão dispostos nas tabelas 1 e 2,
respectivamente.
Na tabela 1 verifica-se que a aplicação das concentrações de 10, 20 e 30 mg/kg
p. c. da solução aquosa do ipê roxo, apresentou um reduzido número de MNs, sendo o
menor valor (1,6) encontrado no grupo tratado com a dose de 20 mg. No entanto, na
comparação entre estes três grupos, verificou-se que não houve diferença significativa
(p>0,05) entre os números de MNs encontrados, além disso, a relação EPC/ENC destes
grupos foi semelhante.
O número de MN em EPC nas amostras dos grupos que receberam as três doses
da solução aquosa do ipê roxo, não apresentou diferença significativa (p>0,05) em
relação à média de MNs detectados no grupo controle negativo a qual foi de 1,2. No
entanto, em relação ao grupo controle positivo as diferenças foram significativas (p
<0,05). O valor médio de MNs contabilizados a cada 1000 EPC no grupo controle
positivo foi de 15,4 e a média nos três grupos tratados com a solução do ipê roxo foi de
2,5 1,6 e 2,6 respectivamente.
Também, comparando-se os grupos controle positivo e negativo, verificou-se
que houve diferenças significativas, uma vez a média de MNs detectada no grupo
controle positivo foi de 15,4 e 1,2 para o negativo. Além disso, comparando-se a relação
EPC/ENC destes dois grupos, a qual foi de 0,85 para o controle negativo e 0,41 para o
positivo, foram observadas diferenças significativas (p< 0,05).
Tabela 1. Frequência de MNEPC e relação entre EPC/ENC após 24 horas do tratamento com
diferentes concentrações da solução aquosa do ipê-roxo e controles

MNEPC
Dados Média ± Valor de P
No de Relação
Doses Individuais MN % no desvio padrão
animais EPC/ENC
/1000EPC MN/1000 EPC
Solução do Ipê-Roxo 10
5 3-2-3-2-3 0,25 2,5 ± 0,5 a 0,81
mg/kg

Solução do Ipê-Roxo 20
5 2-2-1-1-2 0,16 1,6 ± 0,5 a 0,80
mg/kg
Solução do Ipê-Roxo 30
5 1-2-2-1-2 0,26 2,6 ± 0,5 a 0,81
mg/kg
Controle negativo - água
5 2-0-2-1-1 0,12 1,2 ± 0,7 a 0,85
destilada estéril
Controle positivo -
5 15-19-14-13-16 1,54 15,4 ± 2,3 b 0,41
Mitomicina-C 4mg/kg
a
P> 0,05 , b P<0,05. Todos os resultados (teste e controle positivo) foram comparados com o grupo controle Formatted: Font: Italic
negativo. * Controle negativo: água destilada estéril. Formatted: Font: Italic

Para avaliação da possível atividade antimutagênica da solução aquosa do ipê


roxo, foi empregado o tratamento simultâneo de três diferentes doses desta substância
com o controle positivo. Na tabela 2, comparando-se a frequência de MNEPC detectada
no controle negativo com os valores presentes nos grupos tratados com as três doses do
ipê roxo concomitante a MMC (4 mg/kg p.c.), observa-se que houve diferença (p<0,05).

As frequências de MNEPC para as soluções do ipê roxo mais 4 mg/kg de


MMC não apresentaram diferença significativa (p>0,05) em relação ao controle
positivo. A média de MNs detectada nos grupos tratados com as soluções de 10, 20 e 30
mg do ipê roxo junto à MMC foram de 15,4 13,4 e 14,6 respectivamente, e o valor
detectado no controle positivo foi de 15,4. Portanto, os dados sugerem que a diferentes
doses da solução aquosa do ipê roxo empregadas neste estudo, não apresenta atividade
redutora de mutagenicidade provocada pela MMC, uma vez que, a frequência de MNs
em EPC e ENC encontrados nas amostras dos grupos Teste e MMC foram semelhantes.
Tabela 2. Frequência de MNEPC e relação entre EPC/ENC após tratamento simultâneo com
MMC e solução de Ipê-Roxo e controles

MNEPC
Média ± Valor
Dados
No de de P no desvio Relação
Doses Individuais MN %
animais padrão EPC/ENC
/1000EPC
MN/1000 EPC
Solução do Ipê-Roxo 10
mg/kg + Mitomicina C 5 10-19-11-13-15 1,54 15,4 ± 2,3 a 0,34
4mg/kg
Solução do Ipê-Roxo 20
mg/kg + Mitomicina C 5 10-16-13-14-14 1,34 13,4 ± 2,2 a 0,32
4mg/kg
Solução do Ipê-Roxo 30
mg/kg + Mitomicina C 5 13-15-17-16-12 1,46 14,6 ± 2,1 a 0,48
4mg/kg
Controle negativo - água
5 2-0-2-1-1 0,12 1,2 ± 0,7 b 0,85
destilada estéril
Controle positivo -
5 15-19-14-13-16 1,36 15,4 ± 3,6 a 0,41
Mitomicina-C 4mg/kg
a b
p> 0,05 , p<0,05. Todos os resultados (testes e controle negativo) foram comparados com o grupo
controle positivo.

4. Discussão

Neste estudo, os resultados pelo teste do MN demostraram que as diferentes


doses da solução aquosa do ipê roxo não apresentaram efeito mutagênico na medula
óssea de camundongos, uma vez que o valores médios de MN em EPC encontrados nos
grupos que receberam estas doses, foram semelhantes ao controle negativo. Além disso,
na comparação da frequência de EPC e ENC, não foram observadas diferenças
significativas entre os grupos tratados com as diferentes concentrações da solução
aquosa e o controle negativo, evidenciando assim, a ausência de citotoxicidade.
Do mesmo modo, todos os grupos de animais que receberam o tratamento
simultâneo da solução aquosa junto a MMC, apresentaram valores de MN em EPC
muito próximos em comparação aos dados observados no grupo de animais tratado
apenas com a MMC. Portanto, a ausência de antimutagenicidade foi verificada neste
estudo. Estes resultados estão em conformidade com os dados de Lourenço e
colaboradores. Em sua pesquisa utilizando diferentes concentrações do extrato da flores
do ipê roxo, pelo ensaio do micronúcleo, não foram detectadas as atividades mutagênica
e antimutagênica na medula óssea de camundongos 37.
Em geral, os compostos antimutagênicos possuem atividade antioxidante e
atuam sequestrando os radicais livres de oxigênio quando administrados como pré-
tratamento ou em simultaneidade com algum agente que induz as mutações no DNA 38.
Estudos indicam que a nafatoquinona Lapachol presente na casca do deste vegetal é
capaz de inibirem a oxidação e a fosforilação mitocondrial, assim como a oxidase
succínica 39.Contudo, a maior parte dos modelos para estudos de atividade antitumoral
utiliza culturas primárias de células tumorais humanas. Esta ação nem sempre pode ser
extrapolada para as condições in vivo, em virtude da toxicidade gerada pelas drogas
anticancerígenas, como a MMC 40.
Considerando que no presente estudo não foi verificada as ações mutagênica e
antimutagênica da solução aquosa do ipê roxo, é importante ressaltar que a interação
entre os compostos ou mesmo as condições empregadas neste trabalho, podem ter
ocasionado a ausência destas ações. A variedade dos constituintes presentes na casca do
ipê roxo e a resposta final para a atividade biológica esta sujeita ao resultado dos efeitos
sinérgicos, adversos além de outras atividades interativas entre os compostos
biologicamente ativos 37. Ainda, diversos químicos, como os flavonoides, podem
apresentar efeitos mutagênicos ou antimutagênicos dependendo das condições avaliadas
41,42.

Considerando a detecção de atividade angiogênica da solução aquosa do ipê


roxo, este estudo complementa as pesquisas de avaliação de atividade cicatricial deste
vegetal, além de demonstrar a necessidade da condução de novos estudos que melhor
esclareçam sua atuação na atividade antimutagênica em ensaios in vivo, uma vez que
esta planta possui importantes constituintes de efeito antitumoral. Além disso, a
condução de novos estudos baseados nas características verificadas neste estudo pode
tornar viável o uso da solução aquosa do ipê roxo na produção de novos fármacos com
peculiaridades diferentes daqueles disponibilizados atualmente no mercado
farmacêutico.
Diante dos achados deste estudo, através da metodologia empregada, conclui-se,
portanto, que a solução aquosa da casca do Ipê roxo não apresenta as atividades
mutagênica e antimutagênica.
5. Referências Commented [fr5]: Pelas normas da revista devem ser usadas no
máximo 30 referências.

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