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DEBORD (1997)
A produção de mercadorias, que implica a troca de produtos diferentes entre
produtores independentes, permaneceu por muito tempo artesanal, contida numa
atividade econômica marginal, na qual sua verdade quantitativa ainda está dissimulada.
Entretanto, nas situações em que encontrou as condições sociais do grande comércio e da
acumulação de capitais, ela assumiu o domínio total da economia. A economia tornou-se
um processo de desenvolvimento quantitativo. Essa exibição incessante do poder
econômico sob a forma de mercadoria, transfigurou o trabalho em trabalho-mercadoria,
em assalariado, resultou cumulativamente em uma abundância na qual a questão primeira
da sobrevivência está sem dúvida resolvida.
O crescimento econômico libera as sociedades da pressão natural, que exigia sua
luta imediata pela sobrevivência; mas, agora, é do libertador que elas não conseguem se
liberar.
Com a revolução industrial, a divisão fabril do trabalho e a produção em massa para
o mercado mundial, a mercadoria aparece como uma força que vem ocupar a vida social.
O modelo capitalista transforma tudo em mercadorias. Isso significa que a nossa
identidade é determinada pelo espetáculo da sociedade e nos tornamos uma máquina
consumidora constante da produção capitalista.
O espetáculo como um instrumento da classe dominante para impor valores dessa
sociedade: a classe dominante usa esse instrumento para controlar a consciência da
sociedade através da ideologia do consumo. O princípio do fetichismo da mercadoria
advém principalmente da alienação, onde os homens acabam se afastando uns dos outros
e tem relações superficiais, as quais ocorrem de acordo com a circulação da mercadoria,
o que evidencia as relações sociais mediadas pelo capitalismo. A mercadoria está em tudo
e o homem não consegue ver nada além dela.
O consumo não se dá somente pelo valor de uso, mas pela aparência do produto e
pelas ilusões que ele gera. O valor de troca é preponderante, é o que verdadeiramente
interessa, enquanto o valor de uso está impregnado de significações impostas pelo
espetáculo, que está a serviço do capitalismo.
Sobrevivência ampliada é a base real da aceitação da ilusão geral no consumo das
mercadorias modernas, o consumidor real torna-se consumidor de ilusões. A mercadoria
é essa ilusão efetivamente real, e o espetáculo é a sua manifestação geral.
Pseudonecessidades se resumem na única pseudonecessidade de manutenção
econômica. No momento em que a sociedade descobre que depende da economia, de fato,
a economia depende da sociedade.
- Metáfora da polinização;
- Externalidades;
A fábula sobre a finança surgir após a tentativa de compreender a emergência de um novo
capitalismo cognitivo cujas características essenciais são: a) a crescente
desmaterialização da produção; b) a força das tecnologias digitais; c) o deslocamento do
valor econômico para os bens imateriais 2 (intangíveis não codificáveis ou dificilmente
codificáveis), bem como para a inteligência coletiva como padrão do valor; d) um salto
qualitativo produzido pelo deslocamento da valorização capitalista para a esfera da
polinização; e) uma profunda transformação dos modelos econômicos: só se transforma
em bem ou serviço comercializável aquilo que funciona como instrumento de
singularização integrado a uma economia da dádiva.
O capitalismo cognitivo é, pois, a forma de acumulação de meios materiais e
organizacionais que captura, através dos dispositivos digitais do tipo Web 20, uma parte
das externalidades positiv as resultantes da atividade de polinização da multidão humana
e viva.
Quando falamos de polinização humana, não nos referimos apenas a interações
mecânicas. As abelhas, sem se darem conta, apenas por existirem, quer dizer, ao se
alimentarem e espalharem suas larvas se inserem de forma decisiva na produção da vida
de centenas de outras plantas e, indiretamente, de outros seres vivos.
No caso da atividade humana que produz muito além de efetivos comerciais, como é o
caso dos resultados tidos como de utilidade pública, efeitos vinculados à interação e à
interdependência da sociedade, existem vários graus de externalidades positivas, dentre
os quais a polinização é o exemplo ideal e típico do máximo de efeitos positivos.
O princípio de interdependência e de interação contínua desqualifica a possibilidade de
se isolar, ao nível individual, a produtividade de cada um. O efeito da polinização ou é
coletivo ou não existe.
A novidade que surge com o poder de automação das operações lógicas simples é o
aumento da potência dos imateriais 2. O que faz a diferença entre os diferentes
conhecimentos é o seu grau de codificação, de explicitação ou, ao contrário, de
implicitação. Os imateriais duros de grau 1 correspondem aos conhecimento codificados
sobre os quais se podem conceder direitos de propriedade intelectual (marcas, patentes,
direitos autorais, etc) e os imateriais de grau 2, ou imateriais moles. Estes podem ser tanto
não codificados quanto não codificáveis, uma vez que estão vinculados à
contextualização, à aprendizagem, à inteligência como faculdade de dar uma nova
resposta a uma questão cuja solução não tenha sido previamente programada e absorvida
por softwares prescritivos.
Como exemplo de imateriais de tipo 2, pode-se citar aquilo que eu chamo de três “C”: a
confiança, a cooperação e o cuidado.
É fundamental observar que o índice dos imateriais, 1 ou 2, independe de sua relação com
o mercado. Para precisar um pouco mais, é preciso distinguir dentre o conjunto das
externalidades, aquelas que por definição se situam no exterior do mercado. As
externalidades apresentam, com efeito, duas modalidades através das quais elas são
integradas ao mercado; ou pelo contrário, que elas não o são.
- Bens comerciais, semicomerciais e públicos
Cronograma preliminar
1211: Prova 2
1012: Prova 3