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2ª V.A.

DE ICP
PERGUNTAS SOBRE O TEXTO LIBERALISMO E NEOLIBERALISMO
1) Quais as origens e os teóricos do liberalismo?

2) Qual o cerne do pensamento liberal?

3) Quais as características do Estado liberal?

4) Quais as origens do neoliberalismo?

5) Qual a ligação existente entre o liberalismo e o neoliberalismo?


Fundamente sua resposta.

6) Quais os teóricos do neoliberalismo?

7) Quais os princípios básicos do neoliberalismo?

8) Quais as prioridades econômicas dos Estados Neoliberais?

9) Quais as consequências, nas décadas de 1980 e 1980, da adoção do


Estado Neoliberal?

10)O que significou o Consenso de Washington?

11) Quais as premissas básicas do Consenso de Washington?

12)Quais os princípios básicos do neoliberalismo?

13)O que a adoção dos princípios neoliberais provoca na sociedade?

14)O que Harvey constatou no capitalismo atual?

15)O que e o fordismo?

16)O que é a acumulação flexível?

17)O que o modelo de acumulação flexível provoca?

18)Qual o argumento que Harvey utiliza para mostrar a atualidade de Marx?

19)De que trata o primeiro capitulo da obra de Bauman?

20)De que trata o segundo capitulo da obra de Bauman?

20) De que trata o terceiro capitulo da obra de Bauman?

21)De que trata o quarto capítulo da obra de Bauman?

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ESTADO LIBERAL E NEOLIBERAL ATUALIDADE DO MARXISMO EM
DAVID HARVEY E CAPITALISMO PARASITÁRIO EM BAUMAN
1-LIBERALISMO
(RESPOSTA 2) O Liberalismo é uma teoria anti-Estado, e continua a sê-lo no
sentido em que ele dá mais valor ao indivíduo e as suas iniciativas, do que o
Estado e a sua intervenção. O papel do Estado liberal é proteger o indivíduo. O
Liberalismo é uma ética individualista pura e simples. Ele está apoiado numa
proposição simples: homens e mulheres lutam para maximizar o prazer, e para
atenuar a dor. Mas não cabe a coletividade impô-lo, não cabe ao filósofo ou ao
partido político determina-lo. Ao contrário, cabe aos indivíduos persegui-lo, e ao
fazê-lo se auto realizarem. (RESPOSTA 2)
(RESPOSTA 1) As proposições do Liberalismo primitivo se dirigiam contra o
Absolutismo do séc. XVI, e as diversas práticas feudais que ainda persistiam,
numa época em que o crescimento industrial e comercial começaria a abrir novas
perspectivas de esforço, exploração, riqueza e mudanças individuais. Os liberais
representariam as novas classes ascendentes e as novas formas de riqueza.
(RESPOSTA 1)
John Stuart Mill (1806-1873) foi um filósofo e economista britânico nascido na
Inglaterra, e um dos pensadores liberais mais influentes do século XIX. Foi um
defensor do UTILITARISMO que defendia que as ações são boas quando tendem
a promover a felicidade, e más quando tendem a promover o opsto da felicidade.
A teoria ética do utilitarimo foi proposta inicialmente por seu padrinho Jeremy
Bentham (1748-1832), para quem o egoísmo, a ação utilitária e a busca do prazer
são princípios capazes de fundamentar uma moral, e orientar os comportamentos
humanos na direção do bem.
John Stuart Mill (1806-1873) criou o ensaio “Da Liberdade”, que resume muito
bem os ideais do Liberalismo como:
(RESPOSTA 3)1-Qualquer limitação imposta pelo Estado é má.
2-Mesmo se o indivíduo não pode fazer bem determinadas coisas, o Estado não
deverá fazê-las, de modo a evitar enfraquecer a independência e iniciativa do
indivíduo.
3-Qualquer aumento dos poderes do Estado é ruim, prejudicial, diminui a
liberdade individual. As pessoas não devem permitir um aumento do poder do
Estado. (RESPOSTA 3)
Assim, para Mill, o aumento dos poderes do Estado necessariamente envolve o
decréscimo dos poderes dos indivíduos.
Adam Smith (1723-1790) foi um filosofo e economista britânico nascido na
Escócia. É considerado pai da economia moderna e o mais importante teórico do
liberalismo econômico.

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Ele acreditava que a iniciativa privada deveria agir livremente, com pouca ou
nenhuma intervenção governamental. A competição livre entre os diversos
fornecedores levaria não só à queda do preço das mercadorias, mas também a
constantes inovações tecnológicas, no afã de baratear o custo de produção e
vencer os competidores.
A Bíblia da teoria econômica liberal é ainda “A Riqueza das Nações” (1776) de
Adam Smith. Ele defendia a economia de mercado como o melhor instrumento
para o crescimento da riqueza, em bases individuais, nacionais e mundiais.
O que vale acima de tudo é dar liberdade à ação individual, e as atribuições do
Estado devem se limitar à manutenção da ordem e defesa.
Adam Smith se opunha a qualquer intervenção possível do Estado em matéria
comercial, agrícola e industrial.
Adam Smith criou o termo “mão invisível” para descrever como, numa economia
de mercado, apesar de não existir uma entidade que coordena o interesse
comum, a interação dos indivíduos parece resultar numa determinada ordem,
como se houvesse uma "mão invisível" que orientasse a economia. A "mão invisível"
a qual o filósofo iluminista mencionava fazia menção ao que hoje chamamos de
"oferta e procura".
David Ricardo (1772-1823) foi um dos mais importantes economista e político
britânico. Ele acreditava como Adam Smith que, a economia deveria guiar-se por
si mesma, norteando-se apenas na lei econômica da oferta e da procura, isto é,
através do jogo entre produção e consumo.
E, desenvolveu a teoria do valor-trabalho. A teoria do valor-trabalho parte da
ideia de que a atividade econômica é essencialmente coletiva. Portanto, o valor
econômico de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho que, em
média, é necessário para a produzir, incluindo aí todo o trabalho anterior (para
produzir suas as matérias primas, máquinas, etc.).
O Liberalismo na concepção dos economistas britânicos possuem três núcleos:
1° - Núcleo Moral – Afirma valores e direitos básicos relacionados à natureza do
ser humano. Todo indivíduo tem qualidades e potencialidades inatas e
merecedoras do mais alto respeito como liberdade, dignidade e vida. Por isso
deve ser respeitado e ter a liberdade de buscar sua auto- realização.
2° - Núcleo Político – Inclui, sobretudo, os direitos políticos como – o direito ao
voto, de participar, de decidir o tipo de governo quer eleger e que espécie de
política seguir. Este elemento está associado à democracia representativa.
3° - Núcleo Econômico – Está associado ao individualismo econômico. O indivíduo
é o conceito básico do Liberalismo. Seus pilares têm sido a propriedade privada e
uma economia de mercado, livre de controles estatais. O direito de propriedade,
o direito de herança, o direito de acumular riqueza e capital – liberdade de
comprar e vender torna-se parte essencial do Liberalismo.

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As liberdades econômicas e, em geral, o núcleo econômico do Liberalismo
assumiam uma importância tão grande, se não maior que o núcleo moral e político.
O direito de propriedade, o direito de herança, o direito de acumular riqueza e
capital, liberdade de produção, de comprar e de vender - todas as liberdades
contratuais – tornou-se uma parte essencial da nova ordem social.
É importante a compreensão do Liberalismo porque o mundo vive atualmente sob
a sua hegemonia.

2- O QUE É O NEOLIBERALISMO?
O termo Neoliberalismo designa uma doutrina que aspira renovar certas posições
do velho Liberalismo, mas, permanecer fiel às raízes do mesmo. [RESPOSTA
4]Ele surgiu no século XX almejando retirar do Liberalismo sua excessiva carga
de individualismo.
E, continua considerando insubstituível a iniciativa individual, que cria a economia
de mercado, mas já não desconhece a dimensão social do homem.
O Neoliberalismo como escola política econômica começou a ser divulgada em
meados do século XX pela Escola de Viena (pregando a doutrina do Estado
Mínimo), e depois pela Escola de Chicago. [RESPOSTA 4]
[RESPOSTA 5] O Neoliberalismo se constitui numa revisão e aprimoramento do
Liberalismo, e do laissez-faire para a nova realidade do Capitalismo no século XX.
[RESPOSTA 5]
O laissez-faire é uma expressão-símbolo do liberalismo econômico, na
versão mais pura de capitalismo de que o mercado deve funcionar livremente,
sem interferência, apenas com regulamentos suficientes para proteger os
direitos de propriedade. É parte da expressão em língua francesa "laissez
faire, laissez aller, laissez passer ", que significa literalmente "deixai fazer,
deixai ir, deixai passar".
Esse pensamento toma uma posição contrária à doutrina Keynesiana, que advoga a
necessidade da intervenção estatal na economia para fomentar o crescimento
econômico.
[RESPOSTA 7] Fiel as suas origens o Neoliberalismo prega o afastamento do
Estado da atividade econômica, que deve ser totalmente guiado pela iniciativa
privada, devendo o Estado pautar a sua atuação apenas nas áreas de fiscalização
e regulamentação das leis. [RESPOSTA 7]
Até o ano de 1978, o Neoliberalismo ficou restrito ao mundo acadêmico.
Entretanto em 1979, Margareth Thatcher vencendo as eleições pelo Partido
Conservador na Inglaterra resolveu implantar o programa neoliberal naquele país,
através da redução do tamanho do Estado, de um corte de pessoal, num
abrangente programa de privatizações, e um enfraquecimento dos sindicatos.
Com o fim da experiência do Socialismo real no fim da década de 80, o
Neoliberalismo começou a se espalhar pelo resto do mundo, porque viria a

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atender as necessidades do processo de globalização mundial, já em curso. A
história vem demonstrar que um pensamento ou doutrina política se dissemina
porque existe um terreno econômico favorável a ele, que vem legitimá-lo.
Com a adoção do Neoliberalismo faz-se necessário à desestatização, a
fragilização do Estado-Nação através das privatizações, em oposição ao
fortalecimento do poder do capital financeiro.
Os governos têm que ficarem subservenientes ao capital internacional, sem deter
mais o controle da economia.
[RESPOSTA 5] O pensamento veiculado é que o Estado não pode ser mais
responsável pelo bem-estar da sociedade, e assim deve deixar de cumprir as
funções básicas de saúde, educação, moradia que devem ser buscadas por
iniciativa do individuo, de forma privada.
O Estado perde a capacidade de proteger o emprego, e a renda das pessoas,
perde também o controle sobre a produção e comercialização de tecnologia.
A ideologia neoliberal desmonta o Estado. E, é exatamente esse pensamento que
vem casar com a globalização, que repassa a idéia de que a categoria do Estado-
Nação, não tem mais razão de ser na nova ordem mundial, para que possa ficar
subordinado ao poder do capital.
Procura-se tornar o Estado fraco, ineficiente para possibilitar com mais
facilidade a sua desestruturação. [RESPOSTA 5]
Um Estado forte e progressista, autônomo pode resistir, e colocar entraves a
expansão do capital transnacional. Portanto, fica muito mais fácil implantar a
nova ordem em um Estado fragilizado, que pode ser facilmente desestruturado e
incapaz de promover atos de rebeldia.
Daí, para o desmonte do Estado se prevê: cortes das verbas públicas nos setores
da saúde, educação, pesquisa científica e tecnologia, demissão de funcionários
públicos, reforma da previdência.
[RESPOSTA 5]O Estado é assim responsabilizado por todas as misérias do país,
e por esse motivo deve ser substituído pela iniciativa privada. [RESPOSTA 5]
2.1 ORIGENS DO NEOLIBERALISMO
Leopold von Wiese
Suas raízes teóricas mais remotas encontram-se na chamada Escola Austríaca -
reconhecida por sua ortodoxia no campo do pensamento econômico - que se
centralizou em torno do catedrático alemão da Faculdade de Economia de Viena,
Leopold von Wiese (1876-1969), na segunda metade do século XIX, e que ficou
conhecido por seus trabalhos teóricos sobre a estabilidade da moeda.
Relatório Beveridge
Mais recentemente, o Neoliberalismo surgiu como uma necessidade de combater
a publicação na Inglaterra do Relatório Beveridge, com suas as políticas do
Estado de Bem-Estar-Social.

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O Relatório Beveridge, foi encomendado em 1941 pelo Governo da Inglaterra,
pois pretendia buscar maneiras para se reerguer pós 2ª Guerra Mundial.
O Plano Beveridge foi escrito por Willian Beveridge (economista e reformista
social), que buscava um sistema de seguro social, onde a ideia era de ter
benefícios universais para remover a pobreza causada, por exemplo, pelo
desemprego ou incapacidade e esta segurança social deveria ser prestada do
berço ao túmulo.
O Plano Beveridge propõe a instituição do Welfare state (Modelo de Bem-Estar
social).
O Plano propôs que as pessoas com condição de trabalhar deveriam pagar um
valor semanal ao Estado, e este valor seria usado como subsídio para doentes,
desempregados, reformados e viúvas.
Seria um sistema que daria condições dos cidadãos terem um nível de vida
mínimo, onde os benefícios deveriam ser ajustados para atender todas as
necessidades básicas do individuo e da família, e os mesmos não poderia viver
abaixo deste mínimo necessário.
O Plano Beveridge previa um modelo de sistema que atendesse toda a população
através da mobilização do Estado, e da sociedade.
O Governo teria que garantir serviços de saúde com qualidade e gratuidade,
fornecer formas para reabilitação profissional e promover a manutenção do
emprego (a manutenção do emprego seria a chave para o êxito do seguro social).
Através do Plano foi possível apontar que os principais problemas que o Governo
inglês deveria encontrar formas de combater dentro da sociedade, seriam a
escassez, a doença, a ignorância, e miséria e a ociosidade.
As principais características do Plano Beveridge seriam:
-Unificar os seguros sociais existentes;
-Estabelecer a universalidade de proteção social para todos os cidadãos;
igualdade de proteção social;
-Tríplice forma de custeio, com predominância de custeio estatal.
A defesa desse programa Beveridge tornou-se a bandeira com a qual o Partido
Trabalhista inglês venceu as eleições de 1945, colocando em prática os princípios
do Estado de Bem-Estar-Social.
Friedrich Von Hayek
Contra todas essas teorias propostas pelo Relatório Beveridge, destaca-se o
nome de Friedrich Von Heyek (1899-1992), nascido em Viena, proveniente de uma
família de intelectuais. Era um economista austríaco dogmático, severo,
professor da Escola de Economia de Londres, professor de Milton Friedman. Em
1974 recebeu o premio Nobel de Economia, e era o guru de Thatcher e Reagan.
Friedrich Von Heyek a partir da Escola de Chicago (grupo de economistas que
estudavam na Universidade a conjuntura econômica mundial da época) nos E.U.A.

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defendeu a abertura do mercado mundial, em que todos os seres humanos seriam
vendedores e compradores livres, em condições iguais.

Em 1944 Frederich Von Heyek escreveu então um livro inflamado que pode ser
considerado como o Manifesto do Neoliberalismo - "O Caminho da Servidão".
A obra o caminho da servidão é crítica em relação ao Fascismo, e até ao
Socialismo-Democrático, que segundo Hayek lembrava os dois primeiros. Ele via o
Socialismo liderando todo tipo de tirania
E, a tese principal dele era que o Estado era um mal desnecessário, porque era
manchado pelo socialismo.
Hayek assegurava que o crescente controle do Estado levaria fatalmente à
completa perda da liberdade, e que os trabalhistas conduziriam a Grã-Bretanha
pelo mesmo caminho dirigista que os nazistas haviam imposto à Alemanha.
Isso serviu de mote à campanha de Churchill, pelo Partido Conservador, que
chegou a ponto de dizer que os trabalhistas eram iguais aos nazistas.
A outra vertente do Neoliberalismo surgiu nos Estados Unidos, e concentrou-se
na chamada Escola de Chicago do Prof. Milton Friedman.
Milton Friedman (1912 -2006) foi um economista, estatístico e escritor norte-
americano que lecionou na Universidade de Chicago por mais de três décadas,
recebeu o premio Nobel em Ciencias Economicas em 1976. E ficou conhecido
pelas suas pesquisa na area de consumo, história e política monetária.
Milton Friedman era um crítico severo da política de New Deal do Presidente
Franklin Delano Roosevelt, por ser intervencionista e pró-sindicatos.
O New Deal (cuja tradução literal em português seria "novo acordo" ou "novo
trato") foi o nome dado à série de programas implementados nos Estados Unidos,
entre 1933 e 1937, sob o governo do Presidente Franklin Delano Roosevelt, com o
objetivo de recuperar e reformar a economia norte-americana, e assistir os
prejudicados pela Grande Depressão.
Com o New Deal o governo dos EUA investiu, principalmente, na construção de
obras de infraestrutura (pontes, rodovias, aeroportos, usinas, hidrelétricas,
barragens, portos, entre outras). Os investimentos também foram para a
construção de hospitais, escolas e outros equipamentos públicos.
O principal objetivo destas medidas era a geração de empregos, pois os Estados
Unidos sofriam muito com o desemprego elevado após a Grande Depressão de
1929.
Como forma de diminuir os impactos sociais da crise de 1929, o governo norte-
americano criou a Previdência Social, o seguro desemprego e o seguro para idosos
acima de 65 anos.
O New Deal foi bem sucedido, apresentando resultados positivos já no começo da
década de 1940. O mercado acionário voltou a funcionar plenamente, o
desemprego diminuiu, a renda dos trabalhadores aumentou e as indústrias

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retomaram a produção, aumentando suas exportações e vendas no mercado
interno.
Embora os gastos públicos tenham se elevados, e as renúncias fiscais tenham
aumentado a dívida pública, muitos economistas consideram que os resultados
positivos, que geraram a saída da crise econômica, tenham compensado.
O Estado era considerado como agente de recuperação econômica, no pós- 2ª
Guerra Mundial, e que deveria realizar uma política de recuperação e
desenvolvimento econômico.
Na década de 1960, Milton Friedman promoveu uma política macroeconômica
chamada de Monetarismo. Ele afirmou que era normal existir uma taxa "natural"
de desemprego, e defendeu que se os governos somente aumentasse o nível de
emprego acima desta taxa provocaria uma aceleração da inflação.
Friedman foi conselheiro econômico do Presidente republicano dos Estados
Unidos Ronald Reagan. Sua filosofia política exaltava as virtudes de um sistema
econômico de livre mercado com intervenção mínima.
Ele era contra qualquer regulamentação que inibisse as empresas, e condenava
até o salário mínimo, na medida em que alterava artificialmente o valor da mão-
de-obra pouco qualificada.
Também se opunha a qualquer piso salarial fixado pelas categorias sindicais, pois
geravam alta de preços, e inflação.
Ele denunciou a inflação como resultado do Estado demagógico, perdulário,
chantageado ininterruptamente pelos sindicatos e, pelas associações.
Os culpados pela queda da produção seriam: os impostos elevados, os tributos
excessivos, e a regulamentação das atividades econômicas.
O mal se devia, pois a essa aliança espúria entre o Estado de Bem-Estar social e
os Sindicatos.
A reforma que apregoavam devia passar pela substituição do Estado de Bem-
Estar-Social, e pela repressão aos sindicatos.
O Estado deveria ser desmontado e, gradativamente desativado, com a
diminuição dos tributos, e a privatização das empresas estatais, enquanto os
sindicatos seriam esvaziados por uma retomada da política de desemprego,
contraposta à política keynesiana do pleno emprego.
Enfraquecendo a classe trabalhadora e diminuindo ou neutralizando a força dos
sindicatos, haveria novas perspectivas de investimento, atraindo novamente os
capitalistas de volta ao mercado.
O Estado deveria ser desmontado e gradativamente desativado, com a diminuição
dos tributos e a privatização das empresas estatais, enquanto os sindicatos
seriam esvaziados por uma retomada da política de desemprego, contraposta à
política keynesiana do pleno emprego.

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Enfraquecendo a classe trabalhadora e diminuindo ou neutralizando a força dos
sindicatos, haveria novas perspectivas de investimento, atraindo novamente os
capitalistas de volta ao mercado.

A partir daí, o Neoliberalismo foi adotada por Margareth Thatcher na


Inglaterra, Ronald Reagan nos E.U.A. e no governo de Pinochet no Chile, através
dos “chicagos boys”, grupo de economistas formados em Chicago.
[RESPOSTA 8]As prioridades dos Estados que adotam o Neoliberalismo:
-Exportações e marginalização do mercado interno;
-Produzir para fazer dinheiro e não as necessidades da sociedade civil;
-Capital financeiro, a especulação, na qual o Estado assume a defesa dos ricos,
que são vistos como aqueles que multiplicam os investimentos e teoricamente
multiplicariam os empregos, o que não ocorre na prática. [RESPOSTA 8]
[RESPOSTA 9]Em razão disso, nas décadas de 1980 e 1990 o desemprego
tornou-se estrutural, alijando as massas da população do mercado do trabalho, os
sindicatos ficaram esvaziados e desprestigiados, ocorreu uma desestatização das
empresas públicas entregues a iniciativa privada e privatização dos serviços
públicos, estradas, escolas, saúde, meios de comunicação e transportes.
[RESPOSTA 9]
[RESPOSTA 7]No NeoliberaIismo, o Estado fica reduzido a função de polícia,
defendendo a propriedade privada, e os contratos assumidos nos mercados.
[RESPOSTA 7]
As reformas econômicas devem ser feitas com objetivo de propiciar maior
liberdade possível ao capital na busca de lucro máximo.
Surge uma nova classe dirigente, a burguesia financeira assessorada por
tecnocratas.
A ideologia neoliberal se expressa na globalização encobrindo à hegemonia
americana no mundo, e a imposição dos seus interesses as demais nações.
A globalização é o processo objetivo de integração econômica impulsionada pela
expansão do capital, e materializado no mercado, no comercio etc.
O neoliberalismo é o arcabouço teórico de políticas com objetivo de conquistas
de mercados pelo grande capital dos países desenvolvidos, com objetivo de
hegemonia do imperialismo americano.
A hegemonia do Neoliberalismo hoje é tamanha que países de tradições
completamente diferentes, governados por partidos os mais diversos possíveis,
aplicam a mesma doutrina.
Sobre a implantação do neoliberalismo no continente latino-americano foi
realizado o Consenso de Washington, um encontro ocorrido em 1989, na capital
dos Estados Unidos.
Consenso de Washington

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Nesse encontro, realizou-se uma série de recomendações visando ao
desenvolvimento e à ampliação do neoliberalismo nos países da América Latina.
Essa reunião envolveu instituições e economistas de perfil neoliberal, além de
alguns pensadores e administradores de países latino-americanos.
O nome “Consenso de Washington” foi recebido do economista John Willianson e
em função de sua ampla aceitação pelos países da América Latina, exceto, até
então, Brasil e Peru.
As ideias desse encontro já eram proclamadas pelos governos dos países
desenvolvidos, principalmente EUA e Reino Unido, desde as décadas de 1970 e
1980, quando o Neoliberalismo começou a avançar pelo mundo.
Além disso, instituições como o FMI e o Banco Mundial já colocavam a cartilha
neoliberal como pré-requisito necessário para a concessão de novos empréstimos
e cooperação econômica.
Dessa forma, as recomendações apresentadas giraram em torno de três ideias
principais: abertura econômica e comercial, aplicação da economia de mercado,
controle fiscal macroeconômico.
Dentre as premissas básicas colocadas no Consenso de Washington, podemos
destacar:
a) Disciplina fiscal, em que o Estado deveria cortar gastos e eliminar ou diminuir
as suas dívidas, reduzindo custos e funcionários.
b) Reforma fiscal e tributária, em que o governo deveria reformular seus
sistemas de arrecadação de impostos a fim de que as empresas pagassem menos
tributos.
c) Privatização de empresas estatais, tanto em áreas comerciais quanto nas áreas
de infraestrutura, para garantir o predomínio da iniciativa privada em todos os
setores.
d) Abertura comercial e econômica dos países, diminuindo o protecionismo e
proporcionando uma maior abertura das economias para o investimento
estrangeiro.
e) Desregulamentação progressiva do controle econômico e das leis trabalhistas.
Apesar de o Brasil ter sido um dos poucos países que não aceitaram de imediato
essas medidas, foi um dos que mais rapidamente as aplicou, em um processo que
conheceu o seu ápice ao longo da década de 1990. A principal ação do governo
brasileiro nesse sentido foi a implantação da política de privatizações, em que
empresas estatais dos ramos de energia, telecomunicações, da mineração e
outros foram transferidas para a iniciativa privada.
O Consenso de Washington tornou-se, dessa forma, uma verdadeira “receita de
bolo” para a execução das premissas neoliberais em toda a região latino-
americana. E, que, acatou as suas ideias principalmente pela pressão e influência
exercidas pelo governo dos Estados Unidos, e por instituições como o FMI, o
Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BIRD).

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Grupos e movimentos de esquerda e estatistas direcionam frequentes críticas ao
Consenso, sobretudo por considerarem que as suas ideias teriam sido
direcionadas para atender aos interesses norte-americanos em toda América
Latina, além de beneficiar as elites locais, favorecendo a concentração de renda
nos países da região. Em oposição, esses grupos apontam que a solução para os
países do sul seria adotar uma política inversa à preconizada em Washington, com
uma maior intervenção do Estado na economia, além da ampliação e
fortalecimento das leis trabalhistas.
2.2- PRINCIPIOS BÁSICOS DO NEOLIBERALISMO
Filosofia: Na ideologia neoliberal os homens não nascem iguais, nem tendem à
igualdade. Logo, qualquer tentativa de suprimir com a desigualdade é um ataque
irracional à própria natureza das coisas. Deus ou a natureza dotou alguns com
talento e inteligência, mas foi avaro com os demais. Qualquer tentativa de justiça
social torna-se inócua porque novas desigualdades fatalmente ressurgirão.
A desigualdade é um estimulante que faz com que os mais talentosos desejem
destacar-se e ascender ajudando dessa forma o progresso geral da sociedade.
Tornar iguais os desiguais é contraproducente e conduz à estagnação. Segundo
W. Blake: "A mesma lei para o leão e para o boi é opressão !”

Exclusão e pobreza: a sociedade é o cenário da competição, da concorrência.

Se aceitarmos a existência de vencedores, devemos também concluir que deve


haver perdedores.
A sociedade teatraliza em todas as instâncias a luta pela sobrevivência.
Inspirados no darwinismo, que afirma a vontade do mais apto, concluem que
somente os fortes sobrevivem cabendo aos fracos conformar-se com a exclusão
natural. Esses, por sua vez, devem ser atendidos não pelo Estado de Bem-estar,
que estimula o parasitismo e a irresponsabilidade, mas pela caridade feita por
associações e instituições privadas, que ameniza a vida dos infortunados.

Qualquer política assistencialista mais intensa joga os pobres nos braços da


preguiça e da inércia. Deve-se abolir o salário mínimo e os custos sociais, porque
falsificam o valor da mão-de-obra encarecendo-a, pressionando os preços para o
alto, gerando inflação.

Os ricos: Eles são a parte dinâmica da sociedade. Deles é que saem as iniciativas
racionais de investimentos baseados em critérios lucrativos. Irrigam com seus
capitais a sociedade inteira, assegurando sua prosperidade. A política de
tributação sobre eles deve ser amainada o máximo possível para não lhes ceifar
os lucros ou inibi-los em seus projetos. Igualmente a política de taxação sobre a

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transmissão de heranças deve ser moderada para não afetar seu desejo de
amealhar patrimônio e de legá-lo aos seus herdeiros legítimos.

Crise: É resultado das demandas excessivas feitas pelos sindicatos operários que
pressionam o Estado. Este, sobrecarregado com a política previdenciária e
assistencial, é constrangido a ampliar progressivamente os tributos.

O aumento da carga fiscal sobre as empresas e os ricos reduz suas taxas de


lucro e faz com que diminuam os investimentos gerais. Sem haver uma justa
remuneração, o dinheiro é entesourado ou enviado para o exterior. Somam-se a
isso os excessos de regulamentação da economia motivados pela contínua
burocratização do Estado, que complica a produção e sobrecarrega os seus
custos.

Inflação: É resultado do descontrole da moeda. E esse por sua vez ocorre devido
ao aumento constante das demandas sociais (previdência, seguro-desemprego,
aposentadorias especiais, redução da jornada de trabalho, aumentos salariais
além da capacidade produtiva das empresas, encargos sociais, férias e etc...) que
não são compensadas pela produção geral da sociedade.

Por mais que o setor produtivo aumente a riqueza, a gula sindical vai à frente
fazendo sempre mais e mais exigências. Ocorre então o crescimento do déficit
público que é tapado com a emissão de moeda.

Estado: não há teologia sem demônio.

Para o neoliberalismo ele se apresenta na forma do Estado. O Estado


intervencionista. Dele é que partem as políticas restritivas à expansão das
iniciativas. Incuravelmente paternalista tenta demagogicamente solucionar os
problemas de desigualdade e da pobreza por meio de uma política tributária e
fiscal que termina apenas por provocar mais inflação e desajustes orçamentários.

Seu zelo pelas classes trabalhadoras leva-o a uma prática assistencialista que se
torna um poço sem fim. As demandas por bem-estar e melhoria da qualidade de
vida não terminam nunca, fazendo com que seus custos sociais sejam cobrados
dos investimentos e das fortunas.

Ao intervir como regulador ou mesmo como Estado-empresário, ele se desvia das


suas funções naturais, limitadas à segurança interna e externa, a saúde e à
educação. O estrago maior ocorre devido a sua filosofia intervencionista. O
mercado autorregulado e autossuficiente dispensa qualquer tipo de controle. É

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um Cosmo próprio, com leis próprias, impulsionadas pelas leis econômicas
tradicionais (oferta e procura, taxa decrescente dos lucros, renda da terra,
etc.). O Estado deve, pois ser enxugado, diminuído em todos os sentidos. Deve-se
limitar o número de funcionários e desestimular a função pública.

Mercado: Se há um demônio existe também um Céu.

Para o neoliberalismo esse local divino é o mercado. Ele é quem tudo regula, faz
os preços subirem ou baixarem, estimula a produção, elimina o incompetente e
premia o sagaz e o empreendedor.

Ele é o deus perfeito da economia moderna, tudo vê e tudo ouve onisciente e


onipresente.

Seu poder é ilimitado e qualquer tentativa de controla-lo é um crime de heresia,


na medida em que é ele que fixa as suas próprias leis e o ritmo em que elas devem
seguir.

O mercado é um deus, um deus calvinista que não tem contemplação para com o
fracassado.

A falência é sua condenação. Enquanto que aquele que é bem sucedido reserva-lhe
um lugar no Éden.

Socialismo: Segundo demônio da ideologia neoliberal. É um sistema político


completamente avesso aos princípios da iniciativa privada e da propriedade
privada.

É essencialmente demagógico na medida em que tenta implantar uma igualdade


social entre homens de natureza desigual. É fundamentalmente injusto porque
premia o capaz e o incapaz, o útil e o inútil, o trabalhador e o preguiçoso.
Reduz a sociedade ao nível de pobreza e graças à igualdade e a política de
salários equivalentes, termina estimulando a inércia provocando a baixa produção.
Ao excluir os ricos da sociedade, perde sua elite dinâmica e seu setor mais
imaginativo, passando a ser conduzido por uma burocracia fiscalizadora e
parasitária.

Regime político: O neoliberalismo afina-se com qualquer regime que assegure os


direitos da propriedade privada. Para ele é indiferente se o regime é democrata,
autoritário ou mesmo ditatorial.

13
O regime político ideal é o que consegue neutralizar os sindicatos e diminuir a
carga fiscal sobre os lucros e fortunas, ao mesmo tempo em que desregula o
máximo possível a economia.

Pode conviver tanto com a democracia parlamentar inglesa, como durante o


governo da Sra. M. Thatcher, como com a ditadura do General Augusto Pinochet
no Chile. Sua associação com regimes autoritários é tática e justificada dentro
de uma situação de emergência (evitar uma revolução social ou a ascensão de um
grupo revolucionário). Em longo prazo o regime autoritário, ao assegurar os
direitos privados, mais tarde ou mais cedo, dará lugar a uma democracia.

3-TEXTO: CAPITALISMO NEOLIBERAL NA ATUALIDADE, NA VISÃO DE


DAVID HARVEY. (EXCERTO DA TESE DE ROSEANA BORGES DE MEDEIROS,
“MARACATU RURAL: LUTA DE CLASSES OU ESPETÁCULO”. Uma análise das
expressões de resistência, luta e passivização das classes subalternas)
Harvey (2000) estuda o pós-modernismo e aponta que Marx oferece uma das
mais completas explicações sobre a modernização capitalista e esta é
notavelmente rica em percepções das raízes do modernismo e da possibilidade
pós-moderna.
As leis coercitivas da competição do mercado forçam todos os capitalistas a
procurarem mudanças tecnológicas e organizacionais, que melhorem sua
lucratividade. Também busca manter o trabalhador sob controle na fábrica e
reduzir o seu poder de barganha no mercado (particularmente sob condições de
relativa escassez de trabalho e ativa resistência de classe), estimulando a
inovação.
O capitalismo é, por necessidade, tecnologicamente dinâmico em razão das leis
de competição, e das condições de luta de classes que são endêmicas. A luta pela
manutenção do sistema leva os capitalistas a explorarem todo tipo de
possibilidades. Com a abertura de novas linhas de produto, os capitalistas buscam
criar novos desejos e necessidades, enfatizando o cultivo de apetites imaginários
e o papel da fantasia, do capricho e do impulso. Harvey ( op. cit., p. 107), aponta
que Marx constatou no capitalismo a propensão a incertezas e fragmentações.
Também ele descreveu os processos sociais que agem no capitalismo e promovem
o individualismo, a alienação, a efemeridade, a inovação, a destruição criativa, o
desenvolvimento especulativo e as mudanças imprevisíveis nos métodos de
produção e de consumo (desejos e necessidade). Portanto, a descrição do
capitalismo elaborado por Marx proporciona uma sólida base para pensar e
entender as relações gerais entre a modernização, a modernidade e os
movimentos estéticos, que extraem energias dessas condições.
Há mais continuidade do que diferença entre a história do modernismo e o
movimento denominado pós-modernista. O pós-modernismo é uma crise do

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modernismo, uma crise onde são enfatizados os lados fragmentários, efêmeros e
caóticos presentes no modo de produção capitalista, que Marx estudou tão bem.
"O pós-modernismo quer que aceitemos as reificações e partições,
celebrando a atividade de mascaramento e de simulação, todos os
fetichismos de localidade, de lugar ou grupo social, enquanto nega o
tipo de metateoria capaz de apreender os processos político-
econômicos (fluxos de dinheiro, divisões internacionais do trabalho,
mercados financeiros, etc.), que estão se tornando cada vez mais
universalizantes em suas profundidade, intensidade, alcance e poder
sobre a vida cotidiana" (HARVEY, op. cit., p.112).
Para compreender melhor a cultura pós-moderna, Harvey vai se deter no estudo
da transformação político-econômica do capitalismo do final do século XX, isto é,
na passagem do fordismo para a acumulação flexível.
O fordismo se caracterizava pelo capital fixado na produção de massa, nos
mercados estáveis, padronizados e homogêneos e na racionalidade técnico-
científica. Abrangia muito mais como um modo de vida total, do que um mero
sistema de produção em massa e contribuiu para a estética do modernismo,
sobretudo, na sua inclinação para a funcionalidade e eficiência. Entretanto, o
fordismo manteve-se firme até 1973, quando houve uma aguda recessão, e teve
início o processo de acumulação flexível, marcado pelo confronto direto com a
rigidez do fordismo e apoiado na flexibilidade dos processos de trabalho, dos
mercados de trabalho, produtos e padrões de consumo.
A acumulação flexível cria um grande movimento no chamado "setor de serviços"
e, em conjuntos industriais novos situados em regiões até então
subdesenvolvidas. Há um novo movimento que Harvey intitula de "compressão do
espaço-tempo" no mundo capitalista, isto é, os horizontes temporais da tomada
de decisões privada e pública se estreitaram. A comunicação via satélite, e a
queda dos custos de transportes possibilita, cada vez mais, a difusão imediata
dessas decisões, num espaço cada vez mais amplo.
A acumulação flexível tem levado a níveis relativamente altos de desemprego
"estrutural”, ganhos ínfimos de salários reais, à desestruturação do poder
sindical, o aumento da subcontratação e do trabalho temporário. A
subcontratação organizada abre oportunidade para formação de pequenos
negócios e permite que sistemas mais antigos de trabalho doméstico, artesanal,
familiar e paternalista revivam e floresçam não mais como apêndices do sistema
produtivo, mas como formas centrais. Crescem as economias "informais" ou
"subterrâneas", e os sistemas paternalistas são territórios perigosos para a
organização dos trabalhadores:
Esse sistema de produção flexível permite uma aceleração do ritmo da inovação
do produto. O tempo de giro, que é uma chave da lucratividade capitalista, foi
reduzido bastante pelas novas formas organizacionais. A aceleração do tempo de

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giro na produção é inútil sem a redução do tempo de giro no consumo. A estética
que era relativamente estável no modernismo fordista deu lugar à instabilidade e
qualidades fugidias de uma estética pós-moderna que se caracteriza pela
efemeridade, a diferença, o espetáculo, a moda, a mercadificação de formas
culturais.
O movimento mais flexível do capital acentua o novo, o fugaz e o contingente da
vida moderna, em vez dos valores mais sólidos implantados durante o fordismo.
O retorno à superexploração do trabalho em casa e das práticas de trabalho do
setor informal no mundo capitalista avançado representa uma visão sombria da
história supostamente progressista do capitalismo.
O sistema de acumulação flexível permite que os sistemas de trabalho
alternativos possam existir lado a lado, permitindo que os empreendedores
optem.
Aponta o exemplo de um molde de camisa que tanto pode ser produzido por
fábricas de larga escala situadas na Índia, quanto pelo sistema cooperativo da
"Terceira Itália", quanto por exploradores em Nova York e Londres e, ou, por
sistema de trabalho familiar em Hong Kong, mostrando que o ecletismo nas
práticas de trabalho tem semelhança com o ecletismo das filosofias e gostos
pós-modernos.
Daí, a pós-modernidade flexível ser dominada pela ficção, fantasia, pelo imaterial
(particularmente do dinheiro), pelo capital fictício, pelas imagens, pela
efemeridade, pelo acaso, pela flexibilidade em técnicas de produção, mercados
de trabalho e nichos de consumo.
Entretanto, essas mudanças que ocorreram a partir de 1973 não alteraram a
lógica inerente à acumulação capitalista e suas tendências de crise.
Essas alterações assinalam o nascimento de um novo regime de acumulação que,
tenta conter as contradições do capitalismo durante a próxima geração.
A modificação da experiência do tempo e do espaço se encontra particularmente
na base da impulsiva reviravolta em direção de práticas culturais e discursos
filosóficos pós-modernistas. Ele vai explorar a ligação entre o pós-modernismo e
a transição do fordismo para modalidades mais flexíveis de acumulação do
capital, porque quem define as práticas materiais, as formas e os sentidos do
dinheiro, do tempo ou espaço, fixa certas regras básicas do jogo social.
As materializações e significados atribuídos ao dinheiro, ao tempo e espaço têm
muita importância na manutenção do poder político. A partir dos anos 70, vêm
ocorrendo mudanças de fundamental importância na experiência do espaço e
tempo, que levaram à virada para o pós-modernismo.
Em períodos de dificuldades econômicas, e intensificação da concorrência, os
capitalistas individuais buscam acelerar ao máximo o giro do seu capital e aquele
que apresenta mais capacidade de intensificar a produção, a comercialização,
etc., possui melhores condições de sobrevivência.

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Há uma aceleração e intensificação cada vez maior das tarefas. O capital
continua dominando e, em parte, graças ao domínio superior do tempo e também
do espaço. As práticas temporais e espaciais nunca são neutras nos assuntos
sociais e, expressam sempre algum tipo de conteúdo de classe.
A história do capitalismo tem se caracterizado pela aceleração do ritmo de vida
e vitória das barreiras espaciais. O pós-modernismo é uma espécie de resposta a
uma nova rodada de compressão do tempo-espaço, trazendo um impacto
desorientado sobre as práticas políticas e econômicas, sobre o equilíbrio do
poder de classe, bem como sobre a vida social e cultural.
A aceleração do tempo de giro na produção desencadeia aceleração também na
troca e consumo. A primeira grande consequência disso é o aumento da
volatilidade e efemeridade de modas, produtos, técnicas de produção, processos
de trabalho, ideias e ideologias, valores e práticas estabelecidas. Na área da
produção de mercadorias, o efeito primário foi à ênfase nos valores e virtudes da
instantaneidade e da descartabilidade.
Os símbolos de riqueza e de classe, que sempre tiveram destaque na sociedade
burguesa, têm na atualidade muito mais força, daí a importância da imagem.
Em razão disso, Harvey adverte acerca do triunfo da estética sobre a ética na
atualidade. O simulacro tem papel significativo também com os modernos
materiais de construção, possibilitando a reprodução de prédios antigos e
fabricação de antiguidades que parecem autênticas. Numa sociedade dessas, a
cultura popular possui um espaço muito pequeno e deturpado.
Harvey, diferentemente de outros autores, aprofunda-se na explicação do
surgimento das práticas culturais pós-modernas, vinculando-as à acumulação
flexível do capital.
Seguindo a ótica de Karl Marx, o capitalismo é por natureza sujeito à incerteza,
fragmentação, alienação, propiciando a efemeridade, a inovação que leva não só à
desestruturação do poder sindical, ao desemprego, ao subemprego, à economia
informal, mas também à espetacularização e aumento da mercadificação de
produtos culturais. Esta tese mostra que a proliferação dos produtos culturais
pós-modernos encontra-se intimamente ligada ao processo de acumulação
capitalista.

4-RESUMO DO LIVRO CAPITALISMO PARASITÁRIO DE ZYGMUNT BAUMAN


Este obra se encontra estruturado em cinco capítulos.
PRIMEIRO CAPÍTULO - CAPITALISMO PARASITÁRIO
O primeiro capítulo fala sobre a imperfeição do sistema capitalista. Nesse
capítulo, ele faz uma comparação entre o capitalismo e o parasitismo, em que
para garantir a sua sobrevivência um parasita busca um organismo saudável, e
ainda não explorado para que este lhe forneça o alimento necessário, fatalmente

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prejudicando seu hospedeiro, e destruindo suas chances de prosperidade e, até
mesmo de sobrevivência.
Assim como o parasita o capitalismo explora novas formas, novos recursos em
busca da obtenção de lucro necessária para alimentar o sistema.
A capacidade de sobrevivência desse sistema está na perspicácia em que se
buscam e encontram-se novos organismos para a exploração, na medida em que os
atuais vão perdendo as forças ou extinguem-se, e na rapidez em que o parasita se
adapta ao novo organismo.
Os capitalistas sempre se manterão em busca de novas formas de obtenção de
lucro em busca de adiar a hora em que suas fontes virão a secar, e o farão de
qualquer forma e a qualquer custo.
Ainda nesse capítulo o autor coloca como exemplo das formas de exploração dos
meios capitalistas e suas consequências, a utilização dos cartões de crédito.
Os bancos aproveitam-se da atitude consumista das pessoas que para manter
seus desejos de consumo adquirem créditos e mais créditos, acabando por
afundar-se em uma dívida sem fim. Dívida que cada vez mais alimenta o
capitalismo, e engorda os bolsos dos banqueiros.
Esse tipo de prática tem levado ao endividamento milhares de pessoas, fazendo
com que a inadimplência tome proporções catastróficas.
O Estado também possui grande importância para a manutenção desse sistema.
O Estado e o mercado andam lado a lado na maioria das vezes, e mesmo tratando-
se de uma democracia ou uma ditadura, a tendência é que o governo caminhe em
prol dos interesses do mercado, e não contra. A função dele é garantir que o
mercado mantenha-se vivo e saudável sempre.
George Soros, brilhante analista econômico e praticante das artes do marketing,
apresentava o percurso das aventuras capitalistas como uma sucessão de
"bolhas" se expande muito além de sua capacidade, e explodem assim que atingem
o limite de resistência. A atual contração do crédito não é um sinal do fim do
capitalismo, mas apenas da exaustão de mais um pasto.
A busca de novas pastagens terá início imediatamente, alimentada, como no
passado, pelo Estado capitalista, por meio da mobilização forçada de recursos
públicos (usando os impostos, em lugar do poder de sedução do mercado, agora
abalado e temporariamente fora de operação).
Novas "terras virgens" serão encontradas e novos esforços serão feitos para
explorá-las, por bem ou por mal, até o momento em que sua capacidade de
engordar os lucros dos acionistas e as gratificações dos dirigentes for exaurida.
A introdução dos cartões de crédito foi um sinal do que viria a seguir. Foram
lançados "no mercado" cerca de 30 anos atrás, com o slogan exaustivo e
extremamente sedutor de "Não adie a realização do seu desejo".
Com um cartão de crédito, é possível inverter a ordem dos fatores: desfrute
agora e pague depois! Com o cartão de crédito você está livre para administrar

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sua satisfação, para obter as coisas quando desejar, não quando ganhar o
suficiente para obtê-las.
"Desfrute agora, pague depois". Para impedir que o efeito dos cartões de crédito
e do crédito fácil se reduza a um lucro que o emprestador só realiza uma vez com
cada cliente, a dívida contraída tinha de ser (e realmente foi) transformada
numa fonte permanente de lucro.
Não pode pagar sua dívida? Em primeiro lugar, nem precisa tentar: a ausência de
débitos não é o estado ideal.
Longe disso, oferecemos mais créditos para pagar a velha dívida e ainda ficar
com algum dinheiro extra (ou seja, alguma dívida extra) a fim de pagar novas
alegrias.
Os bancos credores realmente não querem que seus devedores paguem suas
dívidas. Se eles pagassem com diligência os seus débitos, não seriam mais
devedores. E, são justamente os débitos (os juros cobrados mensalmente) que os
credores modernos e benevolentes (além de muito engenhosos) resolveram e
conseguiram transformar na principal fonte de lucros constantes.
O cliente que paga prontamente o dinheiro que pediu emprestado é o pesadelo
dos credores.
Para garantir seu lucro, assim como o de seus acionistas, bancos e empresas de
cartões de crédito contam mais com o "serviço" continuado das dívidas, do que
com seu pronto pagamento. Para eles, o "devedor ideal" é aquele que jamais paga
integralmente suas dívidas.
Resumindo: a atual "contração do crédito" não é resultado do insucesso dos
bancos. Ao contrário, é o fruto, plenamente previsível, embora não previsto, de
seu extraordinário sucesso. Sucesso ao transformar uma enorme maioria de
homens, mulheres, velhos e jovens numa raça de devedores.
Alcançaram seu objetivo: uma raça de devedores eternos e a autoperpetuação do
"estar endividado", à medida que fazer mais dívidas é visto como o único
instrumento verdadeiro de salvação das dívidas já contraídas.
Essa espécie de Estado assistencial para os ricos (ou, mais exatamente, a política
de mobilizar, por intermédio do Estado, os recursos públicos que as empresas
capitalistas não conseguem convencer o público a lhes entregar diretamente) não
é novidade: apenas o alcance e a publicidade que o acompanham assumiram
proporções capazes de causar escândalo.
Antes de qualquer coisa, é preciso sublinhar que os dois elefantes, o Estado e o
mercado, podem lutar entre si ocasionalmente, mas a relação normal e comum
entre eles, num sistema capitalista, tem sido de simbiose.
Pinochet no Chile, Syngman Rhee na Coreia do Sul, Lee Kuan Yew em Singapura,
Chiang Kai-Shek em Taiwan, ou os atuais governantes da China foram ou são
"ditadores de Estado" em tudo, menos no nome, mas conduziram ou conduzem
uma notável expansão e um rápido crescimento da potência dos mercados. Se

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atualmente os países citados são exemplos do triunfo do mercado, o mérito é
todo dessas prolongadas "ditaduras do Estado"
É bom lembrar, aliás, que a acumulação inicial de capital conduz invariavelmente a
uma polarização sem precedentes das condições de vida e, também, provoca
tensões sociais explosivas. Para a classe empresarial mercantil emergente, é
necessário que essas tensões sejam suprimidas por um Estado potente, impiedoso
e coercivo.

A cooperação entre Estado e mercado no capitalismo é a regra. O conflito entre


eles, quando acontece, é a exceção.
Em geral, as políticas do Estado capitalista, "ditatorial" ou "democrático", são
construídas e conduzidas de acordo com os interesses do mercado, e não contra
o interesse dos mercados. Seu efeito principal (e , intencional, embora não
abertamente declarado) é avalizar/ permitir/garantir a segurança e a
longevidade do domínio do mercado.
Por mais fortes que fossem as considerações morais que levavam à introdução do
Estado assistencial, ele dificilmente teria nascido se os donos das fábricas não
tivessem percebido que cuidar do "exército industrial de reserva" (manter os
reservistas em boa forma caso fossem reconvocados para o serviço ativo) era um
bom investimento, potencialmente rentável.
Se o Estado assistencial hoje vê seus recursos minguarem, cai aos pedaços ou é
desmantelado de forma deliberada, é porque as fontes de lucro do capitalismo se
deslocaram ou foram deslocadas da exploração da mão de obra operária para a
exploração dos consumidores. E, também, porque os pobres, despojados dos
recursos necessários para responder às seduções dos mercados de consumo,
precisam de dinheiro - não dos tipos de serviço oferecidos pelo Estado
assistencial - para se tornarem úteis segundo a concepção capitalista de
"utilidade".

SEGUNDO CAPÍTULO – A CULTURA DA OFERTA


O segundo capítulo do livro intitulado “A Cultura da Oferta” subdivide-se em três
partes, a primeira parte trata da sociedade em que vivemos, uma sociedade em
que se valoriza exageradamente o consumo.
A cultura de hoje é feita de ofertas, não de normas.
Como observou Pierre Bourdieu, a cultura vive de sedução, não de
regulamentação; de relações públicas, não de controle policial; da criação de
novas necessidades/ desejos/ exigências, não de coerção. Esta nossa sociedade é
uma sociedade de consumidores.
E, como o resto do mundo visto e vivido pelos consumidores, a cultura também se
transforma num armazém de produtos destinados ao consumo, cada qual
concorrendo com os outros para conquistar a atenção inconstante/errante dos

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potenciais consumidores, na esperança de atrai-Ia e conserva-Ia por pouco mais
de um breve segundo.
A produção contínua de novas ofertas, e o volume sempre ascendente de bens
oferecidos também é necessária para manter a velocidade da circulação de bens,
e reacender constantemente o desejo de substituí-los por outros, "novos e
melhorados".

Também são necessários para evitar que a insatisfação dos consumidores com um
produto em particular se condense num desapreço geral em relação ao próprio
estilo consumista de vida.
Se o mundo habitado por consumidores se transformou num grande magazine
onde se vende "tudo aquilo de que você precisa e com que pode sonhar", a cultura
parece ter se transformado atualmente em mais um de seus departamentos.
Como nos outros, suas prateleiras estão lotadas de mercadorias renovadas
diariamente, e as caixas são decoradas com anúncios de novas ofertas destinadas
a desaparecer depressa, como as mercadorias que anunciam.
Tanto as mercadorias quanto os anúncios publicitários são pensados para suscitar
desejos e fisgar vontades (para "impacto máximo e obsolescência instantânea",
citando a famosa máxima de George Steiner).
A felicidade é sempre encontrada com o ato de consumir, e de se desfazer do
que foi adquirido, pois este já é considerado obsoleto.
Na parte intitulada “Novos Desafios para a Educação” que versa sobre a crise
atual que a educação está enfrentando. Crise que traz a tona problemas nunca
antes enfrentados, problemas de difícil solução.
No mundo líquido-moderno, a solidez das coisas, assim como a solidez dos vínculos
humanos, é vista como uma ameaça: qualquer juramento de fidelidade, qualquer
compromisso em longo prazo (e mais ainda por prazo indeterminado) prenuncia um
futuro prenhe de obrigações que limitam a liberdade de movimento e a
capacidade de perceber novas oportunidades (ainda desconhecidas) assim que
elas se apresentarem.
O consumismo de hoje não consiste em acumular objetos, mas em seu gozo
descartável. Sendo assim, por que o "pacote de conhecimentos" adquiridos na
universidade deveria escapar dessa regra universal? No turbilhão de mudanças, é
muito mais atraente o conhecimento criado para usar e jogar fora, o
conhecimento pronto para utilização e eliminação instantâneas, o tipo de
conhecimento prometido pelos programas de computador que entram e saem das
prateleiras das lojas num ritmo cada vez mais acelerado. Portanto, a ideia de que
a educação pode consistir em um "produto" feito para ser apropriado e
conservado é desconcertante, e sem dúvida não depõe a favor da educação
institucionalizada.

21
Num mundo como este, o conhecimento é destinado a perseguir eternamente
objetos sempre fugidios que, como se não bastasse, começam a se dissolver no
momento em que são apreendidos.
Procura-se o que é descartável, aquilo que possui “vida útil” muito prolongada não
chama a atenção.
A educação não foge a regra, o tipo de conhecimento buscado é aquele que se
aprende e se descarta facilmente, a felicidade nesses casos também se encontra
do ato de adquirir e se desfazer facilmente, ela também se transformou em
“produto”, fator que não favorece a educação institucionalizada.
Ele critica o excesso de informações a que somos expostos diariamente, que
possuem uma capacidade impressionante de reduzir a nossa autoconfiança, pois
dificultam ainda mais o encontro de soluções, resultando na imediata auto
depreciação e no auto escárnio.
A geração atual não dá mais tanta importância para os contatos mais profundos
com alguém. Com o advento da internet as relações são cada vez mais frouxas, os
laços entre as pessoas são cada vez mais fracos e são mantidos ou eliminados
através de um só “click”.
A internet permite que as pessoas se reinventem o tempo todo e que criem uma
nova identidade sempre que assim quiserem.

TERCEIRO CAPÍTULO – A SOCIEDADE DO MEDO


Estamos em uma época em que as medidas de segurança que adotamos só geram
mais insegurança. Somos diariamente perseguidos pelos mais diferentes tipos de
medo. Entre as ameaças, está a de ficar para trás, ser substituído, não
acompanhar o ritmo das mudanças.
Os medos agora são difusos, eles se espalharam. É difícil definir e localizar as
raízes desses medos, já que os sentimos, mas não os vemos. É isso que faz com
que os medos contemporâneos sejam tão terrivelmente fortes, e os seus efeitos
sejam tão difíceis de amenizar. Eles emanam virtualmente em todos os lugares.
Há os trabalhos instáveis; as constantes mudanças nos estágios da vida, a
fragilidade das parcerias, o reconhecimento social dado só "até segunda ordem"
e sujeito a ser retirado sem aviso prévio, a possibilidade de falhar num mercado
competitivo por causa de um momento de fraqueza ou de uma temporária falta de
falta de atenção, o risco que as pessoas correm nas ruas; a constante
possibilidade de perda dos bens materiais etc
Os medos são muitos e diferentes, mas eles alimentam uns aos outros. A
combinação desses medos cria um estado na mente e nos sentimentos que só
pode ser descrito como ambiente de insegurança. Nós nos sentimos inseguros,
ameaçados, e não sabemos exatamente de onde vem esta ansiedade nem como
proceder.

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Os medos não têm raiz. Essa característica líquida do medo faz com que ele seja
explorado política e comercialmente. Os políticos e os vendedores de bens de
consumo acabam transformando esse aspecto em um mercado lucrativo.
O comum é tentar reagir, fazer alguma coisa, buscar desvendar as causas da
ansiedade, e lutar contra as ameaças invisíveis. Isso é conveniente do ponto de
vista político ou comercial. Tal atitude não vai curar a ansiedade, mas alimentar
essa indústria do medo. Adquirir bens para obter segurança só alivia uma parte
da tensão e mesmo assim, por um breve tempo.
Para os governos e o mercado, é interessante manter acesos esses medos e, se
possível, até estimular o aumento da insegurança. Como a fonte das ansiedades
parece distante e indefinida, é como se dependêssemos dos especialistas, das
pessoas que entendem do assunto, para mostrar onde estão as causas do
sofrimento e como lutar contra ele. Não temos como testar a verdade que nos
contam. Só nos resta então acreditar no que dizem.
No local de onde eu escrevo - e acho que também em outros lugares, como o
Brasil-, a competição está cada vez mais individualizada. Essa competição é
guiada por uma preocupação crescente com a sobrevivência física - ou a
satisfação das necessidades biológicas primárias que os instintos de
sobrevivência impõem. E também pelo poder de escolha individual: decidir quais
são os seus objetivos e que tipo de vida cada qual quer viver. Exercer esses
direitos parece ser o "dever" de todos.
.O que acontece ao indivíduo tende a ser visto como uma confirmação do poder de
cada um. Uma vez agindo como indivíduos, nos encorajam a buscar
reconhecimento social para nossas escolhas. Reconhecimento social significa a
aceitação dos outros, a confirmação de que o indivíduo optou por uma vida
decente, que vale a pena e que merece todo o respeito das outras pessoas. O
oposto do reconhecimento social significa a negação da dignidade, a humilhação.
Uma pessoa se sente humilhada quando recebe a mensagem, por palavras ou
ações, de que não pode ser quem pensa que é. Essa humilhação gera preconceito e
ressentimento.
Numa sociedade individualista como a nossa, este é um tipo venenoso e
implacável de ressentimento,o e uma das mais comuns causas de conflito, rebelião
e revolta.
Ela destrói a autoestima, nega o reconhecimento, recusa o respeito e aplica a
exclusão , substitui a exploração, e assume a discriminação como explicação mais
comumente usada para justificar o rancor do indivíduo em relação à sociedade.
Na sociedade individualizada, porém, as queixas e as explicações para a dor
perdem o foco no grupo, e se deslocam para o indivíduo. Mas, em vez de apontar
para a injustiça e o mal funcionamento do todo social, e de buscar um remédio na
reforma da sociedade, os sofrimentos individuais tendem a ser percebidos como
ofensa pessoal, uma agressão à dignidade pessoal e à auto estima. Sendo assim,

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eles demandariam uma resposta e uma vingança pessoais. Parece haver uma
tremenda desigualdade.

QUARTO CAPÍTULO – UM CORPO EM CONTRADIÇÃO


O quarto capítulo recebeu o nome de “O Corpo em Contradição” e trata das
reações que nosso corpo sofre mediante os desafios e as contradições presentes
no nosso modo de vida. O autor coloca a anorexia e a bulimia como exemplos de
patologias cada mais frequentes e relacionadas com a sociedade atual, trata-se
de reações patológicas que tem como principal causa a dificuldade em encontrar
soluções para os dilemas e dúvidas constantemente presentes em nosso meio.

QUINTO CAPÍTULO – UM HOMEM COM ESPERANÇAS


O quinto capítulo chama-se “Um Homem com Esperanças” nele Bauman coloca,
principalmente, a sua dificuldade de caracterizar-se como alguém pessimista ou
otimista, pois não acredita se encaixar em nenhum desses polos.
Ele coloca-se como um pertencente da categoria dos “homens com esperança”,
um homem que acredita que os homens são capazes de tomar decisões, e que suas
escolhas podem sem boas a ponto de criar um mundo melhor.
BIBLIOGRAFIA
-BAUMAN, Z. Globalização: As consequências humanas. São Paulo: Zahar
Editora. 1999.
________________________Danos Colaterais Desigualdades sociais numa era
global. São Paulo: Zahar Editora, 2013.

_______________________________Capitalismo Parasitário. São Paulo: Zahar


Editora, 2014.

-HARVEY, D. Condição pós-moderna. 9. ed. São Paulo: Loyola, 2000.

-HEILBRONER, R. A História do Pensamento Econômico. São Paulo: Nova

Cultural, 1996.

-HUBERMAN, L. História da Riqueza do Homem. São Paulo: ZAHAR EDITORES,

1981.

- HUNT. E.K. História do Pensamento Econômico. Rio de Janeiro: Editora Campus.

1891.

-JAMESSON, F. Pós-modernismo. A lógica cultural do capitalismo tardio. São

Paulo: Saraiva. 2000.

24
-OLIVEIRA, R. História do Pensamento Econômico. São Paulo: Saraiva. 2008.

-WEFFORT, F.C. Os Clássicos da Politica. São Paulo: Ática. 2006.

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