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Proceedings of the 1st Iberic Conference on Theoretical and Experimental Mechanics and Materials /

11th National Congress on Experimental Mechanics. Porto/Portugal 4-7 November 2018.


Ed. J.F. Silva Gomes. INEGI/FEUP (2018); ISBN: 978-989-20-8771-9; pp. 777-780.

PAPER REF: 7390

PARÂMETROS GEOTÉCNICOS DE SOLO RESIDUAL DE GNAISSE


DA CIDADE DE BELO HORIZONTE, BRASIL, POR MEIO DE
ENSAIOS CONE PENETRATION TEST (CPT) E DE LABORATÓRIO
Judy Norka Rodo de Mantilla1(*), Edgar Vladimiro Mantilla Carrasco2
1
Faculdade de Engenharia e Arquitetura (FEA), Fumec, Belo Horizonte, MG, Brasil,
2
Escola de Arquitetura, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
(*)
Email: judy.mantilla@fumec.br

RESUMO
Solos residuais de gnaisse são muito comuns na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais,
Brasil, assim neste trabalho se apresenta uma caracterização geotécnica de um perfil de solo,
por meio de ensaios laboratoriais e de campo. Foram feitos ensaios básicos para a
caracterização física e ensaios triaxiais e de cisalhamento direto para a obtenção de
parâmetros de resistência ao cisalhamento, coesão e ângulo de atrito interno do solo. Os
ensaios de campo compreendem a Sondagem de Simples Reconhecimento com SPT
(Standard Penetration Test) e o ensaio de Penetração do Cone (Cone Penetration Test-CPT),
respectivamente para a investigação do subsolo e a determinação da resistência de ponta (qc) e
o atrito lateral (fs) do cone. Os parâmetros de resistência ao cisalhamento obtidos foram de 5,3
kPa a 15,5 kPa de coesão e 14º a 33º de ângulo de atrito interno. No ensaio SPT o solo foi
classificado como um silte arenoso de cor variegada e de compacidade fofa a muito compacta,
com o NSPT crescente ao longo da profundidade. As resistências do ensaio de penetração do
cone também foram crescentes e a classificação do tipo de comportamento do solo
identificaram tratar-se de um perfil de silte arenoso a silte argiloso e de uma areia siltosa a
silte arenoso, alternadamente.

Palavras-chave: Solo residual de gnaisse, caracterização geotécnica, ensaios de laboratório,


cone penetration test.

INTRODUÇÃO
O princípio das tensões efetivas e o critério de ruptura de Mohr-Coulomb da Mecânica dos
Solos foram desenvolvidas em solos sedimentares, e esse conhecimento é aplicado em solos
residuais, e há que se levar em conta que estes apresentam um comportamento distinto
daqueles, em função de fatores que influenciam sua formação como tipo de rocha de origem,
relevo, condições climáticas, entre outros, [1, 2]. Os ensaios laboratoriais para obtenção dos
parâmetros de solos têm seu espaço garantido, apresentando como principal vantagem o
controle das condições de ensaio e permitindo, ainda, uma série de simulações, muitas vezes
necessárias para o bom entendimento do comportamento dos solos. O ensaio de campo de
penetração do cone (Cone Penetration Test-CPT), segundo [3], com cones com capacidade de
medição simultânea da resistência à penetração e da poro-pressão gerada durante a cravação,
foram introduzidos no início da década de 1980. Desde então a utilização dos ensaios de cone
CPT e CPTU, com e sem medida de poro-pressões, respectivamente, tem crescido no Brasil,
em pesquisas e projetos geotécnicos. [4] estudou a caracterização geotécnica do solo residual

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de diabasio da região de Campinas, por meio de ensaios de campo do tipo Sondagens de


Simples Reconhecimento com SPT (Standard Penetration Test) e CPT, para avaliar a
adequabilidade dos ensaios as condições do solo tropical, laterítico, típico da região. [2]
apresenta uma caracterização geotécnica de um perfil de solo residual de gnaisse da cidade de
Santo Amaro da Imperatriz - Santa Catarina, cujos resultados de ensaios de campo,
laboratoriais e de microscopia eletrônica, permitem uma análise minuciosa do comportamento
desse solo. Desta forma este trabalho apresenta uma caracterização geotécnica de um perfil de
solo residual de gnaisse, bastante presente na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil,
por meio de ensaios laboratoriais de caracterização física e obtenção de parâmetros de
resistência ao cisalhamento, coesão, ângulo de atrito interno, e ensaios de campo Sondagens
de Simples Reconhecimento com SPT (Standard Penetration Test) e Penetração do Cone
(Cone Penetration Test-CPT). Segundo a granulometria o solo é do tipo areno-siltoso e os
ensaios de campo apresentam resultados de resistência à penetração crescente ao longo da
profundidade, que segundo [2] é típico de um perfil de solo residual. O ensaio CPT classifica
o tipo de comportamento do solo como um silte areno-argiloso e areia siltosa, de forma
intercalada ao longo da profundidade.

METODOLOGIA
Por meio de cartas geotécnicas foi escolhido um local dentro do Campus da Universidade
Federal de Minas Gerias (UFMG), que fosse representativo de solos residuais de gnaisse da
região de Belo Horizonte. Para os ensaios de laboratório foi feita uma coleta de amostras
indeformadas em duas profundidades por meio da abertura de um poço de inspeção. Os
ensaios de caracterização física realizados foram massa específica dos grãos (ρs), análise
granulométrica e limites de liquidez (LL) e de plasticidade (LP), Tabela1. Determinaram-se
os parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo, coesão (c) e ângulo de atrito interno (φ),
por meio dos ensaios de cisalhamento direto, compressão triaxial do tipo CIU (consolidado
isotrópicamente não drenado) e CID (consolidado isotrópicamente drenado), Tabela 2. Todos
os ensaios de laboratório foram realizados segundo recomendações de normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas. (ABNT).

Tabela 1 - Caracterização física do solo.


Massa
Limites de consistência
específica Granulometria (%)
Profundidade da (%)
dos grãos
amostra
ρs (g/cm3) Pedregulho Areia Silte Argila LL LP IP
2,3 m 2,61 4 59 24 13 40 23 17
3,3 m 2,62 1 64 29 6 40 26 14

Tabela 2 - Parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo.


Cisalhamento direto Triaxial CID Triaxial CIU
Profundidade
Amostra c’ (kPa) φ’ (º) c’ (kPa) φ’ (º) c (kPa) φ (º)
2,3 m 9,0 23 13,2 24,0 15,5 14,0
3,3 m 5,3 33 8,5 31,0 9,0 19,0

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Para a investigação do subsolo e a determinação da resistência de ponta (qc) e o atrito lateral


(fs) do cone, foram feitos os ensaios de campo Sondagens de Simples Reconhecimento com
SPT (Standard Penetration Test) e o de Penetração do Cone (Cone Penetration Test-CPT). Na
sondagem o ensaio SPT foi feito a cada metro de profundidade com a respectiva coleta de
amostras, e o perfil do subsolo indica um solo silto-arenoso residual a partir da cota 2,0 m
com compacidade variando de fofo a muito compacto, com o NSPT crescente ao longo da
profundidade e o nível da água a 6,5 m. No ensaio CPT o registro de dados foi feito a cada 5
cm o que permitiu obter do cone as resistências de ponta (Qt) e a de atrito lateral (Fs) na luva
de área lateral de 150 cm². A Figura 1 mostra o equipamento em operação e a Figura 2 os
resultados de Qt e de Fs até a profundidade de 5 m, com a respectiva classificação do tipo de
comportamento do solo, segundo [5], como um silte arenoso a silte argiloso (solo 6) e areia
siltosa a silte arenoso (solo 7), de forma intercalada.

CONCLUSÕES
Com relação à caracterização física do solo pode-se concluir que não há variação considerável
nas duas profundidades, até porque a diferença de cota é de apenas 1 m. A massa específica
dos grãos é 2,61 g/cm3 e 2,62 g/cm3; a granulometria indica um solo areno-siltoso com pouca
argila, o índice de plasticidade IP de 14% e 17% classifica o solo de plasticidade média.
Os parâmetros de resistência ao cisalhamento obtidos nos ensaios de cisalhamento direto e de
compressão triaxial foram de 5,3 kPa a 15,5 kPa de coesão e 14º a 33º de ângulo de atrito
interno. Por um lado, constata-se que, para uma mesma profundidade, os valores de coesão
efetiva obtidos nos ensaios triaxiais foram maiores que os valores de coesão obtidos no ensaio
de cisalhamento direto. Por outro lado, os valores de angulo de atrito interno efetivo foram
muito próximos, praticamente sem variação.
As diferenças nos parâmetros de resistência podem ser associadas às características
particulares de cada amostra em função da heterogeneidade que apresentaram.
No ensaio SPT o solo foi classificado como um silte arenoso de cor variegada e de
compacidade fofa a muito compacta, com o NSPT crescente ao longo da profundidade.

Fig. 1 - Equipamento do ensaio CPT em operação.

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Fig. 2 - Resultados do ensaio CPT: resistências de ponta (Qt) e de atrito lateral (Fs), e a classificação do
tipo de comportamento do solo.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
Minas Gerais (Fapemig) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).

REFERÊNCIAS
[1]-C. S. Godoi, Caracterização geomecânica de um solo residual de gnaisse - Santo Amaro
da Imperatriz. Dissertação de Mestrado. Curso de Pós-graduação em Engenharia Civil.
Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, Brasil, 2014.
[2]-F. S. Krueger, Caracterização física e mecânica de um solo residual de gnaisse por meio
de ensaios de campo e laboratório: Santo Amaro da Imperatriz. Tese de Doutorado. Curso de
Pós-graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis,
Brasil, 2015.
[3]-H. L. Giacheti, R. da C. Queiroz, O Ensaio de Piezocone e de Minicone na Investigação
do Subsolo: Alguns Exemplos de Aplicação. São Paulo, UNESP, Geociências, v. 23, n. 1/2, p.
89-103, 2004.
[4]-T. G. Rodriguez, Caracterização geotécnica de um solo de diabasio por meio de ensaios
SPT e CPT. Dissertação de Mestrado. Curso de Pós-graduação em Engenharia Civil.
Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, Brasil, 2013.
[5]-Robertson. P.K., Campanella, R.G., Gillespie, D., and Greig, J., 1986. Use of Piezometer
Cone data. In-Situ’86 Use of In-situ testing in Geotechnical Engineering, GSP 6, ASCE,
Reston, VA, Specialty Publication, pp 1263-1280.

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