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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA HÍDRICA

Relatório de Aula Prática:


Ressalto Hidráulico em Sistema de Superfície Livre

Taylor Cavalheiro Palacios

Pelotas, 2019
Introdução

O ressalto hidráulico é um fenômeno físico que dissipa a energia cinética de fluidos de


forma turbulenta e instável. Considerando que é um fenômeno hidráulico, é possível
caracterizá-lo a partir de parâmetros como a profundidade hidráulica, o comprimento de
ressalto, a perda de carga do sistema e o tipo de escoamento a montante e jusante. Sendo
a compreensão sobre o ressalto de fundamental importância no dimensionamento de
canais e sistemas hídricos de superfície livre.
Dessa forma, o presente relatório objetiva a apresentação de resultados obtidos na
aula prática sobre ressalto hidráulico, da disciplina Hidráulica de Superfície Livre.

Metodologia
A prática foi dividida em duas etapas: a preparação do experimento e a condução do
experimento. Na sequência foram realizados os cálculos e a análise dos resultados. Na
etapa de preparação os equipamentos foram verificados e devidamente escorvados. A
declividade do canal foi mantida neutra e a comporta foi instalada no início do canal de
ensaio. Além disso, o dispositivo de controle de níveis foi aberto completamente, e foram
retirados todos os objetos do interior do canal.
Posteriormente a preparação, a condução do experimento teve início com a liga da
bomba. O registro de recalque da bomba foi aberto em duas voltas. Foram verificados os
valores de pressão e o desvio manométrico do sistema. O ressalto hidráulico provocado no
interior do canal foi manipulado de modo que esse estivesse estabilizado e com seu início
o mais próximo da comporta. As profundidades da lâmina d’água, a montante e jusante do
ressalto, foram endossadas três vezes por três diferentes observadores. Por fim, foi
determinada visualmente o comprimento do ressalto e a bomba foi desligada.
Para realização dos cálculos do experimento foram utilizadas as equações de
velocidade (eq1), Froude (eq2), profundidade conjugada (eq3), perda de carga do ressalto
(eq4) e comprimento do ressalto (eq5).

Q
V = A eq1

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V
Fr =
√gY eq2

Y2
Y1 = 1
2 (√1 + 8F r 2
1 −1) eq3

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(Y 2 −Y 1 )
ΔE = 4Y 1 Y 2 eq4

Lj ≅8 (Y 2 − Y 1 ) eq5

Onde: V é a velocidade; Q é a vazão; A a área; Fr é o número de Froude, que


relaciona a velocidade com a constante gravitacional (g) e a profundidade da lâmina (Y);
ΔE é a perda de energia do sistema; e, Lj é uma aproximação empírica do comprimento do

ressalto hidráulico.

Resultados
A partir da observação do experimento foram determinadas uma altura conjugada
rápida de 0,026 m (Y​1​), uma altura conjugada lenta de 0,133 m (Y​2​), o comprimento do
ressalto hidráulico igual a 0,6 m e o desnível manométrico com 2 voltas do registro da
ordem de 73 mmHg (Tabela 1). Através desses dados, e considerando 0,1 m a largura do
canal, calculou-se uma vazão de 0,0043 m3 /s , com velocidade de 1,66 m/s a montante e
0,32 m/s a jusante.
Tabela 1 – Valores observados no experimento e calculados a partir dos dados observados..

Y​1​ (m) Y​2​ (m) L​j​ (m) ΔE (mmHg) B (m) Q ( m3 /s ) V​1 V​2 Fr​1 Fr​2

0,026 0,133 0,6 73 0,1 0,0043 1,66 0,32 0,28 3,28

Foi possível, ainda, determinar um Froude de 3,28 a montante do ressalto e da ordem


de 0,28 a jusante. Dessa forma, como os valores do adimensional maiores que um
caracterizam o escoamento como torrencial e valores abaixo de um como fluvial. Fica

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evidente o regime supercrítico a jusante e subcrítico a montante. O ressalto pode ser
classificado, ainda, como oscilante, por Froude a montante estar no intervalo entre 2,5 e
4,5.
A segunda bateria de cálculos, considerando os valores da altura conjugada a
montante e o Froude a montante da observação, resultou em uma altura conjugada a
jusante de 0,108 m, variando cerca de 0,025 m, ou seja, pouco mais de dois centímetros
(Tabela 2). Da mesma forma, houve uma variação de 0,059 m entre o comprimento do
ressalto observado e o calculado com a eq5. Por fim, os valores da perda de carga
também divergiram entre o observado e o calculado, sendo a variação da ordem dos
quatro centímetros.
Tabela 2 – Comparação entre as variáveis obtidas experimentalmente e as calculadas.

Y​2​ (m) L​j​ (m) ∆Hp (m)


Observado 0,133 0,600 0,089
Calculado 0,108 0,659 0,049
Variação 0,025 0,059 0,040

Conclusão
A variação dos dados observados em relação aos valores obtidos por cálculos está
associado tanto aos erros de leitura dos observadores como a eventos aleatórios que
acabam interferindo no produto final.
Os valores não diferem significativamente, necessitando de repetições e análises
estatísticas para maior confiabilidade dos resultados e determinação de curvas de
distribuição de frequência para o experimento.

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