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Apostila Ministerio de Musica e Artes
Apostila Ministerio de Musica e Artes
Colaboradores
Frederico da Silva e Júlio Cesar dos Santos
Caro leitor, pessoas cristãs, ou simplesmente honestas, não necessitam do jugo da lei para
fazerem o que é certo. Pensando nisso, a RCC Brasil está lhe dando cinco bons motivos para não
copiar o material contido nesta publicação (fotocopiar, reimprimir, etc), sem permissão dos possui-
dores dos direitos autorais. Ei-los:
1. A RCC precisa do dinheiro obtido com a sua venda para manter as obras de evangelização que
o Senhor a tem chamado a assumir em nosso País;
2. É desonesto com a RCC que investiu grandes recursos para viabilizar esta publicação;
3. É desonesto com relação aos autores que investiram tempo e dinheiro para colocar o fruto do
seu trabalho à sua disposição;
4. É um furto denominado juridicamente de plágio com punição prevista no artigo 184 do Código
Penal Brasileiro, por constituir violação de direitos autorais (Lei 9610/98);
5. Não copiar material literário publicado é prova de maturidade cristã e oportunidade de exer-
cer a santidade.
IMPRESSO NO BRASIL
Printed in Brazil 2008
Luiz Carvalho Júnior
Colaboradores
Frederico da Silva
Júlio Cesar dos Santos
ÍNDICE
Apresentação.......................................................................................................7
Introdução............................................................................................................9
Orientações Gerais para o encontro...............................................................10
Apêndice.............................................................................................................84
Bibliografia .........................................................................................................86
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
Esta vida de intimidade com Deus nos fará descobrir a cada dia o valor de
nosso chamado e a seriedade de nossa missão, que muitas vezes pedirá de nós re-
nuncias e desprendimento para o bom testemunho de nossa vida nova em Cristo
Jesus.
ESPIRITUALIDADE
Tudo isso tem como princípio e fim último a excelência da caridade, que nada mais
é que a operacionalização do amor (cf. 1 Cor 13,1-8a.13b).
METODOLOGIA
O (s) formador (es) que irá (ão) ministrar o encontro deverá (ão) estudar
bem a apostila antes de aplicá-la, lendo se possível alguns livros sugeridos ao final
dela. Deve se evitar estender por demais nas palestras querendo dar todo o con-
teúdo, mas busque-se em cada ensino adequar à realidade e ao momento de cada
encontro.
11
ENSINO 1
Esse ensino deverá ter uma ótica mais testemunhal e de vivência, pro-
curando apresentar a importância do chamado, responsabilidade e compromisso
com a missão, enfocando mais na pessoa do artista.
Nesta passagem vemos a eleição dos levitas para o serviço do templo. Esta
tribo foi consagrada por Deus para servir na casa de Deus. E como é interessante
ver o cuidado e o direito que Deus exerce sobre eles.
Nós do Ministério das Artes somos os levitas de hoje. A nós cabe a arte
12 na casa do Senhor, na espiritualidade da RCC. Nosso lugar de trabalho é o grupo
de oração, ou em nome dele e em comunhão com ele, as praças, os hospitais, as
praias, os orfanatos, enfim, onde estiver o povo que precisa do batismo no Espírito
Santo.
E que coisa mais linda: Deus confia em nós. Deus espera pelo nosso sim de-
cidido a cada dia, a cada missão, a cada desafio. Mesmo que nos custe caro. Mesmo
que nos custe o sacrifício e a renuncia. Sabemos que nada é em vão se é feito por
amor, com amor e pelo amor.
“O discípulo não é mais que o mestre, o servidor não é mais que o pa-
trão. Basta ao discípulo ser tratado como seu mestre, e ao servidor como seu
patrão.”(Mt 10, 24-25)
Pelo nosso “sim” ao plano de Deus muitos irmãos têm a alegria de se en-
contrarem com a salvação de nosso Senhor.
Sugestão
14
ENSINO 2
VISÃO GERAL
O QUE É?
OBJETIVO DO MINISTÉRIO
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2.1. O MINISTÉRIO DE MÚSICA E ARTES ESTADUAL
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Visitar as dioceses não somente para encontros, mas, sobretudo, para reuniões
de oração, escuta e intercessão com lideranças;
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2.2. O MINISTÉRIO DE MÚSICA E ARTES DIOCESANO
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Visitar os Ministérios de Música e Artes sempre que possível dando uma for-
mação direcionada e reunindo-se com os coordenadores para aperfeiçoar o
trabalho, a espiritualidade e a vivência da fraternidade;
• Elaborar uma ata com todas as atividades executadas durante a sua gestão para,
posteriormente, repassar ao novo ministro Diocesano de Música e Artes.
• Ter a consciência de ser chamado por Deus para cumprir aquele serviço aos
irmãos na imitação do Cristo, o servo do Senhor;
• Ter carisma de pastor amando todas as ovelhas sem distinção e dando o me-
lhor de si para elas (Jo 10,1-17);
Sugestão
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ENSINO 3
21
- CNBB. Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas § 84.
a) Ser ponte entre Deus e a assembléia, facilitando este relacionamento.
b) Ser canal da graça de Deus para aqueles que ainda não têm uma abertura e
intimidade com o Senhor e seus dons.
c) Acolher com alegria, através dos cantos, palavras e gestos cativantes as pessoas
que chegam ao grupo de oração. Para vencer a timidez, precisamos dar tempo
ao tempo, pedir ao Senhor que nos cure dos medos humanos e, se for preciso,
recorrer aos irmãos do ministério de cura para um acompanhamento. A timi-
dez pode ser um grande problema para nosso ministério, precisamos enfrentar
o problema e vencermos a cada semana, a fim de sermos canais livres da graça
de Deus para nossos irmãos.
d) Ser dócil à moção do Espírito, percebendo qual a moção de Deus para cada
momento e guiando o povo para vivenciar esta moção.
Facilita muito quando o ministério tem seu repertório dividido por temas
(Maria, louvor, perdão, etc.) devidamente cifrado. Não esquecendo-nos que este
repertório deve estar sempre atualizado.
As pessoas que exercem algum serviço no GO são alvo de atenção por par-
te da assembléia. Talvez não gostemos disso, mas é real. Somos analisados a cada
instante pela assembléia, e um gesto ou palavras erradas podem desviar a atenção
e até escandalizar nossos irmãos. Por esta razão devemos ter muito cuidado nas
roupas e acessórios que usamos. Nada que nos torne sensuais ou provocantes
devem ser usados, porque a única coisa que queremos provocar nas pessoas que
servimos é o desejo de santidade e de amor ao Senhor a cada dia. Em nossos
ministérios não devemos usar roupas coladas, transparentes, decotadas ou curtas
demais. Mas isso deve ser levado em conta não somente quando estamos no GO
mas também fora dele, porque a cada um de nós é esperado um testemunho de
vida.
Como alguém que está à frente de um povo você deve ter uma visão geral
das pessoas e tomar cuidado para não se prender a alguma em especial, evitando
assim constrangimentos e mal entendidos. Também devemos ter um cuidado de
não esquecermos as pessoas que estão sentadas mais atrás ou as que não estão tão
abertas na oração. Para isso acontecer, mantenha seus olhos abertos a maior parte
do tempo e veja se as pessoas estão seguindo os direcionamentos. É extremamen-
te cansativo estar diante de um animador que não sai do lugar, ou permanece com
o mesmo tom de voz ou o mesmo semblante. Nos momentos mais fortes aumen-
te o volume de sua voz, mas tenha cuidado para não cansar as pessoas com gritos
e notas repetidas e muito agudas. Para cada grupo de pessoas tem uma forma de
ministrar, descubra qual a sabedoria do Espírito para seu grupo de Oração.
Cantar cânticos não é errado, mas deter-se só nos antigos e não abrir-se
para os novos cânticos é empobrecer nosso ministério. Com o crescimento da
RCC, novos compositores e intérpretes apareceram e contribuíram enormemen-
te com nosso movimento. Para ajudar você a ensinar novos cânticos daremos al-
gumas sugestões:
Se você quiser pode usar livros, folhas de cânticos ou projetores com as le-
tras das músicas, mas lembre-se de ministrar a música e levar as pessoas à oração.
A letra pode dificultar o momento de oração, se as pessoas ficarem preocupadas
apenas em ler.
“...o fervor que se pode observar sempre na vida dos grandes pre-
gadores e evangelizadores......, eles souberam superar muitos obstáculos
que se opunham à evangelização...” dizia o papa João Paulo II e conti-
nua em outro trecho: “Essa falta de fervor manifesta-se no cansaço e na
desilusão, acomodação e no desinteresse e, sobretudo, na falta de alegria
e esperança em numerosos evangelizadores. E assim, exortamos todos
aqueles que, por qualquer titulo e em alguma escala, tem a tarefa de evan-
gelizar, a alimentarem sempre o fervor espiritual”
Que o Espírito Santo nos faça sempre recobrar e alimentar em nós o fervor
e a alegria no servir.
Faz-se uma observação: todo CD tem músicas que podem ser aproveita-
das em nossos grupos de oração. É falsa a idéia de que toda música para ser tocada
no grupo tem que ser fácil e curta. E a música “Ninguém te ama como eu”? Por
acaso é fácil ou curta? E nós por acaso não usamos esta canção inúmeras vezes em
nossos grupos e eventos? E também quero afirmar que é muito difícil lançar um
CD só com canções para grupos porque a dinâmica do grupo de oração é bem lar-
ga e só o Espírito pode saber o que vai acontecer em cada lugar e em cada reunião.
Cabe então aos ministros de música criar o hábito de comprar, ouvir e aprender as
músicas dos católicos para ajudarem (e amarem na prática) estes irmãos que têm
gastado suas vidas na igreja católica.
Nós já somos tão poucos diante de tantos não crentes que não podemos
correr o risco de passarmos despercebidos. Nossa postura precisa ser clara e coe-
rente. Se você não canta músicas que considera profana e anticristã, mas veste-se
e comporta-se como um não cristão, que coerência de vida você pensa estar vi-
vendo? Se você faz uso deste modismo e outros mais só porque acha “legal”, e não
pensa nas conseqüências de sua atitude ou no contra testemunho que você pode
dar, peça com insistência ao Espírito Santo para lhe dizer realmente quem você é e
a que você é chamado. Pense nisso também e decida. Cada um de nós é responsá-
vel pelos nossos atos e decisões. Vale a pena renunciar a algo que achamos “legal”
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pelo bem e fiel cumprimento de nossa missão, afinal de contas tudo que fazemos,
fazemos por amor ao Senhor, ao seu povo e à sua Igreja. Para não sermos confun-
didos e para não confundirmos. Para não sermos motivos de escândalos, mas de
testemunho de vida nova, obra do Espírito Santo em nós.
Com esta reflexão, não estamos afirmando que os irmãos que fazem uso
destas coisas não são de Deus, ou não tem uma experiência verdadeira com o
Senhor. Devemos refletir para termos a chance de pensar antes de optar, e não so-
mente fazer porque está na moda ou porque fulano ou sicrano fazem. Tenho vários
amigos de caminhada que usam tatuagem, brincos e piercings. Em Deus eu os amo
e respeito, mas todos eles sabem minha opinião: “Se para atrair os jovens eu tiver
que usar estas coisas minha missão com a juventude não mais acontecerá. Mesmo
sem estes acessórios, mas com uma unção e força que deriva de nossa eleição e
chamado, temos atraído muitos jovens, adultos e crianças para a vida de amizade
com o Senhor no seio da Igreja Católica, na espiritualidade de Pentecostes. Louva-
do seja Deus!”
3.2.1. O Coordenador:
Aqui vale a pena lembrar que procuramos imitar Jesus em tudo, inclusive
na sua maneira de exercer a autoridade. Lembremos de que fomos escolhidos
para servirmos aos filhos amados por Deus, e que não estamos em um “cargo” de
privilégios e honra, mas de serviço, pastoreio e caridade.
f. Exigir dos membros o cumprimento do papel de cada um, bem como a pontu-
alidade e assiduidade nos compromissos assumidos.
3.2.2. O Animador
b. Ensaiar com o Ministério de Música seus gestos e sua forma original de condu-
zir a animação e a oração para gerar intimidade entre todo Ministério.
3.2.3. Vocalistas
Acredito que não haja necessidade de explicar quem são e o que fazem os
vocalistas, mas quero lembrar algumas coisas muito importantes:
a. Para ser vocalista precisa ter naturalmente o dom de cantar. Precisa ter no mí-
nimo afinação, noção de ritmo e outros “detalhes musicais”. É claro que tudo
pode ser aperfeiçoado, mas colocar no Ministério de Música um irmão que não
tem o mínimo necessário para exercer este serviço, que requer dons naturais e
sobrenaturais, é uma falta de caridade para com ele e com os membros do gru-
po de oração. Não esqueçamos que nosso povo está a cada dia mais exigente.
Esta regrinha aplica-se a todo o Ministério de Música e Artes.
b. É fundamental que os vocalistas mantenham um repertório amplo e atuali-
zado para não impor limites à voz do Espírito Santo no GO.
c. É importantíssimo o cuidado com a voz (seu instrumento de trabalho) e a bus-
ca de seu aperfeiçoamento técnico.
d. Com o mesmo grau de importância citamos a busca por uma vida espiritual
fecunda e verdadeira, para que Deus se utilize dos dons naturais com a força
do sobrenatural. 31
3.2.4. Instrumentistas
e. A busca por uma vida de intimidade com Deus e conseqüentemente uma vida
de santidade dará unção à técnica adquirida com horas de ensaio.
Ele deve estar atento para a altura do som. Em alguns lugares o som está
tão alto que irrita e dispersa os membros do G.O., e em outros o som é tão mal
equalizado que os participantes do G.O. não vivem a experiência de Deus por não
serem conduzidos a ela.
a. Planejar o ensaio e dividir o tempo para cada coisa, ou seja, ter objetivos claros.
Isso evita perdermos muito tempo e sermos infiéis à nossa missão.
c. Escolher um local adequado, arejado e com boa iluminação, que tenha espaço
suficiente, com boa acústica e que não incomode os vizinhos. Às vezes uma
sala bem organizada, e com a utilização de alguns truques de acústica resolve
bem nosso problema. O importante é usarmos a criatividade e na fidelidade
deixar que Deus nos surpreenda. Afinar os instrumentos separadamente e en-
tre si.
h. Se possível grave seus ensaios. Isso servirá como uma memória musical de seu
Ministério.
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3.4. Técnica Vocal
O que você diria se soubesse que algum tecladista usou seu teclado impor-
tado e caríssimo de forma errada e infelizmente o danificou?
Pois é, sua voz é o instrumento mais precioso e caro que você tem. Ela não
pode ser comprada em nenhuma loja. É o instrumento que Deus lhe deu para ser
usado com habilidade e unção. Por isso o cuidado com o uso da voz é indispensá-
vel.
Muitas vezes nossos irmãos chegam ao G.O. com o coração fechado, feri-
do, cheio de preocupações e sofrimentos. Cabe ao Ministério de música levar este
coração ao descanso nos braços do Bom Pastor.
A música deve ser cheia do poder de Deus para curar, libertar, aquecer,
levar à contrição e à busca de uma verdadeira conversão, enfim levar a uma expe-
riência com o amor infinito de Deus. Esta música deve ter uma boa execução e ser
carregada com o poder do Espírito Santo.
Deus é o doador dos dons. Ele dá o dom que Ele quer a quem Ele quer.
Porque Ele é Deus. Ele tudo pode. Ele tudo faz. Ele é soberano e livre.
Como falei no inicio não imagino um G.O. sem música. Mas já participei
de vários que não tem dança ou teatro.
Para que fique bem claro para todos nós; o Ministério de música que
atua em um grupo de oração tem o mesmo mérito e valor missionário que
aquele Ministério ou solista de atuação Nacional ou Internacional. Deus não
nos pedirá contas de quantos programas de TV participamos, quantos discos
de ouro recebemos, quantas milhares de pessoas evangelizamos. Mas per-
guntará a todos nós, inclusive para alguns que Ele mesmo escolheu para estar
nas TVs , nos grandes shows, ganhando discos de ouro; com quanto amor
nós fizemos tudo isso e qual a nossa motivação interior?
Vejo que o Ministério de Música é o feijão com arroz do G.O., aquele Mi-
nistério que não pode faltar em grupo de oração carismático, enquanto que
as outras expressões artísticas, também são riquezas para a RCC, mas tem
uma ação específica e que é muito bem-vinda em momentos especialmente
preparados.
Uma boa meditação sobre a vida de João Batista certamente nos ilumi-
nará.
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ENSINO 4
A HUMILDADE DO ARTISTA
Toda vez que penso em humildade, ou tenho que pregar sobre ela aos
artistas, ou mesmo quando preciso descobrir cada vez mais como colocá-la em
prática na minha vida, na minha arte, no Ministério que o Senhor me confiou,
lembro-me da reflexão que Martín Valverde, músico católico de Guadalajara no
México, fez, em seu livro As Tentações do Músico , sobre a entrada triunfante de
Jesus em Jerusalém: Lc 19, 30-38.
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- VALVERDE, Martin. As tentações do músico. Campinas: Raboni, 2005
que podem ser feitas, conforme escreve Martín, sobre a psicologia do pobre bur-
rinho, do que se passou com ele por conta de tudo isso.
O pobre burrinho ficou a beira do suicídio quando descobriu que não podia
aceitar que ninguém mais se importava com ele depois que Jesus desceu de seu
lombo. Tudo acabou tão rápido como começou. O povo foi embora com Jesus e
esqueceram completamente daquele burrinho elegante.
Perceba caro artista, o pobre burrinho está pior agora que no inicio. Antes
de toda a fama, tinha muito claro que não era nada mais que burro e isso, por
mais incrível que posso parecer, não o incomodava. Todavia, agora que tinha sido
testemunha do modo como o povo havia recebido o Senhor e tinha acreditado ser
o centro das atenções, sua situação era terrivelmente dolorosa: e de protagonista
do momento, como diz Martín Valverde, havia se convertido num burro perdido e
esquecido, e sem nenhuma possibilidade de conseguir que Jesus voltasse a montar
seu lombo. Infelizmente, preso à suas fantasias, não teve a chance de entender
a grandeza da missão que lhe foi confiada. A maior tarefa da história dos burros
havia terminado e ele ainda não tinha se dado conta, pois estava perdido em suas
fantasias, perdido em si mesmo.
No entanto, São José foi humilde suficiente para reconhecer o seu lugar. Ele
assumiu fielmente sua missão. Esse artesão, se é que podemos dizer assim, foi fiel
ao que Deus lhe confiou: ser o pai adotivo de Jesus. Ele assumiu a paternidade com
afinco: encarregou-se de sustentar, desenvolver, proteger Jesus e tudo mais, mas
nunca perdeu a perspectiva que a obra era de Deus, que o seu filho, na verdade
era o filho de Deus.
José era de Belém, da descendência de Davi e nada disso fez com que José
perdesse a perspectiva de qual era o seu papel e o seu lugar nessa obra, que era
de Deus. Cumpriu bem sua missão, sem, no entanto tomar a glória a quem ela
pertencia: Deus.
São José foi escolhido para, junto com Maria, trazer Cristo e apresentá-lo
ao mundo. Também nós artistas, com nossa arte, temos a missão de apresentar
Jesus ao mundo. Deus nos confia uma missão, uma obra, uma arte para ser
exercida com unção. Mas não podemos nos apossar dela como se fosse
nossa. Não! A obra é de Deus.
Como disse João Batista “Importa que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3,
30), digamos nós também: Importa que ele, o nosso Deus, cresça! Importa que ele
apareça! Importa que ele seja conhecido e amado e que eu diminua.
“Se entendêssemos que é a Deus e somente a Ele que devemos agradar, pouparíamos
milhares de problemas e adiantaríamos grandiosamente a qualidade de nosso serviço
para a construção do Reino”.
Apesar dessa reflexão falar de dois burrinhos, é fácil notar que somente um
deles era burro de verdade. O que diferencia um burrinho do outro? Uma virtude
importantíssima para nossa vida, para o exercício de nosso Ministério: a Humilda-
de.
4.1. DEFINIÇÃO
A palavra humildade vem do latin humilitas que está relacionada com a pa-
lavra humus que significa terra ou aquilo que se acha na terra: pó. O dicionário
vai dizer que humildade é a “virtude que nos dá o sentimento da nossa fraqueza,
modéstia, pobreza, respeito, reverência; submissão”, ou seja, o humilde é aquele que
reconhece o seu “nada”, reconhece a sua contingência.
“Para os antigos monges o caminho para Deus passava pelo encontro com a
própria realidade. O encontro com Deus pressupõe o encontro consigo mesmo”
Santa Teresa de Ávila diz: “certa vez, estava eu considerando por que razão
Nosso Senhor é tão amigo da virtude da humildade. Veio-me logo de improviso, sem
trabalho de raciocínio, esta resposta: é porque Deus é a suma verdade – e ter humil-
dade é andar na verdade. Grande verdade é que nada de bom procede de nós, a não
ser a miséria de ser nada. Quem não entende isso anda na mentira. Quem melhor o
entender, mais agradará à suma Verdade, porque anda em sua presença”, em outras
palavras ela define a humildade como “Humildade é andar na verdade” ou como diz
outra tradução “Humildade é a verdade”.
Para que a humildade seja uma virtude latente em nossas vidas e em nossos
Ministérios é preciso tomar cuidado com dois grandes vilões que sempre querem
destruí-la em nós: a soberba e a falsa humildade. E também é preciso cultivar uma
virtude que caminha lado a lado com a humildade: a mansidão.
A soberba nos faz esquecer que somos simples criaturas, que saí-
mos do nada pelo amor e pelo chamado de Deus, e que, portanto, dEle
depende tudo, nossa arte, nosso Ministério, nossa vida, tudo que temos e
tudo o que somos.
Sobre esse pecado nos alerta São Paulo quando escreve: “Em virtude da
graça que me foi dada, recomendo a todos e a cada um: não façam de si
próprios uma opinião maior do que convém, mas um conceito razoavelmente
modesto.(...) Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoai-vos com
as coisas modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos” (Rm 12, 3.
16).
Em outra carta ele escreve: “Quem pensa ser alguma coisa, não sendo
nada, engana-se a si mesmo. Cada um examine o seu procedimento. Então
poderá gloriar-se do que lhe pertence e não do que pertence a outro. Pois
cada um deve carregar o seu próprio fardo” (Gal 6, 3-5).
É triste ver, quando viajo pelo Brasil em missão, irmãos e irmãs que exer-
cem sua arte como se fossem os únicos e os melhores. São muito bons sim, no
que fazem, mas infelizmente só sabem fazer, e infelizmente deixaram ou mesmo
nunca souberam que foram chamados por Deus para ser. Ser de Deus, ser santo,
ser irmão, ser fraterno, ser artista de Deus, ser humilde.
Deus nos chama, muito mais que para fazer, para ser. Ser um sinal de
santidade, ser um sinal de seu amor que é gratuito e não busca interesses; ser ser-
vo que ao final de cada missão, de cada apresentação, de cada espetáculo, de cada
evento, é capaz de dizer sem medo “Somos servos como quaisquer outros; fizemos o
que devíamos fazer” (Lc 17, 10b). O Senhor chama para ser instrumento que reco-
nhece que o trabalho realizado não haveria se não fosse ele mesmo: o Senhor.
E a soberba nunca acontece sozinha, ela traz consigo seus filhos: orgu-
lho, vaidade, vanglória, arrogância, prepotência, presunção, auto-suficiência, amor
próprio, exibicionismo, egocentrismo, etc.
Quando São Paulo faz aos Efésios um apelo para viverem concretamente
a unidade querida por Jesus, ele lhes diz: “Exorto-vos pois (...) a andardes de modo
digno da vocação a que fostes chamados: com toda humildade e mansidão, com longa-
nimidade, suportando-vos uns aos outros com amor” (Ef 4, 1-3)
Não há Ministério unido e forte se cada um dos seus membros não for
“revestido de humildade”. E para isso, é preciso dar combate à vontade própria.
44 Santo Afonso de Ligório dizia que: “A vontade própria é a ruína das virtudes,
a fonte de todos os males, a única porta do pecado, e da imperfeição, arma
favorita do tentador contra os religiosos, o carrasco de seus escravos, um in-
ferno antecipado”.
Caro artista, não importa quão experiente ou mesmo fascinante seja sua
arte. Se cometeres a loucura de achar que o sucesso é todo seu, que você, ou mes-
mo o seu Ministério, é o responsável por fazer acontecer à missão de evangelizar,
isso vai significar que tomastes posse de algo que não lhe pertence, e acredite, sua
missão estará fadada a ruir. “A soberba precede à ruína; e o orgulho, à queda”
(Prov 16, 18).
É por meio da humildade que nossa arte será realmente de Deus, pois sa-
beremos quem somos e reconheceremos que as maravilhas e milagres que acon-
tecem por meio de nossos cantos, teatros, danças, etc, terão sua origem em Deus
e não em nós mesmos.
“Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande
entre vós, se faça vosso servo. E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se
faça vosso escravo. Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido,
mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão” (Mt 20, 26ss).
Guarde bem isso para você e para seu Ministério: “A soberba não é gran-
deza, é inchaço” (Santo Agostinho). Por isso “não vos iludais, pois, irmãos meus
muito amados. Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima: descem do Pai das
luzes” (Tg 1, 16s).
O apóstolo Paulo perguntou aos cristãos de sua época, mas hoje essas
perguntas são para nós, de modo especial, para nós que servimos o Senhor: “O
que há de superior em ti? Que é que possuis que não tenhas recebido? E, se o
recebeste, por que te glorias, como se o não tivesses recebido?” (1Cor 4, 7).
Basta de nos gloriarmos através de nossa boa arte. Tudo o que fazemos de
bom, é por graça de Deus que o fazemos. Lembremos sempre de que se eu canto
bem, se eu pinto bem, se eu danço maravilhosamente bem, se minha encenação
é perfeita, tudo isso é dom de Deus, é graça de Deus e, por isso mesmo, eu não
posso mais querer “roubar a sua glória”, atribuindo-a a mim ou ao meu Ministério.
Cantemos com nossa vida: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso
nome dai glória, por amor de vossa misericórdia e fidelidade” (Sl 113, 9)
O dom que Deus nos confiou é muito precioso, porém não podemos
46 esquecer que não é nosso. É por isso que Deus, por meio do apóstolo Paulo,
quando escreve aos cristãos de Corinto, deixa claro que “temos este tesouro em
vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém
de Deus e não de nós” (2Cor 4, 7).
Portanto, esse precioso dom que Deus nos deu deve ser bem cuidado,
para que o vaso frágil de barro não se quebre.
Por que Deus nos fez como vasos de barro? Simples, para ser um meio
eficaz de lutarmos contra o orgulho, pois vendo que somos vasos de barro, que
somos frágeis, teremos sempre claro em todos os momentos de que o dom de
cantar pelo Reino, de dançar, de realizar seja qual for a sua arte, “este poder extra-
ordinário provém de Deus e não de nós”.
Devemos combater com toda nossa força e todo nosso sangue todos as
investidas de Satanás, principalmente, e muito especialmente, a soberba, que fez
perder a humanidade pelo pecado original. E a principal arma que o Senhor nos
confia para esse combate é a humildade.
“Enquanto vivemos nesta terra não há coisa que mais importa para
nós do que a humildade” (Santa Teresa D’Ávila).
Ser humilde é não contar apenas consigo mesmo, mas contar sempre com
Deus, e por Ele regrar nossa vida, nossa arte.
Ser humilde é não viver para si, mas viver para Deus e para os outros:
“Quem ama a sua vida, perdê-la-á; mas quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-
la-á para a vida eterna” (Jo 12, 25).
Do mesmo modo, São José, quando soube, por meio de um sonho, que
Deus o tinha escolhido entre todos os varões de seu tempo, para ser pai legal de
Jesus, ele entendeu, acreditou, aceitou e pôs em prática o desígnio de Deus. E não
estou falando somente do momento do nascimento de Jesus; toda vida de São José
é sinal concreto de humildade e fidelidade à voz de Deus.
Quando São José tomou conhecimento de que iria participar dessa Obra,
desse grande espetáculo do Mistério da Encarnação, fez-se servo humilde, e não
fez seu cartaz ou ficou vangloriando-se, pois tinha ciência que o espetáculo era do
Criador, e não era seu.
Há uma frase que se repete pelo menos três vezes na Bíblia: “Deus resiste
aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes” (Prov 3, 34; Tg 4, 6 e 1Pd 5, 5).
Com nossas vidas, com nossos dons, através de nossa arte anun-
ciemos o Senhor, mas o façamos com humildade, mas muito cuidado para
que sua humildade não se torne uma falsa humildade. Pois a “a falsa humil-
dade é puro orgulho” e “simular humildade é ser soberbo”.
A falsa humildade é tão perigosa para nossa arte, para nossa vida de cris-
tãos, que se não for combatida logo ela pode acabar com nosso Ministério pessoal
ou de todo grupo.
O filósofo, físico e matemático Blaise Pascal disse certa vez que “a falsa hu-
mildade é puro orgulho” e Santo Agostinho também nos ensina algo similar, quando
diz: “simular humildade é ser soberbo”.
Na verdade seu formador entendeu que Martín na verdade não queria era
apropriar-se da glória que pertencia a Deus, porém explicou que Deus não faz
100% e o músico 0%, nem mesmo o trabalho é divido 50% por conta de Deus e
os outros 50% do ministro de música. Na verdade Deus faz os seus 100% e o ar-
tista coloca a parte que lhe corresponde: os 30, 60 ou 90%, que, afinal de contas,
é o seu 100%, visto que é o melhor que poderia ter dado naquele momento.
49
11 - op. cit.
que vais dizer? A mesma coisa? Não creio que o Senhor vai gostar da idéia”.
Quantos de nós já vivemos situações similares a essa que nosso irmão vi-
veu? Se quisermos agradecer a Deus os dons recebidos, nosso primeiro dever é
reconhecê-los.
Mas hoje sabemos que a pessoa que disse isso foi o perfeito exemplo de
humildade: Jesus. Confira: Mt 11, 29 e Jo 13, 13.
O Senhor não teve problema algum em reconhecer o que Ele era, é e con-
tinuará sendo, de maneira que a atividade ou mesmo a função que realizava não
afetava em nada seu ser nem a sua dignidade.
Sobre esse pecado, da falsa humildade, nos alerta São Paulo, quando escre-
ve: “Em virtude da graça que me foi dada, recomendo a todos e a cada um: não façam
de si próprios uma opinião maior do que convém, mas um conceito razoavelmente
modesto, de acordo com o grau de fé que Deus lhes distribuiu.” (Rm 12, 3).
Não tenha medo de reconhecer seu talento, e por vezes receber por conta
dele elogios; mantenha apenas presente no coração que tudo que você tem rece-
beu do Senhor. Fuja sim da falsa humildade que no fundo é orgulho e se é orgulho,
tem sua origem na soberba.
50
4.4. HUMILDADE E MANSIDÃO: AS VIRTUDES DO CORAÇÃO DE JE-
SUS
“Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,
29).
Parece que o Senhor, entre todas as virtudes, quis dar destaque a duas:
mansidão e humildade. Ao falar da humildade é preciso falar da mansidão, justa-
mente porque uma e outra se completam, são inseparáveis. E assim o são justa-
mente por serem virtudes do Coração de Jesus.
Mansidão é a virtude que faz com que acolhamos a vontade do Pai,
coloca-nos em contato com a vontade de Deus. É a virtude que nos abre para
a humildade e nos faz aniquilar o homem velho.
A mansidão gera em nós a confiança em Deus. Nos dias de hoje, como
na época em que Jesus esteve entre nós, o que mais fere o coração do Senhor é
justamente nossa desconfiança, o fato de não acreditarmos no que Ele nos confia.
Mansidão, assim como a humildade, é uma virtude moral, também
enraizada na virtude cardeal da temperança, que nos leva a conter os mo-
vimentos de ira. Exige capacidade de domínio do instinto de irascibilidade,
isto é, dos que se iram com facilidade, difícil nas pessoas de temperamento
colérico. O exercício desta virtude pressupõe trabalho de educação, per-
sistente esforço pessoal e muita oração.
São Paulo faz aos Efésios um apelo que é importantíssimo para cada um
de nós, para nossa arte, para nossos Ministérios, ele lhes diz: “Exorto-vos pois (...)
a andardes de modo digno da vocação a que fostes chamados: com toda humildade
e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros com amor” (Ef 4, 1-
3)
A mansidão só é vivida sob o prisma do amor, que tudo supera, per-
doa e vence o mal com o bem. Ela é a superpotência escondida na fragilidade,
e quem a encontra vence a tudo e não abre mão desta graça tão potente, pois a
mansidão é a virtude dos fortes.
Ser manso é ser delicado com todos, é ser atencioso, compreensi-
vo, não levantar a voz. Muitas vezes somos indelicados, grossos, estúpidos, com
os outros, porque não nos colocamos no seu lugar. Quantas dificuldades de rela-
cionamentos em nossos Ministérios poderiam ser contidas, ou mesmo superadas
por meio da mansidão?
51
Todavia, mansidão não é sinônimo de fraqueza ou mesmo de co-
vardia. Muito pelo contrário, é uma virtude divina. Deus, sendo Todo poderoso,
é manso. A mansidão está estreitamente ligada com a graça da fortaleza.
Pois só os fortes em Deus podem exercê-la; o seu princípio consiste em “vencer
o mal pelo bem”, como disse São Paulo aos romanos: “Não pagueis a ninguém o
mal com o mal. Aplicai-vos a fazer o bem diante de todos os homens” (Rm 12,
17).
O Apóstolo ensina a deixar a justiça por conta de Deus, e jamais fazê-la
com as próprias mãos: “Não vos vingueis uns dos outros caríssimos, mas deixai agir
a ira de Deus, porque está escrito: ‘A mim a vingança; a mim exercer a justiça, diz o
Senhor’ ” (Rm 12, 19).
Jesus ensina que na mansidão reside a perfeição cristã. Se o teu desejo
é a santidade, é ter uma vida santa, é exercer a sua arte com santidade,
é transmitir essa santidade para que outros também desejem ser santos,
então é preciso colocar a mansidão em sua bagagem.
É lindo ver que Jesus viveu essa mansidão perfeitamente, para jus-
tamente podermos ter em quem nos assemelhar. O profeta Isaías, cinco
séculos antes, já anunciava a mansidão do Cordeiro de Deus: “Foi maltratado e
resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma
ovelha muda nas mãos do tosquiador. (Ele não abriu a boca.)” (Is 53, 7). E o profeta
acrescenta que assim: “O Justo, meu Servo, justificará muitos homens, e tomará sobre
si suas iniqüidades” (Is 53, 11).
“Foi pela humildade e mansidão que Jesus nos salvou. Ao sofrer toda a sua
paixão silenciosamente, ao ser preso como um marginal, flagelado até ao sangue como
um malfeitor, zombado como um farsante, coroado de espinhos como um falso rei,
condenado à morte como um criminoso, esbofeteado como um blasfemador, escarrado,
pregado na cruz, e tudo mais, com a mansidão de um cordeiro, Ele conquistou os mé-
ritos infinitos que nos redimiu de todos os nossos pecados” 12
Se o Senhor ensinou que “O servo não é maior do que o seu senhor.
Se me perseguiram, também vos hão de perseguir. Se guardaram a minha
palavra, hão de guardar também a vossa” (Jo 15, 20), se ao aceitarmos seu
chamado para anunciar o Evangelho por meio de nossa arte, só pode-
remos chegar ao fim com o mesmo triunfo do Senhor vivendo como Ele
Sugestão
Pode se fazer um momento de reflexão individual e pessoal para que sejam
detectadas as áreas da vida pessoal que possam ser atacadas pelo orgulho e a vai-
dade.
Fazer um bom momento de oração de libertação pedindo o Batismo no
Espírito Santo, para resistir a essas tentações e produzir o fruto da humildade au-
têntica, como exposto acima no ensino.
53
ENSINO 5
A OBEDIÊNCIA DO ARTISTA
OBJETIVO: Apresentar o preceito evangélico que deve ser vivido por todo Cris-
tão e principalmente por um servo ministeriado.
“Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom”
(Gn 1, 31)
Podemos fazer uma idéia do desastre que seria para uma sinfonia se um
dos instrumentistas quisesse seguir seu ritmo, sua vontade, sem ser obediente ao
ritmo e direção dada pelo Maestro. Ele ficaria completamente fora da harmonia de
toda a sinfonia e acabaria com toda a apresentação. Se para uma sinfonia de pouca
duração isso seria um desastre, imaginemos para uma sinfonia eterna!
Pois é, foi o que aconteceu quando Adão e Eva resolveram seguir o seu
ritmo, seguir sua vontade sem mais quererem ser obedientes ao ritmo e direção
de seu Maestro e Criador. A desarmonia dessa decisão: o pecado.
É por isso que não dá para deixar de falar de algo tão importante para a
54 vivência e exercício de nossa arte: a Obediência.
5.1. Definição
A Igreja nos ensina que “Por amor, Deus revelou-se e doou-se ao homem...
Deus revelou-se ao homem, comunicando-lhe gradualmente seu próprio Mistério por
meio de ações e de palavras... Para além do testemunho que Deus dá de si mesmo nas
coisas criadas, ele manifestou-se pessoalmente aos nossos primeiros pais. Falou-lhes e,
depois da queda, prometeu-lhes a salvação e ofereceu-lhes sua aliança” (Catecismo
da Igreja Católica13 § 68–70).
Por meio da Revelação e por seu grande amor Deus falou e fala aos homens
como a amigos e os convida a ter uma comunhão com Ele. E veja como o homem
responde a esse convite: “Sustentado pela graça divina, o homem responde a Deus
com a obediência da fé, que consiste em confiar-se completamente a Deus e acolher
a sua Verdade, enquanto garantida por Ele que é a própria Verdade” (CIC § 25).
13 - O Catecismo da Igreja Católica será referido nas citações textuais como “CIC”, de forma 55
simplificada
Vemos por essas poucas palavras que a obediência é algo fundamental para
a vivência de nossa fé. E se é fundamental para a vivência de nossa fé, quanto mais
para a vivência de nossa arte, visto que a nossa arte, seja ela qual for, só encontra
sentido porque a vivemos segundo a nossa fé.
Saul foi enviado por Deus a uma guerra, lutou bravamente pelo Senhor, po-
rém não obedeceu fielmente toda a ordem do Senhor. Vale a pena você conferir:
1Sam 15, 1-31.
Você notou que quando Saul foi acusado pelo profeta Samuel de desobe-
diência, ele quis se justificar dizendo que tinha feito, sim a vontade do Senhor e
que o que fez além era pensando no Senhor: “Mas eu obedeci à voz do Senhor (...)
fui pelo caminho que ele me traçou, trouxe Agag, rei de Amalec, e votei ao interdito os
amalecitas. O povo somente tomou dos despojos algumas ovelhas e bois (...) para os
sacrificar ao Senhor” (1Sam 15, 20s), como se dissesse: fiz o que o Senhor pediu e
ainda fiz mais, e o fiz para glorificá-lo.
O que Saul fez foi realizar a obra do Senhor, porém ele quis realizá-la da
maneira que ele, Saul, achava melhor e não da maneira que o profeta lhe havia dito
ser a vontade de Deus. É por isso que a resposta de Deus, por meio de seu pro-
feta, é clara e direta: “Acaso o Senhor se compraz tanto nos holocaustos e sacrifícios
como na obediência à sua voz? A obediência é melhor que o sacrifício e a submis-
são vale mais que a gordura dos carneiros. A rebelião é tão culpável quanto a
superstição; a desobediência é como o pecado de idolatria. Pois que rejeitaste
a palavra do Senhor, também ele te rejeita e te despoja da realeza!” (1Sam 15, 22s).
Talvez hoje o que você precisa, juntamente com todo o seu Ministério, é
aprender com o Senhor o que é obedecer, e desse modo buscar imitá-lo. Acredito
que o primeiro passo para abraçarmos a obediência é desejarmos de todo coração
nos assemelharmos a Jesus. Para isso é preciso conhecer como é a Obediência de
Jesus.
“Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus,
mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos 57
homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais,
tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fil 2, 6-8).
Mas de qual obediência estou falando? Da bediência a seus pais, à lei mo-
saica, ao Sinédrio, a Pilatos? A obediência de que estou falando é a obediência
de Cristo ao Pai, justamente porque a obediência de Cristo ao Pai é considerada
oposta à desobediência de Adão: “Assim como pela desobediência de um só homem
foram todos constituídos pecadores, assim pela obediência de um só todos se tornarão
justos” (Rom 5, 19).
E quem foi que Adão desobedeceu, senão a Deus? São Francisco de Assis
diz que a desobediência de Adão se deu pelo fato de querer apropriar-se de sua
vontade: “Come da árvore do bem e do mal quem se apropria de sua vontade”15, com-
preende-se logicamente, por oposição, em que consiste a obediência de Jesus, que
é o novo Adão: Ele desapropriou-se de sua vontade, ela esvaziou-se, aniquilou-se,
como ele mesmo disse: “Pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a
vontade daquele que me enviou” (Jo 6, 38).
Por amor: esta é a disposição dos filhos, que obedecem por que amam.
A obediência de Jesus não foi obediência a uma imposição do Pai, mas uma
amorosa opção do próprio Jesus pelo plano misericordioso do Pai. Mesmo diante
dos momentos mais difíceis como quando o Pai lhe apresenta o cálice da paixão, o
Senhor diz: “... Não se faça, todavia, a minha vontade, mas sim a tua.” (Lc 22, 42), e
nem mesmo no alto da cruz o Senhor, apesar de seu clamor: “Meu Deus, meu Deus,
por que me abandonaste?” (Mt 27, 46), ele não deixa calar o grito de filial obediên-
cia, pois logo em seguida acrescenta: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc
23, 46).
Jesus é o novo Adão, que foi fiel lá onde o primeiro sucumbiu à tentação. Se
em Cristo somos novas criaturas, precisamos acreditar que o caminho que Ele tri-
lhou é o mesmo que devemos trilhar, pois não somos mais que seguidores seus.
Se alguém seguiu fielmente os passos de Jesus, essa foi Maria. Ela é figura
da Igreja, e é um perfeito modelo de obediência também.
59
17 - Ibidem.
O Pai em sua eterna sabedoria, também nos deu um outro exemplo de
perfeita obediência a sua vontade: Maria.
Você leu atentamente? Notou como é interessante o que nos narra esse
trecho do Evangelho? Imagine só! Maria estava ali na sua casa, talvez no seu quarto,
e do nada lhe aparece o anjo com a famosa saudação: “Ave, cheia de graça, o Senhor
é contigo”. Ela perturbou-se, assustou-se, mas é claro, imagine-se no seu quarto,
ou em sua sala de ensaio, tocando sua guitarra, ensaiando os novos passos da
dança, decorando o texto da próxima encenação e de repente, zapt, um anjo lhe
aparece, com certeza você sairia correndo ou desmaiaria.
Mas não pára aí! Depois de se explicar, o anjo diz que ela iria dar “à luz um
filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o
Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó,
e o seu reino não terá fim”. Qualquer mulher a essa altura já estaria cheia de planos,
dizendo: “Meu filho: Rei! Nossa! Todos me elogiarão, irão querer meu autógrafo, esta-
rei nos lugares mais badalados, nos principais canais de televisão, etc...”. Mas Maria,
ao contrário, pensou e tentou entender como isso iria acontecer. Afinal era virgem
e para ficar grávida era preciso conhecer e estar com um homem. É por isso que
ela pergunta: “Como se fará isso, pois não conheço homem?”.
Irmão, aqui está algo espantoso! A resposta do anjo foi algo completamen-
te lógico, cientificamente compreensível e de fácil aceitação, você não acha? Veja
o que ele disse: Se acalme Maria o “Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do
Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será
chamado Filho de Deus”. Imagine: os vizinhos, os amigos, os parentes de Maria se
aproximando com aquele ar de dúvida a perguntar: “Maria nos explique: como você
pode estar grávida, se ainda não moras com José?” E ela com toda tranqüilidade daria
a resposta que o anjo lhe deu, extremamente lógica e de fácil aceitação: “É simples
caros vizinhos, amigos e parentes. O anjo me disse que o Espírito Santo se encarregaria
de tudo e por meio dele tudo aconteceria. E foi o que aconteceu, o Espírito Santo veio
60
com sua sombra sobre mim e a força do Altíssimo completou o resto”.
Imaginou o resto do povo? Com certeza, todos diriam a uma só voz: “Va-
mos interná-la, está louca!” ou pior, “Vamos apedrejá-la pois feriu nossas leis”.
Mesmo diante de algo sem lógica pela razão, mas extremamente magnífico
que foi a resposta do anjo, Maria deu uma resposta de obediência, uma resposta de
obediência na fé: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”
(Lc 1, 38).
Para você, assim como para mim, o anjo também responde: “...a Deus ne-
nhuma coisa é impossível”, se esse trabalho de evangelização está de acordo com
a vontade de Deus, acredite “a Deus nenhuma coisa é impossível” e, como Maria,
tenha a coragem de dizer com sua boca, com seu coração, com sua arte, com sua
vida: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”.
61
18 - CANTALAMESSA, Raniero. A obediência. São Paulo: Loyola, 1999.
E ela não é conhecida assim simplesmente por que obedeceu a seus pais,
à lei, a José, mas sim por sua obediência à Palavra de Deus. Sua obediência é uma
antítese a de Eva. Eva não tinha pais para desobedecer, não desobedeceu a seu
marido, nem a uma lei escrita. Ela desobedeceu a Palavra de Deus.
Depois de tudo o que leu até aqui, é provável que você pergunte: “E agora:
como viver isso? Por onde começo?”. Eu sou apenas um servo de Música e Artes da
RCC ! Calma! Lembre-se das palavras do anjo a Maria: “... a Deus nada é impossí-
vel”.
19 - Idem.
62 20 - Idem.
21 - Ibidem.
A obediência é, pois, para a vida cristã, elemento constitutivo; é
a conseqüência prática e necessária da aceitação do Senhorio de Cristo.
“Não sabeis que, quando vos ofereceis a alguém para lhe obedecer, sois escravos da-
quele a quem obedeceis, quer seja do pecado para a morte, quer da obediência para
a justiça? Graças a Deus, porém, que, depois de terdes sido escravos do pecado, obe-
decestes de coração à regra da doutrina na qual tendes sido instruídos. E, libertados
do pecado, vos tornastes servos da justiça” (Rom 6, 16-18). Assim, pelo batismo nós
aceitamos um Senhor “obediente”, que se tornou Senhor precisamente em virtu-
de de sua obediência, conforme nos esclarece São Paulo (Fil 2, 8-11). Portanto,
obedecer a esse Senhor não é tanto uma submissão a Ele, pelo contrário,
é muito mais assemelhar-se a Ele, porque também Ele obedeceu.
Quem confirma isso é a carta de São Pedro quando diz: “eleitos segundo
a presciência de Deus Pai, e santificados pelo Espírito, para obedecer a Jesus Cristo”
(1Pd 1, 2a). Cada um de nós é eleito e santificado para obedecer.
“Assim descobrimos que a obediência, antes de ser virtude é dom; antes de ser
lei é graça. A diferença entre as duas é que a lei diz para fazer, enquanto que a graça
dá para fazer. A obediência é, antes de tudo, obra de Deus em Cristo, que é mani-
festada ao cristão para que, por sua vez, exprima na vida uma filial imitação”23. Em
outras palavras: não temos só o dever de obedecer, mas temos já também a graça
de obedecer.
22 - Idem. 63
23 - Idem.
conhecia porque ouvia a voz de seu Pai. E ouvia porque tinha com Ele intimidade.
Em nossas vidas, para ministrarmos nossa arte com unção, para podermos
ouvir a voz do Senhor, é preciso que cada um de nós seja uma pessoa de oração,
de adoração, de estudo bíblico, de busca freqüente aos sacramentos da Eucaristia
e Reconciliação e amor e devoção a Maria.
a) Pessoa de Oração:
O catecismo ensina que a “oração é a vida do coração novo e ela deve nos
animar a cada momento” (CIC 2697).
Santo Afonso de Ligório disse certa vez que “É certo que quem reza se salva
e que quem não reza se condena”. São João Crisóstomo disse: “Nada se compara em
valor à oração, ela torna possível o que é impossível, fácil o que é difícil. É impossível
que caia em pecado o homem que reza”.
Todas as vezes que Jesus tinha algo importante a realizar, dirigia-se em ora-
ção ao Pai para saber qual era a sua vontade. Leia: Mt 14, 23; 26, 36; Mc 1, 35; 6,
46; Lc 3, 21; 5, 16; 6, 12 e muitas outras. O apóstolo Paulo em várias passagens nos
alerta a buscar a oração: Fil 4, 6; Ef 5, 20; 1Tes 5, 17.
Orar é sempre possível. Nosso tempo está nas mãos de Deus, e todo tem-
po Ele está juntinho de nós. Por isso São João Crisóstomo vai afirmar: “É possível
até no mercado ou num passeio solitário fazer uma oração freqüente e fervorosa. Sen-
tados em vossa loja, comprando ou vendendo, ou mesmo cozinhando”.
b) Adoração
O papa João Paulo II, em sua Carta Apostólica Ecclesia de Eucharistia24, nos
ensina a importância de termos momentos fortes de adoração Eucarística para ali,
verdadeiramente aos pés do Mestre, ouvir sua voz, ter seu consolo e apoio.
c) Estudo Bíblico
65
24 - JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia § 25.
obediência ao Evangelho; quando ainda era jovem, Santo Antão entrou numa igreja
de Alexandria, no Egito, e quando ouviu o trecho do Evangelho que dizia: “Vai e
vende tudo que tem, doa-o aos pobres, depois vem e segue-me!”, tomou para si essa
passagem do Evangelho como uma ordem pessoal e se fez monge.
Na Bíblia é o próprio Deus que se revela a nós através de sua Palavra. Por
isso devemos “acolher a palavra de Deus, não como palavra humana, mas como men-
sagem de Deus, o que ela é em verdade” (Aclamação ao Evangelho – Liturgia Diária
do dia 13/08/204 – Deus Conosco)
Ela é “viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge
até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e
intenções do coração” (Heb 4, 12). Além disso “toda a Escritura é inspirada por Deus,
e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o
homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra” (2Tim 3, 16).
Ela nos ajuda a acreditar em Cristo (Jo 20, 30-31), a caminharmos (Sl 118,
105), nos instrui (1Cor 10, 11) e ajuda-nos também para instruir, refutar, corrigir
e educar na justiça (2Tim 3, 16).
66
25 - Manuscritos A 83v
interpretação pessoal” (2Pd 1, 20) e também de que “nelas há algumas passagens di-
fíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam,
para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras” (2Pd 3,
16b). No Concílio Ecumênico Vaticano II lemos que: “... para bem captar o sentido
dos textos sagrados, deve-se atender com não menor diligência ao conteúdo e à unida-
de de toda a Escritura, levada em conta a Tradição viva da Igreja toda e a analogia da
fé”26.
Mas a Bíblia não foi escrita só para ler lida, mas para também rezarmos com
ela. Uma maneira muito reconhecida pela Igreja para aprofundar, saborear e rezar
a palavra de Deus é a Lectio Divina.
Mas por onde começar a leitura? Que livro ler primeiro? Devo ler o Antigo
ou o Novo Testamento? Bem, há muitos livros católicos com sugestões de leituras,
mas uma opção bem eficaz e tradicional é a Liturgia Diária; ela traz as leituras que
em cada dia a Igreja medita na Liturgia Eucarística.
E eis uma regra de ouro: ler a Bíblia todos os dias. “Feliz aquele que se
compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite” (Sl 1, 2). Ler todos os dias
sem exceção. Ler quando estiver com vontade, quando sentir falta, mas também
quando não estiver com vontade nenhuma. Assim como você alimenta o corpo
todos os dias, deve também alimentar diariamente o seu espírito com a Palavra de
Deus.
d) Eucaristia e Reconciliação
67
26 - CONCÍLIO VATICANO II. Constituição dogmática Dei Verbum § 12)
plenamente do sacrifício eucarístico”27.
“Com razão afirmam os santos padres que Maria não foi instrumento mera-
mente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens com livre fé
e com inteira obediência. Como diz Santo Irineu, pela obediência, ela tornou-se causa
de salvação para si mesma e para todo o gênero humano”28.
Ela é, para nós artistas, um grande exemplo, pois ninguém colaborou como
ela na implantação do Reino de seu Filho e nem alguém esteve tão próxima de
nossa realidade de servo como ela.
É por isso que devemos recorrer a ela com confiança e amor, certos de
que por suas mãos santas, canais livres da providência divina, receberemos os be-
A maioria dos problemas que temos visto nos Ministérios que trabalham
com arte em relação à autoridade e submissão decorre de uma falta de formação
sobre o verdadeiro sentido da autoridade. Temos medo das autoridades porque
não entendemos ainda a importância delas para nossas vidas.
Mas basta olharmos com sinceridade para toda a história da Salvação e his-
tória da Igreja e veremos que sempre Deus elegeu e elege pessoas para manifestar
sua vontade e conduzir seu povo para a sua vontade, em outras palavras, conduzir
seu povo pelo caminho da salvação.
Querido artista, essa palavra é muito clara. Ser autoridade não é um privi-
légio, como muitos acham. Ela é, antes de qualquer coisa, um chamado de Deus
para servir. Sobre nossas autoridades está a responsabilidade de velar por nossas
almas e delas darem conta.
Por isso, zele por suas autoridades, ame-as sem receio e acredite que fa-
zendo isso você estará agradando o coração do Senhor; isso nos confirma São
Paulo: 1Tim 2, 1-4.
69
Mas a você que é autoridade cabe a vivência da autoridade como uma
eleição de Deus para a honra e glória do Seu nome em pleno desenvolvimento de
sua obra. Por isso a busca da intimidade com Deus e a unidade com a Igreja é algo
importantíssimo e fundamental.
5.5. Conclusão
Estou convencido, ou melhor, fui convencido pelo Senhor, que viver a obe-
diência é caminho seguro para minha salvação e também para que eu possa ser ca-
nal de salvação para os outros. “A obediência, diz Raniero Cantalamessa29, é a chave
que abre o coração de Deus Pai”.
Ao longo de toda a Bíblia se escuta uma frase, que poderíamos dizer é uma
música, cantada por um coral, em várias vozes que diz: “Eis-me aqui Senhor”.
Ela exprime o mistério da obediência a Deus. Fazem parte desse coro inú-
meros personagens como: Samuel (1Sam 3, 1-9) ; Isaías (Is 6, 8); Maria (Lc 1, 38) e
Jesus (Hb 10, 9). Eles se colocaram a disposição de Deus, atenderam ao chamado
do Pai, foram obedientes a Deus e aos seus líderes e através de tudo isso foram
santos. A obediência leva à Santidade,
Sugestão
70
29 - CANTALAMESSA, Raniero. A obediência. São Paulo: Loyola, 1999.
ENSINO 6
A oração é um tesouro de grande valor para nossa vida, por isso mesmo
este capítulo tem por objetivo suscitar nos artistas um desejo maior por uma VIDA
DE ORAÇÃO.
“Todos vós, que estais sedentos, vinde à nascente das águas; vinde comer, vós
que não tendes alimento (...) Buscai o Senhor, já que ele se deixa encontrar; invocai-o,
já que está perto.” (Is 55, 1.6).
“A oração é um dom, uma graça; não pode ser acolhida senão na humildade e
na pobreza. A oração é uma relação de aliança estabelecida por Deus no fundo de nos-
so ser. A oração é comunhão: a Santíssima Trindade, nesta relação, conforma o homem,
71
30 - TRESE, Leo J. A fé explicada. 7.ed. São Paulo: Quadrante, 1999, p. 447.
imagem de Deus, ‘a sua semelhança.’” (CIC § 2713).
Súplica: No Novo Testamento súplica vai ter muitos significados: pedir, im-
plorar, suplicar com insistência, invocar, clamar, gritar e mesmo “lutar na oração”32.
Entretanto, sua forma mais comum, até por ser a mais espontânea, é o pedido.
Podemos dividir a súplica em três tipos de pedidos:
31 - Referência Bíblica: Ef 1, 3-14; 2Cor 1, 3-7; 1Pd 1 3-9; 2Cor 13, 13; Rom 15, 5-6.13 e Ef 6,
23-24 (CIC § 2627) 73
32 - Rom 15, 30; Col 4, 12
Necessidades: Sejam elas espirituais, por exemplo, que nos ajudem a supe-
rar uma tentação, que nos dêem a graça de sermos fiéis na oração; ou corporais,
por exemplo: ajudar-nos a conseguir um emprego, conseguir uma cura, a pagar
uma dívida. O Catecismo da Igreja Católica a esse respeito diz: “Quando participa-
mos, assim, do amor salvador de Deus, compreendemos que toda necessidade pode vir
a ser objeto de pedido. Cristo, que tudo assumiu para resgatar tudo, é glorificado pelos
pedidos que oferecemos ao Pai em seu Nome. E com essa garantia que Tiago e Paulo
nos exortam a orar em todo tempo.” (§ 2633);
Leia: Mt 6, 6
Percebe-se então que a oração é VITAL para nossa vida, para nossa voca-
ção, enfim, para nossa Salvação. Certa vez alguém perguntou à Madre Tereza de
Calcutá, como era possível viver o que ela vivia. Ela respondeu sem hesitar: “Meu
segredo é simples: EU ORO”.
O Papa João Paulo II disse certa vez: “Se verdadeiramente desejais seguir a
Cristo, se quereis que vosso amor a Ele cresça e dure, deveis ser assíduos à oração. Ela
é a chave da vitalidade do vosso viver em Cristo. Sem a oração vossa fé e vosso amor
morrerão”
Sendo a oração de importância tão vital, como vivê-la? Sab 1, 1-2. O Pró-
prio Deus dá a resposta: é preciso viver a oração com simplicidade de coração
e confiança. O apóstolo Paulo em várias passagens nos alerta a buscar a oração,
sendo mais claro, no alerta a ter uma VIDA DE ORAÇÃO. Confira: Fil 4, 6; Ef 5, 20
e 1Tes 5, 17.
E VIDA é VIDA. Vida envolve o meu trabalho, minha família, meu Ministé-
rio, minha intimidade, etc. Tudo que me envolve e me cerca: fisicamente e espi-
ritualmente faz parte da minha vida. Em todo momento é possível se colocar em
oração, pois Deus é sempre presente. E essa é uma verdade da qual precisamos
tomar consciência: Deus é sempre presente. É preciso buscar a vivência real dessa
presença, pois saber, todos nós sabemos, mas ter uma experiência concreta dessa
presença, só com uma VIDA DE ORAÇÃO.
Orar é sempre possível. Nosso tempo está nas mãos de Deus, e todo tem-
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po Ele está juntinho de nós. Por isso São João Crisóstomo vai afirmar: “É possível
até no mercado ou num passeio solitário fazer uma oração freqüente e fervorosa. Sen-
tados em vossa loja, comprando ou vendendo, ou mesmo cozinhando”.
Orígenes vai dizer: “Ora sem cessar aquele que une a oração às obras e as
obras à oração. Somente dessa forma podemos considerar como realizável o princípio
de orar sem cessar”.
Mas é claro que cada um de nós responde a esse apelo do Senhor, de ter
uma vida de oração, de acordo com a determinação do nosso coração e as ex-
pressões pessoais de sua oração ou vocação. Mas a Tradição Cristã conservou três
expressões principais da vida de oração: a oração vocal, a meditação e a oração
mental. Elas possuem uma característica fundamental que lhes é comum: o reco-
lhimento do coração. Vejamos cada uma:
a) Oração vocal: Somos criaturas compostas de uma alma espiritual e
de um corpo físico. E quando oramos, é o homem completo quem deve orar a
Deus. Por isso mesmo a forma mais elementar de oração é a vocal. Nela a mente,
o coração e as cordas vocais se unem para oferecer a Deus, nas diversas formas
de oração, o que lhe é devido. Ela não precisa ser necessariamente audível, pode-
mos orar em silêncio, usando os “lábios da mente”. Às vezes, os gestos assumem
o lugar das palavras na oração, por exemplo: ajoelhar reverentemente diante de
Jesus no Santíssimo Sacramento, traçar-se o sinal da cruz sem pronunciar palavra
alguma.
Todos esses exemplos são formas corporais de oração e entram na clas-
sificação de oração vocal, mesmo sem a emissão de sons. Entretanto, cabe aqui
esclarecer que ela deverá ser necessariamente audível quando for uma oração em
grupo, afinal Deus não nos fez solitários, destinados a viver separados dos outros,
pelo contrário, nos fez sociais, membros de grupos, dependentes uns dos outros.
O Catecismo da Igreja Católica assim ensina: “Essa necessidade de associar
os sentidos à oração interior responde a uma exigência de nossa natureza humana.
Somos corpo e espírito, e sentimos a necessidade de traduzir exteriormente nossos sen-
timentos. É preciso rezar com todo o nosso Sêr para dar à nossa súplica todo o poder
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possível” (§ 2702), confira: Sl 102, 1. E ensina mais: “Sendo exterior e tão plenamen-
te humana, a oração vocal é por excelência a oração das multidões. Mas também a
oração mais interior não pode menosprezar a oração vocal. A oração se torna interior
na medida em que tomamos consciência daquele ‘com quem falamos’. Então a oração
vocal é uma primeira forma da oração contemplativa” (CIC § 2704). São João Crisós-
tomo dizia: “Que a nossa oração seja ouvida depende não da quantidade das palavras,
mas do fervor de nossas almas”;
b) Meditação: O que fazemos nessa expressão da oração é meditar, isto
é, pensar, ruminar, falando com Deus sobre uma verdade de fé ou um episódio da
vida do Senhor ou dos seus santos. Por isso usamos a Sagradas Escrituras, o Evan-
gelho especialmente, as imagens sacras, os textos litúrgicos do dia ou do tempo,
obras de espiritualidade, etc.
O Catecismo da Igreja Católica ensina que “meditando no que lê o leitor se
apropria do conteúdo lido confrontando-o consigo mesmo” (§ 2706). E mais: “a me-
ditação mobiliza o pensamento, a imaginação, a emoção e o desejo. Essa mobilização
é necessária para aprofundar as convicções de fé, suscitar a conversão do coração
e fortificar a vontade de seguir a Cristo” (CIC § 2708). Ela é, acima de tudo, uma
procura para compreender o porquê e o como da vida cristã, para se aderir e dar
uma resposta adequada ao que o Senhor possa nos pedir. Para realizá-la é preciso
esforço. Mas para crescer realmente em santidade é preciso dedicar um tempo
fixo à meditação todos os dias, seja em nossa casa ou diante de Jesus no sacrário;
caso contrário seremos como os três primeiros terrenos da parábola do semeador
(Mc 4, 4-7.15-19). No entanto lembre-se, há diversos métodos de meditação, mas
um método é apenas um guia; o que importa é avançar, com o auxilio do Espírito
Santo, pelo único caminho da oração: Jesus Cristo.
c) Mental: Santa Teresinha assim a define: “A oração mental, a meu ver, é
apenas um relacionamento íntimo de amizade em que conversamos muitas vezes a sós
com esse Deus por quem nos sabemos amados”. O Catecismo da Igreja Católica assim
ensina: “A contemplação é olhar de fé, fito em Jesus. ‘Eu olho para Ele e Ele olha para
mim’ (...). Essa atenção a Ele é renúncia ao ‘eu’. Seu olhar purifica o coração; A luz do
olhar de Jesus ilumina os olhos de nosso coração; ensina-nos a ver tudo na luz de sua
verdade e de sua compaixão por todos os homens. A contemplação considera também
os mistérios da vida de Cristo, proporcionando-nos ‘o conhecimento íntimo do Senhor’,
para mais O amar e seguir. As palavras na oração não são discursos, mas gravetos que
alimentam o fogo do amor. A oração também é silêncio. É neste silêncio, insuportável
ao homem ‘exterior’, que o Pai nos diz seu Verbo encarnado, sofredor, morto e ressus-
citado e que o Espírito filial nos faz participar na oração de Jesus” (§ 2715-2717). 77
6.4. Como vivê-la?
O Catecismo da Igreja Católica diz que: “não fazemos oração quando temos
tempo: reservamos um tempo para sermos do Senhor, com a firme determinação de,
durante o caminho, não o tomarmos de volta enquanto caminhamos, quaisquer que
sejam as provações e a aridez do encontro” (CIC § 2710) e mais “a escolha do tempo
e da duração da oração depende da vontade determinada, revelador dos segredos do
coração” (CIC § 2710).
Como ensina a Sagrada Escritur, há um tempo para cada coisa (Ecle 3, 1-8),
portanto em nossa vida há um tempo para a oração, basta buscá-lo para encon-
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trá-lo. Se você realmente acha que não tem tempo, faça a seguinte experiência:
coloque em um papel todos os seus horários da semana, como se fosse uma pres-
tação de contas de tudo que você faz no dia e na semana. Após uma semana de
anotação, marque com uma caneta marca-texto as coisas indispensáveis, grife de
vermelho as importantes, grife de azul aquelas que você faz porque te trazem pra-
zer (ver TV, falar ao telefone, navegar na internet, etc) e depois verifique quais des-
sas coisas você poderia sacrificar ou renunciar para ter uma vida diária de oração.
Não esqueça de ver também o tempo que você leva para fazer as suas atividades,
você pode estar sem tempo para rezar porque seu banho pode estar sendo longo
demais, ou porque tem dormido ou comido demais....
Leve com você uma Bíblia ou livro de Salmos, de um santo, eles ajudam
muito a rezar. Leve também um caderno, que você pode até chamar de Caderno
para Oração Pessoal, Anotações da Oração Pessoal, enfim. Nele você irá anotar
as palavras de Deus, os Rhemas da oração, os frutos que colheu, as promessas de
Deus, as ordens, os pedidos, enfim, tudo quanto ocorrer em sua oração.
A oração é uma atividade que exige esforço e cansa. Ela nos põe em combate.
A oração supõe um esforço e uma luta contra nós mesmos e contra as armadi-
lhas do Tentador, sendo inseparável do combate espiritual. Várias tentações se
lançam contra os momentos de oração: a distração, a aridez, a experiência dos
nossos fracassos, as concepções errôneas, a falta de fé, a acídia (semelhante ao de-
sânimo), as diversas correntes da mentalidade. Em outras palavras a vida de oração
vai gerar a necessidade de um combate: o combate da oração. O segredo está na fé,
na conversão e na vigilância do coração. Devemos rezar sempre que possível, por
ser uma necessidade vital.
Assim, a oração por mais desolada que seja, desenvolve em nós essa rela-
ção profunda a Deus que nos impele a rezar para estar com ele, entregando-nos
mais ao seu amor. O que se procura, então, não é o sentimento do amor, mas a
verdadeira caridade que impele a se entregar realmente a Deus. Quando recor-
remos à oração, só temos que trazer uma coisa: o desejo e a vontade de estar
aí, diante do Pai, perseverando por seu amor. É então que precisamos invocar o
Espírito Santo, para comunicar ao coração humano o amor com que se amam as
três Pessoas da Santíssima Trindade. Realize-se assim uma obra de discernimento.
Nas relações com Deus e com os outros, acabamos conseguindo distinguir o amor
verdadeiro da pura emotividade, a que se reduz muitas vezes a oração e a caridade
fraterna.
Podemos saber que nossa oração será tanto quanto eficaz, a medida do
tanto quanto nos convertemos. Além disso, nos ensina o Catecismo da Igreja Cató-
lica que “A oração de Jesus faz da oração cristã uma súplica eficaz. É Ele o seu modelo.
Jesus reza em nós e conosco (...) Jesus também reza por nós, em nosso lugar e em
nosso favor. Todos os nossos pedidos foram recolhidos uma vez por todas em seu Grito
na Cruz e ouvidos pelo Pai em sua Ressurreição e por isso ele não deixa de interceder
por nós junto do Pai. Se nossa oração está resolutamente unida à de Jesus, na confian-
ça e na audácia filial, obteremos tudo o que pedimos em seu nome, bem mais do que
pequenos favores: o próprio Espírito Santo, que compreende todos os dons.” (§ 2740-
2741).
Jesus mesmo nos diz para orar e pedir em Seu nome ao Pai. Assim, Ele 81
garantiu a eficácia de nossa oração (Jo 14, 13-14; 15, 16; 16, 23). Dessa maneira é
fácil concluir que nossa oração será poderosa se for feita em nome de Jesus, nosso
Redentor e irmão e ao mesmo tempo, Filho Eterno do Pai. E saiba, conhecer o
nome de Jesus e pedir ao Pai neste nome é, antes de tudo, expressão de nossa
confiança n’Ele. É reconhecer humildemente que nada podemos fazer por nós
mesmos em vista de nossa salvação, é reconhecer que dependemos inteiramente
d’Ele e que, por isso, somente nos encontramos verdadeiramente a nós mesmos
quando nos confiamos a Ele. Jesus é o Filho de Deus. Por vontade do Pai Ele veio
ao mundo para nos resgatar do pecado e nos fazer, pela graça, filhos de Deus. Para
isso morreu por nós derramando todo o Seu Sangue. E é nesse Sangue Precioso
que nós somos lavados e renascemos para a vida de filhos adotivos de Deus. Por-
tanto, orar em nome de Jesus é absoluta garantia de que teremos nossa oração
atendida, é por isso que em todas as orações a Igreja termina com “Por Nosso Se-
nhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”.
6.7. Recapitulando
“É possível até no mercado ou num passeio solitário fazer uma oração freqüen-
te e fervorosa. Sentados em vossa loja, comprando ou vendendo, ou mesmo cozinhan-
do” (São João Crisóstomo).
“Nada se compara em valor à oração; ela torna possível o que é impossível, fácil
o que é difícil. É impossível que caia em pecado o homem que reza” (São João Crisósto-
mo). “Quem reza certamente se salva; quem não reza certamente se condena” (Santo
Afonso de Ligório).
“Ora sem cessar àquele que une a oração às obras e as obras à ora-
ção. Somente dessa forma podemos considerar como realizável o principio de
orar sem cessar” (Orígenes).
6.8. Conclusão
Sugestão
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APÊNDICE
Estes são alguns livros que indicamos. Se você quiser material de técnica
Vocal I,II e III, Saúde Vocal I e II, Liturgia e Cantos Litúrgicos, e CDs de Palestras
para artistas entre no site da Comunidade Recado- www.recado.org.br
85
BIBLIOGRAFIA
LACERDA, Milton Paulo de. A virtude da humildade. 4.ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
PINHEIRO, Douglas A. R.; ISSA, E.; FERREIRA FILHO, João Valter; TANNUS,
Neusa A. O.; QUEIROZ, R. Revolucione seu ministério de música (em 14 semanas).
3.ed. RCC – Novo Milênio; 20. Aparecida: Santuário, 2005.
www.rccbrasil.org.br