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Ano 1, Edição nº5, Vol.

4 , Nº1 , Novembro – 2019

Briquetes aglomerados com escória de aciaria produzidos a partir de finos


de lama de alto-forno a carvão-vegetal produtor de gusa para fabricação de
tubos de aço

Isabela Santana de Oliveira


Engenheira Mecânica formada pela EEIMVR/UFF-VR
Mestre em Engenharia Metalúrgica pela EEIMVR/UFF – VR
Doutoranda em Engenharia de Materiais pela EEL-USP
Laboratório de Mecânica Aplicada – EEIMVR/UFF – VR

Nathália Batista Lopes Matias


Técnica em Química
Graduada em Química Bacharelado pelo ICEx/UFF - VR
Pós-graduanda em Formação Pedagógica para Graduandos não Licenciados em Química – Cruzeiro do Sul
Mestranda em Engenharia Metalúrgica pela EEIMVR/UFF – VR
Laboratório de Eletroquímica, Polímeros e Cerâmicos – EEIMVR/UFF – VR

André Luís de Brito Baptísta


Técnico Industrial Metalúrgico
Graduado em Administração de Empresas com Ênfase em Gestão de Ciência e Tecnologia
Pós-Graduado MBA em Gestão de Ensino, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
Mestre em Materiais (Processamento e Reciclagem)
Laboratório de Metalurgia Extrativa (LAMEX) – EEIMVR/UFF - VR

Resumo

Resíduos com teores de ferro e carbono são de interesse para a siderurgia, sendo aglomerados na forma de pelotas ou
briquetes.
Um dos resíduos gerados, na produção de ferro primário na forma líquida em alto- forno (gusa), é lama, oriunda dos
lavadores de gases.
A briquetagem consiste na aglomeração de partículas finas através de pressão, auxiliada por aglomerantes, permitindo
obtenção de produtos compactados, com forma, tamanho e parâmetros mecânicos adequados. A redução de volume do
material, além dos benefícios tecnológicos, permite que materiais finos possam ser transportados e armazenados de forma
mais econômica. A recente preocupação ambiental, resultando em leis mais rígidas, além da necessidade de aproveitar
economicamente os resíduos e as partículas finas geradas no beneficiamento de minérios, fundentes e combustíveis (carvão
mineral , vegetal e coque) fez com que a briquetagem voltasse a ser uma importante alternativa para aglomerar valor
econômico
Os aglomerantes ou ligantes tem a função de permitir a moldabilidade, e manuseabilidade do material e garantir as
propriedades definidas pela utilização do briquete.
No presente trabalho estuda-se a influência do uso de escória de aciaria LD (Oxigênio) e FEA (Elétrica) como aglomerante
em briquetes de finos de lama de alto-forno que utiliza biorredutor como combustível, no que tange a seu efeito na
resistência a compressão diametral.

Palavras-Chaves: Resíduos, Briquetes, Lama, Alto-Forno, Siderurgia

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1 – INTRODUÇÃO

A indústria siderúrgica gera grande quantidade de resíduos, de diferentes composições, durante


o processo de fabricação do aço. Podemos citar : escória do alto forno (resultante da fusão dos minérios
de ferro para a obtenção de ferro gusa), escória de aciaria (gerada duranteo refino do aço em conversor
Linz-Donawitz (LD) e no forno a arco elétrico (EAF)), pó de aciaria (gerado no forno elétrico), pó do alto
forno, lama do alto forno e aciaria, carepa (camada de óxido retirada durante os processos de
lingotamento e laminação) e resíduos de varrição da fábrica. As indústrias de aço geram em média 30
milhões de toneladas de resíduo por ano no mundo. No Brasil a produção de resíduo é de cerca de 1,2
milhões de toneladas ao ano, sendo que os principais resíduos siderúrgicos são os pós e as lamas de
alto forno, as lamas de laminação, as lamas de aciaria, as poeiras da sinterização, as carepas de
lingotamento contínuo, as carepas de escarfagem e os finos de coque. Parte desses resíduos são
utilizados como: agregado para pavimentação, agregado para construção de leito para estrada de ferro,
estabilização de solos, fertilizantes, produção de cimento, catalisador no tratamento de águas residuais,
etc. Através do conhecimento preciso sobre a composição química e estrutural dos resíduos pode-se
pensar em formas alternativas de utilização mais nobres para eles. [1]
Atualmente a preocupação com a sustentabilidade do planeta é parte indispensável do plano de
marketing de qualquer indústria, principalmente daquelas que exploram bens naturais de caráter não
renovável, como é o caso da siderurgia. Conforme estabelecido pela Política Nacional do Meio
Ambiente, a disposição final de todos os resíduos gerados durante qualquer processo industrial é de
responsabilidade da própria empresa geradora. Portanto, ações como “reduzir, reciclar e reutilizar”
passaram a fazer parte do cotidiano industrial pois, além de diminuir o volume de resíduos descartados
em aterros, há o reaproveitamento de recursos naturais e a redução dos custos de tratamento e
disposição final adequados dos rejeitos sólidos. [2]
Neste cenário, alternativas de tratamento como a reutilização e a reciclagem apresentam-se
como uma solução duplamente benéfica, pois contribuem não apenas evitando que este volume de
resíduos seja simplesmente disposto em aterros, mas com a minimização do uso de recursos naturais
não renováveis. [3]
Para o reaproveitamento da lama respeitando as leis, normas e condições ambientais e que
ainda forneçam ganhos econômicos para a indústria siderúrgica, é necessário conhecer : a) Processo
gerador do resíduo; b) Características do resíduo; c) Os métodos de reaproveitamento. [4]
A lama de alto-forno é obtida através do sistema de tratamento à úmido dos gases que saem do
alto-forno. Sua geração é de cerca de 6kg por tonelada de ferro-gusa [2]
A reciclagem direta da lama de alto-forno seca é impossibilitada pela presença de elementos
indesejáveis como o zinco e chumbo. Assim existem vários tipos de tratamentos que visam a retirada
destes elementos para que a lama resultante, rica em ferro, possa ser reciclada. Entre os tratamentos
físicos destacam-se a aglomeração (briquetagem, pelotização, aglomeração a quente), o ajuste
granulométrico e a secagem. Já os tratamentos químicos abrangem a via pirometalúrgica (volatilização
seletiva, escorificação, etc) e a via hidrometalúrgica (lixiviação seletiva, precipitação, cementação,
extração por solventes, etc). [2]
E, de acordo com Takano et al (2000), devido a granulometria fina da lama seca, são
necessários o emprego de técnicas de aglomeração como pelotização, sinterização e/ou fabricação de
briquetes. [2, 4, 5]
Entretanto, mesmo sendo a técnica mais comum, a sinterização desses resíduos não é a mais
indicada, pois tende a diminuir a permeabilidade do leito na carga, consequentemente acarretando a
perda de produtividade. Dessa forma, segundo Takano et al (2000), o mais indicado seria a produção
de briquetes e a utilização na aciaria. [4, 5]
A lama de alto-forno é um resíduo constituído predominantemente por óxidos de ferro e de finos
de coque ou carvão vegetal. Tal composição permite-nos duas possíveis rotas para o reaproveitamento

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desse resíduo a Briquetagem e a pelotização. A pelotização não trabalha com todas as faixas
granulométricas i/é um processo mais complexo e custoso, que também gera poluentes. [6, 7]
A briquetagem consiste na aglomeração de partículas finas por meio de pressão a frio com
auxílio ou não de um aglutinante, permitindo a obtenção de um produto não só compactado, mas
também com forma, tamanho e parâmetros tanto mecânicos quanto físico-químicos metalúrgicos
adequados. [7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14]
Como na maioria dos processos de briquetagem utiliza-se o cimento Portland como aglutinante
e, segundo Mäkelä et al. (2012), Baptísta (2016) , Ribeiro (2017) e Amaral, 2018, é possível trocar o
cimento por escória fina moida de alto-forno, de aciarias, fundição e forno panela. Os briquetes obtidos
tiveram satisfatória resistência mecânica e durabilidade. A porcentagem mais adequada de acordo com
estes estudos foi de 10 à 20% porém, Mäkelä et al. (2012), cita em que 20% do teor de cimento
Portland foi substituído por uma quantidade três vezes maior de escória, apresentando um aumento de
30% de força em relação a um briquete contendo o resíduo siderúrgico [2, 7, 13, 14, 15]. Silva (2015),
em seu estudo, também comprovou a substituição de cimento, bentonita, cal , calcário e amido, por
escória de aciaria LD na produção de pelotas autorredutoras [16]
Quimicamente, esta lama é composta principalmente por carbono e ferro, além de outros
elementos como cálcio, silício, alumínio, zinco e magnésio, como podem ser observados na Tabela II. É
importante ressaltar que a composição pode variar significativamente de acordo com a matéria-prima
empregada no processo de produção. [2,17]

Tabela 1 – Composição química de um lama de alto-forno [2, 17]

Ao contrário da escória, o reaproveitamento da lama se apresenta como um problema mais


complexo, devido à presença de elementos indesejados como zinco e chumbo, que impossibilitam a
reciclagem direta deste resíduo por causarem problemas operacionais nos alto-fornos. [2]
Quanto à lama de alto-forno, por ser um resíduo rico em ferro, inúmeras pesquisas buscam
processo que retirem o zinco e o chumbo contidos nela para que se possa reciclá-la, através de pelotas,
sínter ou briquetes, no próprio processo siderúrgico. Porém nenhum método encontrado é viável ainda
para a aplicação industrial. [2, 4, 6, 19, 20]
De acordo com alguns autores [21, 22, 23, 24, 25, 26], os briquetes não devem ser utilizados em
altos-fornos, mas são aproveitados em forno cubilot, fornos rotativos, fornos reverberatórios, fornos
elétricos a arco, forno tipo cadinho e para proteção de fundo em carros–torpedo, panelas, conversores e
fornos de fundição

2 – TRATAMENTO TEÓRICO : Revisão da Literatura

De acordo com estimativas do Instituto Aço Brasil, cerca de 450 kg de “coprodutos e resíduos”
são originados a cada tonelada de aço produzida. Este valor está relacionado à rota tecnológica
empregada e já chegou a superar a marca de 700 kg. Neste contexto, baseando-se nos conceitos
previstos na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), considera-se por reciclagem “o processo
de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-
químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos os novos produtos [...]”. Da mesma
forma, a reutilização é descrita como o “processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua
transformação biológica, física ou físico-química [...]”. É importante destacar que, apesar de muitos
estudos citarem de forma errônea estas ou outras denominações, no presente trabalho serão
considerados os termos e seus conceitos previstos pela PNRS. [3]

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A variação de composição e aspectos entre os resíduos variam muito em função dos


procedimentos e características das matérias-primas utilizadas. A Figura 1 apresenta um diagrama de
blocos com as principais entradas e saídas do processo de obtenção do aço de ambas as rotas
tecnológicas atualmente empregadas. [3]

Figura 1 – Diagrama de blocos da obtenção do aço [3]

Dentre as classes de resíduos presentes no diagrama, os sólidos são os que apresentam maior
potencial para a reutilização e reciclagem, em especial aqueles que possuem teor de ferro em sua
composição. Neste grupo encontram-se escórias, lamas, poeiras/pós e carepa. [3]
A escória, proveniente dos fornos de redução e refino, é composta por impurezas do minério de
ferro/ferro gusa, sucatas, adições e reações ocorridas nos banhos líquidos, como os óxidos e silicatos,
e constitui o resíduo de maior volume - cerca de 70%. Sua classificação conforme a norma brasileira
NBR 10004 (ABNT, 2004) varia entre a classe IIB - não perigoso e inerte, e a classe IIA - não perigoso e
não inerte, considerando o teor de alumínio presente.[3]
As lamas por ora representam cerca de 5% dos resíduos, provem do tratamento dos gases por
via úmida e são formadas por óxidos de ferro, cálcio, silício, manganês e alumínio. Sua classificação
varia entre classe I – perigoso e classe IIA – não perigoso e não inerte, devido à possível presença de
elementos tóxicos como cádmio, zinco, chumbo e arsênio.[3]
Quando o tratamento dos gases de processo ocorre por via seca, originam-se os pós, cuja
geração alcança quase 15% do total de resíduos sólidos. Divididos em pó do alto-forno e pó de aciaria
elétrica, ambos são agrupados como classe I - perigoso. O primeiro é composto principalmente de
óxidos metálicos e materiais carbonosos; já o segundo contém grande quantidade de metais como
zinco, cromo, cádmio e chumbo [3]
Por fim, outro resíduo comum ao processo é a carepa, derivada da oxidação da superfície do
aço nas etapas finais de lingotamento e laminação. Sua composição se resume à presença de óxidos
de ferro, bem como uma grande quantidade de óleo; logo, corresponde à classe I - perigoso, de acordo
com a NBR 10004. [3]

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Na Figura 2, são apresentadas as áreas nas quais os resíduos em questão são aplicados. [3]

Figura 2 – Resíduos x aplicações [3]

Segundo Lobato (2014), são consideradas lamas os produtos obtidos no sistema de lavagem
dos gases produzidos durante o processo industrial. Graças à grande quantidade de partículas contida
no gás de alto-forno (GAF), o processo de limpeza desse gera um resíduo sólido sob a forma de lama.
De acordo com Lima et all (2010), elas são basicamente formadas por óxidos de ferro, silício, cálcio,
manganês e alumínio. [4, 18, 19]
Diferentemente das escórias, as lamas apresentam-se como um problema mais complexo,
graças à diversidade das características físicas e químicas, principalmente, à existência de alguns
compostos indesejados e perigosos tais como cádmio, chumbo e cromo. O que acaba por dificultar a
reutilização ou reciclagem total destas. Assim, algumas vezes tratamentos prévios são necessários
para que a lama resultante possa ser reciclada. Caso a recuperação seja impossível ou inviável, a lama
deve ser destinada a outros processos produtivos.[3]
Conforme Dias (2011), a composição química da lama está distribuída em faixas, conforme o Quadro 1.
Vale ressaltar que as proporções podem variar de acordo com a matéria prima empregada na produção.
[4, 6]

Quadro 1 – Variação da composição da lama de alto-forno conforme o redutor empregado coque ou carvão
vegetal [4,6]

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3 – MATERIAIS E MÉTODOS

A produção dos briquetes seguiu as seguintes etapas :

Figura 3 – Fluxograma de produção dos briquetes


As matérias primas selecionadas foram : finos de lama de alto forno a carvão vegetal; aditivo
(cal, dolomita e calcário), material aglomerante e escória de aciaria LD e FEA e bentonita com amido
como comparação [27] , cujas composições e características estão mostradas nas Tabelas 1 a 12 ,
seguir.

Tabela 1 - Composição da cal

Tabela 2 - Composição (% em massa) da lama de alto-forno a carvão vegetal siderúrgico

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Tabela 3 - Composição da escória LD

Tabela 4 - Composição de Escória de Aciaria Elétrica

Tabela 5 – Composição química da bentonita utilizada

As misturas de material finos (Tabela 7) para a confecção dos briquetes cilíndricos ( 3 cm e


altura 3 cm) foram executadas em misturador combinado mós e pás, com tempo fixo de 10 minutos. Os
materiais eram misturados a seco primeiramente em seguida adicionava-se a água (em partes),
deixando a mistura homogeneizar-se antes.
10% de escórias de aciaria a oxigênio ( LD ), 5% cal, 5% (mistura 50% Calcário +
A
50% dolomita), água 15%
10% de escória de aciaria elétrica ( FEA ), 5% cal, 5% (mistura 50% Calcário + 50%
B
dolomita), água 25%
10% mistura de escórias (50% LD e 50% FEA), 5% cal, 5% (mistura 50% Calcário +
C
50% dolomita), água 35%
15% de mistura de 50% de Bentonita + 50% de Amido, 5% cal, 5% (mistura 50%
D
Calcário + 50% dolomita), água 35%
Tabela 7 - Composição de Matéria prima dos Briquetes
A briquetagem foi feita a frio em prensa tipo macaco hidráulico de acionamento manual, com
força de 6 ton e tempo de prensa fixo em 3 minutos.
Os ensaios foram conduzidos de acordo com ABNT 12654 e ISO 17025. A seleção de materiais
e amostragem foi de acordo com a ABNT 10007. Os corpos de prova foram confeccionados de acordo

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com a norma ABNT 7680, 5738 e 13729. O ensaio de compressão diametral foi executado de acordo
com a norma ASTM C496 e ABNT 7222.

A base foi em média de 500g de finos de lama de alto-forno (Tabela 3), onde se adicionou, os
aglomerante da Tabela 7. A granulometria representativa dos finos estava abaixo de 0,042mm, e média
de 0,196 mm, com umidade de aproximadamente 28%.

A resistência mecânica foi avaliada através do ensaio de compressão diametral dos briquetes
medindo-se a força de fratura. Foram executados 10 ensaios para cada mistura briquetada.

4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Gráfico 1, mostra o resultado do ensaio de compressão diametral das amostras.

Gráfico 1 – Resistência mecânica de briquetes de lama de alto-forno a carvão vegetal


A fórmula usadas para o calculo da tensão máxima admissível foi de acordo com a norma ABNT
7222 .
 = 2F / DL

A força de fratura do briquete em Newtons (N), avaliada em ensaio de compressão diametral, é o


requisito básico usado para se medir o comportamento mecânico deste tipo de produto/matéria prima
quando o foco é uso doméstico, para geração de energia ou aquecimento de fornos. Para uso em
metalurgia se tem como exigência ao valores de tensão em MPa. [7, 8, 9, 12, 13, 14, 22, 24, 25, 28, 29,
30, 31]

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A menor resistência do briquete aglomerado com escória de aciaria elétrica, se deve ao fato
desta escória conter elementos de liga que enfraquecem as ligações e a capacidade adesiva do
material [7, 38]
O uso da escória como ligante já foi testada em trabalhos anteriores [7, 11, 12, 13, 14, 16]
Franco (2011) e Cruz (2008) comentam em sua pesquisas que, existem vários mecanismos que
permitem a ligação entre as partículas da biomassa compactada e, geralmente, todos eles colaboram
para obter a resistência e a coesão final do briquete. Grover e Mishra (1996) identificaram os seguintes
mecanismos: Ação de aglutinantes (já presentes na matéria-prima ou adicionados); Forças de Van Der
Waals; Emaranhamento (entrelaçamento) entre partículas.
Os mecanismos de emaranhamento e a ativação de forças de valência e de Van Der Waals
acontecem pela forte aproximação e deformação das partículas provocada pelas pressões de
compactação.[35]
Um outro ponto a ressaltar é a Importância da granulometria dos resíduos na briquetagem, pois
quanto menor o tamanho da partícula, maior é a área superficial da mesma, aumetando a interação
física eletroquímica entre os grãos. [35]
Brito (1986) produzindo briquetes experimentais, constatou que a granulometria do carvão e a
força de prensagem influencia significativamente na densidade relativa aparente e também na
resistência ao esmagamento, devido a maior massa no mesmo volume, Borghi (2012) também faz a
mesma afirmação.
Segundo Kaliyan e Morey (2009) o tamanho das partículas é um influenciador importante da
durabilidade e resistência dos briquetes, evidenciando a importância da classificação granulométrica da
biomassa antes da compactação. Sendo que menores partículas facilitam a união das mesmas,
diminuído os espaços vazios entre as partículas proporcionando maior densidade relativa aparente. [35]
O valor médio de resistência alcançado nos briquetes do presente estudo, como detalhado em
trabalhos anteriores [7, 13, 14], pode ser fruto: (i) da compactação mecânica (prensagem); (ii) do
fenômeno denominado poder de aglomeração a frio (p. a. f.); (iii) do fenômeno denominado
sensibilidade a compactação; (vi) do efeito cimentício da escória; (v) do fenômeno efeito Filler; (vi) da
distribuição granulométrica natural das matérias primas que eleva a compactabilidade; (vii) do teor
ótimo de água de adição; (viii) da relação água/cal, (ix) da interação sinergística entre os materiais da
mistura (regra das misturas clássica) e (x) da adição de materiais pozolânicos finamente moídos

5 – CONCLUSÃO

- A escória de aciaria LD pode ser utilizada como aglomerante de pega a úmido na briquetagem de finos
lama de alto-forno que emprega carvão vegetal siderúrgico como termorredutor.
- O aproveitamento destes finos, gerando um carvão chamado de sintético, compactado, prensado,
industrializado, ecológico ou reciclado, possibilita a diminuição da utilização de material granular natural.
- O reaproveitamento de finos traz junto um apelo ambiental, social e econômico.

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- Este produto pode ser utilizado em aquecimento industrial, geração de energia, na metalurgia em
aplicações que as solicitações mecânicas não sejam elevadas.
- Ele pode ser utilizado em panelas, carros-torpedo, fornos elétricos a arco e a indução e em fornos a
cadinho e rotativos

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

[1] PEREIRA, T. C. P. ; BATISTA, M. S. - Caracterização de Resíduos Siderúrgicos. Contribuição Técnica Apresentada ao XIX ENMC –
Encontro Nacional de Modelagem Computacional e VII ECTM – Encontro de Ciência e Tecnologia de Materiais. 19 a 21 de Outubro de 2016.
Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – PA.

[2] LOBATO, N.C.C. ; VILLEGAS, E.A. ; MANSUR, M.B - Avaliação de alternativas tecnológicas para o gerenciamento dos resíduos sólidos
siderúrgicos: escória e lamas de alto-forno. XXV Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa & VIII Meeting of the
Southern Hemisphere on Mineral Technology, Goiânia - GO, 20 a 24 de Outubro 2013

[3] SILVA, Nicole Gröff da ; BREHM, Feliciane A. ; MANCIO, Mauricio ; MORAES, Carlos Alberto Mendes - Reutilização e reciclagem de resíduos
siderúrgicos: Oportunidades de pesquisa e desafios do setor. 7° Fórum Internacional de Resíduos Sólidos. Tema Resíduos Sólidos e
Mudança Climática. 15 a 17 de Junho de 2016, Porto Alegra, RS.

[4] ARAUJO, Athos Fernandes ; SILVA, Vitor Igor da Cunha - Alternativas de Reaproveitamento da Lama de Alto-Forno. Trabalho de Conclusão
de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Metalurgista da Faculdade de Engenharia de Universidade
do Estado de Minas Gerais. João Monlevade/MG , 2016

[5] TAKANO, C.; Capocchi, J.D. T.; Nascimento, R. C.; Mourão, M. B.; Lenz, G. e Santos, D. M. A . - Reciclagem de resíduos siderúrgicos
sólidos. Seminário Nacional sobre Reuso/Reciclagem de Resíduos Sólidos Industriais. Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
Secretaria do Meio Ambiente Estado de São Paulo. v. 1. p. 1-13.-28 a 31 Agosto de 2000.

[6] DIAS, Claudio André Chagas Martins - Reciclagem de lama de alto-forno em cerâmica vermelha. Tese (Doutorado em Engenharia e Ciência
dos Materiais) - Área de concentração: Materiais e meio ambiente. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de
Ciência e Tecnologia. Laboratório de Materiais Avançados. Campos dos Goytacazes, Outubro, 2011.

[7] BAPTÍSTA, A. L. B. - Desenvolvimento de um briquete auto-fundente, multiconstituido de rejeitos, resíduos e descartes recicláveis
gerados na planta integrada de produção de aço, aplicado como componente da carga de fornos de redução de ferro. Dissertação de
Mestrado em Materiais. Área de concentração de processamento e reciclagem de materiais, Linha de pesquisa em materiais compósitos.
Fundação Oswaldo Aranha ; Centro Universitário de Volta Redonda – UNIFOA ; Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação ; Programa de
Mestrado Profissional em Materiais – MEMAT , Três Poços, RJ – 2016.

[8] BAPTÍSTA, A. L. B. – O Processo de Briquetagem. Caderno Técnico. Laboratório de Metalurgia Extrativa. Escola de Engenharia Industrial
Metalúrgica de Volta Redonda. Universidade Federal Fluminense. 2015

[9] BAPTISTA, A. L. B. - Exigências para aplicação de briquetes em fornos siderúrgicos. Trabalho Apresentado no II Simpósio de Inovação e
Tecnologia na IX Semana de Iniciação Científica e IV Simpósio de Extensão – Rio de Janeiro, Julho de 2015.

[10] BAPTISTA, A. L. B. - Aglomerantes empregados no processo de briquetagem de finos de matéria prima siderúrgica. Trabalho
apresentado no X Simpósio de Tecnologia na Área de Metalurgia Extrativa. Ouro Preto-MG – Junho de 2017.

[11] BAPTÍSTA, A. L. B. - Desenvolvimento de Produto Sustentável e Ecológico na Área de Metalurgia Extrativa para uso em Fornos de
Fundição – Contribuição Técnica Apresentada ao 46º Seminário de Redução de Minério de Ferro e Matérias-Primas, 17º Simpósio Brasileiro de

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Minério de Ferro e 4° Simpósio Brasileiro de Aglomeração de Minério de Ferro, parte integrante da ABM Week, realizada de 26 a 30 de
Setembro de 2016, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

[12] BAPTISTA, A. L. B. – Desenvolvimento de Produto Ecológico na Área de Metalurgia Extrativa para Uso Como Componente da Carga de
Altos-Fornos. Trabalho Apresentado ao Xº Encontro de Ciência, Tecnologia e Inovação. Curitiba/PR – 2017

[13] RIBEIRO, M. S. - Estudo da utilização da escória de aciaria LD como aglomerante a frio na briquetagem do minério de ferro. Projeto de
Conclusão de Curso. Universidade Federal Fluminense, Pólo Universitário de Volta Redonda, Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de
Volta Redonda, Curso de Graduação em Engenharia Metalúrgica, Volta Redonda - RJ – 2017

[14] AMARAL, A. G. - Uso de escória siderúrgica como aglomerante de briquetes de biomassa carbonizada. Trabalho de Conclusão de Curso.
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia de Agronegócios, da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial
para obtenção do título de Engenheira de Agronegócios. Universidade Federal Fluminense. Polo Universitário de Volta Redonda. Escola de
Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda. Graduação em Engenharia de Agronegócios. Volta Redonda/RJ – 2018

[15] MÄKELÄ, M. PAANANEN, T.; HEINO, J.; KOKKONEN, T.; HUTTUNEN, S.; MAKKONEN, H.; DAHL, O. - Influence of fly ash and ground
granulated blast furnace slag on the mechanical properties and reduction behavior of cold-agglomerated blast furnace briquettes. ISIJ
International, v.52, n.6, p.1101-1108. 2012.

[16] SILVA, C. F. - Estudo da utilização da escória de aciaria LD como aglomerante a frio na pelotização do minério de ferro. Projeto de
Conclusão de Curso. Universidade Federal Fluminense, Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda, Graduação em
Engenharia Metalúrgica, Volta Redonda , 2015

[17] MANSFELDT, T.; DOHRMANN, R. - Chemical and mineralogical characterization of blast-furnace sludge from an abandoned landfill.
Environ. Sci. Technol, v.38, p.5977-5984. 2004.

[18] LOBATO, Natália Cristina Candian - Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Indústria Siderúrgica - Dissertação de Mestrado. Área de
Concentração: Tecnologia Mineral. Universidade Federal de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica, Materiais
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[19] LIMA, M. M. C., SOLIMANI L. C. S, CAMPOLINA E. A. Comportamento do zinco da lama de aciaria gerada em convertedor. In: Anais do 41.
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