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- Dados de identificação: Escola Estadual

Disciplina: Sociologia / Ciências Sociais Turma: 201

Professora / Estagiária: Fabiane Maciel Viecilli

Data: 24/04/2006 Duração: 1 hora / aula Aula: n° 04

-Título: Origem da Sociologia e apresentação dos clássicos da Sociologia - EMILE


DURKHEIM

-Objetivo / Competências: Possibilitar o conhecimento sobre a origem da ciência


sociológica, através da apresentação de seus fundadores e suas principais contribuições
teóricas.

-Conteúdos: contextualizar a origem da Sociologia: Emile Durkheim breve biografia; fato


social; consciência coletiva; organização social: estados normais e patológicos. Max
Weber, breve biografia; tipo ideal; tipos de ação social; a dominação: formas legítimas.
Karl Marx, breve biografia, forças produtivas, relações de produção, classes e luta de
classe.

AULA

DURLHEIM Émile

Na aula anterior dissemos que as mudanças mais profundas nas sociedades que começavam a
evoluir, como a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, ocorreram na Europa. E
exatamente por esta razão foi que também lá na Europa se iniciaram as primeiras teorias
sociológicas, isto é as primeiras regras escritas de como entender as sociedades! Nesta aula
vamos conhecer o primeiro teórico considerado um clássico da sociologia!

Introdução
Émile Durkheim nasceu em 1858, na França. Viveu parte de sua vida na
Alemanha e retornou a França, onde morreu em 1917. O sociólogo viveu em
uma sociedade marcada pelas transformações estabelecidas pela Revolução
Francesa e Revolução Industrial.

A sociedade francesa vivia um momento de grande expansão econsolidação


das indústrias, organização e fortalecimento das associações de
trabalhadores, intensas greves, lutas sociais e início da propagação
das ideias socialistas.

Influenciado pela ideia positivista de Auguste Comte, de ordem


social e racionalidade científica para estudar a sociedade, Durkheim passa a
desenvolver sua própria teoria que insere a prática - e não somente a
discussão - de teorias puras.

O fato social
Durkheim define um modelo para as pesquisas sociais baseado no rigor
metodológico, na investigação e racionalidade. O sociólogo introduz ainda o
conceito de fato social.

O objeto da sociologia, para Durkheim, são os famosos fatos sociais, que


iremos explicar minuciosamente. Esses devem ser vistos pelo cientista
social como “coisas”, facilitando o afastamento de pré-noções e tratando
os seus objetos de estudo de maneira objetiva.

Fato social pode ser definido como um conjunto geral de regras que se
repetem na maioria das sociedades. Para Durkheim os fatos sociais devem ser
estudados como coisas e não devem depender das consciências individuais ou
coletivas.

Ao tratar os fatos sociais como coisas, o pesquisador mantém distância


sentimental e de afinidade com o tema a ser pesquisado. Durkheim acredita
que esse distanciamento colabora para que a pesquisa seja imparcial e
descreva somente os fatos estudados, sem juízo de valor por parte do
pesquisador. – Influencia comtiana

Os fatos sociais são diferentes dos objetos de estudo de outras ciências, pois
são originados na sociedade e não nos ímpetos e vontades de cada
indivíduo.

O fato social é externo ao indivíduo. Ele é definido de acordo com as regras de


cada sociedade, por exemplo a maneira como os indivíduos devem se vestir e
se comportar em determinados eventos.
Algumas regras são mais gerais, como não matar, não roubar ou respeitar os
mais velhos. E, independente das nossas vontades, a sociedade nos impõe
uma série de regras gerais ou específicas.

O fato social apresenta três características:

Coerção Social

É a força que os fatos sociais exercem sobre os indivíduos para que eles
respeitem as regras, leis e normas sociais, independente da vontade individual
.

Generalidade

Os fatos sociais são gerais, atingem todos os membros da sociedade e não


levam em consideração as vontades e desejos de cada indivíduo. São atos que
se repetem, como a linguagem, as tradições culinárias e tradições locais.

Exteriorização

Os fatos sociais são exteriores, isso porque desde o momento do nascimento,


o indivíduo já absorve as regras, valores e costumes sociais, independente de
sua vontade. O conjunto de regras atua da sociedade para o indivíduo, por
isso é exterior a ele.

Fatos Sociais Normais e Patológicos


Seguindo as ideias positivistas, Durkheim enxerga a sociedade como uma
estrutura que deve funcionar de forma organizada. A Sociologia
Moderna serve para estudar os fatos que são normais e aqueles que são
patológicos, a fim de propor soluções que garantam a normalidade e ordem no
funcionamento social.

O fato social é considerado patológico (doente) quando foge dos padrões e


regras impostos pela sociedade, quando altera a ordem social que deve
sempre ser mantida. O fato social patológico deve ser rapidamente identificado
e controlado, para que a sociedade volte à ordem e normalidade, servindo
como exemplo que não deve ser repetido.

Consciência Individual e Consciência Coletiva


A consciência coletiva é definida como sendo o conjunto de regras e crenças
que deve ser seguido por toda a sociedade. Formam maneiras de
agir comum a todos, por exemplo usar roupas.
A consciência individual são as vontades e gostos que pertencem a cada
indivíduo e que transformam cada ser em único e com sentimentos pessoais
próprios. Já que a consciência coletiva nos impõe o uso de roupas, a
consciência individual nos permite escolher o que usar e de que maneira
combinar os trajes.

As solidariedades orgânica e mecânica


Na obra Da divisão social do trabalho, de 1893, Durkheim afirma que a
existência da coesão social, assim como a da própria sociedade, está baseada
no consenso existente entre os indivíduos.

Na sociedades pré capitalistas (arcaicas), prevalece a solidariedade


mecânica, na qual os indivíduos compartilham das mesmas crenças e valores
e, a partir disso, garantem a coesão. Nesse modelo social, não existe ainda
acentuada divisão do trabalho. Todos trabalham na agricultura ou pecuária, por
exemplo. Há apenas a divisão de tarefas.

Nas sociedades modernas, predomina a solidariedade orgânica. Os


indivíduos não compartilham dos mesmos valores individuais, e as relações de
trabalho e socialização são mais complexas. Há variedade de profissões,
mas os indivíduos dependem bastante um do outro.

O quadro abaixo mostra as principais diferenças entre as solidariedades


mecânica e orgânica.
Solidariedade Orgânica
Sociedades Capitalistas (complexas)
Funções sociais especializadas e interdependentes

Divisão do trabalho complexa


Coerção formal e mediada (Direito)
Direito Restitutivo
Economias complexas e bastante diversificadas

Solidariedade Mecânica
Sociedades pré capitalistas (simples)
Funções sociais semelhantes
Sem significativa divisão do trabalho
Coerção imediata, violenta e punitiva
Direito Punitivo
Economia simples e pouco diversificada
Questão
Questão 32- ENEm 2016

A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e das sínteses filosóficas. Em
vez de assumir a tarefa de lançar luz sobre uma parcela restrita do campo social, ela
prefere buscar as brilhantes generalidades em que todas as questões são levantadas sem
que nenhuma seja expressamente tratada. Não é com exames sumários e por meio de
intuições rápidas que se pode chegar a descobrir as leis de uma realidade tão complexa.
Sobretudo, generalizações às vezes tão amplas e tão apressadas não são suscetíveis de
nenhum tipo de prova.

DURKHEIM, E. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em construir uma sociologia com base na

 A

vinculação com a filosofia como saber unificado.

 B

reunião de percepções intuitivas para demonstração.

 C

formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social.

 D

adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais.

 E

incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político.


A Sociologia de Émile
Durkheim – ENEM, Concursos
e Vestibulares
Neste artigo, trataremos da Sociologia de Émile
Durkheim, tema extremamente relevante para Enem,
Concursos e Vestibulares

Olá, Estrategianos, tudo em paz? Neste artigo, vamos aprofundar os conceitos


sociológicos do pensamento de Émile Durkheim, autor clássico da
Sociologia, que sempre aparece em questões do ENEM e de alguns concursos.
Também vamos analisar a possibilidade de utilizar suas reflexões na
composição de uma redação, por meio de um exemplo de uma redação
considerada nota 1.000 no ENEM de 2014.

Quem foi Émile Durkheim?

Sociologia de Durkheim

Émile Durkheim (1858-1917) nasceu na Alsácia, território francês. Foi um


dos pensadores que mais contribuiu para a consolidação da Sociologia como
ciência empírica e para sua instauração enquanto disciplina acadêmica.
Tornou-se o primeiro professor universitário de Sociologia.

Suas principais obras foram: Da Divisão do Trabalho Social, As Regras do


Método Sociológico, O Suicídio e As Formas Elementares da Vida Religiosa.

Principais Influências no pensamento de Durkheim


Émile Durkheim é considerado um dos precursores da Sociologia e sofreu
influência das ideias de Saint-Simon e de Auguste Comte. Para estes, a
humanidade avança no sentido de seu gradual aperfeiçoamento, governada
pela força da lei do progresso. Enxergavam a sociedade industrial como uma
fase avançada da sociedade, devido os avanços técnico-científicos.

Durkheim é considerado autor clássico da sociologia, assim como Karl Marx e


Max Weber, já que suas ideias têm grande impacto na construção do saber. Se
você observar, vários assuntos tratados no ENEM ou em concursos que cobra
a disciplina de Sociologia como conteúdo, vão aparecer as reflexões desses
três autores.

Sociologia de Durkheim

A sociologia de Durkheim dá ênfase nas instituições sociais, seu surgimento e


funcionamento. As instituições, para ele, são instituídas pela coletividade que
refletirá nas crenças e comportamentos. Assim, a vida coletiva não é a soma
dos indivíduos, mas um ser distinto, mais complexo e irredutível às partes que
o formam. Os fenômenos sociais (aquilo que aparece socialmente) têm sua
origem na coletividade e não em cada um dos seus participantes.

Sociologia de Émile Durkheim

Émile Durkheim buscou um método científico capaz de superar o senso


comum e que fosse objetivo. Embora adotasse critérios das ciências naturais,
reconhecia que os objetos sociais tinham suas particularidades e se
distinguiam dos fenômenos da natureza. Os cientistas sociais investigariam as
relações de causa e efeito, as regularidades a fim de estabelecer leis e regras
de ação para o futuro.

O objeto da sociologia, para Durkheim, são os famosos fatos sociais, que


iremos explicar minuciosamente. Esses devem ser vistos pelo cientista social
como “coisas”, facilitando o afastamento de pré-noções e tratando os seus
objetos de estudo de maneira objetiva.

Os fatos sociais compreendem tudo aquilo que é exterior ao indivíduo, isto é,


que não depende das consciências individuais para existir. Tem uma
característica de generalidade, pois é colocado a todos na vida social e tem
característica de coerção. Portanto, um fato social é constituído de
exterioridade, generalidade e coercibilidade. Assim, o fato social é algo
dotado de vida própria, externo aos membros da sociedade e que exerce sobre
os mesmos uma autoridade que os leva agir, a pensar e a sentir sob
determinadas maneiras.

São exemplos de fatos sociais a família, a escola, a religião, as Leis, o sistema


financeiro, vestimentas de um povo, a forma de organização cultural e
política, etc.

Sociedade – objeto de estudo de


Émile Durkheim

O caráter externo desses fatos sociais que moldam as formas de pensar, sentir
e agir dos indivíduos são internalizados por meio do processo de socialização.
Desde crianças somos educados a determinadas formas de se comportar e de
regras a serem obedecidas, desde de seguir horários a tratar as demais pessoas.
Essas regras, normas e valores de uma própria sociedade são transmitidas por
meio da aprendizagem nas diversas formas de instituição (família, escola,
religião, etc.), portanto, são externas ao indivíduo.

Um exemplo bem prático é você observar uma pessoa religiosa: a entonação


da voz é diferente, há vestimentas específicas, a forma de pensar e de expor
suas ideias seguem um padrão; os comportamentos e as falas são específicas
para cada momento, etc. Ou seja, há uma internalização de determinas
maneiras de ser e agir do indivíduo ao ser exposto nesse tipo de instituição
que o difere dos demais.

O caráter de generalidade e coercibilidade podem ser vistos na medida em que


alguém desrespeita determina Lei, regra moral ou resiste a não usar, por
exemplo, a moeda nacional ou a língua materna, o que desencadeará
constrangimentos, já que está diante de algo que não depende da vontade
individual e poderá ser excluído do grupo. Traduzindo, se alguém viola
determinada lei ou regra moral será punido (coerção). Se alguém resiste em
falar o idioma de seu país certamente estará excluído de exercer as condições
de membro daquela sociedade.

Podemos nos perguntar: “então, se os fatos sociais são dados para todos, tem
característica exterior e exerce coerção, o indivíduo fica resumido a pressão
dos fatos sociais?” Para Durkheim, é possível apresentar comportamentos
inovadores, e que as instituições são passíveis de mudanças, mas, para isso, é
necessária a combinação de vários indivíduos em realizar ações que
configurarão em um novo fato social. Assim, por exemplo, pode haver
modificações no sistema educativo para se adequar a uma nova realidade.
Preocupado com a coesão social e com a integração social na sociedade
industrial, Durkheim vai desenvolver o conceito de solidariedade mecânica e
orgânica.

A primeira é um tipo de solidariedade pertencente as sociedades tradicionais,


nas quais os indivíduos se identificam por meio da família, da religião, da
tradição, dos costumes. É uma sociedade que tem coesão porque os indivíduos
ainda não se diferenciaram e reconhecem os mesmos valores, os mesmos
sentimentos, os mesmos objetos sagrados, porque pertencem a uma
coletividade.

Já a solidariedade orgânica surge nas sociedades mais complexas e modernas,


nas quais existem maior divisão do trabalho e uma maior individualidade, pois
as pessoas criam autonomia em relação à consciência coletiva. Por meio da
divisão do trabalho social, os indivíduos tornam-se interdependentes,
garantindo a união social, mas não pelos costumes e tradições. Assim, o efeito
mais importante da divisão do trabalho não é o aumento da produtividade,
mas a solidariedade que gera entre os homens.

Para garantir a solidariedade orgânica, advinda da divisão do trabalho social,


devido as diversas categorias profissionais existentes, é importante entender a
importância dos fatos morais na integração dos homens à vida coletiva.

Para ele, moral é tudo que promove a solidariedade, tudo que força o
indivíduo a contar com o seu próximo, sem se levar pelo seu egoísmo. É um
sistema de normas de conduta que prescrevem como o sujeito deve conduzir-
se em determinadas circunstâncias. Portanto, quando há conflitos na sociedade
é devido a anomia, isto é, ausência de instituições capazes de regularem
valores, normas e regras capazes de manter a integração social.

Diferente de Marx, ao analisar os conflitos sociais do final do século XIX,


devido à relação capital e trabalho, vai defender que estes surgiram por causa
da anomia, isto é, ausência de instituições e normas integradoras que
permitissem a integração da sociedade através da divisão social do trabalho,
que estava nascendo e se desenvolvendo. Ao estabelecer a solidariedade
através das regulamentações, os diversos atores envolvidos poderiam se
expressar sem entrar em conflitos.

Apontava que Marx cometeu um grande equívoco ao achar que a economia


era o que estruturava a organização entre os homens. Na concepção
durkheimiana, o Mercado não possui efeito aglutinador das relações entre as
pessoas.

Émile Durkheim vai fazer análises sobre várias instituições de relevância na


sociedade contemporânea como a família, a escola e a religião. Todas elas são
fatos sociais e contribuem com a coesão e a integração social, preparando o
indivíduo para a vida coletiva, através de suas normas, regras e valores. A
educação ganha grande destaque em seu pensamento, porque ela exerce o
fator moralizador por excelência, libertando os indivíduos de visões egoístas e
dos interesses materiais. É através da educação, principalmente, que há a
preparação dos indivíduos para integrar o grupo e dizer o que a sociedade
espera das crianças e jovens. Em resumo, é a escola a principal transmissora
dos valores, normas e regras sociais, a fim de estabelecer os laços de
solidariedade entre os homens.

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